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Formas de Relacionamento na Cadeia de Suprimentos

2.4 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

2.4.6 Formas de Relacionamento na Cadeia de Suprimentos

Em uma discussão sobre as formas de relacionamentos possíveis no canal de distribuição (a jusante da empresa focal), Bowersox e Closs (2001, p. 114-119) identificaram que esses canais podem assumir diversas formas, dependendo da proximidade verificada nos relacionamentos.

Os canais podem envolver transações únicas, caracterizando-se por eventos únicos, como compra e venda de imóveis, maquinaria pesada, instalações industriais, ações e outros (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 114-115). Também podem assumir a forma de acordos abertos, o que ocorre em canais convencionais, em que as empresas compram e vendem produtos à medida em que necessitam, sem a preocupação de repetir essas operações, podendo cessar e reiniciar suas operações várias vezes. Empresas com esses canais podem procurar as vantagens da colaboração de empresas especializadas, porém há interesse por preço que leva a uma atitude divergente entre as partes. Essas empresas sacrificam as oportunidades de ganhar eficiência pela cooperação, em favor da manutenção da autonomia, de acordo com Bowersox e Closs (2001, p. 115). Finalmente, as transações podem assumir a forma de acordos de colaboração, onde as empresas reconhecem a dependência mútua e a entidade competitiva no mercado passa a ser o próprio canal. Esses acordos são de longo prazo e quando os relacionamentos são administrados para atingir objetivos comuns, com obrigações entre as empresas, podem assumir maior formalização e dependência (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 116-119).

Nos últimos anos há uma tendência, nas cadeias de suprimentos, do poder de barganha deslocar-se para as empresas do varejo, que têm contato com os clientes finais. No setor alimentício, por exemplo, o elo mais forte do canal de distribuição hoje compreende os supermercados (WANKE, 1999). Os consumidores são os elementos principais de controle das cadeias, “[...] então o agente mais importante é a loja de varejo ou a organização de serviços, onde suas compras são efetuadas” (POIRIER; REITER, 1997, p. 28). Isso justificaria a importância do varejo nas cadeias de suprimentos, já que os varejistas são os

membros que mantêm maior contato com os clientes finais e podem transferir suas expectativas a montante, para os fornecedores ao longo da cadeia. No entanto, grandes varejistas estão fazendo exigências a seus fornecedores e transferindo custos que podem enfraquecê-los. Poirier e Reiter (1997, p. 31) afirmam que “o que falta nesses relacionamentos é a solução interativa de aperfeiçoamentos mútuos que beneficie ambas as partes”. Lambert (2001) afirma que quem tem relação com o cliente final domina a cadeia de suprimentos, e isso tem levado os membros da cadeia de suprimentos e tentar gerenciar sua cadeia até o ponto de consumo.

Poirier e Reiter (1997, p. 32) advertem para um problema que poderá ser gerado no longo prazo por varejistas que atualmente estão buscando melhorias apenas em áreas que favorecem sua própria lucratividade e serviços no curto prazo, já que com os procedimentos adotados atualmente, correm o risco de criar “[...] relacionamentos antagônicos que retardam o progresso real da descoberta de diferentes formas de poupar para todo o sistema”, e concluem afirmando que “o sistema só se torna otimizado quando todos os elos estão conectados, de maneira que o necessário para atingir a satisfação total do consumidor esteja pronto, com a qualidade desejada e entregue do modo mais eficiente possível e no momento necessário” (POIRIER; REITER, 1997, p. 33-34).

O conceito de governança (seção 2.3) pode auxiliar, na análise de agrupamentos como as cadeias de suprimentos, a entender a forma de organização das empresas envolvidas e identificar os membros mais fortes da cadeia, que determinam o seu desempenho. No caso das cadeias conduzidas pelos varejistas, os demais membros da cadeia, a montante dos varejistas, ficam subordinados às determinações destes, que têm maior poder na cadeia.

A forma de governança adotada por uma empresa ou um grupo de empresas pode também levar ao desenvolvimento de estruturas organizacionais dinâmicas, como as redes de empresas, as organizações virtuais e outras formas de agrupamentos de empresas que podem ser identificados ao se analisar determinadas cadeias de suprimentos.

As organizações em rede desenvolveram-se principalmente em setores maduros e intensivos em mão-de-obra, como têxteis e vestuário. Uma organização em rede é um grupo de qualquer número de pessoas ou organizações que se envolvem para encontrar uma informação específica, não um projeto completo (STRAUSAK, 1998). Num sentido mais genérico, é um conjunto de cruzamentos e elos entre eles, é parcialmente a noção de organização virtual, visto que organização virtual implica partes distantes que devem interagir, no sentido de completar tarefas, projetos etc. (STRAUSAK, 1998).

Uma cadeia de suprimentos ou uma cadeia produtiva compreendem redes de empresas, que se relacionam e dependem umas das outras.

Por outro lado, uma organização virtual é qualquer grupo direcionado no sentido de completar um projeto. Inclui trabalhadores temporários, terceirizados, ou envolve pessoas ou grupos em diferentes localizações, através de alguma fonte de comunicação (STRAUSAK, 1998). Steil, Barcia e Pacheco (1999) afirmam que virtualidade é uma dimensão organizacional aplicável a qualquer organização. O grau de virtualidade de uma organização é dado pelo grau com que ela usa tecnologias de informação e comunicação ao invés da presença física para interagir, conduzir negócios, e operar conjuntamente. Isso faz com que limites de tempo, espaço geográfico, unidades organizacionais e acesso à informação sejam menos importantes, enquanto o emprego das tecnologias de informação e comunicação seja considerado muito útil.

Outras estruturas organizacionais que as empresas de uma cadeia podem assumir são os arranjos produtivos locais ou sistemas produtivos locais, utilizados para o desenvolvimento de negócios complementares em várias regiões do Brasil; os clusters ou aglomerados, que consistem em agrupamentos geograficamente concentrados de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares, como definidos por Porter (1998); a keiretsu, comum no Japão, a qual, afirma Chraim (2000), é o melhor exemplo de comprometimento, com compartilhamento de ganhos e perdas; assim como franquias e outros.

Essas estruturas organizacionais podem envolver relações horizontais entre empresas (membros a montante e jusante de uma empresa – em uma cadeia de suprimentos) e relações verticais (entre concorrentes).

Independente da forma de relacionamento adotada na cadeia de suprimentos, as empresas podem realizar ou não acordos com outras organizações. Na seqüência são descritos os principais tipos de acordos entre empresas.