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ALTERNATIVAS DE LAZER E DE TURISMO NA SOCIEDADE PÓS-

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 73-76)

2 LAZER

2.5 ALTERNATIVAS DE LAZER E DE TURISMO NA SOCIEDADE PÓS-

Não seria ideal associar, no que se refere ao caráter lúdico, como um fator preponderante apenars nas crianças, isso se dissocia qualquer relação que houver deste elemento com a composição de atrativos turísticos, já que os adultos são os que decidem para onde se deslocar, de que forma e qual o momento de viajar.

O turismo é considerado uma das mais importantes atividades econômicas, pressupondo, portanto, o consumo. Esta linha de pensamento se resume na parcela ativa da economia que é composta por adultos, que estão mais próximos aos dissabores do cotidiano do que as crianças. Alguns fatores como: trabalho, com a responsabilidade e a necessidade de garantir o seu sustento e de sua família, direciona-o a ficar mergulhado em seus afazeres, laborais e sociais.

O aumento da busca por atividades de lazer e de recreação, e dos empreendimentos ligados ao entretenimento, apresentam dados estatísticos significativos. De modo que o homem “pós-morderno”, contagiado pela velocidade das transformações da sociedade, exigindo um maior desempenho de produção, está mais interessado em entreter-se e divertir-se.

Há divergências entre o adulto e a criança, quando estavam envolvidos pelo lúdico. O adulto vê no entretenimento e nas atividades lúdicas expressões de liberdade e compensação para suas frustrações. Ao contrário do que ocorre com a criança, que utiliza o lúdico, oferecendo e mantendo uma aproximação por meio de um primeiro contato de reconhecimento, com a realidade do mundo que a envolve; o adulto encontra no lúdico uma forma de expressar sua liberdade, distanciando-se da realidade frustrante do cotidiano.

Oliveira (1989) reforça que o processo das brincadeiras infantis, no seu mais amplo sentido, reflete um mundo irreal, leve e imaginário, no qual a criança pode expressar seus

desejos, sonhos e criatividade sem precisar temer nenhum tipo de contrariedade dentro desse

“seu mundo imaginário”. Não há nenhuma imposição ou recriminação à criança por exercer seu comportamento lúdico. Por outro lado, sobre o adulto incide alguns preconceitos e regras, dentre eles “que o lúdico atrapalha o trabalho, que o trabalho é mais importante que o lúdico, que divertir-se é muito fácil” (CAMARGO, 1989).

Como a fantasia no ser humano é iniciada na infância, a criança leva vantagem devido à condição lúdica permitir-lhe fantasiar, através de brincadeiras, num mundo que para ela ainda não é reconhecido e tampouco satisfatório. Já, na fase adulta, o indivíduo transforma a fantasia em desencanto, esquecendo alguns objetos reais (brinquedos) que utilizava para encantá-lo (fantasiá-lo).

Devido a esse contraste, a satisfação do adulto é relacionada aos atrativos turísticos que se utilizam da fantasia e do caráter lúdico infantil em sua constituição.

Na Era Pós-Industrial o turismo atravessa uma fase excepcional mostrando-se capaz de movimentar milhares de cifras em todo mundo, de maneira que há necessidade de novos desafios: como disponibilizar o produto turístico para maior demanda? O que efetivamente agrada essa demanda?

O turismo pode ser considerado um produto que alcança a esfera social e psicológica do indivíduo. A condição lúdica sugere alegria, estabelece um outro tempo, o “era uma vez...”, e redefine o espaço.

Pode-se admitir a concepção de atividades turísticas de lazer correlacionada à condição lúdica pela fantasia. A este respeito é necessário registrar que a maior expressão do sucesso do “Mundo do Faz de Conta” como um produto turístico no mundo contemporâneo é a Walt Disney World Resort.

Localizado nos EUA, na região central da Flórida, esse complexo, que ocupa uma área de aproximadamente 111km² (27.800 acres ou 12.343 hectares), foi inaugurado em 1º de outubro de 1971 e constitui, hoje, o maior destino turístico do mundo em número de visitantes, recebendo anualmente 20 milhões de turistas, entre norte-americanos e estrangeiros (TRIGO, 1993). Neste espaço turístico, a fantasia e o lúdico são permitidos. O adulto tem a oportunidade de se expressar e se manifestar com total liberdade, sem a preocupação de ser recriminado e julgado por seus comportamentos e suas atitudes.

Uma observação deve ser feita com referência a esse destino ter como principal fator de atração elementos que não dependem de referenciais históricos ou naturais, assim como é o caso da grande parte de outros destinos turísticos do mundo.

Como descrito por Rodrigues:

Nos espaços fantásticos da Disney World (...) tudo é autenticamente artificial, (...) são planificados em escritórios por pesquisas técnicas altamente capacitadas lançando mão de sofisticada tecnologia. (...) Não necessitam de nenhuma base referente às ocorrências naturais, históricas e culturais. Bastam a informação, a tecnologia e os recursos financeiros. Tudo é criado praticamente do nada. (RODRIGUES, 1999, p. 71)

Some-se a isto que o espaço do turista, destinado às práticas de lazer, deve ir ao encontro das necessidades do consumidor. Sabendo-se que tais necessidades se modificam mediante os processos atravessados pela sociedade, pode-se considerar que um espaço artificialmente produzido como a Walt Disney World detém uma certa “vantagem” sobre outros destinos, uma vez que não possui nenhum referencial natural e histórico na sua constituição. Por outro lado, atende às necessidades e oferece satisfação ao consumidor turístico contemporâneo.

No mundo atual, a sedução dos bens de consumo, nos quais estão inseridos o lazer e o turismo, deve apresentar-se de forma “espetacular”, “extraordinária”, ou seja, diferente do cotidiano. Assim funciona o processo da sedução do consumidor.

A fim de que seja entendida de uma melhor forma a definição sobre algumas questões que envolvem o consumo de lazer, é necessário abordar a denominada “pós-modernidade”.

Este termo ao longo do tempo é alvo de discussões e de críticas por alguns autores, pois reflete as condições subjetivas do mundo, contrapondo-se à objetividade da Era Moderna, também chamada Industrial. Devido a estas mudanças econômicas e sociais, o consumo do lazer está relacionado principalmente com as transformações que ocorreram na vida cotidiana contemporânea, a qual, para alguns pode também ser entendida como pós-moderna. Trigo (1993) sugere que a pós-modernidade exprime um momento que a sociedade atravessa, no qual muitos aspectos das relações sociais refletem características que atingem as atividades de lazer e de turismo, entendidas também como um tipo de relação social.

Segundo Baudrillard (1975) neste momento uma infinidade de elementos e produtos outrora desprezíveis para a vida do homem tornam-se uma necessidade. Tudo passa a ser pertinente e as relações sociais são substituídas por relações de consumo. O autor ressalta ainda que “na nossa vida existe uma espécie de evidência fantástica da abundância, criada

pela multiplicação dos objetos, dos bens materiais, dos serviços. Originando como que uma categoria de mutação fundamental na ecologia da espécie humana”.

Baudrillard (1975) destaca também, o cunho imediatista do homem contemporâneo. Ele deseja satisfazer o hoje, o agora, vivendo tudo ao mesmo tempo, intensamente, como se o futuro fosse algo irrelevante.

Todavia, verifica-se com todas estas considerações, que o consumidor turístico adulto no mundo contemporâneo, possui características que sugerem, mesmo implicitamente, a necessidade de adaptação de produtos destinados às mais diversas práticas de lazer aos novos modos de consumo da sociedade. Inseridos neste contexto, os denominados “Mundos do Faz de Conta” (espaço turísticos produzidos em que se utiliza o lúdico e a fantasia na composição de atrativos) concretizam-se em uma alternativa.

Portanto, ao se observar o significativo aumento no número de parques temáticos que foram criados no Brasil, percebe-se que esses empreendimentos podem também ser inseridos nesta discussão como “Mundos do Faz de Conta”, em função de estar agradando ao novo consumidor turístico, ao qual Barreto (1995) atribui também a denominação “pós-turista”.

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 73-76)