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O RETORNO ÀS SALAS DE AULAS: ENSINO E APREDIZAGEM NA

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 110-114)

3 A TERCEIRA IDADE OU A MELHOR IDADE EM AÇÃO

3.14 O RETORNO ÀS SALAS DE AULAS: ENSINO E APREDIZAGEM NA

Para concluir este tópico, foram incluídos alguns trechos de artigo publicado na Revista Carta Capital, sobre o tema “Longevidade. O Limite está logo ali”.9

O entusiasmo pela tecnologia, pelos avanços da medicina e pela higiene mais difundida na população levou muita gente a acreditar que o homem poderá viver cada vez mais. (...).

(...) Somente nos últimos 50 anos a expectativa de vida aumentou em uma década. A maioria, 85%, das crianças nascidas hoje tem possibilidade de viver mais que 65 nos.

(...) cientista abordam que o envelhecimento nada mais seria que o acúmulo de lesões celulares e moleculares que não foram consertadas durante a vida.

(...) que envelhecer de forma saudável depende de duas abordagens. Primeira (...) incluem melhor nutrição. Segunda (...) novos remédios e suplementos alimentares, além de uma nutrição adequada.

(...) fatores ajudam a aumentar a longevidade: a melhora dos cuidados médicos de doenças relacionadas à idade; a melhora do ambiente geral ao redor do idoso.

(...) o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Porém, é muito mais recente nos países em desenvolvimento.

(...) A proposta do envelhecimento saudável é, a meu ver, o grande desafio para o século XXI. (REVISTA CARTA CAPITAL, 2005, p. 42).

3.14 O RETORNO ÀS SALAS DE AULAS: ENSINO E APREDIZAGEM NA

dificuldades agravadas por não obterem uma escolaridade, na tentativa de buscar melhores condições de existência e sobrevivência.

Há outro obstáculo que compõe essa situação que diz respeito às perdas sociais, acrescidas dos resultados das crises e carências vivenciadas pela atual população envelhecida:

insuficientes aposentadorias e pensões – lembrando que uma parcela não usufrui desses benefícios –, que não permitem que essa população tenha acesso aos serviços necessários a uma vida digna. Além da questão da representatividade do idoso na sociedade. Será ele considerado um ser inútil, não produtivo e que não tem condições e capacidade para buscar novos conhecimentos e oportunidades?

De acordo com Santos e Santos Sá:

A educação, portanto, é um dos meios para vencer os desafios impostos aos idosos pela sociedade, propiciando-lhes o aprendizado de novos conhecimentos e oportunidades para buscar seu bem-estar físico e emocional. (SANTOS; SANTOS SÁ, 2003, p. 93).

Os programas educacionais para idosos vêm procurando atender a essas necessidades, trabalhando com diversos procedimentos pedagógicos, com o intuito de despertar a consciência crítica para alcançar um envelhecimento bem-sucedido. Os que mais se destacam são os promovidos e efetivados pelo Serviço Social do Comércio (SESC) e pelas Universidades da Terceira Idade, desde o início dos anos 70. Os programas do SESC incluem especialmente atividades de lazer, como bailes, passeios, excursões, palestras, conferências e cursos de preparação para aposentadoria. Quanto às Universidades da Terceira Idade, promovem programas de educação permanente com proposta de integração social do idoso, desenvolvimento de suas potencialidades, o resgate de memória e sua transmissão aos mais jovens, como meio de preservar nossa identidade cultural.

Outro que está engajado nesse processo é o Banco do Brasil em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB), com seu programa BB-Educar. São os próprios funcionários do quadro de carreira da Instituição Bancária que têm interesse e estão inclinados em ajudar as pessoas que não possuem um grau de educação satisfatório, e que estão incluídas nas diversas faixas etárias carentes da sociedade – inclusive a Terceira Idade –, uma metodologia aplicada de ensino educacional, para que todos sejam certificados e beneficiados para o curso de alfabetização. Também há diversas outras instituições públicas e privadas envolvidas nesse processo, ambas contribuindo para que haja transformações positivas nesse cenário ainda carente.

Por meio da educação continuada, esses programas têm possibilitado atualização, aquisição de conhecimentos e participação em atividades culturais sociais, políticas e de lazer.

3.14.1 O papel do professor

Nesse papel estão incluídos dois personagens: o professor e o aluno, que juntos dividem suas expectativas e ansiedades, procurando encontrar as melhores formas de vencer as dificuldades que existam.

Cabe ao professor ter o conhecimento do desenvolvimento físico, psicológico e social do idoso, conscientizando-se de que esta faixa etária possui características peculiares. É fundamental que o professor conheça os preconceitos e os estereótipos relativos à velhice, para que possa identificá-los e tomar as ações necessárias.

Na velhice ocorrem diferentes tipos de perdas, tais como: entes queridos, perdas sociais, econômicas, físicas, etc. No que envolve as perdas físicas, o idoso já não possui a mesma intensidade na visão e audição, comprometendo seu tempo para executar suas tarefas. Outra perda proporcionaria sentimentos negativos, de desvalorização de sua baixa-estima.

Após conhecer esses fatores, certamente o professor poderá sentir-se seguro para administrar essas situações, preparando atividades a serem desenvolvidas nos programas voltados para a Terceira Idade. Outra questão é a freqüência do aprendizado. É fundamental que o idoso esteja motivado em continuar a produzir. Todavia, o professor deverá acompanhar atentamente os avanços do aluno e incentivá-lo a prosseguir com seus estudos.

As pessoas idosas tornam-se mais exigentes com os outros e consigo mesma, pois querem realizar tarefas com exatidão, utilizando maior tempo do que lhe foi concedido. Cabe ao professor impor tarefas sem tempo limitado, uma vez que o aluno pode fracassar quando pressionado.

Dois aspectos importantes devem ser considerados pelo professor:

a) A distração por parte desse aluno quanto às explicações fornecidas. É necessário que o professor tenha a percepção para motivar o aluno a executar tarefas não muito extensas e explicar novamente as instruções quantas vezes forem necessárias. Os alunos necessitam que as propostas estejam claras para serem desenvolvidas sem produzir fadigas, e também que não seja imposta a competição entre eles. Mas, sim umas tarefas que incentivem cooperação entre os membros dos grupos, sem provocar situações de fracasso e inferioridade, se porventura acontecer.

b) A criação de condições para que o aluno participe efetivamente do grupo, cuidando para que a convivência com as outras pessoas – algumas delas possuem nível cultural mais ou menos elevado – possa ser saudável possível. O professor deve saber que, para o idoso a experiência é um fator relevante para tudo que está sendo proposto.

3.14.2 A metodologia de ensino

No Brasil não há uma pedagogia definida para essa faixa etária e nem regras determinadas de atuação de docentes com os idosos. Porém, o que existe são técnicas de trabalho com pessoas idosas em um processo de aprendizagem.

O modelo de aprendizagem que melhor se adequa a essa postura é aquele que reforça o pensamento divergente, a originalidade e a curiosidade. É necessário criar um clima psicológico que promova esse ambiente encorajador e positivo, no qual o idoso possa expressar seus sentimentos: crítica avaliação e exposição.

É preciso buscar a construção de um ambiente próprio e propício à aprendizagem, onde haja espaço para conversas e trocas de experiências vividas; e estabelecer objetivos bem claros e atividades bem programadas.

Os programas educacionais para os idosos, assim como os estudos sobre o envelhecimento, mostram que as pessoas idosas querem aprender o novo, obtendo reciclagem e mantendo um ambiente descontraído, propício à troca de experiência.

3.14.3 Conteúdo

É importante que os conteúdos propostos pelo professor estejam ligados aos interesses do aluno, baseados na motivação, não esquecendo a história de vida e o contexto social do idoso.

Os conteúdos desenvolvidos devem aumentar as possibilidades individuais de atingir níveis avançados, de consciência crítica para o serviço da cidadania, criando oportunidades para acolher e assimilar traços de sua cultura.

Portanto, estimular o idoso a criar novas capacidades, enfrentando as situações com menos dificuldade e livre de depressões, torna os programas desenvolvidos para essa faixa etária mais efetivo. Vale ressaltar a necessidade de desenvolver um planejamento e implementar atividades que proporcionem a convivência com os outros idosos, sendo que os esportes e a recreação auxiliem nesse processo.

3.14.4 O aluno

A repercussão que a velhice era submetida, e que bem-estar significava ausência de doenças foi substituída pelo reconhecimento de que, mesmo que nessa fase ocorra risco de perda de autonomia, há possibilidade de crescimento e bem-estar.

A realidade mostra que o envelhecimento é uma experiência heterogênea, condicionada pela maneira como cada um organiza sua vida, obtendo influência de acontecimentos históricos e culturais.

Muitos idosos incorporam preconceitos e estereótipos relativos à velhice, até para se sentirem mais confortáveis, pois assim o corresponderiam ao modelo estabelecido pela sociedade. Algumas situações mostram que os idosos preferem ser dependentes de seus filhos, não assumindo suas devidas responsabilidades, com receio de perder seu afeto.

Portanto, as pessoas idosas podem e devem prolongar suas possibilidades de autonomia, mesmo que haja obstáculos à independência. Devem ser estimuladas a manter atividades que são capazes de executar, pois isso melhora sua auto-estima e ajuda a manter significados em suas vidas.

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 110-114)