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DEFINIÇÕES E FUNÇÕES

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 65-69)

2 LAZER

2.2 DEFINIÇÕES E FUNÇÕES

turismo é uma atividade que se beneficia diretamente do tempo livre. Contudo, esta atividade turística favorece e surte efeitos positivos tanto para o indivíduo, mental e fisicamente, quanto à sociedade em geral, econômica e culturalmente.

No lazer o homem também amplia os seus contatos sociais e alarga o seu horizonte intelectual com experiências inovadoras, em áreas diferentes da profissional e das tarefas obrigatórias, que agem como terapias do equilíbrio físico e emocional.

O lazer atua de diferentes maneiras. Ele é um elemento integrador do indivíduo no mundo conflituoso em que precisa viver e encontrar sua satisfação pessoal.

São muitas as ocupações consideradas como lazer e recreação, como, por exemplo:

jogos e esportes individuais de dupla e de equipe, jogos de salão, música, dança, teatro, cinema, artes plásticas, artes literárias, atividades ao ar livre, atividades sociais, reuniões, festas, passatempo e coleções; os trabalhos manuais (bordados, pintura em tecido, trabalhos em cerâmica e porcelana); e esportes em geral (futebol, remo, pesca, hidro-ginástica, vôlei, etc.).

Para obter o lazer é necessária a disponibilidade de tempo, subtraindo o tempo gasto com outras necessidades vitais como: horas dispensadas à produção, ao sono e à alimentação.

Portanto, este tempo disponível pode ser ocupado em 3 períodos: diário, semanal, ou de longa duração.

Este último período é caracterizado como férias, licenças (as mais variadas existentes) e a aposentadoria.

Por ocasião destes períodos, o lazer concerne a um conjunto mais ou menos estruturado de atividades com respeito às necessidades do corpo e do espírito dos interessados: lazeres físicos, práticos, artísticos, intelectuais, sociais, dentro dos limites do condicionamento econômico social, político e cultural de cada sociedade, como descrito por Dumazedier:

Chamaremos o lazer toda atividade que apresenta as seguintes quatro propriedades: duas “negativas”, que se definem em relação às obrigações impostas pelas instituições de base da sociedade, e duas “positivas” que se definem em relação às necessidades da personalidade. (DUMAZEDIER, 1979, p. 93)

Quando o lazer resulta de uma livre escolha ele tem caráter liberatório. O lazer é, portanto, a liberação de um certo gênero de obrigações primárias impostas pelos demais organismos básicos da sociedade: instituição familiar, instituições sócio-políticas, socioespirituais. Há reciprocidade quando a atividade de lazer se torna obrigação profissional (o campeão de esporte amador que se torna profissional), obrigação escolar (a sessão de cinema obrigatória), obrigação familiar (passeio imposto) e obrigação política ou religiosa (quermesse de propaganda), mudam de natureza, do ponto de vista sociológico, mesmo

quando seu conteúdo técnico não muda, mesmo quando a atividade proporciona ao indivíduo as mesmas satisfações.

Quando o lazer não está fundamentalmente submetido a um fim lucrativo ele possui caráter desinteressado. Nesse caso não estão incluídos o trabalho profissional; ou utilitário, como as obrigações; ou ainda, o ideológico como os deveres políticos ou espirituais.

Assim, se o lazer obedece parcialmente a um fim lucrativo, utilitário ou engajado, sem que o mesmos se convertam em obrigação, não é mais inteiramente lazer. Torna-se lazer parcial, chamado então de semilazer, que vem a ser uma atividade mista em que o lazer é misturado a uma obrigação institucional como, por exemplo, quando o esportista é pago por uma parte de suas atividades; quando o pescador de vara vende alguns peixes, ou quando o jardineiro apaixonado pelas flores cultiva alguns legumes para nutrir-se.

O lazer definido positivamente no tocante às necessidades da pessoa, mesmo quando esta as realiza dentro de um grupo de sua escolha, ele tem caráter hedonístico. O lazer é marcado pela busca de um estado de satisfação, tomando como um fim em si.

A natureza hodonística se constitui na procura pelo prazer, pela felicidade ou alegria, considerados traços fundamentais do lazer da sociedade moderna. A busca de um estado de satisfação é de fato a condição primeira do lazer. Como exemplo, pode-se citar: um grupo de alpinistas, uma equipe esportiva, que obedecem a uma disciplina severa, mas, o esforço, a alegria desinteressada, não tem fins utilitários. Este caráter hedonístico é tão fundamental que, quando o lazer não proporciona a alegria, a fruição esperada, seu caráter é traído: “não é interessante”, “não foi engraçado”. O lazer não é então mais, totalmente, ele mesmo, é um lazer empobrecido.

O caráter pessoal oferece ao homem a possibilidade de libertar-se das fadigas físicas ou nervosas que contrariam os ritmos biológicos. Ele é o poder de recuperação ou ensejo de flanação. Permite que cada um saia da rotina e dos estereótipos impostos pelo funcionamento dos organismos de base; abre o caminho de uma livre superação de si mesmo e de uma liberação do poder criador, em contradição ou em harmonia com os valores dominantes da civilização.

2.2.1 Setores de atividades do lazer

Como descrito anteriormente, o lazer é composto por várias atividades. Além disso, há distinção estabelecida entre interesses de lazeres físicos, práticos, intelectuais, artísticos e sociais.

Segundo observação de Dumazedier (1979, 137) as duas primeiras categorias: interesses físicos (passeios, esportes) e interesses práticos (bricolage, jardinagem, criação de animais em pequena escala como ocupação recreativa) variam muito menos segundo as classes sociais e as gerações, do que as três últimas categorias: interesses artísticos, intelectuais e sociais. É importante salientar que estes três últimos setores do lazer estão interligados aos diferentes aspectos da vida e do trabalho. Este reflexo indica qual o processo a sociedade pós-industrial foi marcada, provavelmente por um singular conhecimento inovador em todos os domínios como os técnicos, os científicos, os estéticos ou o ético.

Em virtude dos diferentes interesses entre estas categorias, foram escolhidos os indicadores dos três setores de atividades de lazer que correspondem aos gêneros de conhecimentos (estético, intelectual e social).

a) No setor artístico: indicadores do gosto artístico na vida cotidiana – freqüência do teatro, do concerto, das exposições artísticas, do cinema, audição de um certo tipo de música (obras clássicas ou modernas), audição de um certo tipo de canções (canções consideradas literárias).

b) No setor intelectual: compra e empréstimo de livro, desejo de uma licença cultural e escolha de um objeto para as licenças culturais, leitura de crônicas literárias, religiosas e políticas, leituras das biografias de sábios ou de homens políticos.

c) No setor social: o gosto pelas reuniões e festas em família, e o interesse ativo pelos diferentes tipos de associações voluntárias que são oferecidas ao indivíduo para ocupar o seu tempo de lazer.

Esses três setores estão resumidos no quadro a seguir:

Quadro 8 – Indicadores de Lazer

SETOR ARTÍSTICO SETOR INTELECTUAL SETOR SOCIAL Freqüentadores de teatro

Freqüentadores de concerto Freqüentadores de exposições Freqüentadores de cinema Audição de um certo tipo de músicas

Audição de um certo tipo de canções

Compra e empréstimo de livros Aprovação da idéia de uma licença cultural

Escolha de um certo tipo de assunto para as licenças culturais

Leitura de crônicas literárias, religiosas, políticas

Leitura de biografias de sábios ou homens políticos

Participação em reuniões de família

Participação na vida das associações de música

No documento Turismo e lazer para a terceira idade (páginas 65-69)