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Barbara Gordon (Batgirl)

28 anos

Possui surdez profunda, não usa prótese auditiva, pelo perfil acredita-se que conheça Libras básico, não se comunica por Português Oral, ajuda a família em um restaurante familiar. Steve Rogers (Capitão América) 16 anos

Possui surdez profunda, usa implante coclear para as duas orelhas, estuda no primeiro ano do Ensino Médio, não sabe Libras, comunica-se por Português Oral.

Selina Kyle (Mulher

Gato)

25 anos

Possui surdez profunda, não usa prótese auditiva, sabe Libras intermediário, não se comunica por Português Oral, não participa de trabalho remunerado.

Fonte: Elaborado pelo autor

4.3 Sobre o Projeto de Extensão

O curso que serviu de base para a coleta de dados deste projeto é uma iniciativa minha, enquanto professor do IFSP/SJC. Este Projeto de Extensão foi oferecido em modalidade de Curso, dentro da linha de alfabetização, leitura e escrita, tendo abrangência regional. Foi aprovado segundo o Edital nº 753, do Ministério de Educação e Cultura (MEC), conforme pode ser visto no Sistema SigProj125.

Este curso foi criado para atender a uma demanda dos profissionais da AADAS, que identificaram lacunas comunicativas de jovens e adultos surdos,

25 O SIGPROJ é “o sistema de informação e gestão de projetos do MEC que tem como objetivo auxiliar o planejamento, gestão, avaliação e a publicização de Projetos de Extensão, Pesquisa, Ensino e Assuntos Estudantis, desenvolvidos e executados nas universidades brasileiras” Disponível em www.sigproj.ufrj.br

relacionadas à leitura e escrita da Língua Portuguesa. Ele possui carga horária de 45 horas, divididas em 15 encontros de três horas cada um, e foi ofertado para jovens surdos a partir de 16 anos, podendo estar em qualquer nível de escolaridade. Contudo tem como pré-requisito a fluência do aluno em Libras.

No resumo deste Projeto lê-se:

Enquanto a Comunidade Surda, com seus representantes, vem lutando por uma escola de qualidade para o alunado surdo, ou seja uma educação bilíngue de fato, todas essas crianças estão inseridas em escolas regulares acometidas das mais diversas situações que as negligenciam e tornam sua inclusão uma possível exclusão. Podemos assim conferir situações como: Falta de um modelo cultural e linguístico surdo; falta de profissionais fluentes na língua de sinais; ambiente sem as acessibilidades necessárias para essa subjetividade surda; desconhecimento sobre suas necessidades pelos diversos seguimentos que atuam no ambiente escolar; e o que mais nos importa neste momento, aplicação da mesma didática utilizada para p desenvolvimento estudantil do alunado ouvinte sobre essa demanda surda, principalmente no que toca a questão do ensino de Língua Portuguesa. Sendo assim pensou-se em um curso que pudesse proporcionar desenvolvimento linguístico, na leitura e escrita da Língua Portuguesa, para alunos jovens (Surdos e proficientes em Libras), a fim de proporcionar alfabetização e letramento. Ao realizar tal projeto acredita-se que o presente curso poderá corroborar com o aprendizado destes, bem como também com futuras discussões dentro da academia científica sobre, bilinguismo; ensino de Língua Portuguesa para surdos, metodologias adequadas; entre outras... (PROJETO IFSP, 2018. p.2)

Todo projeto ao seu final é avaliado pelos participantes e pelo coordenador responsável, e os resultados são divulgados na plataforma, bem como as sugestões de ações para sua melhoria e aperfeiçoamento.

4.4 Coleta de dados

Para a coleta de dados, todas as aulas do curso desta turma durante o ano de 2019 foram filmadas, mantendo-se a câmera focada de frente para os alunos, durante todo o período no qual os alunos realizaram atividades, ou seja, não foram filmados os intervalos. Ao final, todos os vídeos foram assistidos e analisados, para que se observasse quais estratégias haviam sido usadas pelos alunos no decorrer das atividades apresentadas. Concluída a observação de todos os vídeos, foram escolhidos os vídeos de 4 (quatro) atividades em que foram identificadas o maior número de estratégias usadas pelos alunos para realizar a análise do corpus.

4.5 Análise dos Resultados

Para realizar a análise dos resultados usou-se seguir o roteiro abaixo descrito:

a) Assistir todos os vídeos criados durante as atividades de escrita para identificar possíveis estratégias usadas pelos alunos; b) Fazer recorte das cenas onde, a priori, poderiam haver

estratégias sendo usadas;

c) Selecionar as cenas em que de fato foram identificadas estratégias com a finalidade de transcrição;

d) Transcrever as partes das cenas que evidenciavam uso de estratégias de escrita;

e) Descrever as observações a partir das cenas, evidenciando, em negrito, as estratégias de escrita encontradas; e

f) Analisar e discutir as estratégias, uma a uma, independente da cena onde foi originada.

As observações que geraram os recortes de cenas foram realizadas a partir de categorias de codificação que, para Bogdan e Biklen (1994, p.221), trata-se da percepção sobre a repetição de padrões que acontecem. “As categorias constituem um meio de classificar os dados descritivos que recolheu, [...] de forma a que o material contido num determinado tópico possa ser fisicamente apartado dos outros dados” (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 221), o que nos levou a identificar 10 (dez) diferentes estratégias.

Para organizar tais categorias, optamos por recortar as transcrições e apresentá-las. Antes, no entanto, descreveremos as regras que foram usadas nas transcrições.

Quadro 9: Regras usadas na transcrição dos diálogos

1 NOME: Introduz a fala do Aluno 2 EU Introduz a fala do pesquisador;

3 ( ) Relata as observações realizadas ao assistir as filmagens;

4 { } Apresenta a tradução para o Português daquilo que foi dito pelos alunos; 5 [...] Indica intervalo de tempo no qual a atividade não foi transcrita;

6 - Usado entre letras maiúsculas como tradução da datilologia. Usado entre sílabas para indicar pausa no Português oral.

Fonte: Elaborado pelo autor

Veja, na figura abaixo, um exemplo de transcrição.

Quadro 10: Exemplo de transcrição de cena

VICTOR: [...] (Me entrega a atividade). {Professor, eu escrevi aqui, vou te entregar.

Você lê e depois eu explico o que quis dizer, está bem?}

EU: (Leio) {Isso aconteceu com você?}

VICTOR: {Sim. Você conseguiu entender, ou não?}

EU: {Sim, entendi. Mas toda sua família é surda?}

VICTOR: {Não, espera, posso explicar? [...] É que faltam palavras que dão ligação.}