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Alunos com multideficiência

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 114-118)

III. Apresentação e discussão dos resultados

2. Discussão dos resultados

2.2 Alunos com multideficiência

Os alunos com multideficiência realizaram as atividades com recurso à tecnologia e sem recurso à tecnologia, de forma a analisar os benefícios da TA desenvolvida e de forma a estudar as adequações necessárias ao “MyM- Eu consigo!” para emergir uma resposta fácil para as necessidades específicas dos utilizadores.

O parâmetro observado “atividade física” utilizando tecnologia, foi mais elevado para todos os alunos comparativamente às mesmas atividades realizadas sem tecnologia, os alunos tocaram mais vezes no material condutor quando este emitia um som ou uma música e mostrava uma animação ou imagem no monitor. Relativamente aos valores apresentados pelo JM, como no desenvolvimento da atividade sem tecnologia não há uma resposta (causa-efeito), esta atividade nunca lhe interessou, com o desenvolvimento da atividade com tecnologia, ajudámos menos vezes o aluno a tocar no material condutor porque lhe demos mais tempo de resposta, ou seja, pedimos-lhe para ser ele a tocar e esperámos uma resposta da sua parte.

Os resultados observados neste parâmetro vão ao encontro dos resultados do estudo efetuado por Lin & Chang (2014) em que, se verificou que os alunos participantes aumentaram a sua atividade física quando a atividade era desenvolvida com recurso à tecnologia.

Quanto à “duração da atividade”, todos os alunos permaneceram mais tempo a executar a atividade com tecnologia em relação à mesma atividade sem tecnologia, à exceção da AC que na terceira sessão da atividade “tocar música com código de algarismos” esteve mais tempo a utilizar o teclado sem tecnologia do que com tecnologia, nessa sessão a AC esteve muito distraída e alheia à atividade desenvolvida, no entanto, a diferença da duração foi apenas de 32 segundos, o que não nos parece relevante. Importa ainda referir que na segunda sessão da atividade “produzir sons com diferentes teclados” a duração da atividade sem tecnologia é, para todos os alunos, inferior a um minuto uma vez que os alunos já

sabiam que depois de tocar no material condutor sem tecnologia se seguia a mesma atividade com tecnologia.

Quanto ao parâmetro “percentagem de acertos” foi observado apenas nas atividades “produzir sons com diferentes teclados”, “tocar música com código de cores” e “tocar música com código de algarismos”. Na atividade “tocar música com código de cores” verificámos se os alunos conseguiam identificar corretamente as cores. Nesta atividade o JP teve menos sucesso, o que é justificável pelo tempo de permanência da docente de EE ao seu lado. O JP adora tocar no material condutor e ouvir o som, e, muitas vezes, quando solicitado para tocar numa cor, o aluno aparenta não ouvir e continua a tocar em várias teclas, porém, quando a docente de EE está ao seu lado e o repreende, fica mais atento e toca na tecla solicitada. Na sessão três, a docente de EE permaneceu mais tempo perto do JP quando este desenvolveu a atividade sem recurso à tecnologia.

Tendo em conta os vários aspetos mencionados anteriormente podemos afirmar que os alunos conseguem identificar as cores e que a maioria o faz mais vezes corretamente quando a atividade é desenvolvida com recurso à tecnologia. Na atividade “tocar música com código de algarismos” verificámos se os alunos conseguiam identificar corretamente os algarismos. Nesta atividade os resultados apresentados pelo AG, na primeira sessão, com uso de tecnologia, tentámos verificar se o aluno conseguia seguir uma sequência de instruções, efetuando dois pedidos de seguida; apenas a primeira instrução foi alcançada com sucesso, assim, a sua “percentagem de acertos”, acabou por descer, já que o aluno nunca conseguiu efetuar corretamente a segunda instrução. Já na terceira sessão, a sua descida não nos parece significativa uma vez que o aluno apenas errou duas das 53 instruções dadas. Quanto ao JP, na segunda sessão, parecia distraído quando a docente de EE se afastava dele, tocando de forma aleatória nas teclas para ouvir o som e ignorando as nossas instruções. Quanto à AC os resultados apresentados na primeira sessão com e sem tecnologia são semelhantes, na segunda sessão a diferença entre os valores com e sem tecnologia estão relacionados com o tempo de permanência na atividade que foi superior sem tecnologia.

De acordo com a análise efetuada da realização das atividades com utilização e sem utilização da tecnologia, podemos afirmar que os benefícios da utilização do “MyM – Eu consigo! são evidentes, os alunos sentiram-se mais motivados para participar com o uso da tecnologia, em algumas atividades os alunos chegaram mesmo a aumentar a atividade física ao longo das sessões, permaneceram mais tempo a executar a atividade com concentração e interesse quando esta foi desenvolvida recorrendo ao uso da tecnologia e conseguiram identificar corretamente cores e algarismos, constatando que a maioria o fez mais vezes corretamente quando a atividade foi desenvolvida com recurso à tecnologia. Quanto às adequações necessárias ao "MyM – Eu consigo!” para emergir uma resposta fácil

para as NEE dos utilizadores, verificámos que, no que diz respeito ao „hardware‟, esta TA é fácil de utilizar, porém necessita ainda de ajustes ao nível da pressão a efetuar nos botões. Relativamente ao „software‟, perece-nos que é essencial facultar formação aos docentes sobre o „Scratch‟ de forma a capacitá-los das competências necessárias para adaptar os programas às necessidades específicas dos seus alunos.

As atividades realizadas com recurso à tecnologia permitiram-nos observar os parâmetros delineados para cada atividade, de forma a analisar se os objetivos definidos foram alcançados, assim, passamos a discutir os resultados obtidos com recurso à tecnologia.

Quanto ao parâmetro “atividade física” destaca-se, na atividade “produzir sons com diferentes teclados” o AG e a LS que aumentaram ao longo de todas as sessões, demonstrando assim, aumento na atividade física. O JM que nas duas primeiras sessões nunca tocou no material condutor sem ajuda, apresenta um aumento significativo na última sessão, este deve-se ao facto de se ter utilizado um teclado para os pés, o aluno manifestou interesse pela atividade sorrindo e não recusando andar em cima do material condutor. Ao contrário do JM, o JP que aumentou a atividade física sem ajuda da primeira para a segunda sessão, desceu na terceira, esta descida é justificada pela patologia apresentada pelo aluno que não lhe permitiu andar em cima do teclado. A descida da AC na segunda sessão deveu-se ao comportamento da aluna, nesta sessão a AC só queria ouvir a música, assim, quando tocava no material condutor que ativava a música levantava os braços de contentamento e cantava. Na atividade “tocar música com código de cores”, a descida apresentada pelo AG na segunda sessão deveu-se ao seu comportamento, o AG estava apático e menos participativo, segundo as docentes de EE, este comportamento poderia ser fruto da alteração da posologia da medicação. A descida apresentada na quarta sessão de apenas de 15 toques, não nos parece ser relevante uma vez que no cômputo geral da atividade física, não traduz qualquer descida. Na atividade “tocar música com código de algarismos”, os dados obtidos pelos alunos ao longo das quatro sessões com uso de tecnologia nos “parâmetros atividade física” e “causa efeito”, são iguais, verificamos uma descida significativa na terceira sessão, sendo justificada, principalmente, pela ausência do JP, aluno que, ao longo das sessões apresentou os valores mais altos nestes dois parâmetros. Assim, podemos, afirmar que a “atividade física” dos alunos aumentou ao longo das atividades.

Relativamente ao parâmetro “causa efeito” a AC e a LS desceram na segunda sessão da atividade “produzir sons com diferentes teclados”, a descida de apenas cinco toques no material condutor da LS não nos parece significativa, já a da AC, foi resultado do comportamento apresentado nesta sessão como foi referido anteriormente. Podemos assim

concluir, que os alunos associam o toque no material condutor ao som e à imagem apresentada no monitor.

No que diz respeito à “duração da atividade”, o facto de termos, na última sessão da atividade “produzir sons com diferentes teclados”, utilizado o teclado para os pés fez com que os resultados obtidos fossem alterados por esta nova variável. Assim, e apesar de todos os alunos terem demonstrado muito interesse e participação na atividade, não permaneceram tanto tempo concentrados na mesma. Na atividade “tocar música com código de cores”, o valor médio apresentado na terceira sessão foi influenciado, principalmente, pelo pior desempenho da LS que passou de 11:50 minutos para 3:21 minutos. Nesta sessão a LS, apesar de estar bem disposta estava muito distraída e todos os estímulos da sala da UAM interferiram na sua participação. Na atividade “tocar música com código de algarismos” e tendo em conta os valores médios, a descida de apenas 14 segundos na segunda sessão, não nos parece significativa, já a descida apresentada na terceira sessão, parece-nos, estar relacionada com a ausência do JP. Assim, podemos afirmar que o tempo de permanência com participação, interesse e concentração na atividade aumentou ao longo das mesmas.

Quanto à “percentagem de acertos” na atividade “”produzir sons com diferentes teclados”, na terceira sessão, o AG teve mais dificuldade em identificar as cores do que a identificar as teclas do “tambor” “palmas” “música” e “para”, no entanto, esta dificuldade pode estar associada ao facto da resposta às cores, ter sido dada com os pés. Os valores apresentados pelo JP são reflexo do seu problema motor, na sessão em que foi utilizado o teclado dos pés, para não frustrar o aluno, nunca fizemos nenhum pedido, assim a sua percentagem de acertos foi nula. A AC subiu consideravelmente a percentagem de acertos na última sessão, a aluna, não apresentou dificuldades em identificar as cores. A LS apresentou a mesma percentagem de acertos nas duas sessão demonstrando, assim, a mesma facilidade para identificar as cores e para identificar as teclas solicitadas. Na atividade “tocar música com código de cores” a média da “percentagem de acertos” é crescente da primeira à quarta sessão, existindo uma pequena descida na última sessão, esta descida foi afetada principalmente pelos valores alcançados pelo JP. A última sessão foi realizada na última semana de aulas do terceiro período e o facto de terem muitas atividades lúdicas nessa altura pode ter influenciado o comportamento do JP que se mostrou distraído e com muita vontade de brincar, descendo assim a “percentagem de acertos”. O AG sobe em todas as sessões exceto na terceira, sessão em que deixámos de utilizar as designações que o aluno associava às cores; a AC aumentou a percentagem de acertos nas cores em todas as sessões exceto na quarta, em que pela primeira vez, seguiu a pauta musical de cores; a LS desceu na última sessão em que esteve presente. Na atividade “tocar música com código de algarismos”, a “percentagem de acertos” e tendo em

conta os valores médios, a descida apresentada na segunda sessão está influenciada pelo resultado de 0% obtido pela LS, que começou a sessão com uma crise e posteriormente foi condicionada pela intervenção da assistente operacional. De acordo com o exposto, podemos afirmar que os alunos conseguem identificar cores, sons e algarismos.

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS RESULTADOS APRESENTADOS

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 114-118)