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Legislação que enquadra o opoio educativo às necessidades

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 45-49)

I. Revisão da literatura

7. Legislação que enquadra o opoio educativo às necessidades

A forma como as crianças com NEE são enquadradas na escola/sociedade sofreu alterações ao longo dos anos. Tempos houve em que as crianças com deficiência eram motivo de vergonha e culpa ficando em casa escondidas, crescendo sem educação e sem socialização com os seus pares. Atualmente, as crianças portadoras de deficiência têm lugar na escola, onde são salvaguardadas as suas especificidades.

A inserção destas crianças na escola deu-se de forma lenta e, inicialmente, apenas para crianças portadores de deficiências ligeiras, num processo que foi chamado de integração.

Hoje em dia a palavra de ordem é inclusão e inclusão é muito mais do que incluir apenas os alunos com NEE, inclusão é incluir todos aqueles que se encontram numa situação de vulnerabilidade, é incluir todos aqueles que não têm voz na nossa sociedade (Rodrigues, 2003).

O percurso de publicação do enquadramento legislativo foi lento, mas, gradual:

O Decreto- Lei n.º 174/ 77, de 2 de maio, definiu o regime escolar de alunos com NEE quando integrados no sistema educativo público dos ensinos preparatório e secundário.

Neste documento os alunos com NEE são designados por alunos portadores de deficiência ou simplesmente alunos deficientes.

Apesar da entrada em vigor deste diploma, a maioria das crianças/jovens com NEE significativas, em idade escolar, apenas encontravam resposta educativa na escola especial, instituições de utilidade pública ou, na pior das hipóteses, nem estas instituições frequentavam ficando “esquecidos/escondidos” em casa.

Com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n.º 46/ 86, de 14 de outubro, começa a assistir-se a transformações da conceção da educação integrada, sendo então criadas as equipas de educação especial que visam a “integração socioeducativa dos alunos com necessidades educativas específicas devidas a deficiências físicas ou mentais” (LBSE, p. 3072). Os alunos com NEE passam a ser mencionados como alunos com necessidades educativas específicas, deixando de constatar no documento a referência a alunos deficientes.

O Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de agosto, foi um marco decisivo na garantia do direito a uma educação gratuita, igual e de qualidade para todos os alunos com NEE, deslocando, assim, para a escola regular, alunos que estavam a ser educados em ambientes segregados. O termo “alunos com necessidades educativas especiais” é usado pela primeira vez na legislação portuguesa neste Decreto-Lei.

Só em 1998 o horário do professor de educação especial foi regulado, com o Despacho Conjunto nº 822/98, de 3 de novembro foram identificados os parâmetros a que devia obedecer a organização da componente letiva destes docentes.

O Despacho Conjunto n.º 105/97 de 1 de julho, consagrou os princípios emanados pela Declaração de Salamanca, visando uma orientação educativa para a educação portuguesa.

O Decreto- Lei n.º 6/ 2001, de 18 de janeiro, estabeleceu os princípios orientadores da organização e da gestão curricular do ensino básico, bem como da avaliação das aprendizagens e do processo de desenvolvimento do currículo nacional e abrangeu a modalidade de Educação Especial aos alunos com NEE de carácter prolongado.

O Decreto-lei n.º 7 de 2001, de 18 de janeiro, determinou o novo modelo de gestão curricular no ensino secundário e circunscreveu a modalidade de Educação Especial aos alunos com NEE de carácter prolongado.

A implementação de 25 centros de recurso para as necessidades educativas especiais em agrupamentos de referência foi uma das resoluções do Conselho de Ministro n.º 120 de 2006, de 21 de setembro.

O Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, que regulamenta atualmente a educação especial, enquadra as respostas educativas a desenvolver no caso da adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos, com limitações ao nível da atividade e participação, num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações

funcionais e estruturais de carácter permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia do relacionamento interpessoal e da participação social. De acordo com este Decreto-Lei, a Educação Especial

“tem por objetivos a inclusão educativa e social, o acesso e o sucesso educativo, a autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, a preparação para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e para uma transição da escola para o emprego das crianças e dos jovens com necessidades educativas especiais” (p. 155).

O Decreto-Lei n.º 55/2009, de 2 de março, estabelece o regime jurídico aplicável à atribuição e ao funcionamento dos apoios no âmbito da ação social escolar. Os alunos com NEE de carácter permanente enquadrados no Decreto-Lei n.º 3 de 2008, beneficiam de comparticipação financeira das refeições, transportes, manuais e materiais escolares e tecnologias de apoio.

O decreto- Lei n.º 93/ 2009, de 16 de abril, cria o Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio [SAPA] ao qual todas as pessoas com deficiência e pessoas com incapacidades temporárias podem recorrer, substituindo o sistema supletivo de ajudas técnicas e tecnologias de apoio para pessoas com deficiências criado na década de 90.

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 97/ 2010, de 2 de dezembro, aprova e publica em anexo a Estratégia Nacional para a Deficiência 2011-2013. A medida n.º 50 do 3º eixo “criar redes virtuais que reúnam os professores da educação especial nas unidades de referência, à semelhança da rede de centros de recursos de tecnologias de informação e comunicação (TIC) para a educação especial” (p. 5671), demonstra uma tentativa de aplicar ao grupo de Educação Especial as boas práticas dos CRTICEE.

O Decreto-Lei n.º 42/2011, de 23 de março, adita, ao Decreto-Lei n.º 93/2009, o art.º 14- A onde se estabelece que o montante das verbas destinadas ao financiamento dos produtos de apoio é fixado anualmente. Assim, posteriormente, foram afetados ao financiamento dos produtos de apoio os montantes referenciados nos despachos n.º 3128/2013 e n.º 2671/2014 do Ministério da Economia e do Emprego, da Saúde, da Educação e Ciência e da Solidariedade e da Segurança Social.

O Despacho n.º 6133/ 2012, de 10 de maio, procede à retificação da lista de produtos de apoio para pessoas com deficiência homologada em 2007, tendo por referência o constante na norma ISO 9999/2007.

O Despacho n.º 5291/2015 de 21 de maio estabelece a rede nacional de CRTIC como centros prescritores de produtos de apoio do Ministério da Educação e Ciência no âmbito de Atribuições de Produtos de Apoio (SAPA).

Portaria n.º 201-C/2015 de 10 de julho, regulamenta o ensino de alunos com 15 ou mais anos de idade, com currículo específico individual [CEI], em processo de transição para a vida pós-escolar.

Constatamos assim que, a legislação evoluiu de forma a enquadrar as respostas às necessidades dos alunos com NEE. De forma gradual e lenta passou-se da integração à inclusão destes alunos, atualmente, todos têm lugar na escola. O grande desafio que se impõe na atualidade é tornar efetiva a criação de uma escola inclusiva e cabe aos docentes o papel crucial desta inclusão.

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 45-49)