• Nenhum resultado encontrado

Caracterização do aluno VM

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 130-136)

HISTÓRIA FAMILIAR

O VM nasceu a 18 de julho de 1999. Viveu com os pais e um irmão mais novo até aos 13 anos, altura em que foi retirado à família e institucionalizado. Pertencia a um agregado familiar com nível socioeconómico baixo. No ensino pré-escolar, o aluno foi caracterizado com perturbação do desenvolvimento intelectual e perturbações de comunicação.

PERCURSO EDUCATIVO

Anos letivos Medidas educativas Apoios Pré escolar 2003/04 2004/05 Decreto- lei 319/91

h) apoio pedagógico acrescido

Terapia da fala,

acompanhamento psicológico

1º ano 2005/06

Não está mencionado no processo do aluno.

2º ano 2006/07 Decreto- lei 319/91

c) adaptações curriculares, f) condições especiais de avaliação e h) apoio pedagógico acrescido

3º ano 2007/08 4º ano 2008/09 Decreto-Lei 3/2008 a) Apoio pedagógico personalizado, b) Adequações curriculares individuais e d) Adequações no processo de avaliação 5º ano 2009/10 Decreto-Lei 3/2008

e) currículo específico individual

6º ano 2010/11

7º ano 2011/12

8º ano 2012/13

9º ano 2013/14 Decreto-Lei 3/2008 a) Apoio pedagógico

personalizado, d) Adequações no processo de avaliação e e) currículo específico individual

10º ano 2014/15

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

No ano letivo 2004/05 foi diagnosticado ao aluno uma perturbação da comunicação. Apresentava um atraso do desenvolvimento da linguagem e uma perturbação articulatória mista. Possuía uma boa compreensão verbal oral.

No primeiro ano (2005/06), o aluno executava exercícios propedêuticos, de forma satisfatória. Conhecia as cores e nomeava-as. Pintava dentro dos contornos e utilizava as cores de forma correta. Escrevia satisfatoriamente o primeiro nome, embora, por vezes, tivesse necessidade de recorrer a um modelo. Desenhava razoavelmente vogais e ditongos. Desenhava de forma satisfatória os números ensinados, embora, por vezes, ainda manifestasse algumas hesitações em relação à noção de quantidade e sequencialidade dos mesmos. Apresentava um traçado irregular. Não identificava todas as vogais e ditongos dados. Revelava pouca capacidade de concentração, atenção e memória. Tinha dificuldades ao nível da fala apresentando uma perturbação articulatória ao nível de vários

fonemas. Embora tenha melhorado, ainda manifestava alguns problemas ao nível da socialização.

No ano letivo 2006/07 o aluno adquire a noção de quantidade, conhecia os números até 10, fazia contagens, somas e subtrações dentro desta quantidade com concretização. Era uma criança muito imatura que revelava pouca capacidade de concentração, atenção e memória. Apresentava dificuldades ao nível da linguagem expressiva com perturbação articulatória ao nível de vários fonemas. Não identificava as letras dadas. Durante o segundo ano foi avaliado pela equipa de psicologia que concluiu que o aluno apresentava uma estrutura cognitiva normal, evidenciando dificuldades significativas nas áreas da linguagem, motricidade fina, memória auditiva, constância da forma e orientação espacial. Revelava ainda dificuldades de resistência à frustração.

No terceiro ano (2007/08) o aluno começou a ler algumas palavras e pequenas frases muito simples. Escrevia o nome completo sem modelo e desenhava as letras razoavelmente bem. Conhecia os números até 50. Fazia contagens, somas e subtrações até 10 com concretização. Continuou a apresentar dificuldades ao nível da atenção/concentração que se foram repercutindo na apreensão dos conhecimentos transmitidos em todas as áreas. Revelava ainda dificuldades na linguagem expressiva, no discurso espontâneo utilizava essencialmente frases simples devido aos inúmeros erros articulatórios. No trabalho individual era pouco persistente e tinha pouca iniciativa. Distraia-se sem razão aparente.

No ano letivo 2008/09, no quarto ano, a família do VM começou a ser acompanhada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens [CPCJ] e o aluno foi encaminhado para as consultas de pedopsiquiatria. No final deste ano letivo o aluno lia pequenos textos com frases muito simples conseguindo extrair a ideia principal. Fazia revisão silábica de palavras. Preenchia lacunas, legendava imagens e fazia associação de gravuras a frases. Conhecia os números até 100, fazia contagens, somas com transporte e subtrações sem empréstimo, mas, necessitava sempre de ajuda para as efetuar. Era uma criança que apresentava um atraso muito significativo em todas as áreas escolares e sinais de grande instabilidade emocional. Na concentração e atenção revelava dificuldades, quer em contexto de sala de aula, quer em ensino mais individualizado. A falta de concentração na realização das atividades, dificultava o seu desempenho, raramente concluía as tarefas executando-as com pouca motivação ou interesse.

Apresentava um atraso significativo ao nível da linguagem expressiva com uma perturbação articulatória ao nível de vários fonemas que tornavam o seu discurso por vezes pouco percetível. Tinha como dificuldades mais evidentes, a leitura e a escrita. Apresentava graves dificuldades na leitura, lia frases muito simples mas mesmo nestas não conseguia fazer uma leitura correta, trocando letras e sílabas. A sua escrita limitava-se a frases muito simples e com muitos erros ortográficos.

Em termos de cálculo apresentava também dificuldade no raciocínio, no cálculo e conceitos numéricos; tinha ainda dificuldade em efetuar contagens e realizar subtrações com empréstimo.

Era uma criança que apresentava ainda episódios de encoprese tanto em casa, como na escola, assim como de enurese noturna.

Para o ano letivo seguinte, a equipa de educação especial recomendou a permanência do aluno no regime educativo especial, passando a beneficiar do art.º 21 do Decreto-lei 3/2008 – CEI. Esta medida pretendia ajudar o aluno a superar as suas dificuldades educativas perspetivando o desenvolvimento das suas capacidades e competências cognitivas e sociais e proporcionar-lhe atividades de caráter mais funcional.

A mudança de ciclo originou nova avaliação do aluno no ano letivo 2009/10 onde foi efetuado um perfil de funcionalidade do aluno por referência à CIF- CJ.

Funções do Corpo

Nota: Assinale com uma cruz (X), à frente de cada categoria, o valor que considera mais adequado à situação, de acordo com os seguintes qualificadores:

0 – Nenhuma deficiência; 1 – Deficiência ligeira; 2 – Deficiência moderada; 3 – Deficiência grave; 4 – Deficiência completa; 8 – Não especificada1

; 9 – Não aplicável2 1

Deve ser utilizado sempre que não houver informação suficiente para especificar a gravidade da deficiência.

2

Este quantificador deve ser utilizado nas situações em que seja inadequado aplicar um código específico.

Funções do Corpo 0 1 Quantificadores 2 3 4 8 9 Capítulo 1 – Funções Mentais

(Funções Mentais Globais) b126 Funções do temperamento e da personalidade

b1263 Estabilidade psíquica X

b1266 Segurança X

(Funções Mentais Específicas) b144 Funções da memória

b1440 Memória longo prazo X

b1442 Recuperação da memória X

b167 Funções mentais da linguagem

b16700 Recuperação da linguagem oral X

b1671 Recuperação da linguagem oral X Capítulo 3 – Funções da voz e da fala

b325 Comunicar e receber mensagens escritas X

b330 Falar X

b345 Escrever mensagens X

Atividade e Participação

Nota: Assinale com uma cruz (X), à frente de cada categoria, o valor que considera mais adequado à situação, de acordo com os seguintes qualificadores:

0 – Nenhuma dificuldade; 1 – Dificuldade ligeira; 2 – Dificuldade moderada; 3 – Dificuldade grave; 4 – Dificuldade completa; 8 – Não especificada1; 9 – Não aplicável2

1 Deve ser utilizado sempre que não houver informação suficiente para especificar a gravidade da

dificuldade.

2 Este quantificador deve ser utilizado nas situações em que seja inadequado aplicar um código

específico.

Atividade e Participação 0 1 Quantificadores 2 3 4 8 9 Capítulo 1 – Aprendizagem e aplicação de conhecimentos

d160 Concentrar a atenção X

d170 Escrever

d172 Calcular X Capítulo 3 – Comunicação

d325 Comunicar e receber mensagens escritas X

d330 Falar X

d345 Escrever mensagens X

Fatores Ambientais

Nota: As diferentes categorias podem ser consideradas enquanto barreiras ou facilitadores.

Assinale, para cada categoria considerada, com (.) se a está a considerar como barreira ou com o sinal (+) se a está a considerar como facilitador. Assinale com uma (X), à frente de cada categoria, o valor que considera mais adequado à situação, de acordo com os seguintes qualificadores:

0 – Nenhum facilitador/barreira; 1 – Facilitador/barreira ligeiro; 2 – Facilitador/barreira moderado; 3 – Facilitador substancial/barreira grave; 4 – Facilitador/barreira completo; 8 – Não especificada;

9 – Não aplicável

Fatores Ambientais Barreira ou Facilitador 0 1 Quantificadores 2 3 4 8 9 Capítulo 1 – Produtos e Tecnologias

e130 Para a educação

e1300 Produtos e tecnologias gerais para educação + X Capítulo 2 – Ambiente Natural e Mudanças Ambientais feitas pelo Homem

e225 Clima

e240 Luz +

e250 Som -

Capítulo 3 – Apoio e Relacionamentos

e355 Profissionais de saúde + X

Ao nível dos fatores pessoais, salientou-se uma grande instabilidade emocional, assim como falta de empenho e motivação na realização de praticamente todas as tarefas, mesmo aquelas de que mais gostava. O aluno foi também considerado irresponsável, imaturo e revelou despreocupação consigo próprio.

O CEI do aluno, no 5º ano, teve como principais componentes a independência pessoal e social, terapia e formação (práticas equinas) e a aquisição de competências escolares.

No 6º ano de escolaridade, o aluno continuava a manifestar grandes dificuldades nas áreas essenciais à aquisição de conhecimentos (concentração, atenção e memorização). Demonstrava total desinteresse pelas atividades escolares. Apesar de menos frequente, ainda apresentava episódios de encoprese.

Quanto à aquisição de competências, continuava com grandes dificuldades na leitura e escrita não manifestando grande evolução. Progrediu relativamente ao cálculo, fazendo contagens, somas com transporte e subtrações com empréstimo. Reconhecia o dinheiro em vigor e conseguia com facilidade fazer trocos.

Ao longo do ano o aluno demonstrava imaturidade e necessitava de acompanhamento constante. As suas aprendizagens foram muito lentas e encontravam-se muito abaixo do esperado para a sua faixa etária.

No 8º ano, o VM, ao nível do Português Funcional, progrediu gradualmente na aquisição de conteúdos no âmbito da leitura e da escrita. Na escrita de frases apresentou pouca autonomia, necessitando de supervisão da docente.

No 9º ano, evoluiu positivamente a todos os níveis (comportamento e aproveitamento). Estabeleceu um bom relacionamento com os docentes e com os colegas. Ao nível da

Matemática Funcional fazia uma boa leitura e escrita de números inteiros até à dezena de milhar, dominava a escrita e leitura das décimas até às milésimas, assim como de números facionários. Dominava o sistema monetário e as noções temporais. De um modo geral realizava os algoritmos com sucesso. Identificava e conseguia reduzir algumas unidades de peso e de medida. A Português Funcional realizou progressos significativos. Nesse ano letivo foi-lhe lecionada pela primeira vez a disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação de Educação Especial [TICEE], onde demonstrou ser capaz de realizar todas as tarefas solicitadas, no entanto, foi conversador e revelou necessidade de chamar a atenção para si próprio. No desenvolvimento do PIT, efetuado na reprografia da escola, obteve bons resultados e o comportamento foi adequado.

No 10º ano, manteve evolução positiva nas disciplinas de Matemática e Português Funcional e na disciplina de TIC EE foi bem comportado, empenhado, trabalhador e desenvolveu a maior parte das tarefas propostas com qualidade.

No documento MyM Eu Consigo Laura Chagas final (páginas 130-136)