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OS ALUNOS E SUAS EXPERIÊNCIAS ESCOLARES

5 CONSTATAÇÕES: DA EXPERIÊNCIA FORMATIVA À PRÁTICA

5.4 OS ALUNOS E SUAS EXPERIÊNCIAS ESCOLARES

Para os nossos estagiários, a representação mais comum feita a respeito dos estudantes é a do sujeito desinteressado. Não lhes motivam os conteúdos desenvolvidos pelo professor, e uma das únicas coisas que os faz permanecerem em sala de aula é a preocupação com o processo avaliativo e as notas que receberão. A omissão, a falta de comprometimento e a incapacidade de entenderem que, muito mais do que estudar para passar de ano, o que deles se espera é o compromisso com seu próprio crescimento como pessoas, são demonstrativos do desrespeito e descrédito por que passa a educação. Nesse caso, a escola e o professor são normalmente identificados como agentes indiretos dos problemas, sendo a depredação do ambiente escolar e a agressão aos professores, sintomas dos dilemas e da crise do sistema de ensino.

[...] de forma quase que invariável, os alunos são muito pouco participativos durante as aulas e extremamente dispersos por quaisquer motivos, seja um ruído externo ou alguma interferência durante a aula. A turma composta por alunos bastante jovens mostrou-se a maior parte do tempo pouco interessada no estudo da história, tendo muito maior preocupação com o processo avaliativo, ou seja, o que seria efetivamente cobrado na avaliação da disciplina do que com o que estava sendo desenvolvido durante as aulas. (RELATÓRIO 27, p. 21).

[...] há indisciplina e desinteresse entre os alunos, mostrando-se resistentes às aulas, não realizando as tarefas propostas perturbando com conversas e atitudes inconvenientes à aprendizagem dos colegas em relação às explicações dadas. (RELATÓRIO 30, p. 17).

Pôde-se perceber que os alunos não se interessam pela matéria, surgindo a dúvida de como fazer para que eles se motivem a estudar. [...] para podermos dar liberdade aos alunos temos que ao mesmo tempo dar limites. (RELATÓRIO 104, p. 19) .

[...] a maior parte dos alunos se mostrou omissa o tempo todo. (RELATÓRIO 108, p. 23).

[...] o que observei foi a falta de interesse dos alunos, pois muitos só querem nota parra passar de ano. (RELATÓRIO 127, p. 18).

Em relação à avaliação, como sempre, foi uma decepção, pois nem metade dos alunos tirou a nota média. Estudam apenas para a recuperação da prova e ainda assim, somente depois de muita conversa com os pais e professores. Os alunos não se interessam em estudar, apenas se preocupam com as notas. Notei que os problemas de falta de consciência da importância do conhecimento se encaixam em todas as turmas. (RELATÓRIO 41, p. 30).

A falta de atenção dos estudantes também se deve a tecnologia portátil que invade a sala de aula, e permite uma comunicação discreta e silenciosa, burlando ou desfazendo o controle exercido pelo professor. Soma-se a isso, todo o tipo de atitudes consideradas impróprias para o ambiente, como a preguiça, a indisciplina e o desrespeito em relação aos colegas e ao corpo docente. Constatam, os estagiários, que os estudantes não se interessam por aqueles conhecimentos, à medida que não identificam neles, as relações possíveis de

serem estabelecidas com a vida diária, com as questões do seu cotidiano, por serem, enfim,

“obrigações escolares”.

Eram preguiçosos em responder alguma questão mais complexa que necessitasse usar mais a memória. Também tinham preguiça de fazer as lições de casa, o trabalho proposto e estudar para as provas. (RELATÓRIO 40, p. 22).

Evidentemente que houve situações em que foi necessária paciência e desenvoltura profissional adequada, pois a conversa em sala de aula, em se tratando de alunos adolescentes, atrapalhou bastante o desenvolvimento da aula e é seguramente o maior desafio para problemas de administrá-las. Muita conversa em aula! Alunos dispersos, geralmente em grupos sentados da metade para o fim do recinto, utilizando-se de recursos tecnológicos para conversas e trocas de mensagens entre eles (telefones celulares, iphone e ipod) atrapalhando bastante o desenvolvimento e o foco da aula. (RELATÓRIO 55, p. 18).

[...] verifiquei de modo prático que não existe um vínculo claro no pensamento dos alunos, entre os conteúdos das aulas e a vida de cada um. As atividades cotidianas, as brincadeiras, os planos para o futuro, em suma, tudo o que agrada (ou ao menos não os incomoda), se dá em uma esfera distinta das obrigações escolares. (RELATÓRIO 44, p. 23).

Em uma das turmas tive um problema de desrespeito, e dois alunos quase brigaram e eu tive que intervir. Um problema que consegui resolver somente com a participação da direção. (RELATÓRIO 34, p. 26).

Encontrei pré-adolescentes e adolescentes na mesma série mas com pensamentos e altitudes muito diferentes entre si. A inquietação entre esses jovens é tão grande que parece não ser de ordem psicológica, faz parte deles, chega a ser uma necessidade orgânica a indisciplina. (RELATÓRIO 53, p. 20).

Em seu estudo sobre a relação com o saber nos meios populares, Charlot (2009) identifica na relação dos estudantes com a escola, dois tipos de disciplinas, aquelas consideradas puzzle e as outras chamadas de scrabble. As disciplinas puzzle são aquelas como a matemática ou a física, onde o conhecimento não está encerrado na linguagem, sendo a ela associado um referente externo, que remete para uma atividade que não é puramente linguística. Já as disciplinas scrabble, como a história ou a literatura, só adquirem sentido através de uma lógica, a das letras, do código linguístico. Para o autor, no primeiro caso os alunos adquirem certa autonomia, memorizando e apoiando-se na lógica da situação para a resolução dos seus problemas, ao passo que no segundo tipo de disciplinas, os estudantes veem-se presos na linguagem e na dependência maior em relação ao professor. Conforme Charlot (2009, p. 246):

Uma disciplina scrabble é uma disciplina encerrada nela própria, no seu código, é uma disciplina que não se pode apoiar num referente exterior à própria disciplina; é uma disciplina que designa, que comenta, que só coloca em prática objetos lingüísticos (livro, apontamentos), de forma que o aluno é completamente dependente do professor, é uma disciplina onde é preciso memorizar objetos lingüísticos. (Para os alunos) o símbolo da disciplina scrabble é a história – que eles citam com freqüência espontaneamente, e negativamente, nas suas entrevistas. O tal

professor “que fala, fala, fala” ao mesmo tempo que nós “escrevemos, escrevemos, escrevemos” é com freqüência, o professor de história.

Para os nossos estagiários, a apatia e o desinteresse dos estudantes em relação às aulas de história são evidentes, sendo normalmente feitas referências sobre a incapacidade de entenderem o conteúdo trabalhado ou a dificuldade de estabelecerem relações entre o que se estuda e o que se vive.

A falta de expectativas em relação ao futuro e ao sentido prático que a escola ocupa em suas vidas acaba por gerar ansiedade e angustia entre os estudantes. Não raras vezes estas carências são relacionadas a outras, relativas ao ambiente doméstico, onde lhes falta orientação relativa à importância da Educação em suas vidas. Incapazes de dar sentido prático a experiência escolar, desconhecendo os nexos existentes entre ela e as questões mais imediatas, ligadas ao cotidiano, desinteressam-se pela escola, preferindo ocupar o tempo, que outrora fora dedicado aos estudos, noutras atividades, que amenizem e preencham o vazio deixado pela falta de sentido e respostas sobre o que realmente nela vão buscar.

Percebi que há vários perfis de alunos, alguns são mais atentos que outros, há os

que estão ao “sabor do vento”, ou melhor, que estão mais preocupados em apenas

concluir a etapa. [...] deparei-me com uma realidade atroz, onde os alunos não conseguiam trabalhar (fazer conexões) entre temas, estabelecer interfaces ou até mesmo abrir links (janelas) entre temas [...] (RELATÓRIO 1, p. 21).

Em alguns momentos tive certeza de que os problemas com a turma vão além da questão metodológica – refletem uma questão social que compreende aspectos

como a falta daquela educação dita “vinda de casa” e de perspectivas em relação

ao futuro – além de revelar uma postura natural dos adolescentes em fase de transição na escola e na vida pessoal. (RELATÓRIO 3, p. 23).

A escola tem infraestrutura completa, na verdade vai além das minhas expectativas, mas parece não ser o suficiente para chamar a atenção dos alunos,

eles estão em “outro mundo”. No geral, suas aspirações não estão no estudo [...]

(RELATÓRIO 60, p. 16).

No que se refere a aula observada fica a impressão, como já ocorreu em outras observações, de que os alunos estão apáticos em relação a disciplina. Talvez por que não se sintam fazendo parte do tema que está sendo proposto. (RELATÓRIO 66, p. 20).

Ainda na questão professor-aluno, este acadêmico constatou que a sala de aula é formada por um grupo de adolescentes na faixa de 13 a 15 anos, ou seja, uma turma heterogênea que inicialmente parece calma, um ou outro agitado, digamos que desconcentrados, talvez preocupados com o lado de fora da sala, ansiosos pelo término da aula, ou seja, uma ansiedade que torna o trabalho do professor mais difícil. (RELATÓRIO 91, p. 18).

Em muitos casos, os estudantes são representados como pessoas incapazes de desenvolver uma reflexão mais crítica a respeito dos temas estudados. A falta de leitura seria uma das causas desse déficit, e por que não desenvolveram tal habito, são descritos como pessoas que não conseguem interpretar o que leem, limitando-se a reproduzir textos e

pensamentos dos autores estudados. Noutros casos, é identificada na diversificação e popularização dos veículos de comunicação e na facilidade que trazem para se obter informações diversas sobre os mais diferentes assuntos, a causa da banalização do

conhecimento. Neste sentido, se estaria reduzindo o ato de conhecer a uma “overdose” de

informações, muitas vezes descontextualizadas e desconectadas dos processos e significados aos quais um determinado fato ou objeto está relacionado.

É visível a dificuldade que os educandos tem de realizar trabalhos que exijam reflexão a partir dos temas estudados. (RELATÓRIO 4, p. 24).

[...] os alunos leem, mas não sabem interpretar o que leram. (RELATÓRIO 29, p. 19).

Não é fácil fazer com que o aluno se torne crítico, pois as informações que muitas vezes os alunos tem acesso já vem prontas, fáceis de assimilar. (RELATÓRIO 67, p. 20).

A indisciplina, a falta de atenção, a falta de leitura e entendimento são fatores preocupantes na realidade escolar. O que mais me preocupou foi a falta de leitura e entendimento dos alunos. Isto não dificulta apenas no ato de dar aula, mas basicamente à dificuldade que estes adolescentes vão encontrar na vida profissional e como cidadãos. Afinal de contas, mais adiante esta geração estará escolhendo governantes. (RELATÓRIO 50, p. 25).

Constatei que é muito difícil aos estudantes trabalharem de forma onde construam seu próprio conhecimento através dos conteúdos programáticos. (RELATÓRIO 122, p. 18).

[...] por vezes, com a intenção de demonstrar que sabem, os alunos reproduziram os pensamentos dos autores lidos e não, como deveria ser, refletiram sobre o que o mesmo expressava com tais colocações. (RELATÓRIO 88, p. 21).

Em sua análise a respeito da responsabilidade profissional e moral dos professores, Marchesi (2008), admite ser, a ação educadora, uma atividade de estreita confiança na relação pessoal entre professores e alunos. A tensão, que muitas vezes faz parte do ambiente escolar, os dilemas vividos no dia a dia da sala de aula, muitas vezes extrapolam a capacidade dos professores de intervir com a devida justiça que cada caso exige. Isto ocorre, justamente pelo fato de estarmos diante de um dilema que ultrapassa os muros da escola, e a nossa capacidade de exercitarmos justiça e compaixão, sem que, com isso, nos sintamos culpados por estar estendendo a alguns, e não a outros, um tratamento diferenciado. Trata-se, portanto, de repensarmos o princípio de equidade calcado apenas em critérios pedagógicos ou técnicos, e passarmos a estabelecer uma prática que fortaleça o compromisso dos professores com a promoção integral dos educandos, especialmente no que diz respeito àqueles que demonstram maior vulnerabilidade e dificuldades no aprendizado.

Seria justo que aqueles alunos com mais dificuldades em seu desenvolvimento e sua aprendizagem recebessem de seus professores uma dedicação maior. Todavia, a tendência de inércia da maioria dos docentes é prestar mais atenção àqueles alunos

que respondem melhor, que perguntam, que se interessam, que avançam e que, consequentemente atingem os objetivos e cumprem as expectativas que todo professor tem e deseja para os estudantes: que aprendam. Pelo contrário, os alunos com escasso ou nulo comprometimento com a aprendizagem, ou aqueles que tendem a passar inadvertidos, geralmente não atraem a atenção e dedicação dos professores, a menos que o seu comportamento altere o funcionamento da turma. (2008, p. 137).

Por outro lado, é fundamental que o professor consiga superar os modelos pré- estabelecidos a respeito do bom e do mau aluno, avaliando de forma mais abrangente as situações vivenciadas no cotidiano da escola em relação aos hábitos e práticas dos estudantes. Nesse sentido, a busca pela equidade nas relações escolares deve progredir em direção ao entendimento e respeito às expectativas pessoais, conciliando as normas comuns aos ritmos próprios dos sujeitos, o equilíbrio entre as exigências comuns e sua adaptação para cada aluno.

Para Marchesi (2008), o juízo moral, necessário a manutenção de uma prática de formação abrangente, que estabeleça a equidade na relação que os professores desenvolvem com seus alunos, está associado aos sentimentos morais, especialmente no que diz respeito à compaixão a ser praticada junto aos estudantes. Trata-se, contudo, de um tema “espinhoso” no meio professoral, normalmente contraposto ao senso de justiça a ser exercitado de forma exemplar diante das diferentes situações de convívio na escola. Entender que existem diferentes formas de atuar de forma compassiva pode ajudar a desfazer a interpretação, por vezes equivocada, a respeito deste tipo de sentimento, que, longe de acolher de forma passiva o que é indefensável, abre margem para a compreensão das circunstâncias de vida que se encontram os estudantes. Assim:

A resposta compassiva para os problemas dos alunos exige, ao mesmo tempo, sensibilidade, respeito e compreensão. Por isso, devemos estar atentos à situação deles e perceber as condições que impedem que sejam felizes e as demandas de ajuda, muitas vezes imperceptíveis, que eles nos transmitem. Os alunos têm, em algumas ocasiões, dificuldades de entender o que acontece consigo e de encontrar soluções para seus problemas. A sensibilidade dos professores deve propiciar a comunicação com eles; sua competência profissional, por sua vez, irá facilitar a busca pelas respostas adequadas. (2008, p. 144).

Foi identificado pelos acadêmicos, quando do ingresso na escola, e do acompanhamento dos professores em suas aulas, que parte dos estudantes é afetivamente muito carente, necessitando de uma atenção especial dos professores e da escola como um todo. Não se percebem como protagonistas de suas próprias histórias, justamente por serem subestimados quanto àquilo que são e o que podem aprender. A representação feita pelos estagiários sobre a escola e os professores a esse respeito, é de que ambos não conseguem

trabalhar valorizando todo o potencial dos estudantes, tão pouco conseguem fazer com que se sintam acolhidos, visto que, em muitos casos, a estrutura precária das escolas torna-se mais um empecilho ao acolhimento, ao bem-estar e às atividades de aprendizagem.

Quando questionados sobre serem integrantes da história e a possibilidade de serem ativos personagens da nossa história, demonstram incredulidade desta condição. (RELATÓRIO 81, p. 18)

Encontrei alunos bons, porém, desacreditados de seus potenciais. (RELATÓRIO 46, p. 23)

Muitos aspectos chamaram minha atenção neste período em que lecionei para a sétima série. O primeiro, que acredito que nunca vou esquecer, foi quando um aluno me disse: - Professora, sua prova é muito difícil, pois temos que pensar para responder. Isso me chocou. [...] percebi que eles são muito subestimados, não apenas pela professora de história, mas também pelos outros professores. (RELATÓRIO 23, p. 25)

Notadamente, percebemos a carência dos alunos em relação a uma atenção maior no que se refere à escola e ao corpo docente propriamente dito, ou seja, o aluno anseia por um ambiente limpo e organizado de trabalho e estudos (o que não é Cultivado nas escolas), bem como uma atenção disciplinar dos professores. (RELATÓRIO 68, p. 16)

[...] vi no período das observações os alunos desmotivados e me sentia responsável por incentivá-los. (RELATÓRIO 123, p. 27)

Os alunos são interessados, mas precisam de maior acompanhamento por parte dos docentes. (RELATÓRIO 161, p. 19)

Para Tancredi (1998), não é possível que se desenvolvam práticas pedagógicas sem que se considere a participação dos sujeitos envolvidos, seu contexto e momento de vida. Tão pouco se pode deixar de destacar as ambiguidades do processo de ensino e aprendizagem, os quais, não necessariamente encontram, sob o domínio de professores, a devida aptidão no desenvolvimento do trabalho em sala de aula. Para ela, é comum encontrarmos profissionais que, apesar de dominarem os conhecimentos dos conteúdos específicos e pedagógicos, não conseguem mobilizar esses conhecimentos em favor de uma prática pedagógica que leve à aprendizagem efetiva, pois:

[...] em todos os níveis de ensino, a prática pedagógica dos professores continua a se pautar na transmissão do conhecimento – e numa transmissão de baixo nível e superficial –, privilegiando o instruir e não o aprender. Por isso, o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos ficam restritas à aquisição de determinados conceitos dos conteúdos específicos dos diferentes componentes curriculares, o que prejudica sua aplicabilidade em momentos não acadêmicos e em situações diferentes daquelas em que tais conceitos foram aprendidos. Essa atuação profissional acomodada tem se mostrado inadequada para possibilitar aos alunos envolvimento com a própria aprendizagem e crescimento pessoal e tem comprometido, também, o desenvolvimento profissional dos próprios professores. (1998, p. 75).

Diante de todo o tipo de adversidade percebida e experimentada pelos estagiários desde o início da sua ambientação na escola, até a prática em sala de aula, é inevitável que o

mal-estar esteja presente, tornando-se um sentimento recorrente explicitado em suas falas. Os ideais a respeito da escola, do trabalho a ser desenvolvido, das pessoas que fazem parte do universo educativo, tudo isso é posto em xeque quando se deparam com a adversidade, e, em muitos casos, a hostilidade encontrada nesse ambiente.

Muitas vezes, a escola que nos parece algo tão próximo, é na verdade um local muito distante das idealizações feitas pelos acadêmicos no período que antecede o estágio. O choque com uma realidade muito adversa daquela que imaginavam encontrar, somado a falta de receptividade ou de motivação dos alunos, pode ser considerado como um forte indício da frustração experimentada pelos professorandos, antes mesmo de iniciarem suas carreiras.

Ao observar as turmas, percebi que poucos estavam interessados em aprender. Estavam ali por obrigação. Não adiantava os inúmeros discursos da professora para fazê-los entender a importância que traz o conhecimento. Isso me deixou assustado. O que fazer para deixá-los mais conscientes? Vou salientando que ainda não sei, pois não adiantava perguntar as suas opiniões e conhecimentos prévios, como também não adiantava fazer aulas interessantes porque realmente não queriam aprender. (RELATÓRIO 36, p. 18)

Assustei-me com a rebeldia dos alunos, com a situação econômica e com a dificuldade de aprendizado. (RELATÓRIO 109, p. 23)

[...] deparei-me com algo que não imaginava, adolescentes em seu último ano de escola completamente carentes de atenção dos professores. (RELATÓRIO 114, p. 26)

Me fez mal, pela minha inexperiência, perceber claramente que os educandos ainda esperam apenas aulas tradicionais e que por isso muitos professores podem ser levados a sucumbir no desejo de romper com a tradição. Percebi que a falta de maturidade da turma exigia maior esforço para contornar possíveis problemas de comportamento em sala de aula. Foi necessário solicitar silêncio diversas vezes. (RELATÓRIO 125, p. 17)

O que pude observar nas aulas foram momentos de sucesso e outros de frustrações, onde a grande maioria dos alunos demonstrou pouco interesse pela leitura e até mesmo pelo ensino de história. (RELATÓRIO 130, p. 24)