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INTRODUÇÃO GERAL AO TEMA E BASES CONCEITUAIS

AMÉRICA DO SUL

Cadeia de Fernando de Noronha

Zona de Fratura Romanch e Zona de Fratura São Pau lo

Zona de Fratura Strakhov Zona de Fratura Serra Leoa

Elevação de Serra Leoa

Zona de Fratura Cabo V erde

Zona de Fratura Marathon

Zona de Fratura Vema

Zona de Fratura Chain Zona de Fratura Jean Charcot

Zona de Fratura Ascensão

Zona de Fratura Bode V erde

Zona de Fratura Cardno

ÁFRICA

FIGURA 3-2: Mapa de relevo de fundo do Oceano Atlântico central obtido a partir de altimetria por satélite, e topografia da área continental adjacente. São exibidas ainda as principais estruturas e feições fisiográficas do oceano e continentes adjacentes (modificado de Sokolov 1999a).

Platô de Cabo Verde Ilhas Cabo Verde Platô da Guiné Planície abissal da Guiné Planície abissal das Canárias Cadeia de Gana- Costa do Marfim Platô das Guianas Planície abissal de Demerara Planície abissal da América do Norte Elevação do Ceará Planície abissal de Pernambuco Planície abissal de Angola Planície abissal de Cabo Verde Cadeia Norte-Brasileira Delta do Rio Níger Lineamento V ulcânico dos Camarões Delta do Rio Amazonas Plataforma do Amapá DORSAL MESOA TLÂNTICA Salvador Aracaju Maceió Recife João Pessoa Natal Fortaleza Daccar Bissau Conakry Freetown Monrovia Abidjan Accra Lagos São Luiz Belém Caiena Paramaribo Georgetown

As zonas de fraturas constituem um conjunto de estruturas transversais que deslocam a Dorsal Mesoatlântica por distâncias que podem atingir mais de 1500 km, representando uma das feições mais proeminentes do Oceano Atlântico equatorial. Estendem-se de maneira praticamente contínua de um flanco ao outro do oceano, das costas setentrional e oriental do Brasil ao litoral leste africano (figura 3-2). De um modo geral, a oeste da Dorsal Mesoatlântica, as zonas de fraturas exibem direção aproximadamente E-W, que passam a ser ENE-WSW, a leste da dorsal (figura 3-2).

As zonas de fraturas dividem o assoalho oceânico em segmentos crustais que variam apreciavelmente em largura. Mesmo a largura das próprias zonas pode variar consideravelmente e, em alguns casos, elas são tão ou mais amplas que os segmentos crustais delimitados. As margens continentais de cada lado do Oceano Atlântico equatorial também podem ser divididas em segmentos ou setores bordejados por cadeias marginais ou por altos soterrados do embasamento, que constituem a expressão das zonas de fraturas no continente (Gorini & Bryan 1976). Assim, a Margem Equatorial Atlântica brasileira é segmentada, de oeste para leste nos setores do Amapá, Pará-Maranhão, do Ceará e Rio Grande do Norte-Pernambuco (figura 3-1). Cada um dos setores desenvolveu bacias sedimentares marginais, semi-isoladas, que exibem evoluções tectonossedimentares independentes e distintas das vizinhas.

De norte para sul no Oceano Atlântico equatorial, as principais zonas de fraturas são: São Paulo, Romanche, Chain e Jean Charcot, que passarão a ser descritas a seguir.

A Zona de Fratura São Paulo (figura 3-2) pode ser traçada no interior da margem continental da Libéria e da Costa do Marfim, na África, como uma ampla feição através das cadeias de São Paulo e Cabo Palmas (Gorini & Bryan 1976). No Brasil ela engloba uma região bastante vasta, sendo composta por três cadeias marginais (uma das quais é a Cadeia Norte Brasileira – figura 3-2), separadas entre si por dois vales, podendo ser seguida sob a plataforma continental do delta do Rio Amazonas.

A Zona de Fratura Romanche (figura 3-2) corresponde à principal feição estrutural do Oceano Atlântico equatorial, estando presente em ambos os flancos do oceano, constituindo o segmento E-W meridional da Cadeia Norte Brasileira e a Cadeia de Gana-Costa do Marfim (Gorini & Bryan 1976). A Zona de Fratura Romanche provoca um deslocamento de cerca de 940 km na Dorsal Mesoatlântica. Nas plataformas continentais, esta zona de fratura é tentativamente correlacionada a uma região de flexura em cada um dos continentes, constituída por uma seqüência de horst e graben. As zonas de flexuras são caracteristicamente representadas por um arco sob a porção litorânea, uma bacia sob a plataforma continental e um alto na cunha plataformal.

A Zona de Fratura Chain (figura 3-2) pode ser seguida a partir da Dorsal Mesoatlântica até a região de montes abissais no lado brasileiro e através das elevações continentais no lado africano. Muito

embora haja pouca evidência da continuação desta zona no continente, algumas feições geológicas podem ser a ela correlacionadas. No lado africano, o Flanco do Benin, que corresponde a uma zona de flexura, e a Cadeia de Okitipupa (continuação mais a sudoeste do Flanco do Benin), separam a Bacia de Dahomey da Bacia do Delta do Níger, e coincidem aproximadamente com o que seria a continuação da Zona de Fratura Chain no continente (Gorini & Bryan 1976).

A Zona de Fratura Jean Charcot (figura 3-2) tem sido delineada por diversos levantamentos sísmicos correspondendo a importantes mudanças de nível do embasamento no fundo oceânico. A zona é tentativamente traçada, no lado africano, através do Anticlinório de Abakaliki na Fossa do Benuê, como uma anomalia gravimétrica positiva, e um alto estrutural profundo na Bacia do Níger, onde é denominada de Cadeia de Jean Charcot (Gorini & Bryan 1976). No lado brasileiro, existe uma correspondência entre a posição e direção da zona de fratura e a Cadeia de Fernando de Noronha (a contraparte sul-americana da Cadeia de Jean Charcot), que tem sido uma cadeia ou um alto linear desde o início da sedimentação no Setor do Ceará. Mudanças marcantes na direção da cadeia podem ser identificadas a partir do leste em direção ao continente, onde o Platô do Ceará a as rochas pertencentes ao Vulcanismo Mecejana, são tidos como uma expressão no continente da Cadeia de Fernando de Noronha (Gorini & Bryan 1976; Mizusaki et al. 2002).