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O ambiente virtual: organização espaço temporal das atividades na experiência

2. ESCOLA DE GESTORES – O CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO

2.2 Os eixos estruturantes do curso: o conteúdo das salas ambiente 48

2.2.1 O ambiente virtual: organização espaço temporal das atividades na experiência

Já em 1999, Lévy ressaltava que as tecnologias mudariam profundamente os rumos da educação e formação, construindo novos modelos de espaço de conhecimento mais abertos e contínuos, que pudessem se reorganizar de acordo com os objetivos e contextos dos diferentes sujeitos. Entretanto, a dificuldade de alguns estudantes da educação virtual em lidar com o computador é apontada por Teles (2009) como um dos problemas centrais vivenciados pelos professores dessa modalidade e ainda um obstáculo ao seu desenvolvimento.

Problematizando essa questão, Pretto e Riccio (2010), em pesquisa realizada sobre a formação continuada de docentes do ensino superior e sua relação com a Educação a Distância, apontam que muitos desses docentes que buscam a formação em cursos online, ainda que curiosos e desejosos de participar, se encontram barrados pelo despreparo em lidar com as tecnologias da informação e comunicação. Ainda que tenham o costume de utilizar o computador, alguns deles também se envolvem nessa modalidade de formação, seja como estudantes ou docentes, sem ter o conhecimento necessário para se apropriar das possibilidades trazidas pelas tecnologias de maneira intensa.

Nesse sentido, a forma como o ambiente do curso foi preparada possibilita ao sujeito em formação (que passaremos a nomear de cursista) um espaço de interação, colaboração e aprendizagem bastante flexível. As 400 horas do curso foram divididas entre ¼ presenciais e ¾ virtuais, sendo que essas últimas distribuídas da seguinte forma: uma sala ambiente com duração de 40 hs (Introdução ao Ambiente Moodle e ao Curso), 3 salas ambientes com 60 hs (Fundamentos do Direito à Educação, Políticas e Gestão na Educação e Planejamento e Práticas de Gestão Escolar), duas salas ambientes de 30 hs (Oficina Tecnológica e Tópicos especiais – Conselhos Escolares e Saúde na Escola) e uma sala ambiente com duração de 120 hs (Projeto Vivencial) na qual os cursistas elaboram ou re-elaboram o projeto político pedagógico das escolas que é simultânea à todas as outras salas ambiente, permanecendo aberta até o final do curso, cada sala ambiente corresponde a uma disciplina do curso (BRASIL, 2008a).

O ambiente virtual de aprendizagem utilizado para viabilizar o curso foi o Moodle, software livre, desenvolvido em 1999 por Martin Dougiamas e adaptado pela equipe do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica do Ministério da Educação para apoio e suporte ao processo ensino aprendizagem através da internet (ALVES, BARROS, OKADA,

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2009). Segundo esses autores (2009) o Moodle é um espaço de colaboração em que estão dispostos recursos através do quais se pode intercambiar saberes, experimentar e criar estratégias para coordenar, comunicar e administrar o curso.

A coordenação do curso na UFMG optou por utilizar ferramentas que pudessem apoiar, organizar e subsidiar as ações da coordenação, desse modo estabeleceu uma disposição estratégica das turmas no ambiente do curso. Foram criados cinco modelos de turma diferentes no ambiente. O primeiro modelo de turma chamado de ¨Turma Informações Gerais¨, no qual todos os professores e cursistas de todos os polos foram inseridos no intuito de facilitar a interação entre eles e, também, promover a troca informação sobre o andamento do curso. Nesse modelo de turma, foram disponibilizados os recursos de fórum e chats para circular os avisos e troca de dados mais gerais sobre o curso e sobre o trabalho nos diferentes polos. Essa turma foi considerada como ponto de encontro de todos os integrantes do curso independente de turma ou polo (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010).

No segundo modelo de turma, muito semelhante à turma Informações gerais descrita anteriormente, foram inscritos apenas os alunos egressos do curso (Turma Egressos da Escola de Gestores). O objetivo desse modelo foi estabelecer um espaço de vínculo do egresso com o curso, assim, os cursistas permanecem em contato com os colegas e com a equipe de professores. O diferencial deste modelo é a inserção do recurso base de dados para possibilitar a troca de materiais entre eles, permitindo a realização de relato das experiências implementadas nas escolas após o curso de especialização. É o ponto de encontro dos ex- alunos (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010).

O terceiro modelo de turma, no qual se enquadram às 12 turmas de alunos do curso, a turma Matriz e a turma Recuperação se equivalem em relação aos recursos e ferramentas instalados, sendo entretanto, diferentes em relação aos objetivos a que se destinam, conforme se explicita a seguir. Foram organizadas 12 turmas no curso, nas quais os cursistas foram distribuídos de acordo com a cidade a que pertencem, considerando a proximidade com as cidades polos no estado de Minas Gerais, onde o cursista poderia buscar o atendimento presencial (Região Metropolitana de Belo Horizonte, Região Central de Minas, Vale do Aço, Norte de Minas, Sul de Minas, Triângulo) (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010), a região Zona da Mata foi acrescida a partir de 2010 /2011 (SOUZA JUNIOR; FIDALGO et al, 2011).

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Naquelas 12 turmas foram disponibilizados todos os conteúdos específicos de cada sala ambiente do curso; a biblioteca geral e específica para cada sala ambiente com material de apoio para os alunos, assim como os espaços para realização das atividades virtuais: fóruns para elaboração de trabalhos coletivos, o envio de tarefas, a base de dados para postagem das atividades e wikis para edição coletiva de textos. Além disso, foram utilizadas as ferramentas de comunicação usadas pelos professores e cursistas trocarem informação, como os fóruns para grupos de discussão específicos por assunto, chats para interação síncrona e mensagens individuais. Uma ferramenta interessante, o diário de bordo, foi disponibilizada para que o cursista relatasse a trajetória pessoal, seus avanços e dificuldades durante a realização do curso num processo de auto avaliação (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010).

Neste mesmo modelo de turma descrita acima, foi nomeada uma décima terceira turma chamada de Matriz, nela entretanto, foram inseridos apenas os professores do curso. Essa turma servia ao mesmo tempo de laboratório para o professor acessar como aluno e realizar as atividades do curso para entender as dificuldades da atividade e dessa forma poder orientar melhor o cursista na execução dos passos da tarefa, como também, espaço de formação contínua e interação da equipe de professores. Neste espaço as dúvidas em relação ao conteúdo do curso eram discutidas diretamente com os professores coordenadores das salas ambientes, além do estabelecimento de estratégias pedagógicas a serem implementadas para ajudar os cursistas com dificuldades em relação ao conteúdo e forma de realizar as atividades. Trata-se de espaço de trocas colaborativas entre os professores no qual as informações sobre ações e estratégias pedagógicas implementadas nas turmas, que produziram bons resultados, eram socializados com todos. Ali também são discutidos os processos de avaliação das atividades e o andamento do cronograma do curso (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010; SOUZA JUNIOR; FIDALGO et al, 2011).

Segundo Mill (2006), o trabalho docente na EaD se caracteriza por ser dividido entre uma equipe colaborativa, configurando um trabalho chamado por ele de polidocência. Em sua pesquisa, diversos teletrabalhadores12 docentes evidenciaram a importância das trocas de

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Teletrabalhadores, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011) é o trabalhador que efetua seu trabalho em lugar distante (no espaço e no tempo) do centro de produção, ou seja com separação física e com o uso de uma tecnologia facilitadora da comunicação. Mill (2006) caracteriza o trabalho do tutor virtual como um teletrabalho na educação a distância independe do modelo organizacional da proposta pedagógica em que ele atua.

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saberes nos ambientes virtuais para se evitar o sentimento de solidão. As tecnologias de informação e comunicação, apesar de possibilitarem a comunicação, não a estimulam, por isso, esse intercâmbio de conhecimento depende, em grande parte, da iniciativa do grupo ou mesmo de cada trabalhador, deriva dessa situação a importância de um espaço de formação virtual no qual a equipe de trabalho possa interagir e aprender colaborativamente.

Por fim, estabeleceram ainda no mesmo modelo de turma descrito anteriormente, uma turma na qual foram inscritos os cursistas que não conseguiram finalizar as atividades das salas ambiente em tempo hábil, a chamada de ¨Turma de Recuperação¨. A criação deste modelo de turma ocorreu, segundo a coordenação, devido à especificidade do público alvo do curso e considerando a necessidade de flexibilização dos prazos de entrega das atividades, tendo em vista tratar-se de uma formação em serviço, cuja carga horária de trabalho dos gestores da educação básica em formação, em sua totalidade, chegam a ultrapassar as 40 horas semanais. Muitos deles ainda, sem o devido apoio da gestão municipal. Assim, para atender a especificidade do público alvo, os cursistas que não conseguiram postar as atividades em tempo hábil foram transferidos temporariamente para uma turma, na qual pudessem inserir a tarefa em atraso e assim recuperar as atividades perdidas das salas ambientes já finalizadas em sua turma de origem. Nessa turma os alunos recebiam atendimento pelos professores que faziam a assessoria pedagógica do curso. Assim que finalizavam a atividade retornavam para a turma de origem (FIDALGO; SOUZA JUNIOR et al, 2010).

Na EaD, segundo Loyolla (2009), a atenção ao estudante virtual deve ser persistente e contínua, sendo o suporte a ele de essencial importância. Esse amparo é tido pelo autor não apenas como um suporte tutorial atento, mas também algo de responsabilidade daqueles que criam e operam os cursos a distância, para que sejam oferecidos aos estudantes todos os recursos que possam ajudá-los a desenvolver seu processo de aprendizagem.

2.2.2 O atendimento presencial: o apoio nos polos na experiência implementada na