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3. METODOLOGIA DA PESQUISA EMPÍRICA 72

4.1 O modelo de avaliação 105

4.1.1 A reação à formação: a satisfação dos egressos com o curso 107

4.1.1.1 Discussão dos resultados da reação à formação 112

Avaliar a reação à formação é traduzir a satisfação dos sujeitos com o processo de formação ao qual foi submetido. E isso é importante porque fornece um retorno valioso para a instituição que ministrou o curso se auto-avaliar e a partir desta avaliação buscar aprimorar ainda mais o curso, e ao mesmo tempo, também sinaliza ao sujeito em formação o quão importante é a opinião dele no processo formativo (KIRKPATRICK; KIRKPATRICK, 2010). Nossos resultados demonstraram que os egressos do curso reagiram positivamente à formação recebida em relação a diferentes aspectos. Apontaram um sentimento de evolução pessoal e profissional, associado a melhoria da autoestima, superação das dificuldades que levaram a uma nova percepção do trabalho na gestão escolar.

Para Gatti (2008) as reações à formação são positivas ou são melhores avaliadas pelo público alvo, quando a responsabilidade do curso está a cargo dos poderes públicos. Ou, quando se trata de programas que são desenvolvidos para um público alvo específico que se encontra em regiões com pouca oferta de serviços educacionais de qualidade. Em contrapartida, segundo a autora (idem, 2008), avaliações menos positivas são encontradas quando o público alvo se encontra em regiões mais desenvolvidas socioeconômica e educacionalmente.

Isso foi percebido em nosso estudo, porque trata-se de uma política de formação para gestores escolares desenvolvida pelo MEC, com aval de especialistas nacionalmente reconhecidos ligados a entidades que realizam pesquisa sobre gestão escolar. E ainda, por ter sido implementada por instituição federal de ensino superior que imprime um caráter ¨simbólico¨ de qualidade e excelência. Para os egressos analisados na investigação, a imagem da UFMG é marcada, por sua reputação no campo da educação e pelo reconhecimento profissional. Bourdieu (2011) nos ajuda compreender essa imagem simbólica atrelada à honra e ao reconhecimento através do conceito de capital simbólico, segundo o autor,

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o capital simbólico é uma propriedade qualquer (de qualquer tipo de capital, físico, econômico, cultural, social), percebida pelos agentes sociais cujas categorias de percepção são tais que eles podem entendê-las (percebê-las) e reconhecê-las, atribuindo-lhes valor (BOURDIEU, 2011, p. 107).

Ou seja, o capital simbólico é determinado pela forma como o sujeito percebe através das categorias de percepção o objeto, sendo o Estado, segundo Bourdieu (2011, p. 108), ¨o lugar por excelência da concentração e do exercício do poder simbólico¨, e a estrutura com capacidade de atribuir os princípios duráveis de visão e divisão de valor e mérito aos objetos e coisas.

Gatti (2008), ainda destaca, que as avaliações positivas aos cursos como o que estamos analisando, ou seja, abalizado por iniciativa dos órgãos públicos se relacionam com a gratuidade, a qualidade do conteúdo disponibilizado, o papel dos tutores e professores no curso, a utilização de mídias digitais, a oportunidade de contato com especialista da área, seja virtualmente, ou pessoalmente e o estabelecimento de uma rede de trocas com os pares nos encontros presenciais, como fundantes para a satisfação dos egressos.

Da mesma forma, o fato do curso ser a distância gera reações positivas nas avaliações de egressos, isto porque o acesso ao curso na modalidade presencial, não se daria devido a questões geográfica que impediria o acesso a ele. A satisfação nesse caso se refere à oportunidade de acesso de profissionais a aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar, proporcionada pela modalidade a distância, conforme verificado também por Gatti (2008) em sua pesquisa, fato também evidenciado em nossa análise.

As reações negativas, em nosso estudo, estiveram mais relacionadas com aspectos externos ao curso, tais como a intensificação, sacrifício do tempo de lazer, falta de apoio logístico das secretarias. Da mesma forma Gatti (2008), em sua revisão aponta como aspectos críticos que geram insatisfação nos egressos de formações, os problemas relacionados com a infraestrutura, além de problemas pontuais como relacionamento com tutores, dificuldade com o conteúdo, mas de modo geral, são poucas as avaliações muito ou totalmente negativas nos programas estudados por ela.

Em um estudo sobre as necessidades de formação para o cargo de gestor na Espanha, Toledo; Agudo (2008) verificaram que a maioria (78,7%) dos gestores analisados consideram primordial a realização de formação para o exercício do cargo e se mostraram bastante satisfeitos com a formação recebida. Ressaltaram, entretanto, que a formação deve ser

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garantida com condições acessíveis em termos de valores e com tempo remunerado para que os participantes possam se dedicar aos estudos (TOLEDO, AGUDO, 2008).

Ponto este devidamente abordado por Aguiar (2011) em sua avaliação sobre o curso de especialização em gestão escolar, na qual ressalta a insuficiência de tempo disponível para dedicação ao curso, por parte dos gestores. Segundo a autora as secretarias de educação não dispensavam os gestores do trabalho na escola para a realização dos estudos, prejudicando o cumprimento das atividades e leituras prevista no curso, algumas delas inclusive, para serem realizadas colaborativamente em grupos de discussão, o que demandava tempo de dedicação.

Aguiar (2011) também revela um ponto importante em relação ao processo de implementação do curso. Por ser uma política que envolveu parcerias federais, municipais e estaduais, segundo a autora a forma como ¨cada secretaria se relacionou com o MEC e com as universidades determinou, em grande parte, uma configuração particular do curso no respectivo estado¨ (idem, p. 78). Isso significou uma participação ativa, limitada ou ausente no que se refere ao planejamento e execução de todo processo.

A revisão realizada por Abbad; Zerbini; Souza (2010) sobre o panorama das pesquisas em EaD, confirma a insatisfação está ligada a falta de apoio da instituição, nas quais os participantes do curso trabalham, implicando em motivos que podem levar à evasão nos cursos a distância. As evidências em nosso estudo mostraram que as secretarias que abraçaram o projeto, se movimentaram no sentido de apoiar sua execução, em nível municipal, provendo recursos e garantido a participação dos gestores, os resultados em relação à satisfação dos egressos foram muito positivas. Ao passo que as secretarias que não acompanharam o processo e tinha por objetivo apenas não gastar recursos para oferecer formação continuada, a insatisfação foi percebida nas voz dos egressos.

Para Machado (2000), é indiscutível a importância da formação dos profissionais da educação como condição para a implementação de mudanças e êxitos das metas propostas pelas política pública em educação. Não é diferente em relação a formação dos gestores escolares. Entretanto, segundo Dourado (2006) há que se cuidar para que a formação seja de qualidade e possa de fato produzir efeitos que se sobreponha a forte desigualdade social e educacional e para isso não há milagre, é aliar a vontade política e garantir a ampliação dos recursos destinados à educação pública nacional (DOURADO, 2009).

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