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Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), ou plataformas para educação online, têm como alicerce a internet e receberam nomes e siglas diferentes, em inglês, tais como ambientes integrados de aprendizagem (Integrated Distributed Learning Environments – IDLE); sistema de gerenciamento de aprendizagem (Learning Management System – LMS); e espaços virtuais de aprendizagem (Virtual Learning Spaces – VLE). Na literatura é possível encontrar termos sinônimos como plataforma de educação a distância (PeaD) e Course Management System (CMS) (Seixas et al., 2012).

Várias ferramentas foram desenvolvidas e comercializadas a partir da popularização da internet na década de 1990. Mas eram muito caros e seus preços variavam em função da quantidade de alunos (Paiva, 2010). Assim, no Brasil, grupos de pesquisa começaram a desenvolver plataformas gratuitas, procurando se organizar em torno da metáfora da participação.

Estes ambientes possuem diferentes formas de apresentação de suas ferramentas, com funções específicas e maneiras de distintas de interação com os usuários (Seixas et al., 2012). Este conjunto de ferramentas pode ser subdividido em ferramentas síncronas e assíncronas: as ferramentas assíncronas permitem acesso sem que haja necessidade de que todos os sujeitos estejam conectados simultaneamente. As ferramentas síncronas necessitam de conexão simultânea de todos os envolvidos na execução das atividades (Seixas et al., 2012). Isso gera duas formas de comunicação: conforme Recuero (2009, p. 32) “uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real”, ao passo que a assíncrona se caracteriza por uma resposta não imediata, segundo essa mesma autora.

Algumas ferramentas dos AVA são, de acordo com Paiva (2010),

ferramentas de comunicação assíncrona (fórum, e-mail, blog, mural) e síncrona (chat); ferramentas de avaliação e de construção coletiva (testes, trabalhos, wikis, glossários; ferramentas de instrução (textos, atividades, livros, vídeos); ferramentas de pesquisa de opinião (enquete, questionários); e ferramentas de administração (perfil do aluno, cadastro, emissão de senha, criação de grupos, banco de dados, configurações, diários de classe, geração de controle de frequência e geração de relatórios, gráficos e estatísticas de participação). (p. 357).

Estes ambientes oferecem espaços virtuais ideais para que os alunos possam se reunir, compartilhar, colaborar e aprender juntos (Paiva, 2010). Eles permitem organizar os conteúdos a serem utilizados (material impresso, áudio, vídeo, simulações, entre outros), acompanhar as atividades desenvolvidas pelos alunos e estabelecer a comunicação entre professores, tutores e alunos, durante o processo de ensino e aprendizagem (Alves & Araújo, 2013). Entretanto, e isso é motivo de várias críticas,

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a principal função do AVA é a de servir de repositório de conteúdos e meio de interação/comunicação entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (Seixas et al., 2012).

O Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle) é um dos AVA mais utilizados nas universidades para cursos online e para apoio a cursos presenciais (Alves & Araújo, 2013), sendo o mais utilizado do mundo. É um software livre de apoio à aprendizagem, desenvolvido em php e com banco de dados MySQL, PostgreSQL, Oracle, Access, Interbase, através da colaboração da comunidade virtual, baseando-se nos princípios do “construtivismo social” (Gabardo, Quevedo, & Ulbricht, 2010). Sua primeira versão foi lançada em 2001, estando presente em 206 países e sendo traduzido para mais de 70 línguas, com mais de 47 mil sites instalados registrados (Gabardo, Quevedo, & Ulbricht, 2010).

No Moodle é possível encontrar diferentes ferramentas que o professor pode selecionar de acordo com seus objetivos pedagógicos, dando a elas variadas perspectivas, permitindo assim a construção de espaços didáticos únicos (Magnagnagno, Ramos, & Oliveira, 2015). O AVA aliado ao uso de recursos tecnológicos tem proporcionado uma aprendizagem mais interativa, reflexiva, colaborativa e problematizadora, sendo o professor como um colaborador nesse processo (Avelino, Costa, Buchhorn, Nogueira, & Goyatá, 2017). Apresenta-se como um formato de comunidade de aprendizagem em rede, com foco na dinamicidade dos conteúdos e processos, girando em torno de atividades síncronas e assíncronas as mais diversas, explorando diferentes canais de comunicação (chats, fóruns, listas etc.) e permitindo que todos os intervenientes atuem sobre o conteúdo (Santos, 2011).

Por possibilitar a customização e permitir diferentes formas de uso, ser de fácil configuração e permitir a introdução de diversos recursos tecnológicos e midiáticos, o AVA-Moodle cria um ambiente moderno e interativo, superando os métodos tradicionais de ensino (Avelino et al., 2017). A participação ativa também é incentivada, promovendo a colaboração no processo produtivo (Abegg, Bastos, & Müller, 2010).

Dessa maneira, a participação de alunos é potencializada, uma vez que muitos deles, em sala de aula, não conseguem se colocar oralmente, talvez por timidez (Alves & Araújo, 2013). Domenico e Cohrs (2016) também identificaram que o AVA possibilita respeito ao estilo de aprendizagem e o gerenciamento do tempo da forma para que o aluno se adéque da melhor maneira ao seu estilo de aprendizagem, sendo mais uma forma de permitir a autonomia do discente.

Uma das críticas que o Moodle recebe é quanto a servir apenas como repositório, para envio e recebimento de materiais e arquivos (Alves & Araújo, 2013; Lacerda & Silva, 2015; Dias, Alves, Abrantes, & Rodrigues, 2016; Silva, 2017). Ainda, aqueles que fazem uso da plataforma, não utilizam todos os

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recursos disponíveis e todo o potencial didático-pedagógico que ela dispõe (Lacerda & Silva, 2015; Silva, 2017), não sendo garantia de aprendizagem para os discentes. Silva (2017) destaca o professor tem papel fundamental para esse processo, pois necessita adaptar-se a uma geração cada vez mais hábil com as novas tecnologias, além de planejar atividades interativas com os recursos e ferramentas disponíveis no Moodle.

Abegg, Bastos e Müller (2010) constataram que existem dificuldades no modo de produção escolar, especialmente quando a forma tradicional dos cursos é a prática individual – o que vai contra à proposta do Moodle, de ser colaborativo. Outra dificuldade diz respeito ao manuseio prático, não sendo de fácil utilização e nem havendo muita preocupação com a acessibilidade para pessoas deficientes (Gabardo, Quevedo, & Ulbricht, 2010).

Através dessas críticas constata-se que há necessidade de: i) orientação técnica para início do processo de utilização do AVA; ii) a existência de uma equipe permanente que possa oferecer apoio técnico na produção e acompanhamento dos cursos oferecidos através do Moodle, sendo ideal que se assemelhasse com os sistemas que os estudantes usam nas redes sociais, iii) melhorias na interface do ambiente virtual; iv) intensificar a qualidade da informação disponibilizada; v) saber quais são as especificidades do conteúdo abordado e compreender quais são as ferramentas e os recursos tecnológicos adequados aos objetivos pretendidos; e vi) pensar a realidade dos discentes e o desenho didático do curso, de maneira a potencializar a interatividade (Gabardo, Quevedo, & Ulbricht, 2010; Alves & Araújo, 2013; Lacerda & Silva, 2015; Dias et al, 2016; Silva, 2017). Além disso, também deve ser realizada uma abordagem pedagógica bem feita, porque somente a utilização da tecnologia não garante mudanças no processo de ensino-aprendizagem (Magnagnagno, Ramos, & Oliveira, 2015; Gabardo, Quevedo, & Ulbricht, 2010).