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Advindo do campo das Ciências Sociais, o conceito de rede social abrange a relação entre diferentes indivíduos na sociedade, uma vez que a “rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais) (Wasserman, & Faust, 1994; Degenne, & Forse, 1999 como citado em Recuero, 2009, p. 24)” (grifos da autora). Dessa forma, quando falamos de redes sociais, basicamente estamos nos referindo à relações entre pessoas (Rabello, 2015), sendo sempre um conjunto de atores e suas relações, dinâmicas e estando sempre em transformação. As transformações em uma rede social são largamente influenciadas pelas interações, e as pessoas estão se adaptando aos novos tempos, acessando a rede para formar novos padrões de interação e criando novas formas de sociabilidade e novas organizações sociais (Recuero, 2009).

Para Castells (1999, p. 497), as redes sociais digitais se configuram como a nova forma de organização social, quando diz que as “redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura”. As redes sociais digitais possibilitam novos espaços de relações, através do acesso a outros perfis de outros usuários.

Entretanto, como afirmam Santos e Santos (2014, p. 315), os usuários das redes sociais ainda se ligam àqueles que possuem algum tipo de vínculo com seu cotidiano, existindo afinidade entre eles. Dessa maneira, através da relação todos-todos já elencada por Lévy (1999), pode haver uma cegueira em não conseguir analisar e refletir sobre o que foi publicado, mas apenas o que diz interesse ao indivíduo.

E nesta sociedade em rede, a criação de conhecimento e a especialização aumentam a probabilidade de que o conhecimento atual seja mantido e multiplicado em novos conhecimentos e práticas (Ribeiro, 2014). A formação ou transposição de redes sociais para o ciberespaço caracteriza o que chamamos de Redes Sociais na Internet, que implica a existência de um suporte para as conexões entre os indivíduos e a interação entre eles neste ambiente (Rabello & Haguenauer, 2011).

Ainda de acordo com estes autores (2011, p. 20), com a introdução da Web 2.0 iniciou-se um novo paradigma que permitiu aos usuários terem um “papel mais ativo na busca, compartilhamento e produção de informação e construção de conhecimento”. Além disso, as próprias relações sociais se modificam através das redes sociais, que seriam “caracterizadas pelas relações entre pessoas de diferentes grupos sociais através de um software social que permite a comunicação, a interação, o

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compartilhamento de informação, de experiências e de documentos (com o uso de diferentes mídias, como fotos, vídeos, músicas, entre outros)”. E isso pode ser aplicado na educação através de uma maior interação e colaboração entre professores e alunos em comunidades virtuais de aprendizagem.

Nas Redes Sociais da Internet, temos os Sites de Redes Sociais (SRS), como o Facebook e o Instagram. Algumas das principais características do SRS são, de acordo com Rabello (2015):

• a criação de um perfil que poderá ser visualizado por toda a rede de relacionamentos (ou parte dela) dentro do SRS;

• possibilidade de novas conexões através da rede de relacionamentos (amigos); • comunicação (aberta ou privada) entre os participantes da rede;

• compartilhamento de arquivos de imagem, som, texto e vídeo;

• a criação de grupos de discussão ou comunidades para o debate de temas específicos.

Os SRS constituem dessa forma um tipo de mídia social. Mídias sociais, por sua vez, são aplicações de software ou aplicativos para smartphones que possibilitam que as pessoas se conectem por meio da criação de perfis de informação pessoal, formando “comunidades virtuais para compartilhar informações, conhecimentos e opiniões, usando a conversação online como meio de comunicação entre os integrantes desse grupo” (Pisa, 2016, p. 24).

Os SRS, sendo uma mídia social, abrangem diferentes ferramentas que possibilitam a interação e o compartilhamento entre indivíduos no ciberespaço (Rabello & Haguenauer, 2011). Muitas vezes, os SRS são confundidos com as Comunidades Virtuais, porém enquanto os primeiros são organizados em torno de pessoas, e não de interesses, ficando o indivíduo no centro da comunidade, nas comunidades virtuais os laços são mais fortes, os grupos são sólidos, elas são organizadas em função de tópicos e hierarquias (Rabello & Haguenauer, 2011). Ou seja, quando há uma comunidade de pessoas, compartilhando interesses, ideias e relacionamentos em comum, através da Internet, existe então uma comunidade virtual (Pisa, 2016). E continua Pisa (2016), o elemento que mantém viva essas comunidades é o sentimento de pertencimento, dos membros se sentirem fazendo parte de um grupo.

Nos SRS, os usuários escolhem quem serão seus amigos, quem seguir, quem poderá ver suas publicações. Podem participar de grupos de discussões, usar aplicativos e jogos, conhecer o diferente, compartilhar informações, curtir postagens, comentar e responder. E isso pode resultar em alterações de pensamento, tidos até então como inquestionáveis, por se fazer presente em suas práticas no mundo

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real (Santos & Santos, 2014), possibilitando também a inteligência coletiva (Lévy, 1999). Dessa forma, uma configuração nova passa a ser implementada e/ou proporcionada pelas redes sociais digitais: a permissão para qualquer indivíduo transmissor de informação, ser produtor e ser consumidor de informação (Manieri, 2011 como citado em Santos & Santos, 2014), permitindo a exibição pública das conexões entre indivíduos nessas redes de relacionamentos – e este é o seu componente principal (Rabello, 2015).

Para Santos, Melim e Paniago (2017), as tecnologias – internet e redes sociais – oferecem possibilidades de transformação em nossas relações com os outros e a conectividade que elas proporcionam é central em nosso dia a dia, possibilitando compartilhar informações, conhecimentos e interesses. Além disso, as redes viabilizam trocas de afetos, aprendizagens, cooperação, reconhecimento e suporte à ação, apoio e segurança a partir das ramificações e da interdependência construída (Sampaio, Caldas, & Catrib, 2015).

Todavia, como lembram Santos e Santos (2014), os indivíduos podem fazer uso impróprio destas redes. E isso acontece quando se perde a noção de tempo e espaço durante o acesso. Por isso não basta a presença de novas tecnologias de informação e comunicação; é preciso que as pessoas saibam utilizá-las em suas relações interpessoais, na produção de informações, na construção de novos conhecimentos e no processo de aprendizagem.

Mesmo não tendo sido criadas para ambientes educacionais, elas vêm sendo utilizadas em ambientes virtuais de aprendizagem, principalmente no ensino superior, através da “formação de grupos específicos, públicos ou privados, onde é possível compartilhar, além de hyperlinks e imagens, arquivos em diferentes formatos (Word, PDF, Power Point, etc.), promover debates e enquetes, realizar debates síncronos por meio da ferramenta de bate-papo, entre outros” (Rabello, 2015, p. 739).

Neste contexto de mudanças, em processos de disseminação e de construção do conhecimento através do aprendizado eletrônico (e-learning) e da aprendizagem móvel (m-learning), possibilitada pela existência de dispositivos móveis e da internet móvel, o aprendizado não fica mais restrito a um tempo ou espaço específico, sendo que diversas ferramentas de mídias sociais abrem nossas possibilidades e perspectivas para a educação formal, informal e não formal (Rabello & Haguenauer, 2011).

Como defende Pisa (2016), quando isso acontece no ambiente educacional, ou seja, quando os grupos se unem baseando-se em laços e interesses comuns de construção do conhecimento, passa-se de uma comunidade virtual para uma comunidade virtual de aprendizagem, facilitando e agilizando a comunicação e a interação entre professor e aluno.

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Entende-se por comunidades virtuais de aprendizagem, espaços cooperativos de trabalho interativo onde a aprendizagem ocorre com a participação direta dos alunos e onde o professor assume o papel de mediador na construção do conhecimento, devendo este estabelecer, em conjunto com o grupo, as normas e o comportamento que o grupo deverá assumir, frente aos trabalhos propostos. (Pisa, 2016, p. 34).

E pela nova configuração da sociedade contemporânea, é necessário pensar em novas maneiras de ensinar e de aprender. Neste sentido é que as redes sociais digitais ocupam um lugar de destaque, mostrando-se como uma ferramenta e um importante recurso de comunicação, interação e compartilhamento de ideias, informações e conhecimentos de forma colaborativa.

Para tanto, o professor deve estar inserido nas redes digitais, para buscar a aproximação com seus alunos. E se não quiserem participar, que pelo menos estejam atentos a elas, e que saibam conduzir seu aluno à crítica, através do diálogo e ou debates em sala de aula, tornando-se um mediador, como já explicado anteriormente.

Devem ser criados grupos, páginas, eventos, aplicativos, com o intuito de desmistificar tais ferramentas educativas e também a ideia de educação ultrapassada ou arraigada às tendências, fazendo com isso um aproveitamento das possibilidades educacionais que esses recursos possam oferecer. Em torno disto, os alunos são convidados a refletirem e conhecer melhor os ambientes virtuais em que estão inseridos socialmente, complementando assim, essa forma de aprender com as demais tecnologias educacionais presentes no ambiente escolar, a exemplo do livro didático. (Santos & Santos, 2014, p. 322).

Ao serem utilizadas no âmbito da educação, as redes sociais digitais passam a ser assim instrumento e conteúdo ao mesmo tempo, por serem de fácil acesso e ocasionarem a comunicação e a informação imediata de acordo com as atividades dos usuários (Santos & Santos, 2014). Elas permitem também que os indivíduos criem novos espaços sociais de relacionamento, facilitam e criam mais oportunidades de interação e de aprendizagem colaborativa (Reis & Lunardi-Mendes, 2018).

A educação mediada pelas novas tecnologias muda inclusive a aprendizagem e a construção do conhecimento, principalmente quando se trata de SRS, porque agora ambas são “estabelecidas por meio das trocas e interações entre os participantes, primeiramente no nível social, no próprio ambiente da rede social, para depois ser internalizada individualmente por cada participante” (Rabello, 2015, p. 744).

Por esse motivo, as mídias sociais apresentam enorme potencial em processos de ensino- aprendizagem, permitindo a interação e a construção colaborativa do conhecimento. Além disso,

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demonstram grande popularidade e grande aceitação por parte dos alunos. Os SRS, por serem baseados na não-hierarquização, permitem um modelo descentralizado de interação entre os participantes, trocas e compartilhamentos, permitindo aos usuários não somente acessar conteúdos, mas produzi-los, compartilhá-los (Rabello & Haguenauer, 2011, p. 39).

Como obstáculo, por não terem sido criadas especificamente para fins educacionais, é preciso considerar suas limitações de funcionamento em sala de aula sendo adaptada para aproveitar seus benefícios e potencialidades. A questão da segurança e privacidade também precisam ser levadas em consideração, bem como a construção do conhecimento a partir da participação ativa, envolvimento e interação dos participantes (Rabello & Haguenauer, 2011).