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3.1 Material

3.1.1 Amostra

A amostra “Estudo de Avaliação de Impactos do Programa Cédula da Terra – 2001” realizada por Buainain et al. (2002), compreendeu três populações de famílias rurais residentes nos estados atendidos pelo PCT: (i) as famílias beneficiárias do Programa Cédula da Terra (PCT); (ii) as famílias assentadas por meio da desapropriação e; (iii) as famílias de produtores rurais não atendidos por programas de reforma agrária. O estudo original identificou a população de famílias atendidas pelo Programa Cédula da Terra, com a sigla PCT, a qual passa a representar este grupo neste e no capítulo seguinte. Para as famílias assentadas pelo mecanismo de desapropriação, foi utilizada a sigla INCRA, em referencia à instituição responsável pela implementação do Programa Nacional de Reforma Agrária. O terceiro grupo, correspondente aos agricultores não atendidos por programas de reforma agrária, não foi utilizado neste estudo. Este grupo foi utilizado por Buainain et al. (2002), como uma referência de comparação para ambos os mecanismos, mas apresenta limitações para sua utilização no presente trabalho. A amostra de produtores rurais não-beneficiários, não é independente da amostra de beneficiários dos programas de reforma agrária. Esta amostra foi constituída sorteando-se pares para cada beneficiário amostrado nos projetos PCT e INCRA. Portanto, a amostra de não-beneficiários não pode ser utilizada para obter-se conclusões sobre o perfil desse grupo com representatividade adequada para isto, independente das amostras de beneficiários. O segundo questionamento diz respeito ao fato de que uma amostra de não beneficiários composta por pequenos proprietários não permitiria considerar na comparação,

os efeitos positivos resultantes do acesso coletivo aos ativos produtivos, aos quais os beneficiários dos programas de reforma agrária tem acesso, como o acesso ao crédito, tratores, equipamentos de irrigação entre outros. O papel das reservas naturais, das reservas de pasto para animais em períodos de seca, o aproveitamento da mão de obra familiar residual em atividades coletivas também trariam limites à comparação.

Os planos amostrais para as populações de beneficiários do INCRA e do PCT, foram desenhados considerando-se como universo, todos os projetos criados entre 1993 e julho de 1999. Justificou-se a limitação da pesquisa a projetos posteriores a 1993, pelo fato de que, nesse período houve uma continuidade da ação e da estratégia de reforma agrária do governo federal, permitindo assim que estes assentamentos fossem tratados como uma única população. Mesmo com esse corte, a diferença entre o tempo de existência dos assentamentos do INCRA e dos projetos do PCT pode influenciar um conjunto de variáveis relevantes para a análise de eficiência: enquanto a maioria dos projetos do INCRA já haviam superado a fase inicial de instalação, a maioria dos projetos do PCT ainda se encontravam neste estágio. Por outro lado, o corte em 1999 foi justificado para evitar a inclusão de famílias que se encontravam, quando da realização da pesquisa de campo, ainda em etapa de instalação nas terras recentemente ocupadas. A exclusão de projetos posteriores a julho de 1999 foi feita para que se garantisse que todos os projetos sorteados tivessem a possibilidade de contarem com pelo menos um ano de produção. Buainain et al. (2002) apontam que nesta etapa, parte das famílias ainda estava em transição, ainda não vivia nos assentamentos e não tinha atividade produtiva vinculada aos projetos. Portanto, as amostras representam um subgrupo da população de famílias beneficiárias de projetos do INCRA e do PCT, correspondente somente aquelas que aderiram aos projetos entre 1993 e 1999, e não à toda a população de beneficiários da reforma agrária. Para garantir comparabilidade entre as amostras, em termos de condições geográficas, restringiu-se o levantamento às mesorregiões contempladas pelo Programa Cédula da Terra (Tabela 8). Estas correspondem à área integral dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e às mesorregiões Noroeste, Norte e Jequitinhonha, de Minas Gerais.

As mesorregiões – constituídas conforme definição do IBGE – foram definidas como unidade de estratificação da amostra, a fim de assegurar a presença e a diversidade das condições eco-ambientais encontradas na área do estudo, levando-se em

consideração as condições edafoclimáticas e as características produtivas regionais (BUAINAIN et al., 1998).

Tabela 8. Mesorregiões geográficas utilizadas na estratificação da amostra.

UF Mesorregião

BA Centro Norte Baiano, Centro Sul Baiano, Extremo Oeste Baiano, Metropolitana de Salvador, Nordeste Baiano, Sul Baiano, Vale São Franciscano Baiano

CE Centro-Sul Cearense, Jaguaribe, Metropolitana de Fortaleza, Noroeste Cearense, Norte Cearense, Sertões Cearenses, Sul Cearense

MA Centro Maranhense, Leste Maranhense, Norte Maranhense, Oeste Maranhense, Sul Maranhense MG Jequitinhonha, Noroeste de Minas, Norte de Minas

PE Agreste Pernambucano, Mata Pernambucana, Metropolitana de Recife, São Francisco Pernambucano, Sertão Pernambucano

Fonte: Buainain et al. (2002).

As amostras de beneficiários foram constituídas em dois estágios. Os projetos de assentamento foram considerados como unidades primárias e as famílias beneficiárias, como secundárias. Portanto a análise de eficiência deste trabalho tem como objeto de análise, os beneficiários enquanto unidades produtivas e não os projetos de assentamento.

Para garantir a representatividade independente para cada programa – PCT e INCRA – as amostras dos beneficiários foram realizadas de maneira independente. Em cada estado tem-se uma amostra de beneficiários do INCRA que permite obter-se conclusões representativas para os beneficiários desse programa independente da amostra elaborada para os beneficiários do PCT.

Amostra de projetos PCT

Em cada estrato (mesorregião) foi sorteada uma amostra aleatória simples de projetos, que constituem as unidades amostrais primárias. Nos projetos selecionados, foi extraída uma amostra aleatória simples de beneficiários (unidades amostrais secundárias), com base em um cadastro de beneficiários daquele projeto. Na Tabela 9 são apresentados os tamanhos amostrais por mesorregião geográfica. O número de famílias entrevistadas em cada mesorregião foi aproximadamente proporcional ao número de famílias

beneficiárias na mesma, respeitado um mínimo, nos casos em que isso foi possível, de dois projetos por mesorregião. Para o sorteio dos projetos, em cada mesorregião, os assentamentos foram ordenados segundo a área do projeto e aplicou-se um sorteio sistemático de projetos de modo a garantir a presença de projetos de diferentes tamanhos.

Na Figura 1 é apresentada a distribuição geográfica do universo de assentamentos PCT. Na Figura 2 é feito o mesmo para os projetos amostrados. A lista completa da amostra de projetos é apresentada no Apêndice 1.

Tabela 9. Tamanhos amostrais para os beneficiários do PCT, por mesorregião geográfica.

UF Mesorregião

População Amostra planejada Amostra efetiva Projetos Famílias Famílias/ projeto Projetos Famílias Projetos Famílias

BA

Centro Norte Baiano 5 156 31,2 2 10 2 10

Centro Sul Baiano 6 335 55,8 5 25 5 25

Nordeste Baiano 13 598 46,0 8 40 8 40

Vale São Francisco da Bahia 2 80 40,0 1 5 1 5

Sul Baiano 13 717 55,2 10 50 10 49

TOTAL 39 1886 48,4 26 130 26 129

CE

Centro Sul Cearense 3 50 16,7 2 10 2 10

Jaguaribe 6 140 23,3 3 15 3 15 Noroeste Cearense 27 441 16,3 10 50 10 50 Norte Cearense 25 503 20,1 11 55 11 55 Sertões Cearenses 32 579 18,1 12 60 12 60 Sul Cearense 1 8 8,0 1 5 1 5 TOTAL 94 1721 18,3 39 195 39 195 MA Centro Maranhense 13 539 41,5 12 60 12 60 Leste Maranhense 7 285 40,7 6 30 6 30 Norte Maranhense 16 324 20,3 7 35 6 30 TOTAL 36 1148 31,9 25 125 24 120 MG Jequitinhonha 5 162 32,4 5 25 5 25 Noroeste de Minas 4 154 38,5 4 20 4 20 Norte de Minas 11 467 42,5 11 55 11 55 TOTAL 20 783 39,2 20 100 20 100 PE Agreste Pernambucano 11 449 40,8 11 55 11 55 Mata Pernambucana 1 22 22,0 1 5 1 5 Metropolitana de Recife 1 24 24,0 1 5 1 5 São Francisco Pernambucano 3 49 16,3 3 15 3 15

Sertão Pernambucano 4 171 42,8 4 20 4 20

TOTAL 20 715 35,8 20 100 20 100

TOTAL 209 6253 29,9 130 650 129 644

 Buainain et al. (2002).

Figura 1. Distribuição geográfica do universo de assentamentos PCT por município.

 Buainain et al. (2002).

Figura 2. Distribuição geográfica da amostra de assentamentos PCT por município.

Amostra de projetos do INCRA

O sistema de referência utilizado na seleção desta amostra foi o Cadastro de Assentamentos realizado pelo INCRA em 1996/97, complementados com os assentamentos criados até julho de 1999. Não foram incluídos, portanto, os beneficiários dos programas estaduais de reforma agrária. Rigorosamente, a comparação entre os dois tipos de intervenção fundiária, PCT e INCRA, exigiria a seleção de projetos com idade semelhante. A análise a priori da governança e dos instrumentos de apoio aos beneficiários dos dois programas revela que as duas modalidades de intervenção têm tempos de instalação, aprendizado, maturação e envelhecimento distintos, e que é importante avaliar as diferenças na velocidade das respostas em termos de produtividade, bem-estar e capacidade da emancipação.

O plano amostral aplicado aos beneficiários dos projetos de assentamento do INCRA foi similar ao utilizado para a amostra do PCT: em cada estrato foi extraída uma amostra aleatória simples de assentamentos e; em cada um deles, uma amostra de famílias assentadas. Novamente, procedeu-se com uma amostra de unidades primárias proporcional ao número de assentamentos presente nos estratos, respeitado o mínimo de dois assentamentos por estrato, e de projetos proporcional ao número de assentados nos assentamentos selecionados. Apresenta-se na Tabela 10 o universo e a amostra para os beneficiários do INCRA.

A distribuição geográfica municipal dos assentamentos INCRA é apresentada na Figura 3 para o universo e na Figura 4 para a amostra. A lista completa da amostra de projetos é apresentada no Apêndice 2.

Tabela 10. Tamanhos amostrais para os beneficiários do INCRA, por mesorregião geográfica.

UF Mesorregião

População Amostra planejada Amostra efetiva Projetos Famílias Famílias/ projeto Projetos Famílias Projetos Famílias

BA

Centro Norte Baiano 20 1784 89,2 3 15 3 14 Centro Sul Baiano 22 1988 90,4 4 20 4 20 Extremo Oeste Baiano 10 1372 137,2 3 15 3 15 Metropolitana de Salvador 5 396 79,2 2 10 0 0

Nordeste Baiano 16 956 59,8 2 10 0 0

Sul Baiano 53 3096 58,4 5 25 5 25

Vale São Franciscano Baiano 21 5553 264,0 9 45 9 45

Total 147 15145 103,0 28 140 24 129 CE Centro-Sul Cearense 3 135 45,0 2 10 2 10 Jaguaribe 40 2846 71,2 6 30 6 30 Metropolitana de Fortaleza 4 280 70,0 2 10 2 10 Noroeste Cearense 48 2597 54,1 6 30 6 30 Norte Cearense 54 3246 60,1 6 30 6 30 Sertões Cearenses 46 3740 81,3 7 35 7 35 Sul Cearense 1 296 296,0 1 5 1 5 Total 196 13140 67,0 30 150 30 150 MA Centro Maranhense 34 6429 189,1 4 20 4 20 Leste Maranhense 50 6478 129,6 4 20 4 20 Norte Maranhense 55 7453 135,5 5 25 5 25 Oeste Maranhense 83 19186 231,2 13 65 13 65 Sul Maranhense 4 354 88,5 2 10 2 10 Total 226 39900 176,5 28 140 28 140 MG Jequitinhonha 8 285 35,6 2 10 2 10 Noroeste de Minas 47 2710 57,7 15 75 15 74 Norte de Minas 23 1904 82,8 10 50 10 50 Total 78 4899 62,8 27 135 27 134 PE Agreste Pernambucano 14 899 64,2 4 20 4 20 Mata Pernambucana 41 2946 71,9 12 60 12 60 Metropolitana de Recife 11 987 89,7 4 20 4 20 São Francisco Pernambucano 18 1807 100,4 7 35 7 35

Total 84 6639 79,0 27 135 27 135

TOTAL 731 79723 109,1 140 700 136 678

 Buainain et al. (2002).

Figura 3. Distribuição geográfica do universo de assentamentos INCRA por município.

 Buainain et al. (2002).

Figura 4. Distribuição geográfica da amostra de assentamentos INCRA por município.