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Amostras empregadas no experimento no simulador SOL-UV

A tinta de tubo e o pigmento em p´o de amarelo cromo apresentaram duas fases de

P bCrO4: monocl´ınica e ortorrˆombica, sendo esta ´ultima majorit´aria. Embora n˜ao tenha sido

identificada a anglesita na difra¸c˜ao de raios X, h´a a suspeita de que uma banda nos espectros Raman pr´oxima a 970 cm−1 esteja ligada a esta substˆancia. O estudo das fases do cromato de chumbo e da presen¸ca de P bSO4 justifica-se pelo papel que possuem na fotodegrada¸c˜ao deste pigmento [75]. O espectro Raman deste pigmento ´e intenso e pode sobrepor bandas relacionadas aos demais componentes, como a barita ou o litopone. No EDXRF, detectou-se antimˆonio, que pode estar relacionado ao pigmento amarelo de N´apoles, embora n˜ao tenha sido detectado pelas demais t´ecnicas.

As amostras de azul cobalto apresentaram uma fase majorit´aria de Al2CoO4; o pigmento possu´ıa alumina, proveniente talvez do processo de fabrica¸c˜ao, e a tinta de tubo demonstrou a presen¸ca de calcita. Os espectros Raman confirmaram bandas de azul cobalto em ambos os tipos de amostra. A fluorescˆencia de raios-X acusou alguns elementos que podem ser conta- minantes ou pigmentos adicionados em alguma quantidade para obten¸c˜ao do tom desejado, como por exemplo branco de zinco.

A tinta de tubo e o pigmento em p´o de azul cer´uleo compunham-se de uma fase ma- jorit´aria de Co2SnO4, al´em de SnO2 e Co3O4; a tinta de tubo ainda apresentou CaCO3. Houve bandas relativas ao azul cer´uleo nos espectros Raman, al´em de um indicativo de ba- rita ou litopone. Novamente, o EDXRF detectou elementos que podem estar relacionados a outros pigmentos em menor quantidade, como por exemplo cromo que pode advir do ´oxido de cromo e/ou amarelo de cromo.

Tanto a tinta de tubo de azul de cobalto quanto a cer´uleo apresentaram sinal caracter´ıs- tico da ftalocianina azul (de cobre) na espectroscopia Raman. No entanto, n˜ao foi detectado pico caracter´ıstico do cobre na fluorescˆencia de raios X. Este fenˆomeno j´a foi descrito na literatura [102], e ´e explicado pelo fato de a ftalocianina em geral apresentar efeito Raman ressonante forte, o que aumenta a intensidade das bandas deste composto no espectro mesmo quando o pigmento est´a em baixa quantidade. A ftalocianina de cobre poderia estar, ent˜ao, em um concentra¸c˜ao muito baixa para ser detectada pelo m´etodo de EDXRF [102]. Por ´

ultimo, salienta-se que em nenhuma amostra foram encontrados vest´ıgios da degrada¸c˜ao do ´

oxido de zinco, como por exemplo a presen¸ca de estearato de zinco.

5.3

Amostras empregadas no experimento no simula-

dor SOL-UV

Para o ensaio no simulador SOL-UV, necessitou-se fabricar amostras pequenas por conta do spot de luz do equipamento, de cerca de 8 cm de diˆametro. Utilizou-se o excedente de tinta feita com pigmento em p´o e ´oleo de linha¸ca preparada para o experimento na cˆamara, cuja caracteriza¸c˜ao j´a foi realizada na se¸c˜ao anterior. A tinta foi aplicada sobre substrato

de sil´ıcio cristalino de 0,5x0,5 cm, em triplicatas (figura 5.17). A nomenclatura empregada encontra-se na tabela 5.17.

Figura 5.17: Amostras de tinta feitas especialmente para o experimento na linha XAFS-2.

Tabela 5.17: Nomenclatura dada `as amostras do experimento no simulador SOL-UV

Amostra Sigla Identifica¸c˜ao

Amarelo cromo + ´

oleo de linha¸ca AmCd A a C

Azul Cobalto + ´

oleo de linha¸ca AzCob D a F

Azul cobalto com branco de zinco + ´

oleo de linha¸ca CobZn G a I

Azul cer´uleo + ´

oleo de linha¸ca AzCer J a L

Azul cer´uleo com branco de zinco + ´

oleo de linha¸ca CerZn M a O

N˜ao foi utilizada a tinta de amarelo c´admio pois, conforme ser´a esclarecido no cap´ıtulo 7, o intuito do experimento era estudar essas amostras com a t´ecnica de XANES, e por limita¸c˜oes da linha XAFS-2 do LNLS n˜ao era poss´ıvel estudar o composto CdS.

Cap´ıtulo 6

Experimento na linha TGM do

Laborat´orio de Luz S´ıncrotron

Para compreender a fotodegrada¸c˜ao dos pigmentos azul de cobalto, azul cer´uleo, ama- relo de c´admio e amarelo cromo, propˆos-se um experimento na linha TGM (Toroidal Grating Monochromator, Monocromador de Grade Toroidal) no Laborat´orio Nacional de Luz S´ın- crotron, que possibilitou expor estes materiais `a radia¸c˜ao vis´ıvel e ultravioleta ao mesmo tempo que eram obtidas medidas do espectro de reflectˆancia dos mesmos. Este foi o pri- meiro ensaio neste mestrado quanto aos efeitos da fotodegrada¸c˜ao nos pigmentos estudados, caracterizando-se por ser um experimento no ˆambito da ciˆencia b´asica. Os pr´oximos ensaios possuem uma faceta mais aplicada, aproximando-se mais ao caso de uma fotodegrada¸c˜ao de uma obra art´ıstica, culminando no cap´ıtulo 9 no qual fragmentos de obras de Portinari, ou seja um caso real, ser˜ao estudados.

A linha TGM trabalha com t´ecnicas espectrosc´opicas, com feixe operando na faixa entre 400 a 4 nm (3 a 330 eV), ou seja, do azul ao ultravioleta profundo [103]. Possui monocromador com trˆes grades toroidais e baseia-se em radia¸c˜ao de dipolo magn´etico com um magneto de 1,67 T [103]. O layout experimental da linha TGM ´e apresentado na figura 6.1.

Figura 6.1: Layout experimental da linha TGM. Adaptado de [104].

Nesta linha de luz, as amostras est˜ao em ultra alto v´acuo e podem ser irradiadas por esse feixe por longos per´ıodos de tempo, induzindo uma fotodegrada¸c˜ao nas mesmas. Nomi- nalmente, a ´area do feixe incidente ´e de cerca de 1.0 mm2 e a densidade de fluxo na amostra ´

e de 5 × 1011otons/s/mm2 na condi¸c˜ao de feixe branco [103]. Este tipo de estudo vem sendo aplicado principalmente em ´areas ligadas `a astrobiologia [105, 106], sendo este ensaio um dos primeiros a serem realizados sobre materiais art´ısticos de interesse dentro da arqueometria.