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Análise comparativa da imprensa escrita regional e da imprensa online

Parte II – Estudo empírico 71

Capítulo 5 – Apresentação e discussão dos resultados 76

5.1. Análise geral dos grupos – Análise comparativa da imprensa escrita

5.1.3. Análise comparativa da imprensa escrita regional e da imprensa online

Nesta subsecção apresentamos uma comparação geral entre os resultados obtidos no Grupo 3. Os inquiridos responderam aos dois inquéritos - imprensa escrita regional e imprensa online regional – simultaneamente. O objectivo passa assim por comparar, dentro do mesmo grupo, se existem diferenças de interesse entre as duas publicações.

A primeira questão do inquérito incide sobre se o entrevistado possui alguma assinatura tanto do jornal impresso como online. Como foi abordado na Parte I, a imprensa local e regional sobrevive, essencialmente, da publicidade e das assinaturas dos jornais. Aqui, apenas nos debruçamos sobre as assinaturas, pois dá-nos uma visão importante do actual panorama da imprensa local e regional, embora não possamos esquecer que se trata apenas de uma amostra aleatória por conveniência da população. Apesar disso, os resultados são esclarecedores e demonstram, por um lado, a perda de influência da imprensa local e regional na actualidade e, por outro, que o acesso às notícias de âmbito local e regional não carecem de assinatura obrigatória, isto porque ou estão acessíveis online ou os leitores podem aceder às publicações noutros locais sem qualquer custo. Assim, fazendo uma comparação entre ambas as publicações, e como podemos evidenciar no Gráfico 34, os inquiridos afectos à imprensa escrita (92%) salientam que não são assinantes de qualquer jornal impresso e no caso da imprensa online, as percentagens também são bastante esclarecedoras, pois 96% dos leitores referem que não são assinantes de jornais ou conteúdos digitais. Estes números podem dar uma visão realista do que se passa a nível dos media regionais, mas não podemos deixar de salientar que mais de metade da amostra inquirida tem idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos. Ou seja, a probabilidade de possuírem qualquer tipo de assinatura ou acção que envolva meios financeiros é muito reduzida. Ainda no plano das subscrições de jornais, e como nos mostra o Gráfico 34, do lado do impresso, 4% são assinantes “há mais de 2 anos”, 2% dizem sê-lo “entre 6 meses e 1 ano” e outros 2% “entre 1 e 2 anos”. Já do lado do online, os resultados são semelhantes: 2% afirmam que são assinantes “há menos de 3 meses” e 2% “entre 3 e 6 meses” (Gráfico 34).

Gráfico 34 – Comparação da realidade das Assinaturas entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Apesar das percentagens similares, há uma diferença que confronta o impresso e o online: com os resultados obtidos neste Grupo 3 evidenciamos que os leitores da imprensa escrita regional é assinante há mais tempo que os inquiridos da imprensa online, tal como podemos concluir através da análise do Gráfico 34. Ou seja, o carácter recente sobre a possibilidade de se poder comprar conteúdos online justifica o facto de os leitores apenas possuírem assinaturas impressas. Estes dados vêm ao encontro do que foi explicado no Capítulo 3, da Parte I, com Faustino (2010: 25) a salientar a necessidade de renovar o modelo de assinaturas através da angariação de “novos clientes e novos mercados acessíveis por impressões remotas e novas tecnologias”. O mesmo investigador adianta também que a imprensa escrita deverá idealizar “novos modelos de negócio” para reforçarem a sua competitividade e cativarem novos leitores. Da mesma forma, Cardoso et al. (2010: 2) avançam com estratégias similares, destacando o comprometimento com os “públicos que já o seguem, mas também com os públicos que ainda não imaginou”. Estes públicos de que falam Cardoso et al. podem ser aquelas pequenas percentagens de inquiridos que recentemente efectuaram assinaturas online, o que poderá levar a uma perda de leitores no impresso.

Quanto ao tipo de leitura do jornal impresso e online, neste Grupo 3, as diferenças acentuam-se de forma clara: é que 70% dos inquiridos, em relação às publicações impressas regionais, afirmam fazer uma leitura “ligeira” e apenas 28% uma leitura “interessada”, tal como nos mostra o Gráfico 35. Os mesmos inquiridos, quando 98

questionados sobre o tipo de leitura do jornal online regional, dão opinião diferente, ainda que a escolha se mantenha a mesma: 52% confirmam fazer uma leitura “ligeira” e 48% uma leitura “interessada” (Gráfico 35). Estes números mostram que os mesmos inquiridos dão mais atenção a notícias online, o que poderá indiciar uma preferência pelos jornais online. No entanto, neste ponto, a idade dos inquiridos também tem um peso significativo e justifica o pendor pela Internet, pois 66% dos inquiridos têm idades entre os 15 e os 19 anos e 18% entre os 20 e os 24 anos.

Gráfico 35 – Comparação da realidade do Tipo de Leitura entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Com a questão que inquiria os entrevistados do Grupo 3 sobre a frequência da leitura das duas publicações, podemos efectuar uma comparação mais directa, pois os mesmos entrevistados têm opiniões completamente díspares em relação à imprensa escrita e à imprensa online regional. Quando questionados sobre a imprensa escrita, 42% afirmam ler o jornal impresso “raramente” e 28% “semanalmente”. Já quando confrontados com o inquérito sobre o online, uma clara percentagem de inquiridos - 78% - diz ler o jornal online “semanalmente” e 14% “várias vezes por mês” (Gráfico 36).

Gráfico 36 – Comparação da realidade da Frequência da Leitura entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Com estes dados, torna-se clarividente o maior interesse pelas publicações online, em especial pela classe etária dos 15 aos 19 anos (66% desta amostra). Esta tendência vai ao encontro do que autores como Cardoso et al. defendem quando afirmam que a imprensa escrita terá de saber reagir e encetar novas estratégias para alcançar novos públicos e manter os que possui: “a sobrevivência e crescimento dependem de manter os públicos já existentes, ganhar o interesse dos que surgirem e ‘prospectivar’ os que irão surgir”. Faustino (2010: 29) salienta exactamente o mesmo: a imprensa escrita terá de “ampliar a audiência através da fidelização dos públicos actuais e das conquistas de novos públicos: crianças, jovens e mulheres”.

Já no que respeita ao tempo despendido na leitura das publicações, os mesmos inquiridos têm hábitos de leitura diferentes em relação ao meio impresso e ao online, como mostra o Gráfico 37. Enquanto 62% dos inquiridos admitem gastar apenas “15 minutos” a ler o jornal impresso regional e 30% à volta de “30 minutos”, quando inquiridos sobre a imprensa online regional a tendência inverte-se, com 46% a afirmarem que despendem “30 minutos” e 42% dizem ler durante “15 minutos”.

Gráfico 37 – Comparação da realidade do Tempo de Leitura entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

101 Quando nos debruçamos nos dados obtidos sobre o local de leitura (Gráfico 38), o panorama altera-se: sobre a imprensa escrita regional, 54% confirmam que lêem o jornal no “bar/café” e 44% no “domicílio”, mas quando respondem sobre a imprensa online regional, 67% afiançam que fazem a leitura da publicação no “domicílio” e 33% no “bar/café”.

Gráfico 38 – Comparação da realidade do Local de Leitura entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Comparando as rubricas mais lidas, o Grupo 3 apresenta resultados semelhantes entre os dois meios, como demonstra o Gráfico 39: do lado da imprensa escrita regional, 18% dos inquiridos dizem ler a rubrica “sociedade”, 15% a “cultura”, 13% o “desporto”

e 12% a “região”, ao passo que os mesmos inquiridos, neste caso sobre imprensa online regional, afirmam ler a rubrica “sociedade” (17%), 16% o “desporto” e 13% afirmam que lêem as rubricas “cultura” e “região”.

Gráfico 39 – Comparação da realidade das Rubricas Mais Lidas entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Analisando também os resultados da questão sobre a qualidade gráfica do jornal impresso e online regional, podemos evidenciar, através do Gráfico 40, que as percentagens entre ambos são bastante próximas. No que concerne à imprensa escrita regional, 44% dos inquiridos sublinham que a qualidade gráfica do jornal impresso é “boa” e 42% dizem que é “razoável”, ao passo que, quando questionados sobre a qualidade dos jornais online regionais, 50% a caracterizam como “boa” e 38% como sendo “razoável”.

Gráfico 40 – Comparação da realidade da Qualidade Gráfica entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Para podermos ter uma visão mais geral dos interesses dos inquiridos da imprensa local, pergunta-se também que outras publicações costumam ler. De acordo com os dados retirados, o Grupo 3 mantém uma tendência de escolha semelhante, tal como podemos comprovar no Gráfico 41. Assim, no caso da imprensa escrita regional, 34% dos inquiridos afirmam ler “jornais nacionais”, 30% “revistas nacionais” e apenas 19% lêem “jornais online”. Os mesmos inquiridos, quando confrontados com o inquérito da imprensa online regional, 39% dizem ler “jornais nacionais”, 32% “revistas nacionais”, 14% “revistas estrangeiras” e apenas 12% confirmam que lêem “jornais regionais”.

Gráfico 41 – Comparação da realidade da Leitura de Outros Media entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Em relação à caracterização do Grupo 3, 64% dos entrevistados são do sexo feminino e 36% do masculino (Gráfico 42), sendo que 86% são solteiros e apenas 10% são casados (Gráfico 43).

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Gráfico 42 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Sexo – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Gráfico 43 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Estado civil – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Mais de metade (66%) tem idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos, 18% entre os 20 e os 24 anos e 4% entre os 25 e 29 anos; os 30 e 34 anos; e entre os 35 e 39 anos (Gráfico 44).

Gráfico 44 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Idade – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Quanto às habilitações literárias, como podemos verificar no Gráfico 45, 44% frequentam uma universidade, 44% possuem o ensino secundário e apenas 8% possuem uma licenciatura.

Gráfico 45 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Habilitações literárias – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Em relação à profissão, 81% são estudantes, 7% pertencem ao quadro superior ou médio e 4% são empresários, comerciantes ou industriais; e 4% estão desempregados (Gráfico 46).

Gráfico 46 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Profissão – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

Quanto ao número de horas de trabalho por semana, 42% dos inquiridos dedicam entre 15 a 29 horas semanais à sua profissão e 14% entre 40 a 44 horas, como podemos aferir no Gráfico 47.

Gráfico 47 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Horas de trabalho semanais – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional

(Grupo 3).

Por último, 56% dos inquiridos usam o autocarro e 33% o automóvel ligeiro (Gráfico 48).

Gráfico 48 – Comparação da realidade da Caracterização do Leitor – Meio de transporte – entre a imprensa escrita regional e a imprensa online regional (Grupo 3).

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5.2. Análise comparativa dos questionários do Grupo 3. Reflexões em torno