• Nenhum resultado encontrado

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.4. Análise da Morfologia dos Fragmentos de Vegetação

O cálculo das métricas de paisagem foi realizado separadamente para os fragmentos de vegetação rasteira e de vegetação arbórea-arbustiva, pois entende- se que esses tipos de vegetação apresentam potenciais distintos de uso e manejo no ambiente urbano. A análise acerca da morfologia dos fragmentos de vegetação arbórea-arbustiva orienta a busca de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, por exemplo. Já os fragmentos de vegetação rasteira, por não abrigarem grande biodiversidade e relevância florística são considerados, dentre outros aspectos, como áreas com potencial de uso com fins sociais, como na criação de áreas destinadas ao lazer, socialização, etc.

É importante destacar que existem inúmeras considerações possíveis acerca das análises sobre a morfologia da paisagem, conforme exemplos demonstrados por Forman e Gordon (1986), Lang e Blaschke (2009), Turner and Gardner (1991), Haines-Young, Green e Cousins (1993), dentre outros. Assim, a análise é realizada com os seguintes objetivos:

• Identificação de áreas prioritárias para conservação ambiental;

• Identificação de áreas com potencial para formação de corredores verdes; • Identificação de áreas com potencial para usos multifuncionais;

• Identificação de áreas com características de espaços livres de uso comum; • Identificação de pequenas áreas vegetadas para planejamento em micro escala.

A partir desses objetivos elencados busca-se validar a utilização de métricas de paisagem para análise dos espaços verdes urbanos, pois se espera que a morfologia dos fragmentos de vegetação traduza o uso que lhes é dado. É realizada uma análise macro, na qual é apresentada uma proposta de um sistema regional de espaços verdes, considerando a morfologia dos fragmentos da paisagem. E outra análise em escala local, na qual é selecionada a regional Noroeste de BH para se demostrar como a lógica dessa metodologia e do planejamento dos espaços verdes pode ser pensada em ambas as escalas, uma vez que o processo é comparativo e realizado apenas entre os fragmentos que compõem a paisagem analisada. Assim, os pequenos fragmentos que por ventura sejam desconsiderados na análise regional

91

podem ser incorporados ao sistema local com a finalidade de promover uma melhoria da qualidade de vida no nível de bairro, de uso cotidiano desses espaços.

Destaca-se que a implantação desse tipo de sistema regional de espaços verdes não passa apenas pelo potencial de uso dessas vegetações. Existe uma série de outros processos relacionados que envolvem uso e propriedade da terra que não estão sendo considerados nessas análises. A ideia é, portanto, suscitar discussões acerca do planejamento dos espaços verdes urbanos e demonstrar como metodologias de análise espacial, especificamente as métricas da paisagem, podem ser efetivas para nortear a escolha dos locais a serem estudados para incorporação no planejamento da paisagem urbana.

É importante lembrar que se essas análises são baseadas em um recorte teórico e metodológico criado especificamente para esta pesquisa e que visa apresentar o potencial dessa metodologia para planejamento dos espaços verdes urbanos, em diferentes escalas. Com isso, há de se considerar a escala da fonte dos dados para se considerar o nível de detalhamento possível de se obter nos resultados das métricas de paisagem e, com isso, balizar o debate realizado sobre os mesmos. A resolução da imagem RapidEye (5m) proporciona potencial de análise tanto em escala regional quanto local, sendo possível aplicar a mesma metodologia em uma área reduzida, como um bairro ou uma regional. Contudo, vale destacar que a menor unidade de mapeamento (ou o tamanho do pixel da imagem) é de 25m², ou seja, alvos com áreas inferiores a essa são generalizados em apenas um pixel. Assim, a análise possui seu limite de detalhamento da informação, não sendo indicada para análises de extremo detalhe, como para mapeamento de fundos de quintais muito pequenos.

Nesse sentido, a forma de pequenos fragmentos de vegetação sofrerá maiores distorções quanto menor for sua área, pois será delimitada por pequena quantidade de pixels da imagem. Portanto, dada a resolução da imagem, considera- se que as formas representadas na mesma são mais fidedignas ao seu formato real a partir do agrupamento de 9 pixels, o que corresponde a 225 m².

92

4.4.1. Métricas de Paisagem no Fragstats 3.3

O Fragstats 3.3 é um software gratuito desenvolvido por pesquisadores da University of Massachusetts, Amherst, projetado para calcular uma grande variedade de métricas para as categorias de uso e ocupação do solo que estruturam paisagens (McGARIGAL; MARKS, 1995). Ele disponibiliza três tipos básicos de métricas: Métricas de Paisagem, que analisam todos os fragmentos da paisagem de um modo geral, calculando, por exemplo, o percentual total de ocupação da paisagem; Métricas de Classe, para análises que consideram mais de uma classe em um mesmo conjunto e buscam correlações entre elas, como, por exemplo, diferentes tipologias de uso do solo relacionadas na mesma análise; e Métricas de Fragmentos que analisam detalhadamente a morfologia de cada um dos componentes.

Neste estudo trabalhou-se apenas com as métricas de Fragmentos, pois o interesse é investigar o potencial de uso de determinadas áreas a partir da sua forma e posição geográfica. As métricas calculadas foram: área, área núcleo, relação perímetro-área e círculo circunscrito. Essas métricas fornecem um imenso potencial de análise e apresentaram resultados satisfatórios para o objetivo proposto. Entretanto, existem outras métricas que podem atender a outras demandas, como cálculo de perímetro, quantidade de áreas núcleo, índice de áreas núcleo, proximidade, índice de complexidade da forma, raio de giro, contiguidade, distância euclidiana e índice de similaridade.

O resultado apresenta valores comparativos entre os fragmentos analisados, ou seja: o conjunto de fragmentos foi ranqueado do máximo ao mínimo segundo as características mensuradas. Essas métricas podem (e devem) ser manipuladas de acordo com os objetivos do pesquisador, conforme é apresentado a seguir.

93