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3. ANÁLISE HISTÓRICA, POLÍTICA E GEOGRÁFICA DE BELO HORIZONTE

3.4. Planejamento Metropolitano

O planejamento das áreas verdes em âmbito metropolitano foi proposto pela PLAMBEL, por meio do Programa Metropolitano de Parques Urbanos realizado em 1975. Conforme apresentado no item anterior, os objetivos desse programa eram, basicamente, a ampliação da quantidade de áreas verdes públicas para uso da população. Isso seria realizado mediante a implantação de áreas para recreação e lazer e geraria como consequência uma melhor organização do espaço metropolitano, a partir da implantação de áreas verdes no tecido urbano, e uma melhoria do ambiente urbano e da qualidade de vida da população. Entretanto o plano não foi totalmente concluído, tendo sido implantados apenas quatro parques (SOARES, 2001; COSTA et. al., 2009).

O planejamento em escala metropolitana é retomado apenas em 2010, com a proposição do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PDDI-RMBH). Dentre as mais variadas propostas de políticas integradoras apresentadas nesse estudo, no que diz respeito ao planejamento e gestão dos espaços verdes em escala metropolitana, destaca-se a proposta elaborada para a “Política Metropolitana Integrada de Delimitação e Recuperação de

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Áreas de Interesse para Conservação Ambiental”, contida no volume cinco do documento (MINAS GERAIS; SEGEM; UFMG, 2011).

A proposta parte de alguns princípios já formulados por algumas das legislações apresentadas, os quais consistem na concepção de que um ambiente saudável para gerações presentes e futuras é um direito fundamental de todos os brasileiros e que a preservação do capital natural é um direito inalienável, do qual não se pode abdicar. Nesse sentido, considera-se que os órgãos governamentais são obrigados a promover a gestão ambiental das espécies e dos ecossistemas, proteger a biodiversidade, definir os territórios a serem especialmente protegidos e controlar as entidades responsáveis pela pesquisa e manipulação de material genético. Os objetivos gerais dessa proposta são:

• Resguardar espaços representativos da flora nativa criando mecanismos de planejamento global para a proteção dos biomas da mata atlântica e do cerrado; • Harmonizar o desenvolvimento socioeconômico com as necessidades de

conservação dos recursos naturais;

• Garantir a proteção de áreas ameaçadas por processos de degradação e que desempenham importante papel na sustentabilidade da RMBH;

• Valorizar a noção de patrimônio natural e bem público priorizando os interesses coletivos sobre os interesses individuais.

A política proposta se subdivide em programas que possuem objetivos específicos e complementares. Esses programas, por sua vez, são compostos por projetos que apresentam as ações a serem tomadas para atingir os objetivos maiores. Dentre eles, destaca-se o “Programa Metropolitano de Áreas Protegidas” que tem como objetivo aumentar a superfície de áreas protegidas e cobertura vegetal com qualidade de modo a promover a conectividade entre as áreas protegidas. Nesse programa estão inseridos vários projetos para criação de Unidades de Conservação na área Cárstica, na Serra do Espinhaço, no Quadrilátero Ferrífero e nas áreas urbanas. Destaque para o “Projeto de incentivo e apoio à criação, gestão e manutenção de parques urbanos” (op. cit.).

Esse projeto parte da premissa de que os parques devem ser pensados além de um mero equipamento de lazer e contemplação. Devem ser concebidos como parte de um conjunto sistêmico que é a cidade, desempenhando serviços ambientais

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fundamentais, como “a infiltração de água da chuva, regulação climática, diminuição da poluição sonora, produção de água, retenção de poeira, umidificação do ar, proteção da biodiversidade, além do aspecto paisagístico, histórico, cultural e turístico” (MINAS GERAIS; SEGEM; UFMG, 2011, p. 1212). Nesse sentido, são necessários estudos e uma gestão participativa dos parques urbanos para garantir a qualidade paisagística e a manutenção e aprimoramento das suas funções ambientais, de lazer, esportes, recreação e educação ambiental.

Dentre os objetivos desse projeto, destacam-se aqueles que se relacionam diretamente com o tema do presente estudo, que são:

• Aumentar o número de áreas a serem transformadas em parques urbanos na RMBH;

• Ampliar as áreas verdes, melhorando a relação “área verde por habitante” na RMBH;

• Estimular a implantação parques lineares que deverão cumprir a função de recuperação dos córregos e fundos de vale, a partir de ajardinamento e/ou arborização de faixa mínima ao longo das margens, colaborando na garantia de recuperação e preservação de corpos d'água;

• Identificar as possibilidades de influência mútuas entre cada parque urbano municipal e seu respectivo entorno imediato e região;

• Definir os papéis de cada parque em função de sua localização.

Dentre as ações sugeridas para alcançar os objetivos propostos, destacam-se:

• Promover conectividade de áreas verdes na RMBH;

• Garantir a conservação de remanescentes vegetais, nascentes e cursos d’água através da implantação de parques lineares;

• Pesquisa sobre Planos de Manejo, Planos de Gestão e Sistemas de Áreas verdes implantados em todos os municípios da RMBH.

Como se pode observar, as formulações indicam claramente que a gestão dos espaços verdes não pode ser restrita à unidade territorial de um município, pois é necessária a formação de um sistema interligado de áreas protegidas e espaços verdes a fim de potencializar os benefícios socioambientais desses espaços. Nesse

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sentido, espera-se que os resultados dessa pesquisa contribuam para nortear as análises dos espaços verdes remanescentes dentro da zona urbana adensada, uma vez que permitem visualizar espacialmente e segundo critérios específicos, os principais fragmentos de vegetação remanescente, bem como as áreas com maior carência de vegetação.

Vale destacar a riqueza dessas propostas formuladas no âmbito do PDDI e a coerência das mesmas com as atuais tendências do planejamento urbano. Entretanto, fica clara a carência de estudos específicos que apontem as áreas prioritárias para receber investimentos e intervenções a fim de contemplar os objetivos propostos.

Além do programa mencionado, relacionado às áreas protegidas, vale destacar ainda o “Programa de Arborização de Vias e Espaço Público”, o qual tem como um dos principais objetivos promover a arborização como instrumento de desenvolvimento urbano e qualidade de vida. Uma das finalidades contidas nesse programa seria a de arborizar logradouros que constituem corredores de ligação com áreas verdes adjacentes. As propostas contidas nesse programa são complementares às do programa de áreas protegidas e podem contribuir, significativamente, para ampliação dos espaços verdes urbanos e, também, favorecer a conexão com as áreas verdes e com as áreas protegidas existentes.

3.5. Atores e Entidades Envolvidas no Uso e Manutenção dos Espaços