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Relação Perímetro/Área dos Fragmentos de Vegetação Rasteira: Espaços

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.5. Relação Perímetro/Área dos Fragmentos de Vegetação Rasteira: Espaços

Conforme mencionado para as áreas de vegetação arbórea-arbustiva, áreas mais complexas, representadas por elevada relação perímetro/área possuem maior acessibilidade, maior fluidez e favorecem as trocas com o entorno. Ou seja, são áreas que, pela forma, indicam a possibilidade de uso comum, pois facilitam o acesso das pessoas e podem estar distribuídas ao longo da malha viária, das praças e em locais de mais fácil acesso pela população. Para checar essas suposições, foram selecionados os fragmentos com área superior a 97 ha e analisada a relação Perímetro/Área que demonstra o grau de complexidade da forma, ou seja, o nível de ramificação (ou fragmentação) da mesma, o que indica maior “permeabilidade” que pode ser entendida como uma maior acessibilidade da mesma.

A Figura 53 destaca os principais fragmentos com essas características. A partir desses são apresentados exemplos que demonstram essa situação.

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Ao todo foram identificados 12 fragmentos de vegetação rasteira com áreas superiores a 97 ha. Esses totalizam uma área de 3.215,2431 ha, o que corresponde a 6,52 % da área de estudo, ou seja, o investimento nessas áreas pode ampliar significativamente os espaços livres de uso comum dotados de vegetação.

A Figura 53 apresenta três grandes áreas com elevada relação perímetro/área, ou seja, com formas complexas que merecem destaque. Além delas, destaca-se uma área com baixa relação perímetro/área que, naturalmente, apresenta elevada área nuclear. As primeiras correspondem a regiões do bairro São Bento, da Pampulha e do Palmital. A segunda corresponde à área de preservação de mananciais de abastecimento, onde há captação de água pela COPASA.

• Rast.P/Area-1: Região do Bairro São Bento e da Cidade Jardim. A elevada disponibilidade de vegetação rasteira se dá pelo conjunto de edificações de alto padrão de luxo, com lotes grandes que dispõem de quintais; vegetação viária, como canteiros centrais gramados e arborizados; e disponibilidade de espaços livres de uso público, como praças. Essa composição pode ser observada nas figuras a seguir.

Figura 54: Vista aérea do bairro São Bento

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Figura 55: Vista da rua do Bairro São Bento

Fonte: Street View Google Maps – abr. 2011

• Rast.P/Area-2: Corresponde à região da Pampulha que, assim como a região do São Bento e Cidade Jardim, possui padrão de edificação de alto luxo e, também, grande presença de chácaras e sítios. Além disso, na orla da Lagoa da Pampulha estão instalados diversos equipamentos para uso público, como praças, parques, ciclovia e pista de cooper e áreas privadas de uso coletivo (clubes). Essa somatória de fatores é o que determina a forma do grande e complexo fragmento de vegetação localizado na região da Pampulha, que pôde ser observado na Figura 53. As figuras a seguir ilustram essa situação.

Figura 56: Vista aérea de trecho do bairro Pampulha

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Figura 57: Vista da rua do Parque Ecológico da Pampulha

Fonte: Street View Google Maps – ago. 2011

• Rast.P/Area-3: Importante destacar que não apenas as regiões mais nobres apresentam esse tipo de morfologia dos fragmentos de vegetação rasteira. Em áreas periféricas onde se percebe a abertura de novos loteamentos, como na região norte e nordeste da MUC, nas divisas entre o município de Belo Horizonte com os municípios de Vespasiano e Santa Luzia, respectivamente, também são encontrados grandes fragmentos de vegetação rasteira que apresentam formas complexas. Esses, representados na Figura 53 na cor amarela, não são fruto de um planejamento e de intervenções no espaço urbano, como se percebe na região da Pampulha e do São Bento, mas sim uma composição de lotes vagos e falta de infraestrutura urbana básica, como pavimentação, que favorece o crescimento da vegetação. Essa situação que remete a um descaso dos gestores públicos para com a população de baixa renda pode ser revertida caso sejam tomadas medidas que foquem no aproveitamento desses espaços abertos e vegetados. Esses terrenos que muita das vezes estão sem usos específicos, bem como os córregos em leito aberto que podem ser encontrados nesses locais, podem se tornar em espaços livres de uso comum – dentre outros usos possíveis – , aliando benefícios ambientais com sociais. A carência de espaços é um dos argumentos mais recorrentes para explicar a falta de áreas verdes em regiões adensadas. Assim, nesses locais existe a possibilidade de se trabalhar o espaço urbano no sentido de promover uma quantidade satisfatória de áreas verdes para a população. Entretanto, mesmo tendo-se consciência de que essas medidas são

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possíveis e desejáveis, o histórico do planejamento e gestão do espaço urbano na RMBH, sobretudo nas periferias, nos indica de que esses ideais são utópicos. A Figura 58 apresenta a região do bairro Palmital e ilustra essa situação.

Figura 58: Região do bairro Palmital em Santa Luzia-MG

Fonte: Street View Google Maps – jul. 2011

Vale destacar, ainda, que as áreas que apresentam baixa relação Perímetro/Área possuem, naturalmente, elevadas Áreas Núcleo. Dentre elas destaca-se o fragmento Rast.P/Area-4 que é uma região composta por vegetação rupestre, localizada em topo de morro. Esse fragmento está em uma área de proteção ambiental, para conservação dos mananciais de abastecimento onde a COPASA realiza captação de água.

Assim, os fragmentos de vegetação rasteira com grandes áreas e baixa relação perímetro/área (ou elevada área núcleo) devem ser interpretados como áreas para preservação ambiental ou áreas onde pode haver intervenções para criação de unidades conservação. Nesse sentido, a qualificação da cobertura vegetal – como rupestre ou não – é determinante para a prioridade de uso. Além dessa, os demais fragmentos de vegetação rasteira com baixa relação perímetro/área também não possuem as características típicas de áreas potenciais para uso público, sendo mais relevante sua preservação ambiental.

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Figura 59: Vegetação Rasteira de Topo de Morro

Fonte: Street View Google Maps – ago. 2011

Reforça-se aqui a noção de que os fragmentos de vegetação rasteira possuem potencial para receberem intervenções e conformarem grandes espaços verdes de uso comum. Podem receber infraestruturas destinadas ao lazer, por exemplo, e serem utilizados para fins recreativos. Ou mesmo, receber o plantio de mudas e, futuramente, conformarem novas áreas verdes compostas por vegetação arbórea que promoverá benefícios ambientais. Vale destacar que as áreas periféricas devem ser olhadas nesse sentido, pois nelas encontra-se maior disponibilidade de espaços livres de edificações que podem ser trabalhados para requalificação e, consequentemente, melhoria da qualidade urbana. Caso sejam planejadas com a premissa da criação e manutenção de uma quantidade satisfatória de espaços livres de edificações e de espaços verdes poderão conformar áreas com boa qualidade ambiental urbana.