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Análise dos dados – Alunos que NÃO participaram do Projeto Reforço Escolar

2 ANÁLISE DO PROJETO REFORÇO ESCOLAR E DA PARTICIPAÇÃO DA

2.4. Análise dos dados

2.4.4. Análise dos dados – Alunos que NÃO participaram do Projeto Reforço Escolar

A Tabela 25 foi desenvolvida tendo como base as informações obtidas dos questionários dos alunos respondentes que não participaram das aulas do reforço. Utilizou-se o mesmo critério das assertivas da Escala de Likert, aplicadas aos alunos que participaram do Projeto Reforço Escolar. Os resultados são os seguintes:

Tabela 25 - Concordância com assertivas – alunos NÃO participantes do reforço

QUESTÃO 1 2 3 4 5 Soma Pontos Máximo %

Recebi orientações da direção escolar

sobre os objetivos do Projeto 5 2 3 6 13 29 78 116 67

Fiquei sabendo da realização das aulas

por intermédio da Direção Escolar 3 1 2 3 20 29 94 116 81

A Não participação nas aulas do Reforço atrapalhou meu desempenho em Matemática

12 4 5 1 7 29 45 116 39

A Não participação nas aulas do Reforço atrapalhou meu desempenho em

Português 13 4 4 2 6 29 42 116 36

Se for selecionado novamente pretendo

participar neste bimestre 14 2 7 2 4 29 38 116 33

Metodologicamente, para a tabulação de dados referentes à pesquisa com os alunos que não participaram das aulas, seguiu-se o mesmo princípio de multiplicação e peso para as assertivas dos alunos que participaram das aulas do reforço.

A figura a seguir revela o grau de concordância encontrado.

Figura 5: Grau de concordância com as assertivas dos alunos NÃO participantes

Fonte: dados da pesquisa.

Os dados da tabela e da figura são indicativos relevantes sobre a percepção dos alunos em relação à forma pela qual o projeto vem sendo divulgado, a importância da participação nas aulas para melhorar as disciplinas de Português e Matemática, e suas pretensões em participar ou não das aulas se forem convocados novamente.

2.4.4.1 A importância da divulgação

O grau de concordância em 67% da 1ª assertiva significa que alguns alunos não ficaram sabendo dos objetivos do Projeto Reforço, por meio da gestão escolar. No entanto, o elevado grau de concordância observado em relação à 2ª assertiva pode indicar que a Direção Escolar fez a divulgação das aulas do Reforço, mas ainda assim, não foi suficiente para a participação desses alunos nas aulas.

Cabe ressalvar a importância da diferença entre essas duas assertivas. A interpretação mais correta parece ir ao encontro do fato de que não basta informar sobre as aulas, mas é preciso que o gestor desenvolva estratégias para melhorar o interesse dos alunos por meio de uma divulgação mais eficaz que apresente os

objetivos das aulas no contraturno, despertando, assim, maior envolvimento dos estudantes no Projeto.

Fica claro que a maior parte do alunado sabia da realização do projeto. Ou seja, houve divulgação, mas nem todos sabiam dos objetivos e da relevância de participarem das aulas.

Daí a importância da gestão escolar explicar melhor os objetivos do projeto para responsáveis e alunos.

A seção a seguir faz um destaque para a relevância do reforço escolar no resultado das avaliações internas nas duas disciplinas.

Muitos alunos consideraram que a não participação nas aulas não trouxe prejuízo no desempenho de português e matemática. No entanto, as tabelas 21 a 24 evidenciam que os resultados dos alunos que participaram das aulas do reforço melhoraram após a participação no projeto.

Enquanto 88% dos alunos que participaram do Projeto Reforço Escolar foram aprovados ao final do ano letivo, este percentual entre os alunos que não participaram cai para 83%. Essa diferença nos percentuais acaba não sendo tão significativa e tal resultado pode ser explicado pelo fato da grande parte dos alunos que participaram do reforço, não estavam com notas inferiores à média exigida, o que colaborou para o alto percentual de aprovados também entre os participantes do projeto.

Além do maior número de alunos aprovados entre aqueles participantes do Projeto é bom relembrar que os resultados das tabelas 21 a 24 evidenciam que a média global desses alunos também melhorou.

A confrontação entre o desempenho dos alunos que participaram e não participaram do Projeto ao longo do ano letivo pode ser uma informação importante a ser utilizada pela gestão escolar nas ações de estimulo a participação dos alunos nas aulas.

Parece significativo mencionar que as ações vislumbrando maior participação dos alunos nos programas e projetos desenvolvidos para aumentar o desempenho discentes não sejam desenvolvidas apenas pela gestão escolar.

O desafio do gestor consiste na mobilização dos diferentes atores educacionais com objetivo não apenas de aumentar os resultados, mas de fortalecer o processo de gestão participativa.

Lück (2012) faz uma distinção entre o modelo estático e o modelo dinâmico. De gestão. Para a autora, a melhor maneira de o gestor realizar o modelo dinâmico consiste na formação de uma equipe atuante.

Ademais, é de suma importância articular com a comunidade escolar, para ensejar a participação dos inúmeros atores nos processos que envolvem assuntos de interesse escolar

As assertivas 3, 4 e 5 trazem os maiores desafios ao gestor, pois indicam as principais ameaças para manutenção do projeto na unidade.

As assertivas indicam que os alunos não participantes não percebem a relevância da participação das aulas do reforço. Além de sinalizarem que a não participação nas aulas não influenciou nos resultados em Português e Matemática, eles informaram na assertiva 5, que continuariam não participando se fossem enturmados novamente.

Ao serem indagados quanto ao motivo maior para a não participação nas aulas, dos 29 respondentes, 24 declararam realizar outra atividade no horário das aulas do reforço; três alunos indicaram a falta de orientação por parte da direção, um estudante declarou a não autorização dos responsáveis e um aluno informou desconhecer a realização do projeto.

Se mais de 80% dos alunos indicaram ter outra atividade na hora do reforço, trata-se de uma sinalização importante a ser trabalhada pelo gestor. Essa questão dá indicio dos motivos da baixa frequência nas aulas do projeto.

Mais uma vez o gestor está diante de uma situação em que precisa ouvir a comunidade escolar, em especial os alunos não participantes das aulas, para tentar resolver o problema da baixa frequência.

A consulta aos alunos deve ser realizada antes mesmo do processo de enturmação, pois, se o aluno realiza outra atividade, será muito difícil sua frequência às aulas do reforço.

Aqui há o espaço para articulação dos conceitos de Heloisa Lück desenvolvidos na seção teórica. O gestor deve prezar pela participação do aluno como ponto central para o desenvolvimento do projeto. Afinal, segundo Lück et al (1998),

A participação, em seu sentido pleno, caracteriza-se por uma força de atuação consistente pela qual os membros da escola reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na dinâmica dessa unidade

social, de sua cultura e dos seus resultados. Esse poder seria resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir em torno de questões que lhe dizem respeito (LÜCK et al, 1998, p.17).

Compete ao gestor escolar estar aberto para ouvir e permitir que os membros da escola e os alunos possam compreender, decidir e agir em torno das questões que envolvem o reforço escolar.

O gestor precisa ouvir o aluno para tentar entender os motivos de sua não participação nas aulas e até mesmo para saber deste aluno o que a escola pode fazer para convencê-lo a participar do projeto.

Paulo Freire em seu livro a Pedagogia da Autonomia faz uma consideração muito interessante sobre a importância da capacidade da escuta a ser desenvolvida pela profissional da educação.

Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a ferir com eles. Somente quem escuta paciente e criticamente o outro, fala com ele. Mesmo que, em certas condições, precise de falar a ele. O que jamais faz quem aprende a escutar para poder falar com é falar impositivamente. Até quando, necessariamente, fala contra posições ou concepções do outro, fala com ele como sujeito da escuta de sua fala crítica e não como objeto de seu discurso. O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele (FREIRE, 1996, p.43).

É através da humildade, da capacidade de se despir de vaidade que o gestor será capaz de escutar e permitir que o aluno participe da construção deste reforço que lhe faça sentido, que lhe seja fundamental.

O diretor não deve falar de “cima para baixo”, segundo Freire, mas deve ouvir pacientemente, valorizando seus anseios e expectativas educacionais.

Ouvir o aluno é importante para o diretor utilizar seu poder de convencimento, uma estratégia importante, já que a participação no projeto não é obrigatória.

Em relação aos alunos que não participam das aulas no contraturno, seria importante saber se eles participariam se o horário das aulas fosse logo em seguida ao término das aulas regulares ou até mesmo em horários vagos na própria grade.

O diretor deve passar ao aluno a ideia de que ele é o maior beneficiado com as aulas do reforço e por isso deve ser o primeiro a participar da construção de um projeto que lhe faça sentido e cause impacto na sua rotina escolar.

O reforço não pode ser apenas um espaço para retomada de conteúdos perdidos, mas um meio para alcançar sucesso social e profissional.