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Análise das questões abertas relativas aos alunos que participaram das aulas

2 ANÁLISE DO PROJETO REFORÇO ESCOLAR E DA PARTICIPAÇÃO DA

2.4. Análise dos dados

2.4.5. Análise das questões abertas relativas aos alunos que participaram das aulas

Foi indagado aos participantes por meio da aplicação do questionário sobre o que o colégio poderia fazer para aumentar a frequência dos alunos nas aulas do Reforço Escolar.

A tabela 26 foi estruturada em duas colunas: a da esquerda relaciona as respostas por assunto e a coluna da direita apresenta o número de vezes que os alunos deram suas opiniões.

Após a categorização das respostas, chegou-se aos seguintes resultados:

Tabela 26 – Opinião dos alunos sobre o que a gestão pode fazer para aumentar a participação dos discentes nas aulas do Projeto Reforço Escolar

1. Comunicar diretamente aos pais 2

2. Cobrar mais aos alunos 5

3. Utilizar mais os computadores da escola 4

4. Ir nas salas informar os alunos 3

5. Todos os alunos participarem 1

6. Disponibilizar wi-fi para os alunos 5

7. Maior conscientização dos alunos 4

8. Dar ponto extra para os alunos 4

9. Selecionar o aluno que quer participar 1

10. Tornar a aula mais interessante 1

11. Convocar os pais dos alunos 4

12. Reunião com os alunos e pais para melhorar o Reforço 1

13. Nada já estão fazendo tudo 1

14. Poder refazer provas perdidas 1

15. Colocar o reforço para todas as disciplinas 2

16. Mais dedicação da direção 1

17. Ajudar os alunos a fazerem os trabalhos que não foram feitos em sala de aula 1

18. Ter mais aulas de reforço nos dias de semana 1

Fonte: dados da pesquisa.

Os comentários dos alunos participantes do Projeto Reforço Escolar e também dos que não participaram, procuram dar maior protagonismo à participação do alunado no processo.

As respostas de número 1, 2, 7, 11 e 12 se referem as sugestões para o aumento da participação e do compromisso de pais e alunos no funcionamento do reforço. Os discentes sugerem mais cobrança dos alunos e convite aos pais para

conhecerem o projeto. As respostas orientam o quanto a comunidade escolar pode ser mais envolvida nos assuntos de interesse da escola:

A educação, no contexto escolar, se complexifica e exige esforços redobrados e maior organização do trabalho educacional, assim como participação da comunidade na realização desse empreendimento, a fim de que possa ser efetiva, já que não basta ao estabelecimento de ensino apenas preparar o aluno para níveis mais elevados de escolaridade, uma vez que o que ele precisa é de aprender para compreender a vida, a si mesmo e a sociedade, como condições para ações competentes na prática da cidadania. E o ambiente escolar como um todo deve oferecer-lhe esta experiência. (LÜCK, 2000, p. 12).

É justamente essa complexidade maior do contexto escolar que vai exigir trabalho redobrado e maior organização por parte da gestão para que a comunidade participe mais dos assuntos da escola. Como evidenciado na construção teórica deste trabalho, este apelo por mais participação comunitária, parte da própria comunidade, segundo os alunos respondentes.

Lück (2002) defende a importância da escola permitir que o aluno aprenda e compreenda que suas ações para melhorar a prática escolar se refletem na sociedade e na cidadania. A participação da comunidade escolar não é importante somente para a escola, mas para a vida de todos.

As outras questões relevantes ao contexto deste trabalho são; 3, 6 e 10. Elas externam a opinião dos alunos em relação ao uso dos computadores, da liberação da internet por meio do sistema Wi-Fi e a solicitação para que as aulas sejam mais atrativas.

A busca por tornar as aulas mais atraentes tem ocupado espaço cada vez mais significativo para a SEEDUC. Tanto é que a Secretaria criou a função de mediador tecnológico para promover

(...) o acompanhamento e fornecimento de suporte pedagógico aos professores, coordenadores pedagógicos e gestores em relação à utilização dos equipamentos e inclusão dos objetos digitais na prática pedagógica da unidade escolar, visando a intensificar e aprimorar a utilização pedagógica das Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC´s pelos professores das unidades escolares da rede estadual (MEIRINHOS, 2011, p.50).

Por parte dos alunos, utilizar recursos tecnológicos significa sinônimo de atratividade, mas para o professor o uso das mídias digitais como computador, louça interativa, data show ainda é um grande desafio a ser vencido e por isso a secretaria criou a função do mediador.

Como a própria SEEDUC determina, o uso das tecnologias pode aprimorar a utilização pedagógica dessas ferramentas, permitindo ao professor integrar os recursos tecnológicos aos conteúdos aplicados.

Para tanto:

As aplicações com base nestas tecnologias podem desempenhar múltiplas funções na escola. Para além de olhar as tecnologias como necessárias aos processos de aprendizagem e ao desenvolvimento cognitivo dos alunos é necessário também, olhar para essas tecnologias como necessárias aos processos de administração, de gestão da escola e da formação docente (MEIRINHOS, 2011, p.50).

Segundo Meirinhos (2011), portanto, é preciso colocar os recursos tecnológicos integrados a realidade da escola como mecanismos essencial não apenas da prática pedagógica, mas dos processos de administração, da gestão e da formação docente. O desafio é integrar as tecnologias ao desenvolvimento da unidade escolar.

As sugestões atribuem ações aos diretores, mas todas dependem da participação direta do discente no desenvolvimento do projeto.

A gestão participativa passa obrigatoriamente pelo compartilhamento de ideias entre os atores educacionais. Não basta “dar ouvidos” a funcionários, alunos, professores, pais e responsáveis. É preciso envolve-los no andamento dos processos e projetos desenvolvidos na unidade.

É o que Heloisa Lück definiu:

Educação, portanto, dada sua complexidade e crescente ampliação, já não é vista como responsabilidade exclusiva da escola. A própria sociedade, embora muitas vezes não tenha bem claro de que tipo de educação seus jovens necessitam, já não está mais indiferente ao que ocorre nos estabelecimentos de ensino. Não apenas exige que a escola seja competente e demonstre ao público essa competência, com bons resultados de aprendizagem pelos seus alunos e bom uso de seus recursos, como também começa a se dispor a contribuir para a realização desse processo, assim como a decidir sobre os mesmos. (LÜCK, 2000, p.12).

De acordo com esses conceitos é possível entender que o gestor deve fomentar ações para aproximar cada vez mais a escola da comunidade.

As opiniões com as sugestões dos alunos para melhoria do desenvolvimento do Projeto Reforço Escolar não deixam de ser uma forma da comunidade escolar contribuir para a articulação dos processos com foco na melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos.

Semelhante à Tabela 26, as respostas da Tabela 27 trazem informações importantes para o entendimento do gestor escolar a respeito da percepção dos alunos para a melhoria do desenvolvimento do projeto. Enquanto a Tabela 26 apresenta sugestões para a melhoria da frequência dos alunos, a Tabela 27 sugere o que deve ser feito pela escola para melhorar o desenvolvimento do Projeto.

Tabela 27 – Sugestões dos alunos para a melhoria do desenvolvimento das aulas do Projeto Reforço Escolar

1. Ter mais disciplina no Projeto Reforço Escolar 5

2. Melhorar o material didático 1

3. Melhorar a merenda no horário do Reforço 1

4. Poderiam tirar os alunos que não fazem nada 1

5. Professores deveriam participar mais na evolução dos alunos 1

6. Usar mais os computadores 2

7. Colocar professores mais dedicados, pois alguns faltavam 1

8. Cobrar maior comprometimento dos alunos 1

9. Professores devem solicitar maior esforço dos alunos 1

10. Usar músicas, vídeos, jogos para melhorar o desenvolvimento 3

11. Aconselhar os alunos 1

12. Um lugar mais calmo para as aulas 1

13. Ofertarem atividades mais divertidas 2

14. Colocar um professor que explica melhor a matéria 1

15. A escola poderia dar um ponto para cada aula 1

16. Reforçarem os deveres que os alunos não entendem 1

17. Colocar horários mais tarde 1

18. Ter mais aulas utilizando a biblioteca para nos empenharmos mais na leitura 2

19. Colocar as aulas de reforço nos tempos vagos 1

20. Utilizarem materiais que facilitem o aprendizado do aluno 1

21. Trabalhar mais os alunos 1

22. O desenvolvimento é bom, só basta o aluno ter mais força de vontade e comparecer

as aulas 1

23. Colocar as aulas de reforço diariamente 1

24. As aulas são boas e ótimas para o desenvolvimento do aluno 1

25. Não estudar só em sala, mas sim ter aula de informática entre outras 1

26. Poderia ter a apostila para um desenvolvimento melhor para os alunos 1

Fonte: dados da pesquisa.

De um modo geral, as sugestões continuam apontando para os aspectos que vislumbrem aumentar a responsabilidade dos alunos no desenvolvimento das aulas, conforme indicam os itens 4,8,9,11,16, 21 e 22 acima. Melhorar a metodologia de

aplicação das aulas com o uso de recursos didáticos, como apontados nos itens 2,6,10,13,18, 20,25 e 26.

Os itens 5,7 e 14 indicam a necessidade de mais compromisso dos professores. Também fizeram referências à dedicação para com os resultados dos alunos e explicação mais claras nas aulas.

Esses levantamentos corroboram com os conceitos trabalhados por Vasconcellos quando apresenta a metodologia dialética. Esse conceito definiu a importância de que o conhecimento não pode ser transferido ou depositado, nem inventado pelo sujeito, mas construído por meio da relação entre os envolvidos no processo. É preciso valorizar a troca de saberes na construção do conhecimento.

Outra sugestão que vale destacar e foi trabalhada ao longo da análise crítica e teórica, é a relatada no item 1. Os alunos sugerem que mais disciplinas sejam completadas pelo Projeto Reforço Escolar.

O pedido corrobora com as críticas de Ricci (2015) para quem as políticas públicas não sejam embasadas apenas no preparo dos alunos para a elaboração das avaliações externas utilizadas para composição do IDEB.

A gestão pode encarar essa solicitação como forma de promover maior integração entre as disciplinas, além de fomentar o diálogo para melhoria dos resultados educacionais em todas as áreas, não somente em Português e Matemática.

A próxima seção também privilegia a opinião dos alunos, mas as respostas trazem um desafio a mais para a gestão escolar, pois são apontamentos feitos por alunos enturmados no Projeto Reforço Escolar, mas que não frequentaram as aulas ao longo do ano.

2.4.6 Análise das questões abertas relativa aos alunos que NÃO participaram das