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PROFESSORES DE TURMA EM ATIVIDADE NA REDE 223 5.1 FORMAÇÃO CONTINUADA PROMOVIDA PELA FCEE

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1.3.1 Análise das produções acadêmicas

Realizou-se a análise de produções acadêmicas com o objetivo de verificar a discussão sobre a formação de professores de EE nos últimos anos (2001 a 2014), principalmente em relação aos profissionais que atuam em conjunto com o professor regente em sala de aula.

As fontes para a pesquisa das produções foram: teses e dissertações, encontradas principalmente no Banco de teses e dissertações da CAPES; periódicos acadêmicos como os dos portais Scientific Electronic Library online – SciELO e Portal da CAPES; e anais de eventos acadêmicos tais como as Reuniões Anuais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPEd e Seminários de Pesquisa em Educação da Região Sul – ANPEd-Sul. Utilizou-se também a ferramenta de busca do Google Acadêmico29. A escolha por esses bancos de dados se justifica por tratarem-se de locais onde estão concentrados estudos na área, e a investigação foi realizada pelas seguintes prioridades: banco de teses e dissertações, artigos acadêmicos, periódicos e trabalhos apresentados em seminários, congressos e anais de eventos acadêmicos.

Foram utilizados como referenciais descritores compostos de duas ou três palavras, sendo uma destas educação especial (EE). Os descritores definidos se constituíram da seguinte forma: segundo professor/EE; formação de professores/segundo professor/EE; formação de professores/EE; formação inicial/EE; formação continuada/EE; formação/escolarização/EE; política/formação/EE; atendimento em classe/EE; Santa Catarina/EE; e formação docente/EE.

A escolha das palavras-chave que compõem os descritores estabeleceu-se pela relação que estas têm com os objetivos da pesquisa: segundo professor, formação, formação de professores, formação docente; formação inicial e formação continuada foram escolhidos por serem termos centrais de acordo com o objetivo da pesquisa; política, por ser o campo de conhecimento no qual será desenvolvida a análise da formação e portanto, verificar como a política trata esta questão; atendimento em classe, devido ao exercício desse profissional dar-se na

29 Embora o Google Acadêmico não seja um banco de dados de

produções acadêmicas, foi uma importante ferramenta de busca utilizada de forma complementar, especialmente tendo em vista os problemas de atualização do banco de teses e dissertações da CAPES que no período da investigação esteve indisponível para consulta em diversos momentos.

sala de aula e Santa Catarina por ser o recorte político territorial de estudo.

Realizamos três triagens em cada banco de dados, porém, foram encontradas poucas produções que discorressem especificamente sobre o SPT ou sobre professores de EE que atuam na classe comum.

A primeira triagem realizada em cada banco de dados forneceu uma gama diversa de produções, ainda que sem concentração no tema em questão, incluindo textos de outras áreas de estudos e que citam de forma isolada os descritores indicados. Posteriormente foi feita uma seleção pela área de estudo, ou seja, a formação de professores na área da EE. A segunda triagem teve foco nos objetivos da pesquisa dada pela análise do título, resumo e palavra-chave. Na terceira e última, mais detalhada, observou-se elementos da introdução e do próprio texto.

Na primeira triagem realizada foi encontrado um número grande de produções por descritor. Após as triagens, chegou-se a um total de 13 produções30, conforme pode ser observado na Tabela 1:

Tabela 1 – Número de produções selecionadas por descritores, 2006-2014.

Descritores Selecionadas Segundo professor/EE 1 Formação/EE/Santa Catarina 3 Formação de professores/EE 3 Formação inicial/EE 0 Formação continuada/EE 2 Formação docente/EE 1 Política/formação/EE 3 Formação/EE 0 Atendimento em classe/EE 0 Total 13

Fonte: Elaboração própria com base em: Portal SciELO, Portal da CAPES, ANPEd, ANPEd-Sul e Google acadêmico

Alguns trabalhos se repetiram em mais de um descritor, estes foram contabilizados uma vez. Dentre os materiais selecionados, cinco consistem em dissertações de mestrado; seis são artigos científicos; dois são trabalhos publicados em eventos acadêmicos. Não foram encontradas teses sobre o tema. A Tabela 2, Produções selecionadas

30 As informações contendo título, nome do autor, região, ano, natureza

da instituição, tipo de material e banco de dados encontrado estão disponíveis no apêndice A– Quadro das Produções acadêmicas selecionadas, 2006-2013.

por banco de dados, 2006-2014, apresenta esses dados de forma sintética:

Tabela 2 – Produções selecionadas por banco de dados, 2006-2014.

Tipo de material Banco de

dados Selecionadas por banco de dados Dissertações Google acadêmico 5

Artigos científicos Portal SciELO 2

Portal CAPES 2 Google acadêmico 2 Trabalhos apresentados em eventos acadêmicos ANPEdSul 1 Google acadêmico 1 Total 13

Fonte: Elaboração própria com base em: Portal SciELO, Portal da CAPES, ANPEd, ANPEdSul e Google acadêmico.

A instituição que mais forneceu produções acerca da temática de formação de professores da EE foi a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): nove das produções selecionadas são desta instituição, colaborando para a região Sul ser a que mais se destacou nesta pesquisa. Vale ressaltar ainda que o período de concentração das produções ficou entre 2011 e 2012, ou seja, foram publicadas posteriormente à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008).

Para analisar as produções selecionadas, tomamos como empréstimo as elaborações de Michels (2006) que, ao analisar publicações de intelectuais da área, considera que há divergências relacionadas à apreensão da política de inclusão quando se trata das pessoas com deficiências. A autora aponta duas tendências: a perspectiva propositiva e a analítica.

A perspectiva propositiva compreende as produções que: a) tomam a inclusão como um modelo predefinido; b) propõem indicações explícitas de como deve ocorrer a inclusão; c) a partir da sensibilização dos professores, indicam

que estes devem ter desenvolvido suas competências para incluir os mais diferentes alunos; e d) discutem a inclusão sem levar em conta as suas reais possibilidades. Alguns autores tratam a inclusão de alunos considerados deficientes como um problema restrito das competências dos professores. Centram essa discussão nas questões específicas relacionadas à deficiência e pouco discutem a imprescindível tarefa de ensinar esses alunos. (MICHELS, 2006, p. 419)

Já a perspectiva analítica é característica dos autores que:

a) analisam a possibilidade de inclusão levando em consideração as questões sociais mais amplas (história, política, economia); b) discutem a educação especial articulada ao debate da educação geral; e c) investigam a proposição inclusiva para a área fazendo uma análise crítica desse momento histórico [...]. Nas produções consideradas analíticas, encontramos a compreensão de que a história (da sociedade, da educação e da educação especial) é a base para desenvolver um exame cuidadoso da atualidade. Nessa perspectiva, a materialidade das condições históricas e sociais para a inclusão é que possibilita a discussão sobre ela. (MICHELS, 2006, p. 419)

A autora afirma que através da perspectiva analítica, alunos e professores possuiriam condições de serem sujeitos constituintes e constituidores desse processo. A maioria dos autores assume e demonstra uma perspectiva analítica ao discutir a política de inclusão: Michels (2006), Borowsky (2010), Martins (2011), Ferreira (2011), Michels (2011), Borowsky e Cherobini (2012), Garcia (2013), Schreiber (2012), Lehmkuhl (2011). Em contrapartida, das 13 produções selecionadas, quatro demonstravam uma discussão pela perspectiva propositiva: Uhmann (2011), Minghetti e Kanan (2012), Dobler (2012) e Almeida (2004).

São pertinentes as colocações dos autores da perspectiva analítica, de que o termo inclusão está ligado ao conceito de exclusão,

visto que concordamos que a inclusão representa uma estratégia de manutenção de um sistema social.

Nota-se que o campo da educação especial e da formação de professores31 passou por sucessivas mudanças paradigmáticas, normativas e conceituais. Estas ganham destaque a partir da década de 1990 com a política de inclusão disseminada mundialmente por meio de documentos internacionais como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994), a Convenção de Guatemala (2001), entre outros. A respeito da formação do professor de EE, a análise dos trabalhos nos permite constatar que essa se realiza, geralmente, através de programas de formação continuada.

As produções que citam o termo “Segundo Professor” são Ferreira (2011), Lehmkuhl (2011), Martins (2011), Minghetti e Kanan (2011), Uhmann (2011), Schreiber (2012), Martins (2011) e Dobler (2012), mas não aprofundam suas análises sobre este profissional, exceto Minghetti e Kanan (2011), que o fazem, contudo, em âmbito municipal (Lages – SC). Martins (2011) aborda questões referentes ao profissional de apoio e aponta o termo “segundo professor” como uma das possíveis denominações para esse tipo de profissional. Lehmkuhl (2011) fornece dados sobre o profissional ao discutir dados do PP (2009a) e a PEEESC (2009b), bem como sobre a formação de professores de EE em Santa Catarina.

As dissertações selecionadas são de autores participantes do GEPETO, Grupo de Estudo sobre Política Educacional e Trabalho32,

31 Ao longo do texto serão realizadas correlações entre a formação dos

professores de educação especial com a formação de professores de outras áreas. Procuramos utilizar os termos “formação de professores de educação especial” e “formação de professores no Brasil” como se fossem distintos para maior fluidez do texto, contudo ressaltamos de antemão que quando nos referimos a “formação de professores no Brasil” não estamos afirmando que os professores de educação especial estão dissociados da categoria docente, embora estes apresentem características próprias da sua área de atuação.

32 O Grupo desenvolve pesquisas coletivamente desde 1995. Conta com

professores do CED e de outras instituições de ensino superior e alunos de pós- graduação de duas linhas de pesquisa do PPGE – Educação, Estado e Políticas Públicas (EEPP) e Trabalho e Educação (TE). “Atualmente, além dos já citados, integram o grupo graduandos, bolsistas de iniciação científica e professores da rede pública de ensino. Os membros do grupo têm se dedicado à pesquisa documental sobre várias áreas – política educacional, trabalho e educação, história da educação, formação de professores, educação e saúde – e modalidades – educação especial, educação profissional, educação indígena,

vinculado ao Centro de Ciências da Educação (CED) da UFSC. Isso denota a importância da contribuição do grupo para a discussão na área da formação de professores para a EE e como há uma carência de produções acerca da temática estudada em outras regiões. Embora cada autora possua objetivos diferentes em suas pesquisas, o referencial teórico é o materialismo histórico. Destaca-se que nenhuma das dissertações tem como foco o SPT que atua no estado de Santa Catarina, ainda que algumas tragam informações sobre ele ou sobre a formação de professores da EE. Em relação aos artigos selecionados existem autores do GEPETO e outros que não possuem vinculação com o grupo de pesquisa.

A instituição que mais forneceu produções sobre a temática de formação de professores da EE na perspectiva que procuramos foi a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): nove das produções selecionadas são desta instituição. Nas demais instituições33 foi selecionado um material em cada uma delas, quais sejam: UFSM, UNIPLAC, UNIJUÍ e PMPA/UFSC34.

O fato de a maioria das produções ser da UFSC colabora para a região Sul destacar-se neste levantamento, com um total de 12 produções. Da região Sudeste foi selecionada apenas uma produção. Os anos de concentração das produções são 2011 e 2012, com cinco produções. Os anos de 2006, 2010 e 2013 tiveram uma produção cada.

Cabe ressaltar que o balanço das produções acadêmicas nos auxiliou no debate da formação de professores de EE, contudo nenhuma das produções discute o Segundo Professor de Turma. Tal afirmação enfatiza a importância de realizar esta pesquisa, tanto pela sua relevância na análise da formação de professores, quanto para contribuir com a produção acadêmica da área.

educação à distância, educação continuada. Conquanto cada pesquisador se dedique a um tema de pesquisa específico, temos em comum o trabalho de análise de documentos oficiais, nacionais e internacionais. A ampla diversidade de questões de estudo encontra sua unidade no campo das políticas públicas”. As informações e algumas publicações de integrantes do grupo de pesquisa estão disponíveis no endereço eletrônico: http://www.gepeto.ced.ufsc.br/.

33 O gráfico “Natureza jurídica das instituições das produções

acadêmicas selecionadas, 2006-2013” está disponível no apêndice B.

34 Essa produção possui dois autores vinculados a instituições