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A imprecisão evidenciada na exigência formativa do Segundo Professor de Turma de acordo com a proposição política

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração

3 SEGUNDO PROFESSOR DE TURMA: UM NOVO MODELO DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL

3.1 CORREGENTE E COLABORADOR: INDEFINIÇÃO DO SEGUNDO PROFESSOR DE TURMA NA POLÍTICA DE

3.1.2 A imprecisão evidenciada na exigência formativa do Segundo Professor de Turma de acordo com a proposição política

Conforme verificado no item anterior, consta no Programa Pedagógico (2009a) que o SPT deve ser preferencialmente habilitado em EE devido ao seu conhecimento específico. Devido à ambiguidade68 presente no termo preferencialmente, procuramos nos editais de seleção qual a exigência formativa para a contratação do SPT ao longo de seis anos. Usamos como referência os editais nº 001/2009/SED/FCEE (SANTA CATARINA, 2009e), nº 18/2010/SED (SANTA CATARINA, 2010a), nº 15/2011/SED (SANTA CATARINA, 2011), nº 15/2012/SED (SANTA CATARINA, 2012a), nº 09/2013/SED (SANTA CATARINA, 2013) e Edital 23/2014/SED (SANTA CATARINA, 2014). Verificamos que no Edital do ano de 2013, para ser considerado habilitado deve dispor de

Diploma e Histórico Escolar de Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia – EE; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso de Licenciatura Plena em EE; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, com Atestado de Frequência em Curso de Licenciatura em EE ou em Curso de Complementação/Aprofundamento em EE ou com Certificado de curso(s) de formação continuada em área(s) da EE com, no mínimo, 40 (quarenta) horas; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso Normal Superior, com Atestado de Frequência em Curso de Licenciatura em EE ou em Curso de Complementação/Aprofundamento em EE, ou com Certificado de curso(s) de formação continuada em área(s) da EE com, no mínimo, 40 (quarenta) horas. (SANTA CATARINA, 2013) A mínima formação exigida segundo no Edital (SANTA CATARINA, 2013) é diploma de curso normal superior com certificado de curso de formação continuada em área da EE com, no mínimo, 40 horas. Cabe acrescentar a informação averiguada através de entrevistas de que professores que frequentam a 4ª fase do curso de pedagogia ocupam o cargo, o que é validado com o termo “preferencialmente”, ou seja, se há a opção preferencial, podiam ser admitidos outros professores não habilitados69. No Edital do ano de 2014 foi acrescentado a opção de não-habilitado

Habilitado Diploma e Histórico Escolar de Curso

de Licenciatura Plena em Pedagogia – Educação Especial; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso de Licenciatura Plena em Educação Especial; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, com Atestado de Frequência em Curso de Licenciatura em Educação Especial ou em Curso de Complementação/Aprofundamento em Educação Especial ou com Certificado de curso(s) de formação continuada em área(s) da Educação

69 Quando realizadas aplicado os questionários não havia nos editais a

Especial com, no mínimo, 40 (quarenta) horas; ou Diploma e Histórico Escolar de Curso Normal Superior, com Atestado de Frequência em Curso de Licenciatura em Educação Especial ou em Curso de Complementação/Aprofundamento em Educação Especial, ou com Certificado de curso(s) de formação continuada em área(s) da Educação Especial com, no mínimo, 40(quarenta) horas. Não Habilitado - Certidão de Frequência a partir da 4ª fase em Curso Superior de Licenciatura Plena em Pedagogia ou Licenciatura em Educação Especial com Certificado de Curso de Formação Continuada na área da Educação Especial, com carga horária mínima de 40 (quarenta) horas; ou Diploma de Curso de Ensino Médio - Magistério Séries Iniciais do Ensino Fundamental com Certificado de Curso de Formação Continuada na área da Educação Especial, com carga horária mínima de 40 (quarenta) horas. (SANTA CATARINA, 2014) Conforme verificado na Resolução CNE/CEB n.2/2001 (BRASIL, 2001), são considerados professores capacitados “aqueles que comprovem que, em sua formação, de nível médio ou superior, foram incluídos conteúdos sobre educação especial” (BRASIL, 2001, p. 4) e aos professores especializados, deverá ser comprovado formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em uma de suas áreas. Ou seja, de acordo com a exigência formativa é possível constatar que tanto professores capacitados quanto especializados, tal como descritos nas diretrizes nacionais, podem atuar como SPT, o que desconsidera a necessidade de fornecer o título de especialista aos mesmos. Podem ser contratados professores formados em nível médio bem como em nível superior, embora conste no Programa Pedagógico (2009a) que a preferência seja de um professor de educação especial.

Vaz (2013), em análise da política nacional, percebeu que

o professor especializado, assim como a formação inicial, está sendo gradativamente desconsiderado na documentação que expressa a política de EE atual, o que, de certa forma, indica a concepção presente sobre esse professor e sobre os objetivos da Educação Especial na escola regular. (VAZ, 2013, p. 151)

Ao cotejar as análises realizadas com os documentos representativos da política estadual de EE evidenciamos que o SPT é um modelo de professor de EE que apresenta imprecisões quanto a definição dos tipos de professores de EE previsto na política educacional brasileira. Foi possível perceber a imprecisão da denominação em torno dos conceitos de “especializado” e “capacitado” nas exigências formativas para o SPT e nas suas atribuições. Os dados apresentados até o presente momento indicam que a habilitação proposta para os SPT e consequentemente sua formação sugerem um modelo de professor cuja formação não prioriza o conhecimento específico da área e até mesmo o conhecimento pedagógico. Percebe-se que o PP e os editais de seleção permitem que professores com a mínima formação possível ocupem a função bem como há abertura para que a formação em EE seja realizada mediante formação continuada e na prática diária dos profissionais, ou seja, em serviço.

Ressalta-se que embora seja considerada a visão de que o professor de EE deve ter uma base formadora de conhecimentos sobre as questões pedagógicas do processo de ensino e de aprendizagem, é necessário considerar também que há especificidades na apropriação de conhecimento de determinados alunos, o que não desfaz a importância dos conhecimentos específicos da EE. Não se quer com isso, enfatizar o foco na deficiência, pelo contrário, cabe pensar como a formação desses professores pode e deve fornecer bases teóricas para a elaboração de estratégias metodológicas e pedagógicas para que seus alunos se apropriem dos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade.

Para coletar dados sobre a formação do Segundo Professor de Turma em atividade na rede estadual de Santa Catarina foi solicitado à SED dados sobre o mesmo na série histórica 2007-2014. Foi possível coletar informações somente a partir do ano de 2012 devido à ausência de banco de dados com as informações solicitadas70. Não foram obtidos dados sobre a formação através da referida solicitação pois a SED não dispõe dessas informações, mas, por outro lado, foi possível traçar um perfil dos SPT em atividade na rede.

Compreendemos que uma política pode ser visibilizada não somente por meio dos documentos que a representam, mas

70 Segundo informações da SED, houve migração de um banco de dados

para o outro no decorrer do período solicitado, o que acarretou a perda dos dados de anos anteriores à 2012.

principalmente pelas suas manifestações na realidade. Neste sentido, entendemos que o perfil dos SPT também nos auxilia a compreender as contradições presentes no nosso objeto de pesquisa, qual seja, a formação do SPT. Ressaltamos que esses dados foram fundamentais para dar continuidade à coleta de dados sobre a formação do Segundo Professor de Turma em exercício, tendo em vista a ausência de evidências nos documentos estaduais. Todavia, vale ressaltar que os dados quantitativos estão sendo elencados neste capítulo para dar conta de expressar como as análises da formação estão vinculadas principalmente no que se refere à situação funcional dos SPT em atividade na rede estadual.

3.2 PROFESSOR TEMPORÁRIO: ANÁLISE DOS DADOS