• Nenhum resultado encontrado

Capítulo VI – Procedimentos Metodológicos

7. Fundamentação dos Dispositivos

7.3. Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo, como técnica de tratamento de informação, permite construir um conhecimento sobre uma problemática através de algumas etapas. Carmo e Ferreira (1998) defendem seis etapas para o percurso da análise de conteúdo: “definição dos objectivos e do quadro de referência teórico; constituição de um corpus; definição de categorias; definição de unidades de análise; quantificação; e interpretação dos resultados obtidos” (p. 253-254)

Quivy (1992) defende que a análise de conteúdo em ciências sociais, contrariamente à linguística, não tem como objectivo compreender o funcionamento da linguagem, enquanto tal. Para este autor, também os aspectos formais do discurso são tidos em conta, mas para obter um conhecimento relativo a um objecto exterior a eles mesmos. Estes aspectos da comunicação são então considerados como indicadores da actividade cognitiva do locutor, dos significados sociais ou outros do seu discurso, ou do uso social que faz da comunicação.

Segundo o mesmo autor, esta técnica permite tratar, de forma metódica, informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade, como, por exemplo, os relatórios de entrevistas pouco directivas. Ela permite, quando incide sobre um material rico e penetrante, satisfazer as exigências do rigor metodológico e da profundidade inventiva, que, por vezes, são pouco conciliáveis.

São utilizados diferentes métodos de análise de conteúdo, sendo, correntemente, agrupados em métodos quantitativos e métodos qualitativos. Os primeiros são extensivos e têm, como unidade de informação de base, a frequência do aparecimento de certas características de conteúdo. Os segundos são intensivos e têm, como unidade de informação de base, a presença ou a ausência de uma característica.

Estes métodos são reunidos, frequentemente, em três grandes categorias: as análises temáticas, as análises formais e as análises estruturais.

As análises temáticas dividem-se em análise categorial e análise da avaliação; as análises formais em análise da expressão e análise da enunciação; e as análises estruturais em análise de co-ocorrência e análise estrutural propriamente dita.

A análise de conteúdo tem a vantagem de obrigar o investigador a manter uma grande distância em relação a interpretações espontâneas e, em particular, às suas próprias. Analisa a informação, a partir de critérios que incidem mais sobre a organização interna do discurso, do que sobre o seu conteúdo explícito.

Tem a desvantagem de ser difícil de generalizar, dado que os limites e os problemas colocados por estes métodos variam muito de uns para outros. Antes de se adoptarem, é preciso ter a certeza de que dispomos do tempo e dos meios necessários para os levar a bom termo (Quivy, 1992).

Estilo de Liderança e Relações Interpessoais e Intergrupais em Contexto Escolar

157

Quadro IX - Calendarização das Fases do Processo Pré-

projecto

Período para a elaboração da dissertação

Ano 2004

Ano 2005 Fases do

Processo

Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Fase de legitimação e motivação Fase exploratória Fase de recolha de dados Fase de tratamento de dados Fase de análise de dados Fase de apresentação dos dados (preparação do relatório) Entrega da dissertação na UA

Quadro X - Caracterização dos Entrevistados.

CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS Variáveis

Código do

Entrevistado Sexo Nº Anos na Escola Cargo que Desempenha Habilitações Académicas 101 M 6 PCE L 102 M 4 ECE L 203 F 2 P Mestrado 204 F 3 P L 205 F 1 P L 206 M 32 P L 207 M 23 P B

308 F 23 Chefe SA 5º Ano Liceu

309 F 32 Chefe AAE 4ª Classe

LEGENDA\: F – Feminino; M – Masculino; PCE – Presidente Conselho Executivo; ECE – Elemento Conselho Executivo; P – Professor (a); SA – Serviços Administrativos; AAE – Auxiliar Acção Educativa; L – Licenciatura; B – Bacharel.

FONTE: Registo Biográfico de Professores e Funcionários de uma Escola do Concelho do Seixal.

Síntese do capítulo

Neste capítulo de procedimentos metodológicos descrevem-se as razões pelas quais se optou pelo paradigma qualitativo de investigação. Apresentam-se também as justificações para este estudo e os seus limites, descreve-se o percurso da investigação e fala-se do processo de amostragem e dispositivos de análise.

A investigação enquadra-se no paradigma qualitativo. Os instrumentos de recolha de elementos de análise foram sendo construídos ao longo da fase exploratória da investigação, num processo de reformulação sistemática. A

Estilo de Liderança e Relações Interpessoais e Intergrupais em Contexto Escolar

159

validação dos elementos de análise recolhidos resultou de uma triangulação de várias fontes, assim como a sua análise também resultou do cruzamento dos elementos fornecidos pelos entrevistados.

Este estudo resultou da nossa curiosidade pessoal, ou seja, da análise que foi feita, ao longo da nossa actividade docente, durante dezoito anos de ensino na escola que serviu para desenvolvermos a nossa investigação. Procurámos, assim, saber algo mais sobre o problema associado às interacções que se desenvolvem entre os professores.

As razões que limitaram este estudo foram: o estudo de caso como estratégia metodológica, que obrigou a uma investigação em profundidade, o factor tempo e os recursos humanos e financeiros disponíveis.

O percurso da investigação envolveu as seguintes fases: de legitimação e motivação, exploratória, de recolha de elementos de análise, de tratamento de elementos de análise e de análise dos elementos recolhidos.

Não se pretendeu fazer generalizações, pelo que o universo ou população do nosso estudo foi o conjunto de todos os professores da escola escolhida. No entanto, apesar do objecto de estudo terem sido as suas relações interpessoais e intergrupais, não foi possível, por razões várias, inquiri-los a todos, tendo-se recorrido ao processo de amostragem.

Deste modo, na fase exploratória, utilizou-se a técnica de amostragem de conveniência não probabilística e, na fase de recolha de dados, utilizou-se a técnica de amostragem de casos típicos (amostra intencional) não probabilística.

Na recolha e análise de elementos, foram utilizadas as técnicas de observação-participante, a entrevista e a análise de conteúdo. Como instrumentos de recolha e análise, foram utilizados a gravação, o registo de observações, notas de campo, pesquisa documental e categorização.

PARTE III – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE