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Fórmula 4 Índice de Qualificação do Corpo Docente (IQCD)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.6 Análise de Correlação entre Indicadores Educacionais e Técnicos no Setor do

indicadores técnicos e educacionais com o objetivo de responder a pergunta da pesquisa: as instituições de ensino superior privadas estão conseguindo conciliar a eficiência técnica com o desempenho educacional?

Para a construção da matriz de correlação, selecionou-se 5 indicadores técnicos e 5 indicadores educacionais conforme descrito no quadro abaixo.

Indicadores Técnicos Indicadores Educacionais Valor da Mensalidade Resultado no ENC

Idade da IESP Organização Didático-Pedagógica Participação no mercado Corpo Docente

Preenchimento de Vagas no Vestibular Instalações Físicas Taxa de Captação e Retenção de Alunos –

TCRA IQCD

Elaboração do autor

Quadro 12 – Indicadores Técnicos e Educacionais utilizados para a matriz de correlação

Os indicadores técnicos foram selecionados de forma a avaliar a eficiência técnica das organizações. O indicador valor da mensalidade, indica o preço cobrado pela IESP para o curso de administração (vide item 4.2.5). Além do impacto nos resultados financeiros, esse indicador demonstra o posicionamento da mantenedora no mercado, já que pode ser comparado com os valores cobrados pelas outras organizações do setor.

O indicador “idade” representa o tempo em que a IESP está atuando no setor. Isso contribui na construção da tradição da organização junto a sociedade e se relaciona com o pioneirismo da IESP.

Quanto a participação no mercado, representado pelo número de alunos matriculados na IESP em relação ao número total de alunos matriculados no sistema privado (vide item 4.2.5), esse indicador avalia o posicionamento da organização e seu crescimento, tendo impacto em seus resultados financeiros.

Foram utilizados também dois indicadores relacionados com a ociosidade de vagas, principal indicador de eficiência técnica: o Preenchimento de Vagas no Vestibular (PVV) e a Taxa de Captação e Retenção e de Alunos (TCRA) (vide Fórmula 1 e Fórmula 2, item 3.6.1).

Como indicadores educacionais, foram utilizados os resultados médios de cada IESP no Exame Nacional de Cursos, os resultados médios da Análise das Condições de Ensino realizadas pelo MEC nas três dimensões: organização didático-pedagógica, corpo docente e

instalações físicas e o Índice de Qualificação do Corpo Docente.

Definido os indicadores, quanto ao aspecto temporal, realizou-se uma análise transversal na série histórica analisada, utilizando-se os dados do último ano analisado, ou seja, o ano de 2004. Apesar de em 2004 existirem 41 mantenedoras atuando no setor (vide Tabela 4), somente 21 atenderam os requisitos e possuíam os resultados necessários para participarem da matriz de correlação.

Foi considerado o ano de 2004 para possibilitar a utilização de um maior número possível de observações. Também se pretendeu retratar um contexto o mais contemporâneo possível.

Quanto a seleção das organizações para a matriz de correlação, foram consideradas somente as IESP que tiveram cursos participantes das Avaliações das Condições de Ensino (ACE) e do Exame Nacional de Cursos (ENC).

Conforme descrito no item 3.4.1, o ENC era realizado pelos concluintes dos cursos de graduação. Portanto, somente as IESP que já formaram sua primeira turma e tiveram cursos reconhecidos pelo MEC atendem aos atributos para participação da análise de correlação. Portanto, somente as organizações que iniciaram as atividades até o ano de 2000, puderam participar da análise de correlação.

A utilização desses requisitos restringe a população analisada às Instituições de Ensino Superior Privadas que já completaram o ciclo de credenciamento da instituição e cursos junto ao MEC, início das atividades, formação da primeira turma e reconhecimento do curso(s) pelo MEC. Desta forma, são organizações que possuem reconhecimento governamental e já possuem alunos no mercado de trabalho.

A população avaliada encontra-se, então, em um estágio mais avançado do ciclo de vida das IESP em relação às demais, que ainda precisam conquistar o reconhecimento governamental e mesmo social, pelo mercado de trabalho.

É importante ressaltar que os resultados aqui obtidos não se aplicam as IESP que não integraram a análise de correlação efetuada.

Em 2004, havia 24 instituições que atendiam aos critérios aqui descritos - esse número não considera uma instituição que foi descredenciada pelo MEC nesse mesmo ano. Dessas, três não possuíam resultados no ENC ou na ACE e não participaram da matriz de correlação. Dessa forma, foi considerada uma amostra com 87,5% dos elementos da população, o que a torna bastante significativa. Diante dessa observação, não foi realizado teste de hipótese para as correlações, já que se utilizou praticamente de toda a população considerada (SMAILES e McGRANE, 2002).

Para a análise, utilizou-se das diretrizes de Smailes e McGrane (2002) para interpretação do valor de r. Segundo os autores, para índices de correlação situados entre 0,50 até 0,80, considera-se a correlação como moderada e para índices de correlação acima de 0,80, a correlação é considerada como forte. Para essa pesquisa, foram consideradas as associações entre indicadores com correlação moderada ou forte.

Tabela 16 – Matriz de Correlação entre Indicadores Técnicos e Educacionais Elaboração do autor Valor da Mensalidade Resultado no ENC Idade Organização Didático- Pedagógica Corpo Docente Instalações Físicas Participação no mercado Preenchimento de Vagas no Vestibular TCRA IQCD Valor da Mensalidade 1 Resultado no ENC 0,42892347 1 Idade 0,349486 0,51169074 1 Organização Didático- Pedagógica 0,14106327 0,47940984 -0,035358 1 Corpo Docente 0,25007249 0,48438849 0,21044749 0,68057001 1 Instalações Físicas 0,35401452 0,48318403 0,11218214 0,83053763 0,62420657 1 Participação no mercado 0,63773022 0,53422016 0,65444895 0,12156961 0,44779045 0,39535141 1 Preenchimento de Vagas no Vestibular 0,11172774 0,03080509 0,55773579 -0,3198301 -0,1570292 -0,1780398 0,34112713 1 TCRA 0,25362819 0,25543669 0,59961699 -0,0451406 0,1100219 0,15861671 0,41910788 0,47897583 1 IQCD 0,44469369 0,22672426 -0,1004982 0,02935868 0,13507645 0,24875214 0,07334382 -0,1654644 0,12310912 1

Quanto à correlação entre indicadores técnicos, observou-se que o valor da mensalidade e a participação do mercado tiveram uma correlação de 0,64. Disso infere-se que as maiores IESP, em número de alunos, são também as que cobram as maiores mensalidades.

A participação de mercado também teve sua mais alta correlação com a idade da mantenedora (0,65). Pode-se inferir que as maiores instituições também são as mais antigas.

A idade também teve correlação de 0,56 com o Preenchimento de Vagas no Vestibular (PVV) e com a Taxa de Captação e Retenção de Alunos (TCRA), de 0,60.

Os resultados acima apontam para uma associação entre o pioneirismo da organização (idade) e sua eficiência técnica. Conforme os dados, as IESP mais antigas tendem a possuir uma menor ociosidade de vagas (alto PVV e TRCA), possuem uma maior receita por aluno (valor da mensalidade) e possuem maior participação de mercado.

A correlação entre indicadores educacionais mostrou que os resultados do ENC tiveram uma correlação próxima de 0,50 nas três dimensões da ACE.

Um fato interessante é que a correlação entre o IQCD e a dimensão da ACE relativa ao corpo docente foi 0,13, quase nula. Isso sugere que praticamente não há relação entre a titulação do corpo docente da IESP e a avaliação dessa dimensão pelas comissões da ACE.

As associações mais significativas entre indicadores técnicos e educacionais se deram entre o resultado no ENC e a idade da organização (0,51) e o resultado do ENC e a participação de mercado (0,53).

Dessa forma, os resultados sugerem que há uma associação positiva entre a idade da IESP (pioneirismo) com sua participação no mercado e também com seus resultados no ENC.

Concluindo, os resultados da matriz de correlação sugerem que o maior preditor tanto de sucesso técnico quanto educacional, para as Instituições de Ensino Superior Privadas do Distrito Federal constituídas até o ano 2000, está relacionado com a idade da organização (pioneirismo). Essas organizações, portanto, possuem maiores condições para compatibilizar eficiência técnica com desempenho educacional.