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Capitulo III – Metodologia e projeto de intervenção

4.1. Análise de dados

Tendo em atenção a natureza do nosso estudo, importa antes de mais, referir que utilizámos como método de análise de dados a análise de conteúdo, estando de acordo com Mucchielli (1974, p. 17) quando afirma que se trata de “une méthode capable d’effectuer l’exploitation totale et objective des données informationnelles”, através da qual se

descreve o conteúdo da comunicação com base na “análise de ideias e não das palavras através das quais elas são expressas” (in Pardal & Correia, 1995). Ou seja, a análise de conteúdo é um método que utilizamos para analisar e interpretar as ideias implícitas de uma fala, partindo de critérios que incidem sobretudo na organização interna do discurso e não no conteúdo explícito: “todos os métodos de análise de conteúdo são adequados ao estudo do não dito, do implícito” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 228). Resumindo e de acordo com Pardal & Correia, a análise de conteúdo “consiste genericamente numa técnica de investigação através da qual se viabiliza, de modo sistemático e quantitativo, a descrição do conteúdo da comunicação” (Pardal & Correia, 1995, p. 72). Ou seja, podemos entender esta técnica como uma técnica de compreensão que pretende obter indicadores que permitem chegar a conclusões acerca dos dados recolhidos.

Na opinião de Carmo & Ferreira (1998) a análise de conteúdo deve ser objetiva, na medida em que a análise deve obedecer a certas regras e a instruções claras e precisas para que outros investigadores obtenham os mesmos resultados. A análise de dados deve ser ainda sistemática, dado que todo o conteúdo tem de ser organizado por categorias em função dos objetivos propostos (Carmo & Ferreira, 1998, p. 251). Estes pressupostos complementam a definição de Bardin que define a análise de conteúdo como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens.” (Bardin, 2011, p. 40)

Para se proceder a uma análise de conteúdo é fundamental passar por diversas etapas: definição dos objetivos e do quadro teórico; constituição de um texto com documentos escolhidos para a análise; definição de categorias; e interpretação dos resultados obtidos (Carmo & Ferreira, 1998, p. 253).

Também Pardal & Correia, 1995 consideram que é importante para a análise de conteúdo, e depois de definir o objetivo de estudo, passar por diversas fases, das quais destacamos:

- seleção de categorias que viabilizam a quantificação dos dados observáveis;

- estabelecimento de unidades de análise, elementos que, podendo apresentar-se sob várias formas, constituem a base de investigação, sempre que estandardizados, caso a caso;

- distribuição das unidades de análise pelas categorias ou quadros de análise, anteriormente selecionados.

Segundo Bardin (2011), estas fases podem ser organizadas em torno de três grandes polos cronológicos: a pré-análise; a exploração do material; o tratamento dos resultados obtidos e a sua interpretação.

No que se refere à primeira fase, a pré-análise, esta tem como principal finalidade operacionalizar e sistematizar as ideias, de forma a construir um esquema claro e objetivo que possibilite o desenvolvimento eficaz de todo o processo. Assim, no presente estudo, começámos por organizar os diversos materiais de que dispúnhamos, que poderiam ser suscetíveis de análise, nomeadamente, as transcrições das videogravações das sessões realizadas o que, para além de descrever o conteúdo verbal acessível, nos permitiria, ainda, fazer uma análise ao conteúdo não-verbal (implícito na componente visual das sessões), assim como em alguns desenhos e fichas de avaliação das sessões elaboradas pelos alunos, fazendo a sua leitura e interpretação. De seguida passámos à exploração das hipóteses de análise tendo em conta os objetivos do nosso estudo, passando à organização das categorias de análise que abordaremos no ponto seguinte e, por fim, à elaboração de indicadores que nos permitiram fundamentar as nossas conclusões (Bardin, 2011).

No que diz respeito à segunda fase de análise do conteúdo, a exploração do material, trata-se de uma fase que, “longa e fastidiosa, consiste essencialmente de operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função das regras previamente formuladas.” (Bardin, 2011, p. 127).

Por último, e no que concerne ao tratamento e interpretação dos resultados obtidos, os resultados são analisados de modo a tornarem-se significativos e válidos e o “analista, tendo à disposição resultados significativos e fieis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos -, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas.” (Bardin, 2011, p. 127).

O presente estudo inclui-se na variante qualitativa do método de análise de conteúdo, que Quivy & Campenhoudt (1992) acreditam ser um método intensivo, já que assenta na “análise de um pequeno número de informações complexas e detalhadas”, que têm como “unidade de informação de base a presença ou a ausência de uma característica” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p. 225) (neste caso, as caraterísticas são expressas nas categorias de análise definidas).

Face ao que foi dito, e após a leitura global dos dados recolhidos, definimos as categorias de análise que considerámos irem ao encontro dos objetivos de investigação. Estas resultaram não só do enquadramento teórico que suporta a nossa investigação como da fase de pré-leitura dos dados recolhidos, cujo objetivo era a procura e descoberta de regularidades. Para isso, procedemos à enumeração dos dados e à sua classificação, dando- lhes um determinado significado e organização.

Após uma breve apresentação da técnica de análise de dados e do processo de análise por nós escolhido, passamos, de seguida, a apresentar as categorias de análise de dados.