• Nenhum resultado encontrado

4 RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS EM

4.3 ANÁLISE DE JULGADOS

Conforme a legislação aplicável, a qual fora citada, e a falta de legislação específica para com o tema, boa parte das decisões judiciais são com base em entendimentos de julgados, tais quais serão expostos neste tópico.

Muitas das ações que são ingressadas contra as instituições financeiras, em causa de fraudes virtuais, têm como principal base a reparação do dano material e a indenização ao dano moral, conforme o entendimento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, os serviços prestados pelas instituições financeiras são de total responsabilidade desta.

RECURSO INOMINADO - BANCÁRIO - DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS - CELEUMA RELACIONADA AO PAGAMENTO DA MENSALIDADE DE JUNHO/18 - SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - INSURGÊNCIA AUTORAL - CAPTURA DO BOLETO RESPECTIVO NO SITE DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO UNISUL E QUITAÇÃO EM CASA LOTÉRICA - SUPOSTA "CLONAGEM DE BOLETO" NÃO COMPROVADA PELA CASA BANCÁRIA - ÔNUS QUE LHE INCUMBIA (ART. 373, I, DO CPC) - EVENTUAL INCONSISTÊNCIA NO PROCESSAMENTO DO PAGAMENTO NÃO ATRIBUÍVEL À AUTORA - RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO

FINANCEIRA - CULPA IN ELIGENDO - FALHA MANIFESTA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - CIRCUNSTÂNCIA ULTRAPASSOU OS LIMITES DO MERO ABORRECIMENTO - FALHA QUE RESULTOU NA

NECESSIDADE DA RECORRENTE DE COMPARECER: A DELEGACIA DE POLÍCIA PARA LAVRATURA DO BOLETIM DE OCORRÊNCIA; UMA VEZ NA CASA LOTÉRICA PARA AVERIGUAR O OCORRIDO; DUAS VEZES AO BANCO RÉU; NA UNISUL NO SETOR DE COBRANÇA, DE MATRÍCULAS E NO JURÍDICO - TEMOR SOFRIDO PELA IMINÊNCIA DA PERDA DA BOLSA DO PROUNI - VIA CRUCIS COMPROVADA - ABALO ANÍMICO CONFIGURADO E ARBITRADO EM R$ 4.000,00 (QUATRO MIL REAIS) CONFORME OS PARÂMETROS DESTA TURMA RECURSAL - SENTENÇA REFORMADA NO PONTO - RECURSO PROVIDO. (TJSC, Recurso Inominado n. 0304489-06.2018.8.24.0075, de Tubarão, rel. Luis Francisco Delpizzo Miranda, Primeira Turma Recursal, j. 24-09-2020). (grifo meu)

No caso acima a vítima utilizou-se do sistema self-service de uma instituição de ensino a qual tinha parceria para pagamento via uma instituição financeira, ao gerar o boleto ocorreu a fraude no código de barras, segundo o entendimento jurisprudencial a responsabilidade foi da

instituição financeira ao falhar com a prestação de serviços contratada, logo coube a tal instituição financeira a reparação de dano material e reparação ao dano moral, pois não se tratava de um mero aborrecimento.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina julgou neste ano um processo com fatos, relativamente, parecido com os da decisão supracitada, também responsabilizando a instituição financeira de forma objetiva.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C DANOS MORAIS. INTERLOCUTÓRIO QUE INDEFERIU PEDIDOS DE SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DAS PARCELAS DO CONTRATO E DE ABSTENÇÃO DE NEGATIVAÇÃO DO AGRAVANTE. PAGAMENTO ANTECIPADO DE DÍVIDA DE FINANCIAMENTO CONTRATADO PERANTE A AGRAVADA. EMISSÃO DE BOLETO COM

DADOS DO AGRAVANTE, DA AGRAVADA E DO CONTRATO. PAGAMENTO QUE REVERTEU EM BENEFÍCIO DE TERCEIRO. FRAUDE NA EMISSÃO DO BOLETO. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE FALTA DE

DILIGÊNCIA POR PARTE DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE

OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FORTUITO INTERNO. AGRAVANTE VÍTIMA DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.

MANUTENÇÃO DO PAGAMENTO E INSCRIÇÃO EM ROL DE MAUS PAGADORES DANOSAS AO AGRAVANTE E CUJA SUSPENSÃO NÃO PREJUDICA A AGRAVADA. MEDIDAS REVERSÍVEIS CASO A INSTRUÇÃO APONTE SOLUÇÃO DIVERSA. REQUISITOS DO ART. 300 DO CPC PRESENTES. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 5004017-19.2021.8.24.0000, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 27-04-2021). (grifo meu)

Um boleto foi gerado, entretanto o código de barras estava fraudado ocorrendo o dano material a vítima, o relator da decisão entendeu como logo acima, a responsabilidade foi objetiva sendo obrigada a reparar e indenizar o dano causado.

Porém não é apenas o Tribunal de Santa Catarina que julgou casos semelhantes, no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ocorreu uma falha de segurança no internet banking da instituição financeira causando uma fraude a sua cliente gerando obrigações reparatórias.

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - FALHA DO SERVIÇO -

RESPONSABILIDADE CIVIL CARACTERIZADA - SENTENÇA MANTIDA. Ao disponibilizar a realização de transações bancárias pela internet, prometendo segurança, responsabiliza-se civilmente a instituição financeira pelos prejuízos sofridos por correntistas que tiverem suas contas invadidas por hackers. (TJMG

- Apelação Cível 1.0035.06.082957-5/003, Relator(a): Des.(a) Antônio de Pádua , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 22/08/2007, publicação da súmula em 10/09/2007) (grifo meu).

O Tribunal de Justiça de São Paulo já julgou acerca da meteria mantendo o entendimento jurisprudencial dos demais tribunais citados.

RESPONSABILIDADE CIVIL. Danos materiais e morais. Defeito na prestação do serviço bancário. Movimentações financeiras indevidas realizadas pela internet. Falha na segurança do serviço bancário disponibilizado aos correntistas. Verossimilhança das alegações dos consumidores no que tange às

operações impugnadas e que importaram em transferências indevidas pela internet no valor de R$55.598,64. Admissibilidade da inversão do ônus probatório no caso.

Negligência do banco evidenciada. Ressarcimento determinado. Consideração de que, conquanto tenha alegado a instituição financeira que as operações bancárias contestadas foram realizadas mediante a utilização de senha secreta, token[senha provisória gerada on line] e QR Code, não produziu prova eficaz neste sentido.

Culpa exclusiva dos correntistas não evidenciada. Negligência do banco evidenciada. Responsabilidade civil configurada. Danos morais caracterizados. Consideração de que houve também a indevida inclusão do nome da pessoa jurídica autora no cadastro de inadimplentes. Indenização por danos morais, arbitrada em R$ 10.000,00, preservada. Aplicação ao caso da diretriz traçada na Súmula n. 479, do Superior Tribunal de Justiça. Pedido inicial julgado procedente. Sentença mantida. Recurso improvido. (1010351-91.2019.8.26.0602/SP) (grifo meu).

Neste sentido, o cliente foi lesado por falha de segurança online, sendo assim responsabilizado a reparação tanto material quanto moral.

O mesmo Tribunal decidiu que a responsabilidade da instituição financeira é objetiva ao se tratar tanto do acesso de terceiros quanto a proteção dos dados, a qual este teve acesso.

Indenizatória por danos materiais Transações fraudulentas em conta bancária da autora, após receber telefonema de pessoa que se passou por funcionário do banco réu, informando a necessidade de atualização do aplicativo do internet banking Cerceamento de defesa Inocorrência Provas produzidas autorizavam o julgamento antecipado do mérito, sem necessidade de dilação probatória- Aplicação da legislação consumerista (súmula 297 do STJ)– Responsabilidade objetiva da ré As instituições

financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias (Súmula 479 do STJ) Fraudador se passou por preposto da instituição financeira e conhecia dados pessoais e sigilosos da autora - Falha no sistema de segurança da instituição financeira - Inexistência de culpa exclusiva ou concorrente da autora Necessidade de ressarcimento integral dos prejuízos materiais causados à autora Sentença reformada. Recurso da autora provido, negado

o recurso do réu. (1043914-30.2019.8.26.0100/SP) (grifo meu).

Os Tribunais de Justiça brasileiros têm por este posicionamento, ou seja, não há no que se discutir se houve culpa ou não da instituição financeira, estas respondem objetivamente por todos os danos causados a seus clientes causados por terceiros no âmbito digital.

Documentos relacionados