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Análise & Discussão dos Resultados

Constatámos que grande parte da amostra do Serviço de Pediatria não conhece os Centros de Saúde onde as crianças admitidas estão inscritas, bem como a grande parte dos Centros de Saúde desconhece a existência de alguma criança com doença oncológica inscrita.

Não é possível promover a articulação de cuidados entre Instituições de Saúde que desconhecem os seus parceiros. Quando analisámos aspectos tais como o tipo de informação transmitida, os agentes de comunicação e os veícu- los de informação utilizados ficamos com uma ideia, ainda mais clara, da lacuna que existe a este nível. O principal agente de comunicação do diagnóstico de doença oncológica na criança é a família da própria cri- ança; que sabemos não ser idónea neste processo e correr o risco de transmitir informações pouco científicas. A informação que chega aos Centros de Saúde é considerada insuficiente pela maioria dos sujeitos em estudo e os veículos considerados desadequados.

O veículo de informação mais registado pelos Centros de Saúde é a família, em detrimento dos tradicionais, mas eficazes, documentos escritos como a carta de alta médica e a carta de enfermagem.

Quando analisámos a situação por sub-região de saúde, concluímos que quanto mais próxima a sub-região está do centro de referência em oncologia pediátrica do Norte, o IPO Porto, menos informação é transmitida. Como opostos temos a sub-região de saúde de Viana do Castelo que, na amostra em estudo, não recebeu qualquer tipo de informação do IPO Porto e o único veículo de informação conhecido é a família; e a sub-região de Bragança, onde chegam informações pertinentes sobre a criança com doença oncológica.

Desta forma, é seguro afirmar que o primeiro passo a dar na direcção da continuidade de cuidados a estas crian- ças é a referenciação aos Centros de Saúde.

Neste parâmetro, quer o Serviço de Pediatria quer os Centros de Saúde encontram-se de acordo, considerando que a referenciação destas crianças aos Centros de Saúde contribui para uma prestação de cuidados mais holística e individual, para uma melhor qualidade de vida para a criança e família, para um maior apoio em termos de cuidados e para reduzir as hospitalizações.

Numa segunda parte da análise de dados pretendemos fazer a caracterização do que seria uma continuidade de cuidados eficaz, assente numa parceria coerente entre estas Instituições de Saúde.

Dessa forma, foi sugerido que informações como o diagnóstico, tratamentos efectuados, estado de saúde no mo- mento da alta, os cuidados pós-alta e a terapêutica para o domicílio sejam sempre transmitidas, pois são consid- eradas como as mais pertinentes.

Em termos de veículos de informação, a amostra do estudo elegeu a carta de enfermagem e a carta de alta médica como os mais adequados, seguidas do contacto telefónico. Neste caso não se trata de criar novos veículos de informação, mas sim aperfeiçoar e rentabilizar os já existentes.

Para a transmissão da informação descrita anteriormente, os sujeitos deste estudo elegeram todos os internamen- tos. Quer isto dizer que, os sujeitos deste estudo consideram que em cada internamento da criança deveria haver troca de informação entre o Serviço de Pediatria e os Centros de Saúde.

A formação profissional é encarada por todos como essencial, e são vários os temas a serem abordados, sendo os mais predominantes o diagnóstico e fases da doença, bem como os tratamentos e aspectos psicossociais. Na análise destes dados verificámos que existe uma concordância marcada entre médicos e enfermeiros e, por isso, concluímos que seria perfeitamente possível realizarem-se formações profissionais multidisciplinares, com interesse para ambos os grupos profissionais.

De maneira geral, o Serviço de Pediatria e os Centros de Saúde apontam o após cada alta hospitalar como o mo- mento mais oportuno para os Cuidados de Saúde Primários intervirem.

Na fase terminal, os CSP teriam como intervenção privilegiada a visitação domiciliária.

Para finalizar, conseguimos reunir diversas sugestões de estratégias de parceria entre o Serviço de Pediatria do IPO Porto e os Centros de Saúde, com vista à continuidade de cuidados à criança com doença oncológica e sua família, que vão desde a formação profissional até à criação de redes de informação partilhada, protocolos de actuação e criação de equipas de referência.

Conclusão

Pela análise dos dados obtidos, concluímos que a continuidade de cuidados à criança com doença oncológica é, praticamente, inexistente. A articulação entre o Serviço de Pediatria e os Centros de Saúde da ARS Norte é muito frágil, pouco coerente e nada sistemática.

Não é possível promover-se a articulação de cuidados entre Instituições de Saúde que desconhecem os seus par- ceiros.

Desta forma, o primeiro passo a dar na direcção da continuidade de cuidados a estas crianças é a referenciação aos Centros de Saúde.

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Análise descritiva da Violência, Clima

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