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Análise do Domínio da Matemática – Orientações Curriculares para a Educação Pré-

Capítulo II – Os materiais didáticos para o ensino da Matemática na Educação Pré-

6. Análise do Domínio da Matemática – Orientações Curriculares para a Educação Pré-

As crianças vão construindo noções matemáticas através das situações do dia a dia (Ministério da Educação, 1997).

As crianças em idade pré-escolar (três aos seis anos) demonstram uma grande curiosidade, um desejo de querer saber tudo e uma vontade de explorar e experimentar. São consideradas seres verdadeiramente francos e espontâneos. O Educador deve favorecer o desenvolvimento nos diferentes domínios (físico, social, emocional e cognitivo), proporcionando atividades lúdicas e educativas às crianças. À medida que as crianças vão explorando o seu mundo, recolhem, ordenam e organizam a informação numa tentativa de encontrar o sentido das suas ações e experiências.

Tal como é referido nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997), o Educador deve apoiar o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático, motivando momentos de consolidação e sistematização de noções matemáticas, a partir de situações do quotidiano.

As crianças nesta fase aprendem através de atividades lúdicas e de descoberta. Estas atividades lúdicas e espontâneas são um ponto de partida para a construção de noções matemáticas (Ministério da Educação, 1997). Por isso, o jogo é uma das atividades que permite à criança a oportunidade de se envolver com outras crianças, respeitando-as e seguindo as regras. Promove desta forma um desenvolvimento a nível social e cognitivo.

Além disso, os jogos são um recurso para a criança se relacionar com o espaço e poderá fundamentar aprendizagens matemáticas: comparação e nomeação de tamanhos e formas, designação de forma geométricas, etc (Ministério da Educação, 1997).

É fundamental que a criança seja o núcleo da aprendizagem, pois é a partir da sua ação que manifesta maior interesse em participar e cooperar nas atividades. O Educador deve oferecer experiências variadas e apoiar a reflexão das crianças, colocando questões que permitam à criança ir construindo noções matemáticas (Ministério da Educação, 1997).

55 O uso de diversos materiais possibilita à criança a exploração e a construção de noções matemáticas, tais como o desenvolvimento do raciocínio lógico e a resolução de problemas lógicos, quantitativos e espaciais. Os materiais são considerados como um incentivo para a aprendizagem matemática, por isso é que se deve proporcionar às crianças experiências de aprendizagem variadas e apoiá-las na formação e no desenvolvimento de conceitos matemáticos. A variedade de materiais para desenvolver as mesmas noções através de diferentes meios e processos, estabelece um impulso para a aprendizagem da Matemática (Ministério da Educação, 1997).

As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997) fazem referência aos objetivos relacionados com o desenvolvimento de competências: resolução de problemas, raciocínio, comunicação e pensamento crítico. Referem também a importância do desenvolvimento de atitudes e valores como o gosto pela Matemática, a autonomia e a cooperação (Ponte, 1997).

As primeiras atividades lógico-matemáticas que a criança pode efetuar são as de identificação, as de classificação e as de seriação. Estas atividades situam-se no centro da lógica mais simples e são muito apreciadas e regularmente aplicadas no Jardim de Infância. O suporte material é muitas vezes criado e concebido pelas próprias Educadoras. No comércio também são encontrados jogos criados para este tipo de atividades (Henriques, 2002).

A vivência do espaço e do tempo é o ponto de partida das atividades espontâneas e lúdicas que permite a construção de noções matemáticas. A criança assim vai começando a encontrar princípios lógicos que lhe permitem classificar objetos e acontecimentos de acordo com uma ou mais propriedades, de forma a estabelecer relações entre eles (Ministério da Educação, 1997). Identificar, classificar e seriar são as primeiras atividades lógico-matemáticas que a criança pode efetuar (Henriques, 2002).

A classificação constitui a base para a formação de conjuntos e a seriação. Na formação de conjuntos trata-se de agrupar objetos de acordo com um critério previamente estabelecido, reconhecendo semelhanças e diferenças (Ministério da Educação, 1997).

A criança ao conseguir identificar propriedades nos objetos que a circundem consegue formar conjuntos. Deve-se facultar à criança materiais de características idênticas e distintas, encorajá-la a agrupá-los em conjuntos e interrogá-la sobre esses conjuntos. Deve haver uma apreensão na diversificação das características e critérios a explorar, no entanto, há um critério

56 que não deve ser esquecido que é o critério da cor. Trata-se de um critério que a sociedade espera que seja atingido na Educação Pré-Escolar. (Barros & Palhares, 2000).

Através da classificação, as crianças começam a construir relações entre objetos semelhantes e a tratar materiais e situações semelhantes de igual forma. A classificação por dois critérios pode ser simplificada se houver um apoio gráfico ou físico, por exemplo uma tabela de duas entradas. O trabalhar com tabelas de duas entradas já é habitualmente realizado na Educação Pré-Escolar e deve ser bastante estimulado. A classificação é uma capacidade essencial tanto para a noção de número cardinal como de número ordinal (Barros & Palhares, 2000).

Entre os cinco e os seis anos, a criança põe em conjunto os objetos a partir de um critério privilegiado, a cor, abstraindo-se das suas diferenças. Deixa de ter necessidade de dispersar todos os elementos do grupo sobre a mesa, mas poderá fazer um amontoado. Entre os seis e os sete anos, a grande maioria das crianças classifica os elementos sucessivamente segundo os três critérios: cor, forma e tamanho (Henriques, 2002). As formas são um dos muitos atributos físicos que interessam às crianças na idade pré-escolares quando brincam. Gostam de brincar com peças de formas regulares que podem servir de materiais de construção a empilhar e pôr em equilíbrio.

A atividade mais simples de seriação é aquela em que a criança consegue comparar apenas dois objetos. Na seriação, as crianças atribuem uma ordem lógica a um conjunto de objetos baseada numa variação gradual de um único atributo ou qualidade ou sequência de atributos que se repetem.A seriação é uma tarefa muito importante na Educação Pré-Escolar, sendo que esta exploração de qualidades é essencial no desenvolvimento de competências noutras áreas. A seriação é uma competência importante para a ordenação de números como para a noção de número ordinal (Barros & Palhares, 2000).

A classificação e a seriação são fundamentais para que a criança vá construindo a noção de número, como número ordinal ou como número cardinal (Ministério da Educação, 1997).

O desenvolvimento do raciocínio lógico considera ainda o estabelecimento de padrões, isto é, formar sequências que têm regras lógicas subentendidas (Ministério da Educação, 1997). Existem duas formas de trabalhar os padrões na Educação Pré-Escolar. Uma forma é a de expor padrões para que as crianças encontrem a regra lógica subentendida. Outra é a de sugerir às

57 crianças que desenvolvam padrões da sua própria imaginação. Ambas são importantes no desenvolvimento do raciocínio lógico (Barros & Palhares, 2000).

A manipulação de materiais é essencial para a aprendizagem do conceito de número. As operações fundamentais têm de ser, nesta fase, interligadas a objetos e coisas que façam sentido para a criança e têm de possibilitar uma manipulação dos objetos e coisas para que a operação seja executada sobre elas (Barros & Palhares, 2000).

O conceito de número exige que a criança quantifique conjuntos e coloque objetos em relação. O número é uma construção que a criança faz graças à conjugação de vários fatores: a maturação, a experiência e, sobretudo, as interações com colegas e adultos (Marques, 1988). Através das suas intenções com as pessoas e com os materiais, as crianças de idade pré-escolar começam a construir um conceito de número. O conceito de número emerge na medida em que as crianças agrupam materiais em grupos e conjuntos. A compreensão que as crianças têm do conceito de número faz-se também a par da compreensão da seriação (Hohmann & Weikart, 1997).

O Educador deve aproveitar-se de todas as situações, principalmente as do dia a dia, para levar as crianças a relacionar objetos e conjuntos de objetos. Para Piaget, o conhecimento do número é logico-matemático. O professor deve estimular a criação de muitos tipos de relação entre objetos e acontecimentos (Ponte & Serrazina, 2000). O Educador deve encorajar as crianças a tomarem decisões por elas próprias e deve criar situações de desequilíbrio para contornar a necessidade de assimilação e acomodação. Também devem ser encorajadas a contar objetos e comparar quantidades, a formar conjuntos e a trocar ideias com os colegas. Embora a Educação Pré-Escolar não tenha como objetivo “ensinar” as crianças a contar, deve criar condições para que as crianças vão construindo o conceito de número (Marques, 1988).

As chamadas atividades de organização do grupo, tais como, preenchimento do quadro de presenças ou de atividades, arrumação de materiais, são atividades que envolvem classificação, seriação, formação de conjuntos e contagem (Ministério da Educação, 1997).

A manipulação de materiais no espaço e a exploração das suas propriedades possibilitam à criança a oportunidade de resolver problemas lógicos, quantitativos e espaciais (Ministério da Educação, 1997).

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7. Análise dos documentos orientadores do Ensino Básico: Novo Programa de