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Papel do Professor ou Educador quanto à utilização de materiais didáticos

Capítulo II – Os materiais didáticos para o ensino da Matemática na Educação Pré-

5. Papel do Professor ou Educador quanto à utilização de materiais didáticos

Toda a atividade matemática na sala de aula é influenciada pelo Professor ou Educador, pela visão que este possui da Matemática, a qual influencia a sua forma de ensinar.

Para Caldeira (2009), é fundamental que o professor sugira experiências variadas, em distintos contextos e com diversos materiais que facultem ambientes favoráveis à aprendizagem e à experimentação. O ambiente onde a criança se encontra deve tratar-se de um ambiente acolhedor, dinamizador de aprendizagens, onde a criança possa desenvolver-se globalmente. Deve ser um meio criativo, participativo e dinâmico. A motivação, a segurança, a participação, as estratégias criativas e dinâmicas são essenciais para uma aprendizagem matemática mais significativa.

O uso de materiais variados pode contribuir para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho participativo, onde se realiza uma atividade matemática estimulante (Ponte & Serrazina, 2000). Os Professores ou Educadores são os responsáveis pela qualidade das atividades matemáticas em que os alunos se envolvem e devem estimular os mesmos a utilizar materiais, sempre que seja possível e apropriado.

É necessário que os alunos tenham um contacto lúdico com o material, pois é através deste primeiro contacto que as crianças começam a compreende-la (Cardoso, 2002).

De acordo com Lorenzato (2006b), o professor não pode dispor apenas de um bom material didático. A manipulação do material não garante uma aprendizagem significativa. O papel do professor é fundamental, uma vez que deverá escolher o material de forma adequada e cuidadosa para que se tenha o merecido sucesso durante a atividade manipulativa. A experiência que o aluno está a executar deve ser significativa para ele (Matos & Serrazina, 1996). Para garantir uma boa aprendizagem, é preciso saber explorar corretamente estes materiais na sala de aula. É de referir também que os materiais têm de ser usados pelo aluno e é importante que o aluno saiba efetivamente qual a tarefa para a qual é presumível usar o material. É tao ineficiente ser o professor a usar o material, com o aluno a ver ou como ter o aluno a manusear o material sem saber o que está a fazer (Ponte & Serrazina, 2000).

O professor deverá ter em conta alguns cuidados. Deverá realizar uma escolha consciente e criteriosa do material. Deverá planificar previamente as atividades com atenção

52 nos objetivos que deseja alcançar. Deverá, sempre que possível, motivar a participação do aluno e de outros professores na construção do material. Deverá dar o tempo necessário para que os alunos possam conhecer o material, explorando-o livremente inicialmente. É preciso que os alunos tenham tempo e autonomia para explorar o material, brincar um pouco com ele, fazer descobertas sobre a sua estrutura e organização. Deverá estimular a participação e a troca de ideias, podendo haver discussão de diversos processos, resultados e estratégias. Deverá ir perguntando durante o desenvolvimento da atividade e solicitando o registo individual das ações realizadas, conclusões e dúvidas. O professor pode interferir, fazendo questões e despertando nos alunos a vontade de expressarem as suas opiniões. São fundamentais, nesta fase, a ação e o raciocínio do aluno, pois só o próprio aluno pode construir as noções matemáticas que são objeto de aprendizagem (Rêgo & Rêgo, 2006 citado por Gazire & Rodrigues, 2012).

O professor tem um papel estruturante, uma vez que é o orientador do trabalho desenvolvido pelo aluno e condutor das suas aprendizagens matemáticas. As tarefas matemáticas que o professor sugere aos alunos consistem na origem para o desenvolvimento da atividade matemática (Ponte & Serrazina, 2000). Problemas, investigações, exercícios, projetos, construções, aplicações, produções orais, relatórios, ensaios escritos, etc., são tarefas matemáticas que ocasionam o ponto de partida para o desenvolvimento da atividade matemática (Ponte, 1997). Por isso, devem sugerir-se aos alunos variados tipos de tarefas, ser claro nas suas indicações e ir apresentando reações positivas relativamente aos trabalhos a serem desenvolvidos pelos alunos. As tarefas que o professor propõe têm de despertar a curiosidade e o entusiasmo dos alunos, tendo em atenção os seus conhecimentos prévios (Ponte, 1997).

De acordo com Huang (2001; citado por Botas, 2008: 12), o professor deve promover situações desafiantes, que possibilitam a comunicação das crianças, porque “comunicam para aprender matemática e aprendem a comunicar” quando refletem, contestam, escrevem, interpretam e ouvem sobre assuntos matemáticos. A criança ao construir conhecimento matemático experimenta e manipula, refletindo sobre as suas ações, de modo a que através da manipulação de materiais adquira determinados conceitos. Os professores devem produzir um ambiente que estimule as crianças a investigar, desenvolver, experimentar, debater e utilizar ideias, para que as crianças se envolvam na atividade matemática (Ponte e& Serrazina, 2000). Os materiais permitem a tentativa e erro o que conduz a uma aprendizagem significativa,

53 facilitam a comunicação e a interação entre alunos e educadores, proporcionando ao professor a observação individualizada de cada aluno.

O Professor ou Educador tem a função de proporcionar ambientes que levem os alunos a utilizar os materiais de forma a atingir os objetivos previstos e de ajudar os alunos a estabelecer a conexão entre os materiais e as ideias matemáticas.

A comunicação facilita a conexão entre diferentes representações de ideias matemáticas. Por isso, é fundamental dar oportunidades aos alunos de “falarem matemática” (Filipe, 1997). O Professor ou Educador deve ensinar e explicar, mas também deve dar aos alunos oportunidades de explicarem o seu raciocínio, para que haja uma aprendizagem mais eficiente. É um novo desafio para o Professor ou Educador lidar com a tensão entre direcionar e estruturar o pensamento matemático dos alunos e estar aberto às interpretações e interesses dos estudantes.

As materiais manipuláveis são essenciais para o professor de Matemática e para o Educador de Infância, pois constituem um recurso fulcral para a aprendizagem e construção de conceitos. No entanto, varia de criança para criança a necessidade de os continuar ou não a utilizar, sendo o professor responsável por conduzir o ensino, de acordo com as necessidades de todos os alunos (Serrazina, 1991).

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6. Análise do Domínio da Matemática – Orientações Curriculares para a Educação Pré-