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Análise dos documentos orientadores do Ensino Básico Novo Programa de

Capítulo II – Os materiais didáticos para o ensino da Matemática na Educação Pré-

7. Análise dos documentos orientadores do Ensino Básico Novo Programa de

didáticos

Nesta fase, as crianças já adquiriram um conjunto de competências que foram desenvolvidas na Educação Pré-Escolar.

O 1º Ciclo do Ensino Básico (1º ao 4º ano de escolaridade) proporciona um lugar de evolução e de crescimento para as crianças, promovendo a realização individual e a preparação para uma ação ativa e responsável.

Para Papalia, Olds e Feldamn (2001, citado por Ferreira, 2011), as crianças deste ciclo conseguem usar estratégias para aprender, memorizar e resolver problemas. Usam a linguagem para opinar, perguntar, responder e pedir ajuda. Já são capazes de assumir responsabilidades nos trabalhos escolares.

Os materiais manipuláveis são recursos importantes para o ensino e aprendizagem da Matemática. Segundo o Novo Programa de Matemática para o Ensino Básico (Ponte et al, 2007), os alunos devem utilizar materiais manipuláveis na aprendizagem de conceitos variados, principalmente neste ciclo. Os materiais manipuláveis estruturados e não estruturados permitem estabelecer relações e tirar conclusões, facilitando a compreensão de conceitos.

O Novo Programa de Matemática do Ensino Básico para o 1º Ciclo faz referência a três grandes temas: Números e Operações, Geometria e Medida, e Organização e Tratamento de Dados. Este programa faz ainda referência a três grandes capacidades transversais: a Resolução de Problemas, o Raciocínio Matemático e a Comunicação Matemática (Ponte et al, 2007).

Este novo programa tem os objetivos específicos e os tópicos distribuídos por duas etapas: 1º /2º anos e 3º/4º anos. Desta forma, há maior flexibilidade por parte do professor, pois a realidade do grupo de trabalho pode ser adaptada.

O ensino e aprendizagem do tema Números e Operações deve ter origem em situações relacionadas com o dia a dia. A intenção principal é desenvolver nos alunos o conceito de número, a compreensão dos números e das operações e a capacidade de cálculo mental e escrito. Estes conhecimentos e capacidades devem ser utilizados para resolver problemas em diversas situações. Nos dois primeiros anos é valorizado o cálculo numérico na representação horizontal.

59 Os materiais manipuláveis, sendo estruturados ou não estruturados, devem ser utilizados nas situações de aprendizagem de forma a facilitar a compreensão de conceitos e ideias matemáticas. A simples utilização destes materiais não é suficiente para o desenvolvimento dos conceitos, torna-se indispensável o registo do trabalho realizado e a reflexão sobre o mesmo. Da análise feita, é de notar que a manipulação de materiais didáticos é aconselhada mais para os dois primeiros anos do 1º Ciclo do Ensino Básico. Os materiais referenciados para estes dois anos são: colar de contas, cartões com pontos, molduras de dez, ábacos horizontais e feijões (Ponte et al, 2007).

Quanto ao tema Geometria e Medida, os alunos quando chegam à escola já possuem alguns conhecimentos relativos a este tema que foram adquiridos intuitivamente. O programa indica que se deve privilegiar a exploração, a manipulação e a experimentação, utilizando-se objetos do mundo real e materiais específicos de modo a desenvolver-se o sentido espacial (Ponte et al, 2007).

O grande propósito deste tema é desenvolver nos alunos o sentido espacial, dando mais importância à observação e compreensão de propriedades de figuras geométricas no plano e no espaço e a noção de grandeza e medida. Estes conhecimentos e capacidades devem ser utilizados na resolução de problemas geométricos e de medida em variados contextos.

Inicialmente deve fazer-se o reconhecimento das formas globalmente e, só depois, é que passam para a identificação das propriedades significativas de cada forma. Observar trabalhos de arte decorativa, como azulejos, bordados e tapetes, pode favorecer a exploração de aspetos relacionados com simetrias e pavimentações e entusiasmar os alunos (Ponte et al, 2007). Estas atividades deverão decorrer de observações e manipulações concretas e de experiências de exploração e interação. Devem estar presentes com frequência ao longo dos quatro anos deste ciclo, embora variando o grau de complexidade.

A aprendizagem da Geometria é feita de um modo informal partindo de modelos concretos do mundo real das crianças, de modo a que elas possam formar os conceitos essenciais. Os alunos devem ter oportunidades para realizar experiencias que lhes permitam explorar, visualizar, desenhar e comparar objetos do dia a dia e outros materiais concretos (Ponte & Serrazina, 2000).

Os materiais estruturados ou não estruturados têm um papel fundamental na aprendizagem da Geometria e Medida, pois permitem estabelecer relações e tirar conclusões,

60 facilitando a compreensão de conceitos. Mais uma vez, este programa refere que é indispensável registar o trabalho realizado com os materiais e refletir sobre esse trabalho, uma vez que a utilização dos materiais por si só não garante a aprendizagem. Verifica-se que nos quatro anos deste ciclo é aconselhada a manipulação de materiais didáticos (Ponte et al, 2007). A manipulação de materiais e a reflexão sobre as atividades realizadas têm um papel primordial na construção desses conceitos. Cabe ao professore propor tarefas que promovam o desenvolvimento das capacidades espaciais, indispensáveis à progressão da aprendizagem da Geometria e de outras áreas da Matemática (Ponte & Serrazina, 2000).

As ideias algébricas aparecem com sequências, ao estabelecerem-se relações entre números e entre números e operações, e ainda no estudo de propriedades geométricas como a simetria (Ponte et al, 2007).

Os materiais referenciados para os quatro anos deste ciclo relativamente a este tema são: geoplanos, tangrans, pentaminós, polydrons, espelhos, sólidos geométricos, puzzles, mosaicos, réguas, esquadros, compassos, balanças, recipientes graduados, relógios, etc (Ponte et al, 2007).

A Organização e Tratamento de Dados é um tema que tem vindo a ter cada vez mais importância desde muito cedo. Os alunos lidam no seu dia a dia com diversas fontes de informação. Muita dessa informação é apresentada sob a forma de tabelas ou gráficos. Por isso, a principal intenção deste tema é desenvolver nos alunos a capacidade de ler e interpretar dados organizados sob a forma de tabelas e gráficos, assim como recolher, organizar e representar esses dados com a finalidade de resolver problemas em vários contextos relacionados com o dia a dia. Como já foi referido, a aprendizagem deste tema deve ser apoiada em atividades ligadas a situações do quotidiano. O professor deve estimular o questionamento, a tomada de decisões, o uso de linguagem adequada e o sentido de rigor, adaptando ao nível de desenvolvimento dos alunos. Quanto a materiais didáticos estruturados, o programa não faz referência. Já a materiais não estruturados é aconselhado o uso de tabelas e gráficos (Ponte et

al, 2007).

As Capacidades Transversais devem ser desenvolvidas nos alunos e deve-se ter em conta as suas vivências anteriores na Educação Pré-Escolar, na família e noutros contextos sociais.

61 Os alunos desenvolvem a capacidade de resolução de problemas, resolvendo problemas de diversos tipos, preferencialmente do quotidiano, identificando a informação relevante sobre o problema e o seu objetivo. Também, concebem, aplicam e analisam diferentes estratégias para resolver os problemas. Esta capacidade é uma atividade essencial para a aprendizagem dos diferentes conceitos, representações e ações matemáticas, uma vez que a resolução de problemas pode ser o ponto de partida e o suporte dessa aprendizagem. Refere-se que para modelar problemas, deve-se propor a utilização de materiais manipuláveis (Ponto et al, 2007). O raciocínio matemático é desenvolvido através da explicação de ideias e processos, da justificação de resultados e da formulação e tese de conjeturas simples por parte dos alunos. Desenvolve-se através de experiências que proporcionem oportunidades aos alunos de estimularem o seu pensamento. Deve-se propor aos alunos que participem em momentos de partilha e debate na aula, explicando sempre o seu raciocínio de forma clara e coerente (Ponte

et al, 2007).

A comunicação matemática é desenvolvida através da vivência de situações diversas que envolvam interpretação de enunciados, representação e expressão de ideias matemáticas, oralmente e por escrito, e discussão dessas ideias na turma. A comunicação é fundamental na aprendizagem desta disciplina, uma vez que contribui para a organização, clarificação e consolidação do pensamento dos alunos. As crianças devem ser incentivadas a exprimir, partilhar e debater ideias, estratégias e raciocínios matemáticos. É referenciado o uso de livros, manuais, jornais e Internet (Ponte et al, 2007).

O Novo Programa de Matemática do Ensino Básico refere a importância da utilização de materiais manipulativos (estruturados e não estruturados) como meios facilitadores da compreensão e do estabelecimento de relação entre os conceitos e as ideias matemáticas (Ponte

et al, 2007).

Pretende-se ensinar as crianças a serem capazes de analisar e resolver situações problemáticas, de raciocinar e comunicar em linguagem matemática.

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