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Capitulo IV Método 4.1 Participantes

4.5 Análise dos dados

A proposta de análise foi diferenciada em função dos elementos do banco de dados. Os dados observacionais foram analisados tendo por referência o estudo realizado por Bondioli (2004) e Nigito (2004), as quais apresentam uma proposta de análise da organização do tempo no cotidiano infantil. Já os dados do grupo focal foram analisados tendo por inspiração as orientações propostas pela análise de conteúdo de Bardim (1994).

• Dados observacionais

Os dados foram organizados tomando por referencia a creche e a professora. Para estas (creche e professora) foi montado um quadro diário de observação, composto pelos seguintes elementos: atividades, espaço, participantes, agrupamento e modalidade de gestão. Estes itens foram definidos da seguinte maneira:

Atividade: são as ações representadas pelos atores presentes no espaço. Elas

podem ter um caráter mais ou menos informal em relação à liberdade concedida aos atores. As atividades podem ser de caráter mais ou menos instrucionais ou podem caracterizar-se como passatempos, brincadeiras, momentos de convívio ou organizacionais.

Espaço: é o local onde os eventos acontecem. O espaço possui grande

significado devido às suas características funcionais e sociais que os distinguem. A sala de atividade da turma é o ambiente de referência de um grupo, qualifica a sua pertinência, e enquanto tal é considerada como espaço próprio. Os outros espaços caracterizam-se por suas funções e tipos de atividades neles realizadas, como banheiros,

refeitório, área externa. A organização do espaço, disposição da mobília e dos materiais influencia na maneira como as pessoas que dele participam se comportam. Deste modo, o espaço favorece ou não as interações, favorece, em maior ou em menor medida, a autonomia ou a dependência. Assim, o espaço é um aspecto significativo e com grande influência no dia-a-dia da creche.

Participantes: são os atores presentes nas diversas atividades. Nem sempre os

atores foram os mesmos. A presença-ausência das pessoas pertencentes ao grupo ou a presença-ausência de outras pessoas interfere no clima social e relacional das atividades. Por exemplo, quando adultos substitutos estão no lugar do adulto de referência.

Agrupamento: definido como o modo como atores se organizam para

desenvolver as ações. A participação destes nas diversas situações de atividade pode acontecer de acordo com modalidades informais: os participantes associam-se ou dispersam-se livremente (agregação livre) ou de acordo com esquemas preestabelecidos como: atividade individual (cada ator realiza a própria atividade individualmente), ou social (atividades em pequenos grupos - três ou quatro crianças sentadas em volta de

uma mesa -, ou em grupo - todas as crianças da turma em um circulo).

Modalidade de gestão: refere-se à maneira como o professor dirige as ações

dos atores. A modalidade de gestão indica o grau de intervenção do professor na atividade e o grau de liberdade de decisão e de organização concedida às crianças. As modalidades podem ser: dirigidas pelo professor, quando este estrutura as ações, escolhendo o que fazer, as formas de agregação, o local, e dirige o desenvolvimento da atividade; autônoma, quando gerenciada pelas crianças; ou ainda, modalidade de gestão intermediária, caracterizada pelo fato de que a educadora, sem dirigir diretamente a atividade, intervém predispondo materiais, instruindo as atividades, acompanhando e ajudando as crianças.

Para permitir a visualização de cada um dos elementos no conjunto de dias observados, cada um deles foi tratado em quadros independentes, os quais serviram de base para a sistematização final dos dados, em um quadro síntese. Nesse quadro síntese, encontra-se todos os elementos da análise por turma. Com base nesse quadro, foi possível realizar uma análise global do conjunto de dados observacionais, a qual ofereceu um panorama geral do dia-a-dia nas duas turmas observadas. Essa análise é apresentada primeiramente por elementos independentes (leitura vertical) em relação às atividades desenvolvidas e, em seguida, apresenta-se a leitura horizontal, buscando interpretar a relação existente entre os elementos da análise. Para compor essa leitura horizontal, trazemos alguns registros do diário de campo, que em conjunto com os elementos constituintes do dia-a-dia, nos ajudarão a visualizar melhor as relações adulto-criança e creche-família.

• Dados do grupo focal

Com base nas orientações teórico-metodológicas propostas pela análise de conteúdo, a seguir serão descritas as etapas de análise que foram adotadas nesta investigação.

Após a transcrição das gravações realizadas durante o grupo focal, iniciou-se a análise do conteúdo das entrevistadas. Esta foi subdividida em etapas.

Na primeira etapa foi processado o recorte de conteúdos. Nesta, os relatos foram decompostos e, em seguida, recompostos em temas gerais constituídos por subtemas, por exemplo: o tema relação creche-família foi composto pelos subtemas os atores da relação, as formas de participação, as dificuldades enfrentadas para a promoção da relação e as estratégias utilizadas para superá-las. O recorte de conteúdo possibilitou visualizar, compreender e expressar melhor os significados do discurso dos

participantes. Esses fragmentos dos discursos (recortes de conteúdo), manifestos em palavras, expressões ou idéias, compuseram os eixos de análise.

Na segunda etapa organizou-se os eixos da análise utilizando-se o modelo aberto, pois eles não foram fixadas no início, mas durante o curso da análise. Na terceira etapa, considerando os objetivos da pesquisa, foi processada a reorganização dos eixos, de tal maneira que uma análise mais detalhada dos recortes fosse possível.

Tendo em vista uma leitura mais geral do fenômeno em estudo, após a leitura dos dados do grupo focal e dos dados observacionais, apresentamos o cruzamento entre as crenças e as relações (adulto/criança e creche-família) existentes na creche.