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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.4 Análise dos dados

Os dados, colhidos de diferentes fontes e por métodos diversos, foram selecionados (examinados minuciosamente para detecção de falhas, evitando informações distorcidas), codificados (agrupados por categorias e atribuição de códigos) e tabulados (dispostos em tabelas) (MARCONI; LAKATOS, 2003). Na sequência, foram analisados, cotejando-se as informações levantadas com ferramentas previstas no estado do conhecimento da literatura.

Nos casos em que a quantidade e a qualidade dos dados dos projetos de aproveitamento energético do esgoto obtidos permitiram, foi realizada sua análise quantitativa, por meio dos seguintes métodos, comumente utilizados na avaliação de investimentos:

a) Taxa Mínima de Atratividade (TMA): considerada uma etapa fundamental na análise de investimentos, a TMA é a determinação da taxa de desconto apropriada dos fluxos de caixa, que é determinada conforme a maneira como os projetos são financiados e que, segundo Rossetti et al. (2008), também é chamada de Taxa de Desconto Apropriada, custo financeiro do projeto, custo de oportunidade do investimento, taxa mínima de atratividade ou custo médio ponderado do capital, do inglês weighted average cost of capital (WACC). Nos casos em que a empresa financia suas operações utilizando-se de capital próprio e de terceiros, o cálculo da TMA permite apurar a média do custo de referidos capitais, o que leva à conclusão sobre a viabilidade do projeto: se a rentabilidade apurada pelo fluxo de caixa foi igual ou superior à TMA, o investimento é viável (ROSSETTI et al., 2008).

b) Taxa Interna de Retorno (TIR): a TIR baseia-se nos fluxos de caixa descontados (DAMODARAN, 2015) mas, ao invés de se calcular o valor presente de um projeto, identifica-se se o retorno do projeto é maior ou menor que o custo de oportunidade do capital, que toma por base de comparação o retorno sabido de outra modalidade de investimento (BREALEY; MYERS; MARCUS, 2001). Do inglês internal rate of return (IRR), a TIR é comumente utilizada para projetos de prazo de retorno superior a um ano (SMART;

GITMAN; JOEHNK, 2017). Se a TIR for maior que o custo do capital, aceita- se o projeto; se menor, rejeita-se (GITMAN; ZUTTER, 2015).

c) Valor Presente Líquido (VPL): VPL ou Net Present Value (NPV) consiste na diferença entre o valor presente dos fluxos de caixa e o valor do patrimônio necessário à realização do investimento (SMART; GITMAN; JOEHNK, 2017). É a soma dos valores presentes, tanto positivos quanto negativos, que ocorrerão na duração do projeto (DAMODARAN, 2015), e que resultarão na viabilidade do projeto sempre que o resultado encontrado for maior que zero. d) Payback descontado: chamado por Rossetti et al. (2008) de Método do Período de Retorno, o payback é o tempo necessário para a organização reaver o capital desembolsado com o investimento, ou seja, quando os fluxos de caixa, somados, igualam-se ao capital investido, sinal de que o investimento foi recuperado. O critério de decisão sobre um investimento, defendem Gitman e Zutter (2015), é de se aceitar o projeto quando o payback for inferior ao período máximo de retorno aceito pelo investidor, e de se rejeitá-lo quando for superior.

A análise da viabilidade do aproveitamento energético por meio do esgoto foi possibilitada pela análise conjunta das técnicas supracitadas, aliadas à interpretação qualitativa das informações colhidas, e seu resultado serve de base à tomada de decisão sobre a viabilidade – ou não – da implementação de sistemas de aproveitamento energético semelhantes nas ETEs brasileiras. Importante esclarecer que considerou-se que os valores despendidos pelas empresas com os projetos provieram de capital próprio, e não de terceiros.

Damodaran (2015) entende que o consenso geral, pelo menos entre os teóricos de finanças corporativas, é que o objetivo na tomada de decisões em um negócio é maximizar o valor (das ações ou da própria organização). Tal decisão diz respeito à realização de um investimento, um ativo em que recursos financeiros podem ser alocados, com a expectativa de que se obterá um rendimento positivo (um retorno, ou recompensa) e/ou que se aumentará seu valor (SMART; GITMAN; JOEHNK, 2017). Para Rossetti et al. (2008, p. 321), as decisões de investimento nas organizações envolvem a “coleta de dados relevantes, avaliação e escolha de propostas de desembolso de capital, efetuadas com o objetivo de gerar resultados positivos aos proprietários dos recursos a longo prazo.”

A tomada de decisão sobre a escolha de um investimento (um desembolso não ligado à operação da empresa, como a aquisição de novas máquinas ou instalações) se faz necessária porquanto os recursos disponíveis numa organização são insuficientes para atender a todas as oportunidades, motivo pelo qual os gestores veem-se obrigados a promover à alocação ótima de referidos recursos (ROSSETTI et al., 2008).

Como se tratam de projetos de saneamento básico, integrantes do grupo de obras de infraestrutura, eles têm características específicas e particulares que precisam ser consideradas, como o elevado volume de recursos necessário à sua implementação e o geralmente elevado tempo de maturação, o que demanda análise diferenciada daquelas aplicadas a investimentos financeiros puros, ou ainda aqueles realizados nos setores de serviços ou industriais, por exemplo.

Dessa forma, optou-se, ao invés de tachar um projeto de viável ou inviável, por analisar seus resultados financeiros ao longo do tempo e por classificá-lo como de curto, médio ou longo prazo, conforme a expectativa de payback calculada. Estabeleceu-se, portanto: como curto prazo os projetos com ponto de equilíbrio4 financeiro (ou breakeven point) de até dois anos; como médio prazo aqueles com retorno entre dois e cinco anos; como longo prazo, projetos com retorno previsto entre cinco e dez anos; como muito longo prazo, investimentos com ponto de equilíbrio superior a dez anos.

De posse dessas informações, será possível que eventuais gestores, ao analisarem futuros projetos, possam tomar por base os achados do presente trabalho como forma de suporte à tomada de decisão. Mas somente poderão decidir pela viabilidade ou inviabilidade de seus projetos a cada caso concreto que se apresente, já que as restrições ao endividamento de suas empresas são questões subjetivas e pontuais. Isso porque investimentos com perfil de retorno longo dependem de endividamento, o que influencia no grau de acesso ao crédito de terceiros pela empresa, motivo pelo qual acionistas e credores relutam em financiar projetos de payback longos, como bem lembrado por Rossetti et al. (2008). Afinal, quanto mais tempo a empresa levar para reaver seu investimento, maiores as possibilidades de uma calamidade ou acidente de percurso, o que implica em maior exposição da empresa a riscos (GITMAN; ZUTTER, 2015).

Ao fornecer cenários prováveis de payback, o presente trabalho contribui para a tomada de decisão em investimentos que tais.

4 RESULTADOS

O presente tópico engloba os resultados produzidos pela pesquisa, bem como a discussão, com base na pesquisa de campo e no referencial teórico.