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ANÁLISE DOS DIÁRIOS DE BORDO DA OFICINA DO ASSIS

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 57-60)

A partir da análise de conteúdo, descrevemos temas relacionados à estrutura da oficina, as dificuldades encontradas e os aspectos positivos e negativos da oficina.

4.1.1 Estrutura da Oficina

As sessões da oficina contaram com a presença de duas estudantes do curso de Engenharia de Computação da UEFS, ambas integrantes do Grupo de Aprendizagem de Programação. Este grupo, realiza oficinas de programação utilizando ambientes lúdicos com crianças e adolescentes de escolas públicas no intuito de disseminar a cultura da programação desde cedo. Como uma das integrantes deste grupo, atuei como tutora nas aulas oferecidas nesta escola, e minha parceira como monitora.

A metodologia de oficina aplicada se baseou na proposta de desafios simples para que as participantes construíssem seus projetos gradativamente. Então no começo de cada aula, eu e minha parceira mostrávamos os exemplos dos jogos que elas desenvolveriam para que elas os tomassem como referência. Por vezes, fazíamos exemplos de como implementar alguns desafios dados e, logo após, solicitávamos que elas tentassem fazer também. Na primeira sessão, as participantes criaram uma animação com a gata, objeto ícone do Scratch, incluindo diálogos.Na segunda e terceira sessões, elas desenvolveram o jogo Pong e o jogo PacWoman, respectivamente. Para cada conceito novo que era apresentado, buscávamos torná-los o mais simples possível para a faixa etária das meninas. Para os comandos Anuncie e Escute, por exemplo, as participantes os entenderam como a maneira como

os objetos no computador conversavam de verdade. Devido à quantidade de computadores funcionando no laboratório, foi necessário agrupar as alunas em duplas e trios.

4.1.2 Dificuldades

Observamos dificuldades tanto com a lógica e uso da ferramenta como com a organização da oficina, as quais serão abordadas a seguir.

4.1.2.1 Dificuldades de Lógica e no Uso da Ferramenta

Observamos, durante as sessões, que as participantes apresentavam muitas dúvidas relacionadas à lógica de desenvolvimento dos projetos. Elas, de fato, solicitavam nossa ajuda a todo o momento. A maioria das estudantes apresentava muita dificuldade e precisava de bastante atenção, sendo que, a cada novo desafio que era proposto, elas faziam muitas perguntas. Utilizar os comandos Anuncie e Escute, por exemplo, trouxe alguns problemas para as meninas. Contudo, elas conseguiram compreender tais comandos e concluir os projetos. O desenvolvimento do jogo Pong também pareceu ser muito complexo mesmo sem o uso de variáveis para contar o placar. Em uma única aula, elas fizeram as barrinhas do jogo se moverem, trataram as colisões e detectaram o ponto em ambos os lados. Percebemos que as sessões se tornaram exaustivas. Houve dias em que se fez necessário encerrar a sessão mais cedo devido ao cansaço das meninas. Nos diários de bordo, ainda foram relatadas a dificuldade e falta de espírito investigativo das participantes ao buscarem o que precisavam na ferramenta. Elas não demonstravam muito interesse em navegar pela ferramenta a fim de encontrar os comandos de que precisavam.

4.1.2.2 Dificuldades Com a Oficina

Inicialmente nos deparamos com o problema da falta de computadores suficientes para todas as estudantes inscritas no curso. Ao tentar ligar as

máquinas do laboratório da escola, notamos que apenas algumas funcionavam. Das que funcionavam, duas estavam sempre ocupadas por duas funcionárias das escolas que passavam o horário das oficinas inteiro utilizando as máquinas. Tivemos então grandes problemas ao distribuir as alunas em duplas e trios, já que as meninas brigavam a todo o momento, disputando quem utilizaria o computador ou o mouse primeiro. Brigavam até mesmo para decidir como seriam os objetos e suas decorações. Algumas meninas reclamavam, pois não queriam dividir o computador. Este tipo de confusão demandava muito tempo das sessões, causando certo atraso no andamento das atividades.

No quesito assistência, observamos que era necessária a presença de mais monitores nas aulas. As alunas faziam perguntas constantemente e estavam sempre solicitando que olhássemos seus projetos. Como não havia mais monitores, muitas meninas acabavam esperando bastante tempo até que pudéssemos atendê-las e tirar suas dúvidas. Além disso, como gastávamos muito tempo atendendo as alunas de máquina em máquina, isto também tomava muito tempo das sessões, atrasando o andamento da oficina.

4.1.3 Aspectos Positivos

No primeiro dia de sessão, as participantes pareciam ansiosas pelo começo da oficina. Elas demonstraram gostar bastante do design da gata do Scratch, e estavam empolgadas com as atividades, a ponto de não querer encerrar a sessão para continuar com as tarefas. Elas demonstraram também grande empolgação e criatividade ao desenhar os próprios objetos para o jogo Pac Woman e na criação dos diálogos. Elas variavam as histórias e os objetos em seus diálogos.

Analisando as facilidades das meninas, duas participantes chamaram

bastante atenção, uma vez que compreendiam rapidamente o que

explicávamos e muitas vezes concluíam as tarefas antes mesmo de pedirmos que elas fizessem. Observamos que as meninas aprenderam bem a utilizar a aba de movimento para fazer a gata andar até a borda e voltar. Também tiveram

um bom aprendizado dos comandos Anuncie e Escute. Uma das participantes implementou o jogo Pac Woman praticamente sozinha, incluindo a pontuação.

4.1.4 Aspectos Negativos

Durante a oficina, houve dias em que as participantes não compareceram às sessões. Isto fez com que gastássemos uma semana a mais para concluir as atividades. Além disso, outro fator que contribuiu para o atraso do cumprimento das atividades foi o comportamento inadequado das alunas. Ao solicitarem a ajuda da monitora ou tutora, elas gritavam na sala, e, enquanto um grupo era atendido, os outros causavam desordem e agitação no ambiente. Elas discutiam muito pelo uso do computador e se mostravam muito agitadas. Algumas ficavam brincando ao invés de cumprir os desafios dados. Ainda nos deparamos com grupos de meninas que não participavam da oficina e, no entanto, entravam no laboratório alegando estar esperando as amigas e causando bagunça no ambiente.

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 57-60)

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