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TRABALHOS DE ATRAÇÃO DE MENINAS PARA A COMPUTAÇÃO

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 36-39)

UNIVERSIDADES

Com a baixa participação feminina na área de TI (Tecnologia da Informação), o governo federal da Austrália, por volta dos anos 1990, dirigiu às universidades a tarefa de tomar providências para solucionar este problema (CLAYTON; LYNCH, 2002). A meta era aumentar o número de mulheres nos cursos que levavam a uma qualificação em computação. Segundo os autores acima, em 1992, a Universidade Central de Queensland, em resposta à demanda do governo para solução deste problema, criou um comitê dirigido chamado Women in Computing, a fim de implementar estratégias para atrair e reter mulheres nos cursos de computação. Foram criadas estratégias tanto para o nível secundário como para o nível terciário.

De acordo com Clayton et al. (2002), as estratégias para o nível secundário intencionavam encorajar mulheres a desenvolver habilidades na área computacional e a se matricular em cursos de computação. Para o nível terciário, as estratégias objetivavam diminuir as desistências das mulheres matriculadas nos cursos de computação, fornecendo suporte em suas habilidades e contatos para assegurar posições na profissão. As atividades realizadas para o nível secundário incluíam levar para as escolas um pacote com informações de carreiras. Neste pacote, direcionado às mulheres, encontravam-se vídeos, um software interativo de opções de carreira em computação, retratos de recém-graduados, informações sobre os cursos de computação e um cartaz atrativo. Também eram realizados cursos direcionados aos indivíduos sem experiência alguma em computação. A equipe visitava as escolas secundárias e os alunos visitavam a universidade.

Já as atividades para o nível terciário incluiam a conscientização da equipe, realizando seminários sobre a baixa participação feminina, bem como a realização de workshops examinando as diferentes formas de aprendizado entre os estudantes. Também eram realizados workshops para ajudar a superar os problemas que mulheres muitas vezes possuem em auto-promoção e desvalorização de suas competências. Além disso, o estabelecimento de links a partir do uso de emails, uma vez que estes são vistos como uma forma eficaz de comunicação e suporte às estudantes. Ainda foram realizadas pesquisas sobre os fatores que promovem o desgaste de mulheres estudando à distância. Os autores observaram que, apesar de muito ativa, muitas funcionárias e estudantes apresentaram uma reação negativa em relação ao programa. Eles atribuem isto possivelmente ao fato de algumas mulheres não gostarem de atividades que chamem atenção para elas como um grupo de gênero. Por isso, os autores prosseguiram com um programa de apoio a todos os estudantes. Os resultados do programa apontam que o bacharelado em Tecnologia da Informação teve um pequeno aumento na taxa de participação feminina durante o período de 1992-2001, em que foi realizado o programa. No entanto, a participação ainda é baixa. A maior participação feminina se concentra nos bacharelados em sistemas de informação e estudos de multimídia.

Com base na premissa de que os programas de ciência da computação não estão obtendo sucesso na atração e retenção de mulheres, Rich et al. (2004) projetaram um novo curso de CS1 (Ciência da computação 1), o CS1315 - Introdução às mídias de computação. No Instituto de Tecnologia da Georgia, todos os estudantes devem tomar cursos introdutórios de computação incluindo programação. O curso tradicional, CS1321 - Introdução à computação, tem a reputação de ser extremamente difícil e irrelevante para muitos graduandos. O CS1315 possui justamente o propósito de prover um curso alternativo para estudantes de outros cursos, que não ciência da computação e engenharias, a fim de preencher o requisito da Instituição. O curso criado focou em atrair as

mulheres e, para isso, foram incluídos alguns elementos no projeto do curso. Estímulo à criatividade, a fim de combater a ideia de que a computação é chata. Aumento da relevância do curso, mostrando que os conceitos de computação são aplicáveis aos estudantes de outros cursos. Mostrar aos alunos o fator “colaboração”, combatendo estereótipos da computação de ser desagradável e anti-social. Por fim, a busca pela redução da intimidação, apoiando uma cultura hospitaleira. O curso foi oferecido pela primeira vez em 2003 e dois terços dos alunos eram do sexo feminino. Os resultados apontaram que o curso obteve maior retenção que o oferecido tradicionalmente, os estudantes obtiveram boas notas e programaram com sucesso. As entrevistas com as estudantes sugeriram êxito na criação de um curso em que os estudantes acham programação interessante e divertido.

Seguindo a mesma premissa observada por Rich et al., (2004) e adotando a ideia de que são necessários cursos introdutórios para recrutar mulheres e apoiá-las em sua autoconfiança e habilidades, Mathis (2008) analisa a aplicação de um curso introdutório oferecido no Richard Stockton College. Este curso, GNM 1031 – Mulheres em computação, objetivava ajudar calouros, especialmente mulheres que planejavam se graduar em ciência da computação e sistemas da informação. O instrutor do curso realizou atividades em laboratório e trabalhos em grupo, para melhor atender ao perfil feminino. No ambiente cooperativo criado, os estudantes eram estimulados a fazer perguntas ao professor ou aos seus colegas e, dessa maneira, obteve-se um aprendizado em grupo ao invés de um ambiente competitivo. Durante o curso, os alunos projetavam websites e resolviam problemas utilizando programação. A autora acredita que, devido ao nome do curso, Mulheres em computação, a maior parte dos alunos foi do sexo feminino. Como resultado, ela afirma que, em geral, os alunos tiveram atitudes positivas em relação à computação, e a primeira turma de alunos para quem foi oferecido o curso relataram melhorar as suas percepções sobre suas habilidades. Para a autora, ainda que o número de alunos tenha sido pequeno, o curso aparenta ter obtido êxito em seu propósito.

Em resumo, os três trabalhos citados realizam atividades nas universidades objetivando oferecer suporte aos alunos, em especial às estudantes do sexo feminino. A realização de cursos com abordagens e metodologias projetadas para atender às supostas razões do desânimo feminino na área, bem como oferecer suporte à estas mulheres também é observado nos três trabalhos. Os autores ainda conseguem enxergar, a partir de suas pesquisas sobre as atividades realizadas, que os trabalhos obtiveram sucesso em seus objetivos. Isto revela que tais projetos são, de fato, de grande importância e ajuda para a atração e retenção das mulheres para o ramo tecnológico, e que precisam de uma maior escala.

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 36-39)

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