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PROPOSTAS DE AÇÃO PARA ATRAÇÃO DE MULHERES EM

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 31-33)

COMPUTAÇÃO

Na medida em que a computação se torna cada vez mais presente, a sub-representação das mulheres se traduz na perda de oportunidades para indivíduos, perda de talentos para a força de trabalho e perda da criatividade na modelagem do futuro da sociedade (CUNY; ASPRAY, 2002). Este problema pode ser visto de duas maneiras, sendo que para alguns a imagem é a chave, tornando importante a eliminação dos mitos e estereótipos. Para outros é um problema institucional, no qual a escola e os professores cometem equívocos na interpretação e, consequentemente, nas atitudes em relação às capacidades de ambos os sexos (MILISZEWSKA; MOORE, 2011). Buscando criar propostas de atração e retenção de mulheres no meio tecnológico, Cohoon (2002) alega que entender o que atrai as mulheres para a computação pode ajudar a planejar estratégias de recrutamento feminino para este setor.

Em seu artigo, Cohoon (2002) busca entender o que atrai mulheres para a computação e lista algumas razões, obtidas em pesquisa qualitativa com mulheres que optaram pelo ramo, para o engajamento feminino no meio. Dentre elas está o fato de que a computação oferece a oportunidade de ser criativo e preenche as habilidades pessoais delas. Elas também possuem amigos e familiares apoiando suas decisões e acreditam que este é um ramo que conduz a carreiras que pagam bem e oferecem maneiras de aplicar suas competências. Assim, a autora conclui que um programa de recrutamento que aborde estes fatores pode ajudar a trazer mais mulheres para o meio computacional.

Cuny et al. (2002) estabelecem que deve-se prestar atenção aos traços de gênero a fim de evitar estereótipos ao lidar com diferenças individuais. Ele sugere algumas recomendações para recrutamento de mulheres em

programas de pós-graduação em computação. Dentre elas, o encorajamento ao retorno das estudantes a estes cursos, já que segundo o autor, as mulheres são mais propensas a interromper seus estudos por questões familiares. Ainda para ele, encorajar o reengajamento pode ser uma medida muito bem sucedida uma vez que estas estudantes provavelmente apresentarão maiores níveis de maturidade, foco, independência e comprometimento do que os estudantes tradicionais. Dessa maneira, podem-se desenvolver critérios de admissão que levam em consideração a experiência de trabalho. Outra sugestão deste autor é criar programas de transição cujo objetivo seria proporcionar exames de autoavaliação para os alunos que entram na pós-graduação, juntamente com métodos para preencher possíveis lacunas em seu conhecimento, como cursos de verão. Esta medida ajudaria no apoio à confirmação das capacidades destas alunas. Além disso, revisar as publicações dos departamentos contendo mensagens sutis que podem desencorajar o engajamento das mulheres. O autor sustenta que os materiais devem ser inclusivos, descrevendo homens e mulheres em uma variedade de atividades e retratando as mulheres como membros integrantes dos departamentos. Outra medida sugerida é informar aos alunos de graduação sobre as oportunidades e vantagens de uma carreira de pesquisa, fornecendo informações convenientes para preparação na direção dessas carreiras. Isto ajudaria as mulheres que geralmente são mais inseguras quanto às suas habilidades e encontram poucos modelos femininos e, portanto, são menos propensas a seguir as carreiras de pesquisa. Ele sugere ainda fornecer incentivo individual às universitárias, uma vez que, segundo o autor, as mulheres podem ser mais sensíveis ao encorajamento e reconhecimento. Assim, oferecer conselhos sobre carreiras, incentivo na busca de oportunidades de bolsas de estudos e experiências em pesquisa seriam formas de estimular estas mulheres. Outra sugestão dada pelo autor é quanto a prover modelos femininos nos cursos de graduação, certificando a presença de professoras na área, além de assegurar discussões em sala sobre contribuições femininas na computação.

Cohoon (2002), em suas recomendações de recrutamento de meninas das escolas para cursos de computação, menciona algumas sugestões similares às de Cuny et al. (2002), ainda que este último autor faça referência à atração de mulheres na pós-graduação. Uma sugestão similar é a de utilizar modelos femininos para atrair mulheres para computação. No caso de Cohoon (2002), ela sugere que estudantes das universidades realizem visitas às alunas das escolas a fim de incentivá-las. Outra recomendação semelhante é quanto à revisão dos materiais públicos que podem gerar visões estereotipadas que desencorajam meninas a se engajarem no ramo. Para esta autora, se faz necessário projetar uma imagem inclusiva da computação. Outras recomendações importantes também são feitas por ela, como trabalhar com os professores das escolas, uma vez que é no período escolar que os estudantes fazem escolhas que afetam suas carreiras. Sendo esta então uma fase de influências, se torna importante melhorar as técnicas instrucionais dos professores e alertá-los sobre as questões de gênero. Como uma forma de reduzir as diferenças no começo dos cursos de ciência da computação, o autor sugere modificar o currículo introdutório incorporando estratégias pedagógicas que levem em conta as experiências anteriores dos alunos. Isto faz com que o começo do curso para os alunos ocorra de forma leve e gradual.

Abbis (2008) afirma que os esforços para reduzir os estereótipos percebidos pelas meninas podem ter o efeito contrário e reforçar estes estereótipos, associando-o a uma maneira particular de prática de computação. Contudo, Cuny et al. (2002) e Cohoon (2002) enxergam estas propostas de recrutamento em muitos aspectos diferentes, não só como uma forma de atrair e reter mulheres na área, mas todas as minorias da sociedade que possuem dificuldades e desvantagens.

No documento 2015.1 Suenny Mascarenhas Souza (páginas 31-33)

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