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INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA PAULISTA

O trabalho trata-se de um artigo científico, publicado na Revista Brasileira de Inovação (RBI) de São Paulo (v. 11, n. 2 de julho/dezembro 2012), da autoria de Antônio Carlos Pacagnella Júnior e Geciane Silveira Porto.

O objetivo do estudo foi analisar os resultados obtidos pela indústria paulista quanto à inovação tecnológica e identificar os fatores que influenciam este fenômeno, para este fim, foram utilizados os dados provenientes da Pesquisa de Atividade Econômica Paulista (Paep), realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Para os autores do artigo, diante do aumento da competitividade internacional nos últimos anos, torna-se fundamental para países em desenvolvimento, como o Brasil, elaborar estudos que levem a uma compreensão mais profunda das dinâmicas relativas à inovação tecnológica no país.

O estudo foi construído com base no trabalho dos seguintes autores:

• Certa et al. (2004) e Milson e Wilemon (2006), que analisaram a influência de fatores como a experiência da empresa e os recursos investidos em P&D;

• Kannebley, Porto e Pazzelo (2005), cujos resultados apontam para a influência da orientação exportadora, da origem do capital controlador e do tamanho da empresa no desempenho inovador;

• Quadros et al. (2004) e Frishamar e Hörte (2005), que analisaram a influência das fontes de informação para as atividades inovativas e sua importância para os resultados em termos de inovação;

• Hagedorn (2002), que destaca a importância da cooperação em P&D para a inovação;

• Shefer e Frenkel (2005), que destacam a idade, o tamanho e a orientação exportadora da empresa como características que influenciam a inovação tecnológica;

• Sharp e Pavitt (1993), Fonseca (2001) e Freitas e Tunzelmann (2008), cujos trabalhos ressaltam a relevância do apoio governamental para o desempenho inovativo das empresas;

• Mahmood e Lee (2004), que ressaltam a influência de a organização pertencer a um grupo empresarial em sua dinâmica inovativa;

• Castellacci (2008), cujo trabalho destaca as diferenças nos padrões inovativos de empresas industriais e prestadoras de serviço.

A pesquisa foi classificada como quantitativa e utilizou dados secundários provindos da Pesquisa de Atividade Econômica Paulista (Paep), realizada em 2002 e que abrange o período de 1999 a 2001. Para a elaboração do plano amostral, a Fundação Seade utilizou o Cadastro de Empresas (Cempre), fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que foram selecionados 1.006.037 registros, dando origem a uma amostra de 42.023 empresas de 21 setores industriais abordados pela Paep. O Estado de São Paulo foi escolhido como objeto de estudo devido à sua importância econômica e tecnológica e, principalmente, pela força de sua indústria.

Como metodologia foi construído um modelo conceitual que relaciona os principais fatores que podem influenciar a propensão a inovar destas empresas. Na Figura 4, consta o modelo empírico que apresenta o conjunto de variáveis analisadas.

Figura 4 - Modelo empírico da pesquisa.

A técnica de pesquisa empregada no estudo foi a regressão logística, que é a técnica estatística adequada quando o objetivo do pesquisador está relacionado com a análise dos efeitos de variáveis dependentes, tanto métricas como não-métricas, sobre uma variável dependente não-métrica.

Os resultados mostraram que, para a inovação tecnológica em produtos, os fatores que impactam a probabilidade de este fenômeno ocorrer são: as fontes de informação internas; a cooperação em pesquisa e desenvolvimento (P&D); a presença de laboratório ou departamento de P&D; investimentos financeiros em P&D; a orientação exportadora; as fontes de informação ligadas ao mercado; os investimentos de recursos humanos em P&D; e as chamadas outras fontes de informação.

Quanto à inovação em processos, os fatores de influência identificados são: o apoio governamental; as fontes de informação ligadas ao mercado; as fontes de informação internas; a presença de laboratório ou departamento de P&D; a idade da empresa; a cooperação em P&D; outras fontes de informação; a orientação exportadora; o percentual de recursos humanos ligados à produção; as fontes de informação institucionais; e o salário médio.

3.2FATORES INDUTORES À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA INDÚSTRIA

MADEIREIRA DA REGIÃO DE LAGES/SC

O estudo apresenta-se na forma de um artigo científico, publicado na Revista de Administração e Inovação (RAI) de São Paulo (v. 12, n 1 de janeiro/março de 2015), tendo como autores Flávio José Simioni, Debora Nayar Hoff e Erlaine Binotto.

O principal objetivo do estudo foi identificar as variáveis que aumentam a probabilidade das empresas madeireiras, da região de Lages/SC, adotarem inovações tecnológicas, bem como analisar quais fatores são importantes para sua indução e quais limitam a adoção da inovação tecnológica. Complementarmente, identificou-se o tipo, maturidade, forma de adoção e os efeitos esperados pelos gestores quando da adoção da inovação.

De uma população de 95 empresas identificadas nos cadastros de empresas junto ao sindicato das indústrias madeireiras (Sindimadeira), nas prefeituras e nas associações dos municípios, foi selecionada uma amostra de 36 empresas pesquisadas, seguindo critérios de proporcionalidade, acessibilidade e disponibilidade dos sujeitos pesquisados (proprietários ou gerentes do processo produtivo) responderem o questionário. Os

municípios que tiveram mais empresas pesquisadas foram Lages com 33% do total, Curitibanos com 22% e Campo Belo do Sul com 17%, todas situadas na Serra Catarinense, região de Lages/SC.

Os instrumentos para a coleta de dados e informações foram um questionário e entrevista estruturados, envolvendo questões relacionadas à inovação tecnológica. As variáveis de análise estudadas foram:

• Perfil das empresas pesquisadas;

• Entendimento de inovação e tecnologia;

• Inovação em produto, processo e gestão;

• Limitadores e indutores da adoção de novas tecnologias;

• Grau da inovação;

• Extensão das mudanças;

• Maturidade das tecnologias empregadas.

As empresas foram classificadas em dois grupos: INOVA e NÃO INOVA. As empresas classificadas como INOVA são aquelas que realizaram alguma inovação, de produto ou de processo, durante os três anos que antecederam a pesquisa (2006, 2007 e 2008), enquanto que as classificadas como NÃO INOVA não efetivaram nenhuma inovação no período analisado.

Os dados foram submetidos à construção de um modelo de regressão logística (logit), o qual permitiu identificar quais variáveis, internas ou externas às empresas madeireiras, aumentam a probabilidade dos gestores adotarem inovações tecnológicas. A variável dependente indica a adoção de inovação tecnológica pela indústria madeireira (0=não; 1=sim). E foram analisadas um conjunto de variáveis independentes, sendo elas: Escolaridade; Idade das empresas; Número de funcionários; Serraria; Tamanho; Mercado internacional; Certificação; Localização e Crédito.

Quanto aos resultados da pesquisa, a Figura 5 demonstra que a inovação está fortemente associada à localização e ao aumento do tempo de vida da empresa, da utilização de crédito e da certificação, enquanto que a não inovação é verificada nas empresas que atuam no ramo das serrarias.

Contudo, as demais variáveis analisadas (escolaridade, número de funcionários, mercado e tamanho), não apresentam tendência clara quanto aos seus efeitos sobre a inovação, tornando-se hipóteses não confirmadas, apesar da análise preliminar ter dado

indicativos de uma relação positiva entre algumas destas variáveis e o comportamento inovativo.

Figura 5 - Variáveis explicativas e valor médio dos grupos analisados.

Fonte: Siminoni, Hoff e Binotto (2015, p. 262)

Quanto aos fatores impulsionadores da inovação, o principal fator seria a solicitação de clientes. Um dos fatores apresentados no Gráfico 1, é evidenciado por uma afirmativa identificada em seis respostas: “conforme a necessidade, se inova”. Seguem, no mesmo nível de importância, fatores como redução de custos, maior competitividade e impulso gerado pelos concorrentes. Considerando-se que as empresas trabalham com produtos de baixa diferenciação, mesmo no grupo que inova, a disputa de mercado através de preços tende a ser um padrão competitivo.

Embora os dados sinalizem para a presença do mercado como fator impulsionador, destaca-se que tais apontamentos estão relacionados a procedimentos de processo que conferem maior padronização e qualidade aos produtos, representando algo novo para a empresa, mas não para o mercado.

As análises também mostram coerência entre os fatores indutores da inovação e as pressões sofridas pela empresa no mercado. Isso é demonstrado por 14 empresas, as

quais indicam que a necessidade de modernização, adoção de tecnologias e inovação está ligada à necessidade da empresa de atuar no mercado competitivo.

Gráfico 1 - Fatores que induziram a implantação da inovação tecnológica.

Fonte: Siminoni, Hoff e Binotto (2015, p. 265)

Por serem empresas de menor porte, era esperado que o alto custo das novas tecnologias fosse um dos limitantes de sua adoção (com 10 indicações). Vale enfatizar que a preocupação com custos e competitividade é forte entre os que adotam inovações.

O segundo principal fator limitante refere-se à dificuldade de desenvolvimento de novas tecnologias para o setor produtivo. Destacam-se também outros dois fatores limitantes intimamente relacionados: dificuldade no uso das novas tecnologias e falta de mão de obra qualificada para operar as tecnologias disponíveis.

De modo geral, os dados indicaram que as empresas, independente do tamanho, enfrentam dificuldades em inovar, sobretudo em produtos e a tendência é que esse desenvolvimento ocorre quando há uma demanda específica do mercado em que a empresa atua. Mesmo assim, o limite da inovação encontra-se nos ganhos incrementais em tecnologias de base, relacionadas, principalmente ao processo produtivo.

Cerca de um terço das empresas estudadas realizaram algum tipo de inovação tecnológica no período de estudo, inseridas principalmente no processo produtivo. A localização das empresas em um ambiente externo mais competitivo é a principal variável que contribui para o aumento da probabilidade de inovar.

3.3RELAÇÃO ENTRE INOVAÇÃO, CAPACIDADE INOVADORA E

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