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Siedenberg (2012), acredita que os desafios do atual mundo globalizado são respondidos, cada vez mais e melhor, não por cidades nem por países ou Estados, mas por arranjos regionais de planejamento e ação que conseguem se inserir e/ou competir adequadamente.

Com a globalização e as constantes mudanças no cenário atual surge a necessidade de se buscar o desenvolvimento local, conforme Martinelli e Joyal (2004), a globalização cria a necessidade de formação de identidades e diferenciação entre regiões, para que possam enfrentar um mundo em competição.

Para Lemos (1999), o processo de inovação e o conhecimento tecnológico são altamente localizados e a interação criada entre agentes econômicos e sociais localizados em um mesmo espaço propicia o estabelecimento de significativa parcela de atividades de inovação.

Lastres e Albagli (1999), destacam a importância da integração de diferentes políticas, assim como do apoio à formação de ambientes capazes de estimular a geração, aquisição e difusão do conhecimento e que estimulem empresas, grupos sociais e países

a investirem na capacitação de seus recursos humanos, mobilizarem a habilidade de aprender e incentivarem suas capacidades inovativas.

Para as autoras Teixeira e Grzybovski (2012), o desenvolvimento de uma região é resultado da dinâmica do meio, do contágio empreendedor, o qual pode ser promovido por meio de redes inteligentes, disponibilidade de capital e mediante a circulação de informações e conhecimentos, que desempenham papel preponderante no nível de inovação para dinamizar a região.

“As informações reduzem incertezas, ambiguidades e alimentam a inovação, fator muitas vezes decisivo para a coexistência de empresas inovadoras e distintas num dado território”. (TEIXEIRA e GRZYBOVSKI, 2012, p.312).

Ainda de acordo com as autoras, a dinamização do desenvolvimento de uma dada região é resultado da existência dessas empresas inovadoras e distintas, as quais receberam do meio o estímulo à aprendizagem compartilhada capaz de gerar capital social e formar uma rede rica em ativos reais para apoiar a inovação.

2.3.1 Inovação localizada

Conforme o Manual de Oslo (OCDE, 2004), as atividades de inovação têm como objetivo final a melhoria do desempenho da empresa, sendo o ambiente institucional que determina os parâmetros gerais com os quais as empresas operam. Os elementos que os constituem incluem: sistema educacional, sistema universitário, sistema de treinamento técnico especializado, base de ciência e pesquisa, reservatórios públicos de conhecimento codificado, políticas de inovação, ambiente legislativo, instituições financeiras, facilidade de acesso ao mercado e a estrutura industrial.

Ainda, segundo o Manual, os sistemas regionais de inovação podem desenvolver-se paralelamente aos sistemas nacionais de inovação. A presença, por exemplo, de instituições locais de pesquisa pública, grandes empresas dinâmicas, aglomerados de indústrias, capital de risco e um forte ambiente empresarial pode influenciar o desempenho inovador das regiões. Isso gera um potencial para contratos com fornecedores, consumidores, competidores e instituições públicas de pesquisa. A infraestrutura também exerce um papel importante. (OCDE, 2004).

Lastres, Cassiolato e Lemos (1999), afirmam que a interação criada entre agentes localizados em um mesmo espaço favorece o processo de geração e difusão de

inovações. De acordo com os autores, contextos locais com diferentes estruturas institucionais terão processos inovativos qualitativamente diversos.

Com base nos estudos dos autores podemos considerar que o processo de inovação é interativo e dependente das características de cada agente e da sua capacidade de aprender, gerar e absorver o conhecimento existente e também da articulação de diferentes elementos e fontes de inovação, ainda a inovação depende do ambiente onde a organização está localizada e do nível de conhecimento tácito que há neste local.

2.4PROPRIEDADE INTELECTUAL

Conforme definição do Instituto de Propriedade Industrial - INPI a marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas.

Em relação a patente o INPI define como um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente.

Para assegurar que as inovações funcionem como fator de competitividade elas devem ser protegidas para evitar que sejam utilizadas pelos concorrentes. Para tanto existem diversas formas de registro como os direitos autorais, marcas e patentes.

Infelizmente não é muito comum no Brasil o empreendedor iniciante (e até mesmo os mais experientes) pensar na proteção de sua ideia, depositando a patente de seu invento e, ainda, registrando a marca de sua empresa ou produto. No entanto essa é uma forma legal de se proteger da concorrência e ganhar espaço no mercado. (DORNELAS, 2012, p. 230)

Com o surgimento da Era do Conhecimento cresce a importância da propriedade intelectual como proteção e valorização econômica dos ativos intangíveis das organizações. Ainda pode ser um fator de vantagem competitiva, pois proporciona a proteção das inovações criadas pelas empresas, impedindo o seu uso pela concorrência.

2.5PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Conforme o Manual de Frascati (OCDE, 2007), a pesquisa e desenvolvimento experimental (P&D) compreendem o trabalho criativo realizado de forma sistemática com o objetivo de aumentar o estoque de conhecimentos, incluindo os conhecimentos do homem, da cultura e da sociedade, e o uso desse estoque de conhecimentos para antever novas aplicações.

As atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas pelas empresas proporcionam maior vantagem competitiva, pois quando há investimentos em pesquisa e desenvolvimento a capacidade de usar o conhecimento para gerar novos produtos aumenta significativamente. Mas quando se trata de investir em pesquisa e desenvolvimento, as empresas criam certa resistência, pois nem sempre essas atividades resultam em um novo produto que gerará lucros, ainda mais quando a empresa é de pequeno porte.

O nível agregado de investimento de P&D em uma empresa é altamente dependente de sua maturidade, da natureza do setor econômico de atuação e da estratégia de entrada no mercado. As pequenas empresas de base tecnológica podem ter limitado volume de vendas e os gastos em P&D podem ser muito alto em termos de porcentagens das receitas. (MATTOS e GUIMARÃES, 2005, p. 33).

Mesmo as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento serem apontadas como fundamental para que a inovação aconteça, existem outras atividades realizadas pelas empresas que também são importantes para o sucesso de uma inovação, essas atividades podem ser as fases finais de desenvolvimento para a pré-produção, a produção e a distribuição, o treinamento e a preparação de mercado para inovação de produto. (OCDE, 2007).

2.6ERA DO CONHECIMENTO

Durante muito tempo se acreditou que a mão de obra e o capital eram os únicos fatores diretamente ligados ao desenvolvimento econômico, o conhecimento e o capital intelectual eram fatores externos.

Para Mattos e Guimarães (2005), esse conceito mudou de forma drástica nas economias modernas, o crescimento econômico e a produtividade dos países desenvolvidos se baseiam cada vez mais no conhecimento e na informação. Na era

industrial, o bem-estar foi criado quando se substituiu a mão de obra por máquinas. A nova economia baseada no conhecimento é definida como aquela em que a geração e a utilização do conhecimento desempenham um papel predominante na criação do bem- estar social.

Ainda conforme os autores o desenvolvimento das novas tecnologias da informação está possibilitando a manipulação, armazenagem e distribuição do conhecimento codificado de maneira cada vez mais rápida, com maior qualidade e para um maior número de pessoas gerando a necessidade de contar com pessoas cada vez mais especializadas em recuperar, analisar e transformar esses conhecimentos codificados para a criação de novos produtos, serviços e processos e para a geração de riqueza e bem-estar social.

Como se pode ver, tanto a inovação como o conhecimento desempenham um papel fundamental no novo cenário econômico em que nos encontramos, estando ambos os fatores inter-relacionados. A produtividade e o crescimento estão baseados, em grande medida, no progresso técnico e na acumulação de conhecimentos. (MATTOS e GUIMARÃES, 2005, p. 5).

Para Diniz e Lemos (2005), as empresas precisam criar vantagens comparativas muito mais fundamentadas na capacidade de gerar o conhecimento do que no uso dos recursos naturais:

Em uma sociedade dominada pelo conhecimento, as vantagens comparativas, baseadas em recursos naturais perdem importância e ganham destaque as vantagens construídas e criadas, cuja base está exatamente na capacidade diferenciada de gerar conhecimento e inovação. Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, torna-se cada vez mais difícil, para as empresas reter a exclusividade dos conhecimentos técnicos. Pressionando as empresas a buscar novas fontes de conhecimento de natureza econômica e social, realimentando o processo inovador. (DINIZ e LEMOS, 2005, p. 135).

Assim, o conhecimento se torna uma vantagem competitiva para as empresas que conseguem criar processos que sejam capazes de codificar esse conhecimento para a criação de novos produtos ou serviços.

O conhecimento, de acordo com Lara (2004), constitui o eixo estruturante do desempenho da sociedade, de regiões e das organizações, as expressões “sociedade do conhecimento”, “redes de conhecimento”, “economia baseada no conhecimento” estão cada vez mais inseridas no ambiente empresarial.

Para a autora, estas expressões demonstram claramente que a gestão competente do conhecimento é determinante na capacidade de sociedades, organizações e seres humanos lidarem com o ambiente, que se modifica e transforma aceleradamente. Aprimorar tal competência é de extrema importância para a sobrevivência e permanência das organizações no mercado competitivo.

O objetivo básico da Gestão do Conhecimento dentro das organizações é fornecer ou aperfeiçoar a capacidade intelectual da empresa para as pessoas que tomam diariamente as decisões que, em conjunto, determinam o sucesso ou fracasso de um negócio. (LARA, 2004, p. 22).

Para a mesma autora, a complexidade da gestão do conhecimento está em conciliar recursos tecnológicos com conhecimentos pessoais, gestão do conhecimento não é somente a criação de um banco de dados central que contenha da alguma forma a repetição das experiências e informações que os trabalhadores conhecem ou dos sistemas de informação como um todo, significa basicamente, incentivar o que os profissionais fazem de melhor: o seu “trabalho intelectual”.

2.6.1 Capital humano

As características mais marcantes da economia do conhecimento, para Crawford (1994), é o surgimento do capital humano, que são as pessoas educadas e habilitadas, como força dominante da economia.

Embora a quantidade de capital físico e financeiro na sociedade industrial fosse um fator crítico para o sucesso, na economia do conhecimento a importância relativa do capital físico diminui à medida que elementos-chaves como computadores se tornam baratos e a quantidade e a qualidade de capital humano crescem em importância. (CRAWFORD, 1994, p. 34).

Para Davila, Epstein e Shelton (2006), o fluxo de ideia para abastecer a inovação depende da capacidade de alavancar o capital humano da organização, o sistema de indicadores da inovação precisa acompanhar os vários segmentos da equação do capital humano, como: cultura; exposição aos estímulos da inovação; entendimento da estratégia da inovação e a infraestrutura de gerenciamento da concepção.

Em relação ao comprometimento das pessoas em uma determinada atividade, no entendimento de Davila, Epstein e Shelton (2006), é necessário que exista:

• A paixão das pessoas por essa atividade;

• Confiança de ver seu empenho com a função adequadamente

reconhecido;

• Uma visão clara que proporcione um claro sentido de propósito.

Para os autores projetar sistemas de recompensa adequados para a inovação precisa levar em conta esses quatro elementos.

2.6.1.1 Capacitação do capital humano

Para Correia (2012), a aprendizagem organizacional e a gestão de talentos apresentam-se como fatores decisivos na competitividade das empresas, obter melhor performance, mediante uma força de trabalho capacitada e engajada, é uma equação que envolve ações de desenvolvimento, gestão de desempenho e gestão de talentos.

O autor define capacitação como "o processo de aprimorar ou adquirir competências" (p. 64). E salienta ainda, que "quanto maior for o investimento da empresa na capacitação de seus funcionários com o intuito de retê-los, maior será a probabilidade de perdê-los, mas deve-se incorrer nesse risco, pelo bem da organização e das pessoas" (p. 63).

Vilas Boas e Andrade (2009), afirmam que atualmente, mais do que nunca, as empresas necessitam de pessoas ágeis, competentes, empreendedoras e dispostas e assumir riscos para que elas estejam preparadas para enfrentar os desafios da inovação, da concorrência e da globalização.

De acordo com os esses autores as empresas precisam contribuir com a formação básica dos funcionários para que transformem antigos hábitos e desenvolvam novas atitudes, preparando-se para aprimorar seus conhecimentos, com vistas a se tornarem melhores naquilo que fazem.

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