• Nenhum resultado encontrado

RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.7 Confecções – sudoeste

6.7.4 Análise dos resultados do APL do Sudoeste

Os resultados do APL do Sudoeste foram analisados com base na revisão de literatura sobre qualidade, desenvolvimento de produtos, APL e o setor têxtil.

Ao comparar as condições dos produtos produzidos no APL com as dimensões da qualidade de GARVIN (1992), foi possível identificar um enfoque em desempenho e qualidade percebida, visto que os entrevistados destacaram as funções básicas dos produtos de moda masculina e também a necessidade de cada vez mais fortalecer a marca moda Sudoeste.

Quanto à qualificação da mão-de-obra, o APL vem enfocando esforços que PIERACCIANI (1996) destaca como sendo um componente importante para a melhoria da qualidade de produtos e processos.

A exportação dos produtos para a Argentina é de acordo com o MDIC (2007) um indicador da qualidade de produto, visto que normalmente os mercados externos são mais exigentes.

De acordo com a trilogia de JURAN & GRYNA (1991), além dos controles de processos as empresas deverão trabalhar com processos de melhorias incrementais da qualidade. No APL do Sudoeste a maior parte das empresas trabalham com controles ao longo do processo, mas os projetos de melhorias incrementais do processo ainda são bastante tímidos.

De acordo com as dimensões da qualidade de GARVIM (1992), as empresas do APL do Sudoeste em geral tem uma abordagem da qualidade baseada no produto, visto que existe uma preocupação em atender especificações, gerando produtos sempre conforme o

modelo, e o que reforça esta abordagem é o fato de não existir contato com o consumidor por meio de pesquisas de mercado ou qualquer outra forma de interação direta para identificar suas necessidades.

De acordo com DRUNCKER (1999), as empresas de gestão familiar normalmente apresentam maior dificuldade na implementação dos programas da qualidade, fato este verificado nas entrevistas, sendo que o gestor indica que nas empresas com maior profissionalização da gestão os programas da qualidade vêm sendo implementados.

De acordo com as características identificadas no APL e com a classificação das eras da qualidade de GARVIN (1992), o APL do sudoeste possui a maioria das empresas na inspeção da qualidade, outras no controle estatísticos e finalmente, poucas na garantia da qualidade.

O forte relacionamento com fornecedores pode ser considerado um fator positivo para a qualidade dos produtos do APL, e de acordo com MONTEIRO (2003), este relacionamento traz benefícios para a empresa como um todo, em especial a qualidade dos produtos.

O programa de 5S, de acordo com CAMPOS (2005) e RIBEIRO (1994), é uma ferramenta simples, mas que traz resultados bastante importantes na mudança da mentalidade das pessoas em todos os níveis hierárquicos dentro das organizações. Desta forma, os treinamentos feitos pelo SEBRAE e SENAC, em que vários empresários participaram e levaram estes programas a suas empresas, foram importantes passos para despertar a necessidade da implementação de programas da qualidade nas empresas. Entretanto, observou-se que muitas empresas não foram além do 5S, evidenciando uma necessidade de treinamentos constantes aos empresários sobre qualidade.

A consolidação do APL promoveu uma maior motivação dos trabalhadores que vislumbram melhores oportunidades de trabalho e para LASZLO (1999), a motivação é um dos aspectos importantes para o sucesso de um programa da qualidade e dificilmente se conseguirá obter qualidade elevada em um ambiente onde as pessoas não estejam motivadas.

Segundo PORTER (2004), de acordo com a estratégia adotada pela empresa, será maior ou menor o grau de preocupação com a qualidade dos produtos. No APL do Sudoeste, as empresas declaram que seu enfoque principal está baseado em qualidade seguidas por preço, fazendo com que as mesmas se classifiquem como liderança pela diferenciação e algumas empresas já trabalham com enfoque em clientes específicos, e consequentemente trabalham com o enfoque prioritariamente em qualidade.

Um fator que compromete a qualidade dos produtos em algumas empresas do APL é a inexistência de um adequado planejamento dos produtos que para JURAN & GRYNA (1991), KAMINSKI (2000) e TOLEDO & ROSENFELD (2000), a qualidade de produtos e processos é dependente de um adequado planejamento que deverá ser iniciado no projeto do produto e revisado ao longo de seu ciclo de vida.

A preocupação ambiental que as empresas do APL vêm demonstrando, vai ao encontro do que YOUNG & LUSTOSA (2007) ponderam em relação as pressões de agentes públicos, mas poderá trazer uma melhor imagem junto aos consumidores. Outro aspecto importante da preocupação ambiental é a possibilidade da redução da geração de resíduos, que poderá gerar um impacto financeiro pela redução de perdas.

Para as empresas do APL, acredita-se que fortalecer a imagem dos produtos de moda do Sudoeste seja mais importante que as certificações ISO 9000, principalmente em função dos elevados custos de certificação citados por QUALITAS (1999), que inclusive, foi o motivo de duas empresas iniciarem o processo de certificação e não concluíram.

Com base nas entrevistas realizadas no APL foi possível identificar que o desenvolvimento de produtos ocorre sempre de forma incremental, conforme descrito por AMARAL et al (2006), e que as inovações radicais que possam ocorrer nos produtos dependem exclusivamente dos fornecedores de tecido.

Não foi possível identificar um modelo para o desenvolvimento de produtos dentro do APL do Sudoeste, mas com base nas entrevistas foi possível identificar fases de aprovação semelhantes aos Stage-Gates propostos por COOPER & KLEINSCHMIDT (2000) ocorrem, quando, independente da existência dos departamentos de desenvolvimento de produtos os empresários são consultados antes de prosseguir um desenvolvimento. Em algumas empresas, isto ocorre logo após o desenho das peças e após a modelagem, e em outras empresas, apenas após a modelagem.

Foi possível observar no APL do Sudoeste que as empresas de certa forma têm preocupações com o desenvolvimento de produtos, sendo que algumas delas têm estruturas de desenvolvimento classificadas como funcionais por CLARK & WHEELWRIGTH (1992), já as empresas que não possuem departamento de desenvolvimento, é possível classificar a estrutura conforme a estrutura matricial de projeto peso leve descrita por AMARAL et al (2006).

De forma geral as empresas do APL estão investindo mais no desenvolvimento de produtos, uma vez que cada vez mais procuram visitar feiras para identificar as tendências em nos mercados consumidores

O elevado envolvimento dos empresários com questões relativas ao APL resulta em um APL que, apesar de contar com a dificuldade das elevadas distâncias entre os municípios, está bastante consolidado e realizou diversas atividades principalmente relacionadas a treinamentos e projeção do nome da confecção sudoeste do Paraná de forma ampla.

Por fim, foi possível evidenciar no APL de confecção do Sudoeste que as empresas que estão trabalhando com estratégias focadas em qualidade estão ficando menos susceptíveis a concorrência externa (principalmente dos asiáticos), e que aquelas que estão trabalhando com grandes varejistas e lojas de departamento, enfrentam maiores dificuldades.

Foi possível identificar também que a consolidação da marca moda Sudoeste está contribuindo para as vendas dos produtos do APL.