• Nenhum resultado encontrado

RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.4 Confecção Infantil – Terra Roxa

6.4.1 Contextualização do APL de Confecção Infantil de Terra Roxa

6.4.2.2 Caracterização do APL de Terra Roxa

A criação do grupo APL Terra Roxa tem aproximadamente 3 anos e teve origem de um grupo que já vinha trabalhando no projeto empreender (em parceria com o SEBRAE) que visava capacitar os futuros empresários, assim como aqueles que já estavam no mercado.

O APL de Terra Roxa é caracterizado pela presença de empresas familiares que apresentam uma história comum.

Na década de 1980, uma dona de casa começou a produzir roupas para seu filho e acabou vendendo algumas unidades para vizinhos e amigos, o negócio deu certo e ela acabou utilizando esta produção para gerar uma renda extra para a família. Após cinco anos de atividades, já no início dos anos 90, criou a fábrica que atualmente é a maior empresa do município, com mais de 500 funcionários e que dela saíram os criadores de praticamente todas as outras fábricas de confecção do município.

Neste contexto, o município conta atualmente com 2 empresas de grande porte com mais de 500 funcionários cada, quatro empresas de médio porte com 50 a 499 funcionários e quase 50 empresas com menos de 49 funcionários. O número de empresas não é bastante definido, visto que existe uma quantidade significativa de empresas trabalhando informalmente, principalmente as mais novas.

Com este perfil de empresas a entidade gestora do APL estima que a indústria de moda bebê gera em torno de 2500 empregos diretos no município e mais 400 em Guaíra (município vizinho) onde algumas facções terceirizam produção de empresas de Terra Roxa. A geração de empregos indiretos não é estimada pelos gestores do APL, porém, os mesmos creditam as estas indústrias uma injeção de aproximadamente um milhão de reais na economia do município por mês, visto que os trabalhadores gastam seus salários no próprio município.

Estima-se que as empresas do município produzem pouco mais de 300.000 peças de roupas infantis por mês. Existe uma grande especialização na produção, não sendo encontrado outro tipo de confecção no município.

As empresas apresentam em sua totalidade gestão familiar e os gestores apresentam escolaridade entre 1º e 2º grau, em sua grande maioria.

Quase a totalidade dos postos de trabalho gerados no município são de operadores de máquinas, além dos representantes comerciais.

A maior parte das empresas do município tem menos de 10 anos de atividade, e segundo o gestor do APL, a taxa de mortalidade de empresas vem diminuindo nos últimos três anos. Até por volta de 2003, muitas empresas eram criadas e fechavam as portas poucos meses depois.

Em relação à qualificação de mão-de-obra, a mesma ocorre em cursos promovidos pela ACIATRA em parceria com o SENAC ou o SEBRAE, para formação, principalmente de operadores máquina de costura. Porém, a grande maioria da formação de mão-de-obra ocorre por meio de aprendizado no próprio local de trabalho learn-to-do, especialmente nas grandes empresas. Quando funcionários das grandes empresas saem das mesmas, logo são convidados a trabalhar nas empresas menores que necessitam de mão-de- obra capacitada.

Tanto para o gestor do APL quanto para os empresários entrevistados a produção de Terra Roxa não é maior por falta de funcionários para a produção.

Em relação a capacitação de pessoas, empresários e o gestor do APL consideram necessária a criação de cursos profissionalizantes para formação de operadores de máquina no município.

Além dos treinamentos organizados pela ACIATRA e seus parceiros, os empresários destacam que alguns funcionários já foram fazer treinamentos no SENAI de Toledo (a 100 km de Terra Roxa).

Ainda em relação a mão-de-obra, uma característica que os entrevistados destacam é a completa mistura de homens e mulheres nas diversas funções da produção. Não existem funções onde predomina mão-de-obra masculina ou feminina.

Quanto à necessidade de formação superior, tanto gestores quanto empresários não visualizam como uma prioridade no momento, uma vez que as empresas não contratam e nem sentem a necessidade de designers ou estilistas, tampouco de gestores visto que estas atividades são desempenhadas pelos próprios empreendedores.

Localizada no extremo oeste do Paraná, a poucos quilômetros da fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, o início desta indústria sofreu algumas dificuldades com a aquisição de matéria-prima, porém com o crescimento da mesma, fornecedores e prestadores de serviço vêm dando a devida atenção ao município, tendo inclusive assistência técnica de máquinas de costura e bordadeira no município. Além de grandes fabricantes de tecido já terem feito, até mesmo lançamento nacional de produtos em Terra Roxa, constantemente convidam empresários do município para participar dos principais eventos do setor no país.

Os empresários consideram que a sazonalidade de vendas dos produtos ali fabricados é normal para o setor e não prejudica seu planejamento. O período de maior volume de vendas é próximo às festas de final de anos seguidos dos meses de inverno.

Em relação às vendas dos produtos os principais mercados consumidores são o próprio estado do Paraná e São Paulo. As empresas de maior porte comercializam seus produtos em todo o território nacional. De acordo com os entrevistados não existem até o momento exportação dos produtos fabricados no APL.

Não existem no município lojas especializadas para a comercialização dos produtos, tanto por atacado quanto no varejo. A distribuição dos produtos é feita quase que exclusivamente por meio de representantes comerciais que visitam os clientes com peças piloto, e com base nas vendas, as roupas são fabricadas. De acordo com o gestor do APL, a grande maioria das empresas produz roupas que já estão vendidas.

As condições de transporte para matéria-prima e produto acabado, melhoraram bastante nos últimos anos com a melhoria das rodovias da região, porém, o transporte hidroviário não é utilizado, mesmo havendo a proximidade com o rio Paraná em Guaíra.