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RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.5. Confecção – Londrina

6.6.1 Contextualização do APL de malhas de Imbituva

6.6.2.2 Caracterização do APL de Imbituva

De acordo com o líder da governança do APL, a indústria de malhas de Imbituva teve seu início em 1975, quando uma vendedora de malhas trazidas de Ponta Grossa viu seu negócio ameaçado quando o fabricante informou que encerraria as atividades. Juntamente com um sócio, adquiriu as máquinas da empresa que estava fechando e iniciou em Imbituva sua produção. Atualmente, está empresa é a maior empresa do município e conta com 19 funcionários trabalhando.

Conforme relataram os entrevistados, desde a abertura da primeira fábrica foram surgindo outras, principalmente formadas por ex-funcionários das empresas existentes. Sempre com um perfil familiar, até hoje as empresas apresentam a característica de empregar muitos membros da família proprietária. O líder do APL estima que mais da metade dos funcionários da malharias do município pertençam à família proprietária.

Até a década de 1990, o número de malharias em Imbituva aumentava ano a ano, chegando a mais de 150 empresas, e atualmente, são 45 empresas. De acordo com o líder do APL isto se deu principalmente em função da abertura de mercado e da falta de capital para que os empresários adquirissem equipamentos mais modernos e competitivos.

Ainda de acordo com o líder do APL as empresas são administradas pelos fundadores, que em geral, são mulheres e possuem escolaridade entre 1º e 2º grau, e nenhuma experiência anterior em gestão.

Algumas poucas empresas contam com gestores que possuem curso superior completo, normalmente, neste caso é a segunda geração da família à frente dos negócios.

Os entrevistados destacam ainda que, apesar de existirem apenas 180 funcionários formais das empresas de malharias em Imbituva, este número cresce para próximo de 500 quando se consideram os empregados informais, entre eles os vendedores. Este elevado número de trabalhadores informais é justificado em parte pela presença de membros das famílias, que normalmente não são registrados.

Neste contexto, as malharias da cidade possuem de 1 a 19 funcionários formais, sendo que cinco delas possuem apenas um funcionário.

De acordo com um dos empresários, considerando-se que imbituva possui uma população de menos de 30 mil habitantes, esta geração de emprego é significativa, sendo apenas menor que os empregos gerados pela indústria madeireira.

O gestor do APL destaca que a atividade de malharia requer uma quantidade menor de mão-de-obra quando comparada ao setor de confecção em geral, visto que, o nível de automatização do setor é elevado. Apenas as atividades de acabamento são realizadas manualmente.

Desta forma, mesmo com um número relativamente baixo de trabalhadores no setor, Imbituva produz mais de 200 mil peças de roupas em malhas por ano.

Os entrevistados destacam que a qualificação de mão-de-obra é o principal problema enfrentado pelas malharias de Imbituva, visto que sempre ocorre por meio da experiência; um empresário, para manter o funcionário precisa pagar valores bastante superiores ao piso salarial, caso contrário este funcionário vai para outra empresa. Quando se trata de operadores das máquinas computadorizadas (existem mais de 30 no APL), a disputa é maior ainda.

Os tecelões, como são chamados os operadores das máquinas computadorizadas, normalmente recebem treinamento dos fabricantes das máquinas.

Um dos empresários relatou que uma das maiores dificuldades que as empresas têm em relação a qualificar seus funcionários é a sazonalidade de contratações, nos períodos de baixa produção, muitos funcionários são dispensados e os investimentos em treinamento seriam perdidos.

Em relação à sazonalidade, os entrevistados afirmam que as matérias-primas não apresentam variação de oferta e preço ao longo do ano, porém a demanda pelos produtos tem uma forte variação ao longo do ano. Imbituva tem mais de 50% das vendas nos meses de maio a julho. De acordo com dois empresários, nos últimos anos as vendas também foram prejudicadas pela curta temporada de frio.

O gestor do APL destaca que algumas empresas estão trabalhando com o desenvolvimento cada vez mais freqüente de peças de meia estação, para ter vendas ao longo do ano.

De acordo com os entrevistados, a aquisição de matéria-prima é feita por meio de representantes dos fabricantes, que constantemente visitam a região ou diretamente em Ponta Grossa que fica a 40 km de Imbituva.

As vendas do APL são feitas por meio das lojas próprias, que são localizadas sempre junto as fábricas e em vários casos, junto à residência dos proprietários. Os empresários apontam que sempre nos meses que antecedem o inverno compradores visitam a cidade para adquirir as malhas.

Ainda de acordo com o gestor do APL, as vendas também ocorrem por meio de representante que algumas empresas possuem, que visitam principalmente os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

E por fim, anualmente é feita a Feira de Malhas de Imbituva (FEMAI) que é o evento mais significativo nas vendas do APL; os empresários relataram que de 5 a 50% de todas suas produções são comercializadas neste evento.

Em relação a infra-estrutura os entrevistados forma unânimes em afirmar que são necessárias melhorias no sistema viário de acesso ao município, na criação de um escola para treinamento de mão-de-obra e na reforma ou melhoria no local onde é realizada a FEMAI, que desde o declínio do número de empresas não teve mais nenhuma reforma significativa.

O acesso ao município é feito pela rodovia que liga Ponta Grossa a Guarapuava, porém após o trevo de entrada para Imbituva são 5 km de uma pista em condições bastante precárias.