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RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Confecções – Cianorte

6.2.4 Análise dos resultados do APL de Maringá

Os resultados do APL de confecções de Maringá foram analisados com base na revisão de literatura sobre qualidade e desenvolvimento de produtos, APL e o setor têxtil.

Ao comparar a forma de produção do APL de Maringá com as dimensões da qualidade de GARVIN (1992), é possível identificar um enfoque em desempenho, características e qualidade percebida, visto que os entrevistados destacaram não somente as funções básicas dos produtos de moda, mas detalhes de lavagem e estamparia, bem como a necessidade de fortalecer suas marcas.

Quanto a qualificação de mão-de-obra o APL vem enfocando esforços, visto que atualmente, esta já é parcialmente atendida e existe a expectativa de expansão em 2008, o que evidencia que o grupo gestor do APL em conjunto com os empresários estão preocupados com tal qualificação.

A exportação de parte dos produtos do APL pode ser é um indicador que algumas empresas estão buscando aprimorar a qualidade e competitividade em seus processos, visto que de acordo com o MDIC (2007), para se exportar é necessário ter qualidade e ser competitivo.

De acordo com a trilogia de JURAN & GRYNA (1991), além dos controles de processos, as empresas deverão trabalhar com processos de melhorias incrementais da qualidade. No APL de confecções de Maringá, estes processos de melhoria contínua da qualidade ainda não puderam ser evidenciados, em geral, as empresas fazem apenas controles no processo e nos produtos acabados.

De acordo com as dimensões de GARVIM (1992), as empresas do APL de Maringá, em geral, têm uma abordagem da qualidade baseada no produto, visto que existe uma preocupação em atender especificações. O contato com clientes ainda é pequeno, alguns empresários visitam os shoppings atacadistas para identificar os produtos que vendem mais, mas não fazem pesquisas de mercado de forma mais estruturada.

De acordo com DRUNCKER (1999), as empresas de gestão familiar, normalmente apresentam maior dificuldade na implementação dos programas da qualidade, este fato também é verificado no APL de Maringá onde as empresas familiares, em geral, possuem menor preocupação com os programas da qualidade.

De acordo com as características identificadas no APL e com a classificação das eras da qualidade de GARVIN (1992), o APL de Maringá tem características entre a era da inspeção e do controle estatístico da qualidade. De maneira geral as empresas não praticam a garantia da qualidade em seus processos.

O 5S, de acordo com CAMPOS (2005) e RIBEIRO (1994), é uma ferramenta simples que pode ser implantada em empresas que nunca praticaram a qualidade. De acordo com os entrevistados, algumas empresas de Maringá implantaram o 5S em função de sua simplicidade, mas muitas outras nem participaram dos treinamentos oferecidos, ou participaram e não implementaram. Isto evidencia que muitos empresários não vêem a qualidade como importante para a estratégia de seus negócios.

Segundo PORTER (2004), de acordo com a estratégia adotada pela empresa, será maior ou menor o grau de preocupação com a qualidade dos produtos. No APL de

confecções de Maringá as empresas se dividem entre as que enfocam preço, trabalhando com a estratégia de liderança no custo total, e as que enfocam qualidade e consequentemente trabalham com a diferenciação.

Foi possível evidenciar nas entrevistas, que as empresas que trabalham com enfoque na liderança pelo custo total, estão mais preocupadas com a concorrência externa. Já as que tem a estratégia da diferenciação, a concorrência externa não representa uma ameaça, ao menos no curto prazo.

A preocupação ambiental nas empresas do APL de confecções de Maringá é pequena, visto que não existem pressões nem por clientes nem por agentes governamentais, que segundo YOUNG & LUSTOSA (2007), são os fatores que normalmente motivam as empresas a adotarem ações pró-ambiente. É importante destacar, entretanto, que as pressões governamentais tendem a aumentar em função das metas estabelecidas pelo conselho do Desenvolvimento de Maringá (CODEM).

Com base nas entrevistas no APL, foi possível identificar que os desenvolvimentos de produtos ocorrem na maior parte das vezes de forma incremental, conforme descrito por AMARAL et al (2006), ou seja, parte-se de um produto existente e faz- se alguma alteração para obter um novo produto.

Não foi possível identificar um modelo para o desenvolvimento de produtos dentro do APL de Maringá, mas com base nas entrevistas foi possível identificar fases de aprovação semelhantes aos Stage-Gates propostos por COOPER & KLEINSCHMIDT (2000), que ocorrem quando os empresários são consultados antes de prosseguir um desenvolvimento, e isto normalmente, ocorre logo após o desenho das peças e após a modelagem.

Ficou, portanto, evidenciado que o processo de desenvolvimento de produtos está centralizado na administração das empresas evidenciando a preocupação dos empresários com as novas coleções, mas principalmente nas empresas menores os investimentos em desenvolvimento de produtos ainda é muito baixo.

De forma geral, as empresas não possuem departamento de desenvolvimento de produtos e algumas possuem profissionais para este fim que atua como um líder peso leve descrito na estrutura matricial de AMARAL et al (2006).

A expectativa para as próximas coleções é a de que as empresas invistam cada vez mais no desenvolvimento de produtos, pois as que fizeram estes investimentos em coleções passadas, tiveram resultados positivos.

O baixo envolvimento dos empresários com questões relativas ao APL resulta em um APL enfraquecido que não obtém resultados da ação conjunta esperada por um APL,

assim como CAMPOS (2004) identificou em outros APLs do Paraná. A união com o APL de Cianorte tem por objetivo, além dos que foram acordados entre os APL, a consolidação do APL de Maringá pela experiência dos ganhos obtidos por Cianorte.

É Possível verificar que a consolidação do APL de Maringá depende de um maior comprometimento dos empresários que poderão, trabalhando em conjunto, ter mais facilidade para a comercialização de seus produtos, tanto para o mercado interno quanto para o mercado externo.