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Análise dos resultados das entrevistas com produtores rurais dos municípios de Augusto

3.3 Análise e interpretação dos resultados obtidos

3.3.2 Análise dos resultados das entrevistas com produtores rurais dos municípios de Augusto

Para melhor entendimento dos resultados demonstrados nas Tabelas 03, 04 e 05, que se encontram, respectivamente, nos Anexos 02, 03 e 04, dividiu-se a análise dos resultados de acordo com as fases da entrevista, conforme segue.

3.3.2.1 Fase 01: Caracterização da amostra de pesquisa

Entre os 20 agricultores entrevistados, quatro eram de Augusto Pestana, cinco de Ijuí e dois de Santo Augusto. Nos municípios de Catuípe, Coronel Barros e Jóia, foram entrevistados, em cada um deles, três produtores rurais.

A média de idade dos 20 agricultores foi de 51± 9,25 anos, sendo que o grau de escolaridade mais prevalente foi o ensino médio completo, seguido do ensino superior incompleto. Apenas dois agricultores possuem o ensino superior completo.

A renda mensal dos agricultores rurais entrevistados gira em torno de dez a vinte salários mínimos, condizentes com a quantidade total de área em cada propriedade, que variaram de 36 ha a 1.300 ha. Quanto às atividades desenvolvidas, os principais cultivares nas propriedades estudadas são: soja, trigo, milho e aveia, além de gado de corte e de leite.

Em relação à área cultivável e a aplicabilidade da AP verificou-se que a quantidade de hectares com as novas tecnologias ainda são muito heterogêneas, visto que na totalidade dos agricultores entrevistados, a área com AP variou de 12 ha a 200 ha.

Dos 20 agricultores entrevistados, 19 fizeram a aplicação das técnicas da AP, sendo que uma propriedade desenvolveu a análise do solo e a geração dos mapas, mas não realizou a aplicação de insumos, corretivos e fertilizantes. Assim, o percentual de aplicabilidade das técnicas de AP em relação à quantidade de hectares cultiváveis de cada propriedade variou de 2,8% a 71,43%, visto que três dos 19 produtores não realizaram aplicação em toda a área que foi mapeada com as ferramentas da AP. Fato que justifica a heterogeneidade do percentual de aplicabilidade da AP, em relação ao total agriculturável de cada propriedade, cuja média foi 33,92%.

3.3.2.2 Fase 02: Aplicabilidade da Agricultura de Precisão na agricultura

As tecnologias da AP chegaram até os produtores rurais entrevistados, primeiramente, pelas empresas terceirizadas que prestam serviços na área, quando em visitas demonstraram as inovações, a maneira de trabalho e as ferramentas a serem utilizadas, oferecendo seus serviços. Em seguida, destacam-se as palestras promovidas por estas mesmas empresas que tentavam trazer a AP à realidade dos agricultores da região. Além das empresas prestadoras de serviços e suas palestras, outros meios de conhecimento da AP foi através da mídia, filhos e amigos que já tinham contato com as novas tecnologias.

Todos os agricultores entrevistados fizeram um único ciclo de AP em sua propriedade, em diferentes anos, sendo que a maioria aplicou a tecnologia em 2010 (9/20) e 2011 (7/20). Destes, nenhum adquiriu o software necessário para a análise e mapeamento das áreas, ou seja, todos os produtores entrevistados contrataram empresas terceirizadas para a análise do solo e mapeamento pela AP, bem como a aplicação dos insumos e/ou fertilizantes para as correções necessárias identificadas através das ferramentas tecnológicas.

A análise dos investimentos necessários por estes agricultores para a implementação do primeiro ciclo de AP, equivalentes aos investimentos iniciais, compreendeu a análise do solo mais a geração e interpretação de mapas e ainda, a aplicação dos insumos pelas empresas terceirizadas e os custos destes insumos. Após a análise dos dados fornecidos pelos 20 agricultores entrevistados em relação aos custos em sua lavoura, antes da cultura da soja (2009 – 2011), estimou-se o custo médio por hectare de cada um dos procedimentos realizados.

O custo médio da análise do solo e geração de mapas ficou em R$ 37,80/ha. O menor valor pago foi de R$ 32,00/ha e o maior valor foi de R$ 48,00/ha. Acredita-se que a diferença entre os valores podem ser referentes à proposta de cada empresa em relação ao número de hectares a ser analisado, bem como em relação ao número de grides de amostragem estimados em cada área. Entre outros fatores, deve-se frisar que as análises foram realizadas nos anos de 2009, 2010 e 2011, dependendo do ano em que o agricultor utilizou as técnicas de AP em sua lavoura, fator que pode influenciar no preço estimado para a tecnologia pelas empresas prestadoras de serviço na região estudada.

Cabe ressaltar que dos 20 agricultores entrevistados, 19 fizeram a aplicação dos insumos com taxa variável, ou seja, deram continuidade ao ciclo de AP. Destes 19 agricultores, três não realizaram a aplicação de insumos com taxa variável em toda a área que foi analisada, mas somente em áreas que mostraram maior variabilidade.

Assim, a média de custos de aplicação e insumos, por hectares, entre os 19 agricultores que realizam os serviços, foi de R$ 637,00/ha, variando de R$ 500,00/há a R$ 933,00/ha. Esta diferença, bem mais significativa, se deve, principalmente, a quantidade de insumos que foi aplicada em cada área, sabendo-se que áreas com maior deficiência necessitam de maiores correções, elevando, consequentemente, os custos do procedimento. Pontua-se que o custo médio somente para a aplicação, cobrado pelas empresas, é em torno de R$ 10,00/ha, estando o restante do valor relacionado aos insumos necessários a cada área analisada. Dessa forma, estima-se que o investimento total com as técnicas de AP relacionado à análise do solo e geração de mapas, mais a aplicação, os insumos, corretivos e fertilizantes,

entre os 19 agricultores, foi em média R$ 675,00/ha, cujo investimento mínimo foi de R$ 538,00/ha e o máximo de R$ 973,00/ha.

A fim de analisar o possível retorno destes investimentos nas propriedades, questionou-se aos agricultores qual é o eventual ganho ou perda, comparado a um ciclo sem as técnicas de AP, sobre a porcentagem de insumos e a porcentagem de produção obtida com a nova tecnologia. Conforme as respostas dos produtores observou-se que um terço deles (6/19) demandou um aumento no uso de insumos, em torno de 5%, neste primeiro ciclo com AP. Outros quatro produtores, relataram um aumento de até 10%. Em contrapartida, diferentemente, cinco produtores reduziram em 10% o uso de insumos e, com redução de 5% há o relato de dois agricultores. Essas discrepâncias observadas entre os agricultores se devem, principalmente, aos níveis de área com maior e/ou menor deficiência em cada propriedade, visto que este é o primeiro ciclo com as técnicas que visam corrigir tais deficiências detectadas pela análise e mapeamento do solo, preparando-o melhor para benefícios futuros, em longo prazo.

Da mesma forma, a partir dos relatos dos produtores, um aumento da produção foi verificado quando comparado a ciclos anteriores sem o uso da AP, em escalas de 5 a 20%. Além disso, alguns agricultores apontaram uma produção semelhante às passadas, ou seja, que apesar da nova tecnologia, não houve aumento da produção. Destaca-se, porém, que a maioria relatou um aumento de 5% (8/19) e 10% (7/19).

3.3.2.3 Fase 03: Identificação do impacto da Agricultura de Precisão na propriedade

Esta fase proposta no questionamento aos agricultores teve por objetivo identificar a percepção do produtor rural frente à AP, antes e após a aplicabilidade das tecnologias em sua propriedade. Assim, elucidou-se que os conhecimentos iniciais sobre a AP foram repassados pelas próprias empresas terceirizadas que transmitiram os benefícios da AP no manejo do solo, na redução de insumos, fertilizantes e agrotóxicos, com consequente aumento de produtividade. Assim, a maioria dos produtores tem como visão inicial de AP um conjunto de ferramentas para o manejo localizado da lavoura. Alguns agricultores, após a utilização de suas ferramentas, acrescentaram a este conceito a visão de gerenciamento da produção agrícola, ampliando assim a maneira de perceber os benefícios desta tecnologia, em expansão, sobressaindo-se aos desafios ainda hoje evidentes.

Na mesma linha de raciocínio, o principal desafio elencado pelos produtores foi o custo da realização do ciclo de AP, imaginando-se que todo o investimento necessário não seria retornado imediatamente. Além disso, destacam-se as dificuldades operacionais e a falta de instrução dos agricultores frente a estas novas tecnologias, pois sem condições de adquirirem um software e saberem operar sozinhos, percebem-se dependentes das empresas terceirizadas, que dominam a técnica e que podem impor o seu preço. O fato de serem resistentes a mudanças, como sendo a AP algo novo, inacessível e ainda inviável, foi declarado por poucos produtores, bem como a falta de consenso e entendimento familiar.

Os agricultores que completaram o ciclo de AP, independente da quantidade de hectares, relatam benefícios em sua propriedade quando comparada com safras passadas sem a tecnologia. Principalmente, destacam um maior desempenho e melhor potencial produtivo, seguido de alguns produtores que já visualizam a menor aplicação de corretivos, fertilizantes e defensivos nos próximos ciclos.

4 ANÁLISE DO IMPACTO DAS TECNOLOGIAS E FERRAMENTAS DE