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CAPÍTULO 4: Pesquisa de campo

4.4 Análise e Tabulação dos dados

Esta etapa do projeto se constituiu em uma das mais importantes. Exaustiva e demorada, todos os depoimentos passaram por um processo de análise através da leitura das transcrições e/ou da escuta dos áudios originais e sua subsequente tabulação. Gil (2008: 175), ao se referir à análise e à interpretação dos dados, diz que as duas etapas, apesar de distintas, estão muito relacionadas. A análise tem a função de organizar os dados, planificando-os na medida em que possibilitem fornecerem respostas. A interpretação, por sua vez, dá sentido aos dados através da ligação dos mesmos com outros conhecimentos.

Outros importantes autores que escreveram sobre Pesquisa Qualitativa, Miles e Huberman, consideram três etapas muito importantes na análise e interpretação dos dados – a saber, a redução, a apresentação e a conclusão/verificação:

A redução dos dados consiste no processo de seleção e posterior simplificação dos dados que aparecem nas notas redigidas no trabalho de campo. Esta etapa envolve a seleção, a focalização, a simplificação, a abstração e a transformação dos dados originais em sumários organizados de acordo com os temas ou padrões definidos nos objetivos originais da pesquisa. Esta redução, embora corresponda ao início do processo analítico, contínua ocorrendo até a redação do relatório final. Nesta etapa é importante tomar decisões acerca da maneira como codificar as categorias, agrupá-las e organizá-las para que as conclusões se tornem razoavelmente construídas e verificáveis.

A apresentação consiste na organização dos dados selecionados de forma a possibilitar a análise sistemática das semelhanças e diferenças e seu inter-relacionamento. Esta apresentação pode ser constituída por textos, diagramas, mapas ou matrizes que permitam uma nova maneira de organizar e analisar as informações. Nesta etapa geralmente são definidas outras categorias de análise que vão além daquelas descobertas na etapa de redução dos dados

A terceira etapa é constituída pela conclusão/verificação. A elaboração da conclusão requer uma revisão para considerar o significado dos dados, suas regularidades, padrões e explicações. A verificação, intimamente relacionada à elaboração da conclusão, requer a revisão dos dados tantas vezes quantas forem necessárias para verificar as conclusões emergentes. Os significados derivados dos dados precisam ser testados quanto à sua validade. Cabe considerar, no entanto, que o conceito de validade é diferente do adotado no contexto

das pesquisas quantitativas, que se refere à capacidade de um instrumento para medir, de fato, aquilo que se propõe a medir. Aqui validade significa que as conclusões obtidas dos dados são dignas de crédito, defensáveis, garantidas e capazes de suportar explicações alternativas. (MILES; HUBERMAN apud GIL, 2008: 195)

Tomando como referência o exposto acima, foram adotados os seguintes procedimentos para a redução e apresentação dos dados e posterior conclusão. São eles:

a) Ficha catalográfica (TABELA 1) (ver APÊNDICE 3) – nela foi estabelecida quais

seriam as informações de identificação necessárias para que as entrevistas fossem utilizadas na análise e arquivadas corretamente, prevendo a necessidade de retomar a própria análise ou serem utilizadas em desdobramentos futuros desta pesquisa, como demonstra o modelo a seguir:

TABELA 1: Modelo de ficha catalográfica. PROJETO

NOME DO ENTREVISTADO

Em português No idioma indígena

Idade Jovem Meia idade Idoso

ENTREVISTA

Local da

entrevista Código

Data da entrevista Tempo

Tradutor

Arquivamento Arquivo de áudio Transcrição digital

RESUMO

PALVRAS-CHAVE

b) Ficha de transcrição (TABELA 2) (ver APÊNDICE 5) – ficha utilizada em

associação à ficha catalográfica, corresponde à transcrição das falas. Para tanto, foi levada em consideração a opinião de Freitas (2008: 119) que, ao se referir ao uso da voz, afirma: “além de ser a voz um componente importante para análise, toda entrevista de História Oral pode também ser analisada pelo discurso e pelo conteúdo por elas apresentados”. O autor complementa o raciocínio apontando que os indivíduos são responsáveis por reconstruir o passado, e que, em entrevistas, cada depoente possui uma maneira diferente de se expressar, podendo haver falas mais articuladas que outras, discursos mais diretos e objetivos que outros.

Partindo de tais colocações,as transcrições foram realizadas dentro da maior fidelidade possível na tentativa de manter as características originais da fala do tradutor, assim como destacar a fluência nos momentos temporais relacionados às falas originais dos entrevistados. Freitas (2008: 120) nos lembra que “sendo a memória uma faculdade do ser humano, ela não é imune a conflitos, contradições e frustrações percebidas nas falas. As narrativas são coerentes com suas próprias realidades, com suas próprias vidas”. Isso, de certa maneira, ratifica a necessidade de respeito às falas nas transcrições. No entanto, pelo fato dos depoimentos terem exigido a presença de um tradutor, coube ao pesquisador, por ter conduzido todo o processo de coleta de dados, identificar o que é ou não um processo interpretativo do próprio tradutor diante do depoimento original.

Esta etapa do projeto, de maneira ampla, busca dar sentido aos dados coletados dentro da perspectiva da proposta. Os dados da pesquisa são as falas no seu sentido mais original, mas a análise deve ir muito além da fidedigna transcrição ou audição dos dados, ou seja, deve identificar o conteúdo temático para que possa ser interpretado dentro dos objetivos da pesquisa. Bauer e Gaskell afirmam que:

No processo de ler e reler, as técnicas tradicionais empregadas, em geral com o lápis ou outros recursos simples (canetas que realcem o texto), incluem: marcar e realçar, acrescentando notas e comentários ao texto, cortar e colar, identificação da concordância no contexto de certas palavras, forma ou representação gráfica dos assuntos, fichas de anotações ou fichários de notas, e finalmente análise temática. Ao ler as transcrições, são relembrados aspectos da entrevista que vão além das palavras e o pesquisador quase que revive a entrevista. Esta é uma parte essencial do processo e é por isso

que é muito difícil analisar entrevistas feitas por outras pessoas. (BAUER; GASKELL, 2002: 85)

Partindo destas considerações, foi desenvolvida uma tabela que permitisse a leitura objetiva de cada depoimento e que contivesse dados de identificação definidos na Ficha Catalográfica (TABELA 1) como forma de facilitar o acesso aos dados primários.

TABELA 2: Modelo de ficha de transcrição. FICHA DE TRANCRIÇÃO

Projeto

Código Data

Tradutor Transcritor

Legendas P – pesquisador T- tradutor E - entrevistado

FONTE: Arquivo do autor, 2017.

c) Planilha de redução – com o objetivo de organizar, facilitando apresentação,

categorização e leitura da redução de conteúdo, foi criada uma planilha a partir de alguns itens que o pesquisador julgou importantes, como mostram a TABELA 3 e a TABELA 4 (ver APÊNDICE 5 e 6). Nestas tabelas o pesquisador fez registros referentes à sua percepção frente ao depoimento e sua transcrição, extraindo, desta forma, uma análise em primeira instância que subsidiou a conclusão apresentada no próximo capítulo.

TABELA 3: Tabela de redução de conteúdo 1ª etapa da pesquisa de campo.

FONTE: Arquivo do autor, 2017.

TABELA 4: Tabela de redução de conteúdo - 2ª etapa da pesquisa de campo.

FONTE: Arquivo do autor, 2017. Entrevista Faixa Etária Temas

principais

1ª Etapa da pesquisa

Tempo de entrevista Abordagem temática

pelo entrevistado Observações do pesquisador Interferência do Tradutor

Entrevista Faixa Etária Temas principais

2ª Etapa da pesquisa

Tempo de entrevista Abordagem temática

No decorrer deste trabalho, algumas palavras-chave conquistaram destaque no contexto proposto. Contexto, este, que se organizou em função da evolução natural que o processo de estudo estabeleceu. Tratar de memória, consciência, imagem técnica, oralidade, imaginação e construção histórica se tornou o foco do estudo bibliográfico, mas também transcendeu a teoria e possibilitou maior entendimento, a partir das ações de campo, da relação homem- fotografia. A compreensão, mesmo que dentro de um viés muito pontual, de como se dá a influência da imagem técnica, a fotografia, no processo de construção histórica de povos semi-isolados, foi a síntese maioralcançada, e que abre espaço para novos estudos teóricos correlacionados.

A conclusão aqui apresentada se desenvolve como uma tentativa de responder aos questionamentos que surgiram em forma de hipóteses, no início do processo de pesquisa, e que cabem, aqui, serem relembradas: (1) populações que historicamente utilizaram a oralidade como base de sua transmissão cultural passaram, a partir de um determinado momento, a fazer uso da fotografia como referência para o estabelecimento de sua memória histórica, mesmo que não estejam familiarizados com os aspectos técnicos, plásticos e artísticos intrínsecos às imagens técnicas bidimensionais em detrimento da oralidade tradicionalmente estabelecida; (2) a fotografia assumiu posição definitiva e influenciadora como referencial na memória histórica dos povos semi-isolados com a inclusão de aspectos culturais provenientes da cultura do “homem branco" e que não encontram sustentação na história cultural destes povos; e (3) é possível que povos semi-isolados produzam suas referências histórico-culturais iconográficas a partir de suas próprias percepções, considerando ao máximo a influência de seus hábitos cotidianos e das representatividades e significados culturais minimizando o impacto de aspectos estéticos advindos da cultura do “homem branco”.

Antes mesmo de falar de possíveis confirmações das referidas hipóteses, precisamos nos remeter a uma reflexão sobre a compreensão do

conjunto das palavras-chave que aqui foram apontadas. Ficou bastante evidente que grandes autores ao longo da história (principalmente nos dois últimos séculos) produziram uma vasta teoria sobre a compreensão destas relações. Não restam dúvidas de que o pensamento humano, no que se refere à memória, traz na sua essência a relação com a imagem, e que esta imagem tem no processo de abstração sua maior referência. Quando me refiro à abstração, quero dizer que o homem consegue, a partir de atributos da realidade, alhear-se do tempo presente através da imaginação.

Ficou bastante evidente, também, que teóricos acreditaram e evoluíram na compreensão de que tais imagens são capazes de transportar o homem através do seu processo de imaginação a uma espécie de transcendência temporal, reconstruindo ou projetando situações que lhes são únicas e que já não correspondem à condição de existência. O que existe, neste momento, é apenas o pensamento em forma de memória passada ou projetada.

Mas afinal, é o pensamento que gera imagens se traduzindo em memória ou é a memória que passa a existir a partir de imagens que, de alguma forma, se armazenam na condição física do homem? De minha parte, não sei se para esta pergunta existirão respostas absolutas e tão pouco esta é a pretensão deste trabalho. No entanto, é fundamental compreender que a tomada de consciência do tempo presente é o elemento impulsionador do processo imaginativo que transporta o homem para sua metaexistência. Uma existência que o faz se perceber como parte de um passado, existindo no presente e se projetando no inexistente.

Esta tomada de consciência existencial se assemelha à condição física da formação da imagem. Analogicamente, ter memória é como visualmente perceber o mundo exterior, pois há sempre uma relação de sobreposição de imagens que nos dá a ideia de continuidade e de realidade, nos permitindo a perfeita noção de espaço-tempo, a consciência de existir. Se aceitarmos que o estado de consciência é o resultado da ação dos corpos externos sobre o homem,

podemos também aceitar que a memória é a ação das imagens internas agindo como pensamento. Portanto, o ser humano, enquanto corpo físico, assume o papel de mediador de duas dimensões intangíveis que coexistem numa relação de interdependência.

Já vimos que a forma mais intrínseca do homem manifestar o pensamento é a oralidade, estando todas as outras formas possíveis de externalização do pensamento, de alguma maneira, associadas ao uso de alguma técnica desenvolvida pelo próprio homem. A exemplo disso podemos citar as representações imagéticas de forma geral e, talvez, a mais importante de todas, a escrita, que dominou a forma de expressão do pensamento por muito tempo. Neste sentido, o surgimento da imagem técnica, há quase dois séculos, vem revolucionando de maneira definitiva a forma do homem se expressar, e vivemos um momento em que texto e imagem coexistem e se equilibram em valores conceituais.

Assistimos o despertar de um tempo em que pensar se traduz literalmente em imaginação, ou seja, pensar como ação de produzir imagens, renegando, de forma cabal, o status da oralidade e da escrita como principais formas de manifesto do próprio pensamento. O homem vem criando padrões visuais e passando a agir como dependente da sua própria criação e, como resultado disso, condiciona sua forma de agir, desprezando, em parte, a essência abstrata do seu pensamento. Dentro deste prisma se reduzem as relações criativas da imaginação, e a memória passa a ser condicionada.

Não há dúvidas de que as novas tecnologias estão permitindo avanços significativos em muitas áreas do conhecimento humano. No entanto, fica evidente que o seu impacto em sociedades não industriais, que vivem ao longo dos tempos um forçado processo de aculturação, é traumático por não respeitar o desenvolvimento natural do seu modo de vida. Mais pontualmente, as sociedades que vivem dentro da escala de semi-isolamento, cujo processo cultural está

fundamentado na oralidade, estão sendo induzidos ao uso de tecnologias que acabam ressignificando seus mitos e toda a cultura que deles é resultante.

A oralidade que, como vimos antes, é a forma intrínseca de manifesto da consciência, nestes povos está sendo violentada por ferramentas tecnológicas desenvolvidas por outras culturas, sem que lhes seja permitido o caminho natural da articulação e da externalização do pensamento. Pior ainda, isso está acontecendo de maneira despreocupada com os impactos que agem negativamente sobre os processos criativos da memória, tão fundamentais para o estabelecimento de uma lógica história.

Talvez o melhor exemplo deste impacto seja o caso do jovem índio Kuikuro apresentado no Capítulo 4 (que trata da pesquisa de campo, no item “Observações de Campo”), onde ele deixa claro que não importa o que é feito com a imagem que a câmera captura. Ele não tem consciência da efemeridade da imagem técnica que seu ato de observação produz. O que importa não é mais o olhar humano sobre sua própria vivência cultural, sobre a cultura étnica, o seu olhar agora é bidimensional não lhe permitindo ter consciência do seu espaço-tempo, ou seja, consciência de quem ele é enquanto parte de uma cultura coletiva. Para ele, o registro automático da tecnologia substitui o que sua memória cultural pouco alcançará, a tridimensionalidade contida na visão, e que só é possível a partir do processo natural vivenciado pelo próprio homem. A tecnologia se tornou mediadora da relação entre o homem e o mundo real.

Outro exemplo significativo deste impacto cultural e do despreparo destes povos em lidar com a imagem técnica é o relato do cacique, também da etnia Kuikuro (apresentado no mesmo capítulo e item citados acima). Ele acreditou ter recuperado de maneira absoluta a imagem do pai ao receber o pôster do expositor na feira de rua. Seu desconhecimento sobre a dimensão de reprodutibilidade da imagem técnica o faz acreditar que, ao receber tal imagem, estaria reservando para si a memória de seu pai. Memória, esta, que não pertence

mais à liberdade de abstração de seu processo imaginativo e que está, desta forma, definitivamente aprisionada na bidimensionalidade da imagem técnica.

Outras duas situações foram identificadas em campo e que, de certa forma, ratificam esta relação de dependência que está sendo posta. É o caso representado na FIGURA 13, em que o mesmo jovem índio Kuikuro, citado anteriormente, busca uma referência na internet para fazer uma pintura corporal definitiva de um cacique. A forma que ele relata o fato de que a referência encontrada foi identificada pelo seu pai como sendo um retrato dele mesmo demonstra que a temática se mantém cultural, mas a percepção, além de dificultar a identificação da pessoa que foi usada como referência – pois possivelmente a tatuagem foi realizada a partir de uma foto realizada por outra pessoa que não se relaciona tão diretamente com a cultura –, transita por imagens de no mínimo quatro estágios representativos. Isso significa que a imagem cultural vivenciada foi vista por um fotógrafo, que a reproduziu em algum suporte (físico ou digital), que foi reinterpretada por um tatuador que registrou sua arte e a fotografou novamente para postar na internet e, finalmente, foi percebida pelo jovem índio.

Esta situação se torna muito emblemática, se for considerada a circunstância em que foi narrada, dentro de uma oca e a partir de um iPad, um dos maiores símbolos da atual fase da tecnologia digital, estando, a pessoa retratada, presente fisicamente no ato da narrativa. Esta narrativa ratifica e amplia a compreensão do que foi colocado no parágrafo anterior, ou seja, a tecnologia como intermediária do processo de consciência das coisas; só que, neste caso, não mais intermediando o olhar de quem observa, mas distanciando o ser da compreensão de sua própria existência.

A questão se concentra não na análise positiva ou negativa para a cultura indígena, mas no distanciamento definitivo que as novas tecnologias estão produzindo, fazendo com que protagonistas da própria cultura estejam agindo separadamente como observadores e como agentes, como se fossem estados desassociáveis. A pesquisa deixou claro que a memória se faz da experimentação,

da própria vivência, e que quanto menos interferência houver no processo de lembrança, mas expressiva ela se torna. Situações como estas, que começam a se tornar presentes no cotidiano social de povos semi-isolados, criam uma nova concepção de memória histórica em detrimento notório dos processos naturais de sua construção.

Nas FIGURAS 8, 9, 10 e 11, observa-se outra forma de relação cotidiana e influenciadora da imagem técnica, os varais e painéis fotográficos encontrados dentro de algumas ocas. São fotografias familiares que se reportam pouco ao tema cultural em si, e mais às imagens das pessoas retratadas. Na maioria delas não foi observada a existência de uma narrativa de contexto cultural e nitidamente se reportam, no máximo, a duas gerações, ou três, se consideramos as crianças eventualmente nelas retratadas. Esta é uma situação de convívio cotidiano para as novas gerações que assistem inocentemente uma substituição de processo narrativo sobre o qual estão impossibilitadas de agir, exatamente pela falta de consciência cultural. Não há dúvida sobre o valor documental que estas imagens poderão assumir com o passar do tempo, e é inquestionável o seu papel condicionador da memória individual e coletiva.

Retomando a questão das hipóteses elencadas no início da pesquisa, observa-se que os relatos apresentados e analisados ratificam, de certa maneira, a primeira e a segunda hipótese. A fotografia está assumindo, sim, uma posição influenciadora definitiva no processo na construção histórica, pois, como vimos, aos poucos assume o lugar do pensamento criativo e, mais do que isso, substitui os meios naturais de observar e vivenciar a própria cultura.

Cabe aqui observar que estas análises se fazem a partir da proposta desta pesquisa, que possui no semi-isolamento seu atributo maior, e não considera objetivamente o uso das redes sociais, por exemplo, como objeto pesquisado, fato este que, dentro desta outra perspectiva, ampliaria significativamente as possibilidades interpretativas.

No entanto, como forma de buscar respostas que sustentem mais fidedignamente as hipóteses deste projeto, foi realizada a pesquisa de campo que, em sua análise, apontou alguns caminhos, mas todos convergindo para um só entendimento: o caráter definitivo assumido pela imagem técnica no processo de memória histórica dos povos semi-isolados.

A pesquisa vislumbrou algumas possibilidades interpretativas, com destaque para duas delas: (1) A relação da memória espontânea com o processo natural de oralidade se apresentou bastante fluido, mas diferenciado quando visto a partir de experiências vividas; (2) a relação da memória quando estimulada por imagens fotográficas acabou por se mostrar diferenciada na sua forma de expor, mas semelhante ao processo oral quando também é relacionada com experiências vividas.

Ao analisar a primeira etapa de entrevistas, ficou evidente que a memória se dá de maneira diferente quando se considera a cronologia dos fatos, ou seja, a memória das pessoas mais jovens (até 30 anos) possui a síntese e a objetividade nos relatos, pois não está relacionada com a experiência mais intensa dos aspectos culturais. Todos os jovens que trataram de assuntos aleatórios, mas

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