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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.4 Análise Geral da Obra

Ao analisar a planilha de registro orçamentária da obra, pôde-se elaborar um gráfico de distribuição de recursos conforme o Apêndice A. Uma miniatura desse apêndice está ilustrada na Gráfico 2.

Fonte: O autor.

Por meio da distribuição orçamentária mensal é possível notar três pontos fundamentais:

a) Uma distribuição estatística anormal (comum de gráficos orçamentários);

b) Um pico de demanda por recursos financeiros repentino e não programado (fato confirmado por relatos do Diretor);

c) Um período de duração de mais de 150% do tempo projetado – tempo levantado pelo Diretor com base em sua experiência em obras desse porte.

Ao examinar esse pico ocorrido em março de 2017, notaram-se pagamentos de valores altos em concretagem, taxas destinadas à Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) e pintura. Demais custos menores, mas expressivos, mostraram-se dentro do padrão mensal, dentre eles: mão de obra, esquadrias, janelas e materiais elétricos.

Em entrevista ao Diretor, ele se recordou com muita facilidade desse período de 2017 como um período difícil. Contou sobre as dificuldades orçamentárias, sobre

ter visitado a obra para averiguar qualquer anormalidade e sua constatação foi: “Eu poderia ter alinhado melhor as atividades desse trimestre com a equipe de obra para distribuir esse gasto melhor no decorrer dos meses anteriores e posteriores. A PMSP não me deu alternativas, mas relativo ao calendário de atividades dava para eu ter feito diferente”.

Indagado em “como poderia ter sido diferente” ele respondeu dizendo que a pintura por exemplo poderia ter sido feita por partes. A fachada externa deveria sim ter sido executada de uma só vez, é um trabalho que demanda um início, meio e fim, sem pausas, mesmo lote de tintas e géis para obter pigmento uniforme e equivalente na textura. Mas a pintura interna de todas as unidades poderia ter sido dividida.

Ao avaliar a questão da concretagem, ele conversou com o Arquiteto responsável e concluíram que daria para ter sido agendada para meses anteriores em que o orçamento estava um pouco menos apertado ou mesmo aguardado um pouco mais. Ao final foi observado por ele mesmo o fato de não ter questionado a equipe de execução, quando deu por si, já havia agendamentos de pagamentos em valores inesperados.

Outra análise feita na obra foi o percentual de gastos por categoria.

Fonte: O autor.

Com base no Quadro 3, pôde-se analisar juntamente com o Diretor a veracidade desses dados. O que chamou a atenção foi o valor de mão de obra, segundo ele, não esperava ter ultrapassado os R$ 300.000,00. Foi então mostrado a ele a distribuição cronológica dos registros desses pagamentos (Apêndice B).

Foi dado validade a esses registros, mas foi salientado por toda a equipe no decorrer das coletas e das análises muitas lembranças e registros informais de dados não inclusos no servidor. Questionada a razão, foram apontadas possíveis causas como erros nos lançamentos e perda de informações, caracterizando desperdícios de movimento.

Categoria dos custos Custos Porcentagem Materiais básicos alvenaria R$ 731.158,78 61,48865%

Mão de obra em geral R$ 397.189,00 33,40262% Custos documentais e burocráticos R$ 56.286,82 4,73358%

Contas de água, Luz R$ 2.069,69 0,17406% Terraplanagem - Entulho R$ 1.850,00 0,15558% Locação de Eguipamentos R$ 541,19 0,04551%

TOTAL R$ 1.189.095,48 100%

Categoria dos custos Custos Porcentagem Materiais básicos alvenaria R$ 731.158,78 61,49%

Mão de obra em geral R$ 397.189,00 33,40% Custos documentais e burocráticos R$ 56.286,82 4,73%

Contas de água, Luz R$ 2.069,69 0,17% Terraplanagem - Entulho R$ 1.850,00 0,16% Locação de Eguipamentos R$ 541,19 0,05%

TOTAL R$ 1.189.095,48 100%

Categoria dos custos Custos Porcentagem Materiais básicos alvenaria R$ 731.158,78 61,49%

Mão de obra em geral R$ 397.189,00 33,40% Custos documentais e burocráticos R$ 56.286,82 4,73%

Contas de água, Luz R$ 2.069,69 0,17% Terraplanagem - Entulho R$ 1.850,00 0,16% Locação de Eguipamentos R$ 541,19 0,05%

TOTAL R$ 1.189.095,48 100%

Pela maior porcentagem de gastos foram levantados os maiores montantes pagos em material e suas datas de pagamentos (por motivos de sigilo, os fornecedores foram apagados).

Fonte: O autor.

DAT A CÓD. MAT Material VALOR DO MAT ERIAL

25/04/2016 20 BLOCOS R$ 19.994,40 19/05/2016 20 BLOCOS R$ 15.835,00 23/03/2016 20 BLOCOS R$ 14.813,00 21/06/2016 20 BLOCOS R$ 7.967,00 06/09/2016 20 BLOCOS R$ 4.621,50 16/08/2016 20 BLOCOS R$ 3.880,00 05/08/2016 20 BLOCOS R$ 3.738,00 16/08/2016 20 BLOCOS R$ 3.738,00 06/09/2016 20 BLOCOS R$ 1.680,00 22/08/2017 20 BLOCOS R$ 1.116,00 11/12/2015 20 BLOCOS R$ 1.100,00 15/12/2015 20 BLOCOS R$ 1.100,00 07/01/2017 20 BLOCOS R$ 890,00 09/01/2017 20 BLOCOS R$ 890,00 22/08/2017 20 BLOCOS R$ 400,00 11/03/2016 20 Concreto R$ 18.880,00 11/12/2015 20 Concreto R$ 18.240,00 15/12/2015 20 Concreto R$ 16.900,00 17/03/2017 20 Concreto R$ 14.688,00 28/09/2015 20 Concreto R$ 11.400,00

04/04/2017 20 Polimento do concreto da garagem R$ 2.700,00

08/03/2017 20 Concreto R$ 12.926,00

11/12/2015 20 Ferragens R$ 15.400,00

13/10/2015 20 Arame, coluna, prego, sapata, vigas R$ 13.441,46 09/09/2015 20 20Kg Arame + 30 coluna + 120 diverso + 30 sapata + 5 viga +

3 viga + 6 viga R$ 12.642,61 05/12/2016 20 T abua, pontalete,sarrafs, prego, arame, madeirite R$ 12.076,90

11/01/2016 20 Viga, Arames R$ 11.225,00

09/03/2016 20 Ferragens R$ 5.500,00

18/03/2016 20 Ferragens venc.08/04/16 R$ 2.600,00

05/12/2016 20 T abua, pontalete,sarrafs, prego, arame, madeirite R$ 1.800,00 09/01/2017 20 Vergalhão CA60 + Vergalhão CA50+ Arame R$ 500,00

26/04/2016 20 Prego/Arame R$ 286,00

17/05/2016 20 Prego/Arame R$ 219,00

18/08/2016 20 Arame recozido torcido 1 kg R$ 140,00

03/11/2017 20 Arame galv. Disco corte R$ 74,80

04/03/2016 20 Arame recozido R$ 58,50

18/07/2016 20 Arame recozido 18 torcido R$ 55,00

15/06/2016 20 Arame Rec torcido 18 ind VD R$ 49,60

17/08/2016 20 Diesel/ MB levar arame R$ 20,00

04/01/2017 20 Arame Recozido liso R$ 20,00

09/01/2017 20 Arame Recozido liso R$ 20,00

28/11/2017 20 Arame Galvanizado 18 R$ 18,00 21/03/2016 20 Arame recozido TO TAL GERAL R$ 253.643,77 BLOCOS R$ 81.762,90 CONCRET O R$ 95.734,00 FERRAGENS R$ 76.146,87

Essas análises em cima dos maiores valores seguem uma das teorias do Lean chamada de teoria oitenta-vinte. Pode-se resolver em torno de 80% dos problemas analisando e tratando cerca de 20% das causas raízes. Essa teoria é altamente adaptável e possui suas peculiaridades dentro de cada área de conhecimento, seu ponto central é atacar os problemas e analisar os dados coletados sempre partindo dos números mais expressivos.

O Quadro 04 mostra um lançamento vazio em arame recozido em uma das últimas linhas, fato observado aleatoriamente dentre mais de 800 lançamentos diferentes e comprovando a suspeita da equipe quanto a perda de informações.

Com base no total dos materiais de maior custo, é possível fazer um exercício: caso as quantidades totais desses materiais tivessem sido previstas desde o início da obra pelo plano mestre, poder-se-ia efetuar um pedido único para cada um desses grupos.

Ao considerar uma empresa multinacional, fornecedora de grandes quantidades, por exemplo de aços longos, cujos preços chegam a alcançar até 65% de fornecedores menores, teria sido possível uma economia em torno de R$ 26.000,00 apenas em aços de fundação e arames. Se projetada similar oportunidade para o total de R$ 253.000,00, mostrados no Quadro 04, o desperdício evitado teria sido na casa dos R$ 75.000,00. Isso equivaleria a mais de 10% dos materiais totais registrados como compra e 6,3% do custo total da obra.

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