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PARTE 3 DO TRABALHO DE CAMPO ÀS SÍNTESES FINAIS

VIII. DO TRABALHO DE CAMPO À VALIDAÇÃO E ANÁLISE DA

VIII.2. A análise da informação validada

Critérios para a categorização de registos

A categorização dos registos consiste na sua distribuição pelos ‘aspetos a explorar’ de cada dimensão. A categorização dos registos das entrevistas validados e dos excertos dos documentos selecionados pelos ‘aspetos a explorar’ obedeceu a critérios que se prendem com o seu conteúdo específico e com o tempo a que se reportam. Contudo, na maioria das situações, procurámos valorizar o significado de cada registo para não o circunscrever a um único aspeto de uma mesma dimensão sempre que o seu significado denotasse a sua aplicabilidade a mais do que um. Com reduzida frequência, vamos também encontrar registos passíveis de ser aplicados a mais do que uma dimensão.

a. Registos das entrevistas

• Os painéis das entrevistas estavam mais orientados para uma dimensão - Antecedentes e primórdios ou Construído - estando a dimensão de Produzido diluída em ambos. Às três dimensões iniciais acresceu a relação da Direção com a equipa de autoavaliação. Para além dos questionários produzidos para este efeito, foi utilizada informação dos restantes painéis sobre esta matéria. O painel da Direção prestou informação transversal a todas as dimensões;

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• As notas das entrevistas foram organizadas em unidades semânticas produzidas por cada inquirido e focalizadas num determinado assunto, aqui designados por registos. Nalgumas situações, o mesmo registo acabou dividido por diferentes categorias, quando se constatou que englobava em si diversos conteúdos.

• Os registos foram submetidos à validação dos interlocutores, após o que foi iniciada a sua categorização por cada escola estudada. (Anexo VI)

• Sempre que relevante, os registos foram categorizados em diversos aspetos de uma mesma dimensão. (Por exemplo o registo - Houve algum receio aquando da aplicação dos inquéritos – referente à primeira dimensão da autoavaliação da escola (Antecedentes e primórdios da autoavaliação) - foi categorizada em dois aspetos: A. Primórdios da atividade avaliativa e B. Comunidade Escolar, pois também estamos a falar da reação desta comunidade à aplicação de inquéritos para a autoavaliação)

• Mais rara foi a inclusão de um mesmo registo em diversos ‘aspetos a explorar’, mas em duas dimensões. Tal sucede maioritariamente entre as dimensões Construído e Produzido. Por exemplo, o registo - Existem vários documentos de planeamento da avaliação – foi categorizado em Construído nos aspetos ‘A visão sobre avaliação’, porque denota a existência de uma estratégia de avaliação; e ‘Contexto do Desenvolvimento’, pois a autoavaliação da escola desenvolve-se em função desse planeamento. Todavia, este registo foi passível de ser considerado na dimensão Produzido, pois tais documentos são Sinais da atividade avaliativa para o exterior; Institucionalização, porque são produzidos num contexto institucional e de reconhecimento pelos decisores da escola; e Aprendizagem Organizacional, sendo esta categorização algo especulativa e apenas sinónimo que a sua produção mobiliza aprendizagens, ao mesmo tempo que potencia dinâmicas de aprendizagem organizacional.

• Na base para tratamento e análise de registos de entrevistas, cada categorização de um mesmo registo foi numerada – 1. / 2. / 3… - pelo que se facilitou a contabilização dos aspetos para os quais foi o registo considerado relevante. • As observações constituem reflexões sobre os registos de entrevistas anotadas na

fase de categorização. São reflexões sobre os mesmos, e referem-se a notas pessoais que ajudaram a recordar uma particularidade do caso observado. Tal

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nota foi tida em conta durante a análise da totalidade da informação recolhida e, por vezes, foi utilizada na Síntese Interpretativa (Por exemplo Houve uma procura de envolver toda a escola na discussão (aprendizagem) dos resultados.)

b. Registos da análise documental, dos documentos trabalhados em detalhe

• As categorias utilizadas – os aspetos a explorar em cada dimensão do modelo de análise são as mesmas que foram utilizadas para a categorização dos registos das entrevistas.

• Os documentos foram analisados individualmente e por escola, tendo sido direcionados para dois blocos: Antecedentes e primórdios da autoavaliação e Construído/Produzido. (Anexo VII)

• Os documentos produzidos até à data reconhecida como sendo o início do desenvolvimento das práticas de autoavaliação correntes na escola, tiveram os seus registos ou outros elementos categorizados na primeira dimensão – Antecedentes e primórdios da autoavaliação;

• Os registos documentais são fragmentos extraídos dos documentos considerados relevantes para o estudo e para os aspetos a explorar constantes no modelo de análise;

• Situações houve em que o registo consiste não num fragmento do texto, mas numa referência a um documento produzido, título, data ou imagem, dada a sua relevância para a compreensão de um determinado aspeto;

• Procurámos categorizar os registos apenas numa dimensão, ainda que, frequentemente, em vários aspetos;

• À semelhança dos registos das entrevistas, a categorização dos documentos foi numerada por ordem crescente – 1. / 2. / 3… – o que facilita a identificação do número de aspetos para o qual foi considerado relevante; • Os comentários que na fase da categorização foram adicionados a cada

registo explicam o porquê da sua seleção e a sua relevância para os aspetos a explorar. Por exemplo, na análise de um Relatório de Avaliação do Projeto Educativo de Escola no triénio 2008/09 a 2010/11, para o registo - Todos os

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dados aqui tratados e analisados foram recolhidos em toda a mais diversificada documentação que se encontra indicada no documento, por isso manifestamos desde já a nossa maior convicção na fiabilidade dos dados recolhidos – foi efetuado o seguinte comentário - A avaliação do PEE teve por base a análise documental.

Análise da informação recolhida e dos episódios críticos

A recolha da informação em função das dimensões da construção e desenvolvimento do dispositivo de avaliação, à luz de um quadro conceptual que emerge da análise da literatura, visou atribuir um significado a tal informação – “Quando está realizando análises, o investigador procura gerar compreensão e significado dos resultados da investigação” lxxxi (Carey, 2011, p. 155)

A análise da informação recolhida está alinhada com a estrutura do modelo de análise – Antecedentes e primórdios (induzido) / Construído / Produzido – e procurámos com essa informação construir narrativas que evidenciem o contributo de cada aspeto para a sustentabilidade da autoavaliação nas escolas estudadas. O objetivo foi o de reunir, em cada uma, informação suficiente para dar resposta às questões de investigação e ulteriormente confrontá-las entre si. A sustentabilidade da autoavaliação foi estudada em cada escola individualmente, recorrendo-se ao mesmo modelo de análise.

Para tratamento e interpretação dos registos, foi construído um quadro categorizado da informação mais relevante para cada área do modelo de análise aprofundada.

O produto da análise foram as três narrativas produzidas e apresentadas no Capítulo IX. É sobre estas narrativas que as sínteses interpretativas incidiram. Dos registos sobre os principais constrangimentos ultrapassados (episódios críticos) foram extraídos elementos a para uma estrutura que visou simplificar a sua apresentação: dimensão da construção do dispositivo de autoavaliação em que ocorreu o episódio crítico, área ameaçada, tipo de solução encontrada, elementos da comunidade escolar envolvidos.

Num contexto onde múltiplos inibidores têm condicionado o desenvolvimento de dispositivos de avaliação ou, de algum modo, condicionado a sua continuidade, esperávamos que as escolas onde a investigação se realizou tivessem elas próprias

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vivido episódios críticos que constituíssem uma ameaça à continuidade das práticas de autoavaliação.

Para que estas escolas tenham hoje o que designamos por práticas duráveis de autoavaliação, significa que souberam superar tais inibidores, protegendo e valorizando a autoavaliação face às contrariedades que surgiram. Pareceu-nos importante conhecer o modo como foram ultrapassadas tais adversidades. Tais superações constituíram provas de resistência e mesmo de visão estratégica.

Para o efeito, analisámos os registos das entrevistas e recolhemos o conteúdo daquelas que pudessem narrar, de um modo estruturado, o episódio e a forma como foi ultrapassado. Para cada unidade de análise selecionámos dois episódios críticos, que também serão objeto de interpretação.

Vimos que

• A análise consistiu no tratamento da informação recolhida em função do modelo de análise, entendido como uma estrutura aberta;

• Foram concebidos instrumentos que facilitaram a organização, categorização e ulterior interpretação da informação, abrindo caminho para as sínteses interpretativas;

• As análises organizaram-se por dimensões e aspetos a explorar e estão redigidas de forma a responder ao questionamento base de cada aspeto.

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