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MODELO GESTÃO ORGANIZACIONAL Taylorista/Burocrático Participativo

4.3.4. Análise das Informações

Como na etapa de coleta de dados, a análise das informações também foi realizada de acordo com o tipo de dado gerado pelos instrumentos de pesquisa.

Assim, os conteúdos obtidos por meio das entrevistas gravadas foram, primeiramente, transcritos na íntegra. Em seguida, procedeu-se uma leitura cuidadosa de todo o material. Após a leitura, separaram-se os conteúdos evocados que respondiam de forma mais direta a pergunta inicial da entrevista e que definiam as características de uma organização inovadora. Tais conteúdos foram agrupados em torno de grandes temas ou categorias tais como “ênfase em pessoas”, “processos internos”, “liderança”, etc. Em cada categoria definida procurou-se também identificar a existência de subcategorias que pudessem de alguma forma especificar mais o entendimento do que é uma organização inovadora. O processo de análise de conteúdo foi realizado considerando os contextos estudados, ou seja,

todos os conteúdos originados dos gestores inseridos no contexto muito inovador foram analisados separados dos conteúdos do contexto pouco inovador.

Coerentemente com uma análise de natureza mais qualitativa, nenhum conteúdo foi desprezado, mesmo que tenha aparecido na fala de apenas uma pessoa. No entanto, todas as categorias que compõem o esquema dos gestores, em cada contexto estudado, refletem a percepção de todos os seus integrantes. Assim, pressupoõem-se que a consensualidade cognitiva é entendida não a partir de uma perfeita concordância, mas que há certa similaridade na forma como os indivíduos avaliam a informação. Embora Wiley (1998) considere que o pensamento é, essencialmente, um conceito de nível individual, o autor assinala que as estruturas cognitivas são fortemente influenciadas pelas interações que os indivíduos estabelecem com os outros. Tais interações originam idéias e/ou conceitos comumente compartilhados e enquanto as interações ocorrem entre um número de diferentes indivíduos dentro de um dado grupo social, as idéias comumente compartilhadas começam a assumir uma existência própria independente de quem as criou (WILEY, 1988).

Quanto ao procedimento utilizado na análise do grau de centralidade das características envolveu duas etapas. Inicialmente, organizou-se um banco de dados no programa SPSS versão 13, contendo além dos dados de identificação dos participantes, a lista de todas as características estudadas. Em seguida, digitou-se o número da ordem segundo o qual as características foram escolhidas pelo pesquisado. Com tais dados, foi possível definir a média obtida em cada característica, definindo a média da ordem de escolha da característica. Além disso, análise de frequência possibilitou identificar quantas vezes as características foram escolhidas.

Um segundo procedimento envolveu colocar em ordem as médias e a frequência de maneira que se construísse um mapa de dispersão espacial que permitisse identificar a localização das características nas regiões mais centrais ou mais periféricas de tal mapa. Neste

sentido, formaram-se pares de números correspondentes aos eixos do gráfico (X e Y) de modo que a característica que teve a menor média da ordem de escolha, ou seja, igual ou mais próxima de 1 foi classificada como a primeira (1) em termos de importância. Já as características que foram as mais escolhidas também foram classificadas em ordem crescente (a partir de 1) definindo assim as características mais frequentemente escolhidas. A combinação destas duas ordens (ordem de escolha e ordem de frequencia) possibilitou definir a dispersão espacial no mapa.

A análise do questionário do tipo escolha forçada envolveu a elaboração de um banco de dados no programa SPSS versão 13. Neste sentido, criaram-se códigos para cada um dos itens e foi computado o número de vezes que o item foi escolhido pelos gestores. Inseriram-se, também, no banco de dados, algumas variáveis de identificação dos pesquisados bem como a identificação da empresa a que pertencia o participante segundo o seu padrão de inovação. Utilizou-se então, procedimentos básicos de análise de frequência e média para definir qual o modelo mais predominante em termos de gestão organizacional e de pessoas, assim como as médias de escolha obtidas em cada item que compunha o modelo.

As teorias implícitas de organização inovadora, em cada um dos contextos pesquisados, foram construídas a partir da combinação dos resultados obtidos na análise de dois procedimentos de coleta de dados: a identificação do esquema e da centralizade de características de uma organização inovadora. Portanto, foi a partir da articulação entre as principais categorias que formam o esquema de organização inovadora com as características mais centrais consideradas na definição de tal organização que fundamentou a teoria implícita em cada contexto pesquisado. Para fazer isso, é necessário que o pesquisador recorra a um processo de interpretação bastante singular, resultante das percepções e da construção de sentido que a fase de coleta de dados permite fazer. Portanto, torna-se difícil especificar em

detalhes os passos utilizados nesta etapa. A articulação lógica formada entre os elementos fundamenta-se muito mais em uma gestalt e portanto, se dão em um espaço que Berman (1991) chama de espaço explicativo, ou seja, um “conjunto de conceitos que podem ser

ligados por relações implicativas que sustentam explicações lógicas válidas” (p.15).

Os resultados do questionário, por sua vez, ilustram o grau de compartilhamento das teorias científicas de inovação entre os gestores. Eles funcionam como uma referência que permite identificar como a adesão a um conjunto de pressupostos teóricos científicos, na verdade, são filtrados de formas diferentes, dependendo da maneira como estas são interpretadas e elaboradas conforme condicionantes sócio-cognitivos individuais e grupais. Portanto, as três estratégias metodológicas se complementam buscando responder de que forma a teoria implícita de organização inovadora pode ajudar a compreender a construção de distintos resultados organizacionais em termos de padrão de inovação.

Com exceção dos resultados oriundos dos questionários, que foram apresentados na forma de gráficos, todos os demais são apresentados na forma de mapas cognitivos. A construção de mapas envolve tratamentos adicionais e o uso de diferentes técnicas de mapeamento cognitivo (HUFF, 1990; EDEN, 1988; EDEN E ACKERMAN, 1998; COSSETTE E AUDET, 1992). Desta forma, utilizou-se mapas cognitivos de identidade e de categorização para representar graficamente os esquemas de organização inovadora construído pelos gestores a partir dos conteúdos da entrevista semi-estruturada. O mapa de dispersão permitiu conforme já salientado, identificar as características mais centrais e mais periféricas, em cada um dos contextos investigados, possibilitando, assim, uma melhor visualização das diferenças e das semelhanças identificadas entre eles. Por último, para apresentar as teorias implícitas de organização inovadora utilizou-se um mapa causal. Neste caso, tal mapa se mostrou mais adequado tendo em vista que necessitou-se estabelecer

relações lógicas entre os elementos esquemáticos e as características consideradas mais centrais nos processos de inovação, o que envolveu também, elevado grau de interpretação por parte do pesquisador.

Os mapas cognitivos têm sido utilizados, em diversos domínios organizacionais, dentro de um quadro de referência mais geral, o qual busca identificar estruturas de conhecimento que guiam a percepção, julgamento e decisões, tanto em nível de indivíduos (sobretudo executivos e gestores), como de grupo, da organização e de grupos de organizações.

Os mapas seriam, segundo Laukkanen (1992), uma das ferramentas alternativas para representar dados (respostas orais e expressões escritas que expressam afirmações, predições, explanações, argumentos, regras e dicas não verbais) através dos quais temos acesso a representações internas e a elementos cognitivos (imagens, conceitos, crenças causais, teorias, heurísticas, regras, scripts etc.).

O mapeamento cognitivo revela-se, portanto, uma estratégia metodológica especialmente voltada para explicitar os processos de construção de sentido e a estruturação de conhecimento (esquemas) que os guia, tanto entre indivíduos, como entre grupos e organizações.

Para finalizar a etapa da especificação dos procedimentos metodológicos utilizados, apresenta-se uma Figura (16) que tem como objetivo sistematizar os pontos principais que foram discutidos no presente estudo e oferecer uma visão geral dos principais aspectos que envolvem o desenvolvimento do estudo.

1- Qual o nível de compartilhamento das teorias científicas selecionadas para definir a inovação

organizacional entre os gestores das empresas classificadas como muito e pouco inovadoras?

- Questionário de escolha forçada do tipo Escala de Thurstone (NUNNALLY & BERNSTEIN, 1994), contendo afirmações de características de modelo de gestão organizacional (Chanlat, 2002) e de modelo e gestão de pessoas (ARTHUR E ROSSEAU, 1996).

-Análises descritivas básicas de média e frequência através do programa estatístico SPSS versão 13. - Apresentação dos resultados em forma de gráficos

2- Qual o grau de complexidade e a natureza do esquema que gestores das empresas classificadas

como muito e pouco inovadoras possuem em relação à inovação?

- Entrevista semi -estruturada

- Gravada e transcrita na íntegra.

- Análise de conteúdo com definição de categorias e subcategorias.

- Apresentação dos resultados na forma de mapas de categorização (COSSETTE E AUDET, 1992)..

3- Qual o grau de centralidade de características de uma organização inovadora atribuído pelos gestores

dos dois contextos pesquisados?

- Identificação da ordem e importância e da frequência de escolha de um conjunto de 16 características consideradas como próprias de uma organização inovadora.

- Análises descrivas básicas de média e frequencia através do programa estatístico SPSS versão 13. - Mapa de dispersão espacial das características consideradas mais centrais e mais periféricas (MOSCOVICI, 1976).

4- Qual a lógica que interliga o esquema e as características mais centrais identificados sobre a

inovação nos dois contextos pesquisados?

- Entrevista semi-estruturada e escolha de um conjunto de 16 características consideradas como próprias de uma organização inovadora.

- Articulação lógica entre as dimensões e os elementos que compõem o esquema e as características consideradas mais centrais pelos gestores para definir inovação.

- Apresentação dos resultados em forma de mapas causais (COSSETTE E AUDET, 1992).