• Nenhum resultado encontrado

ETAPA II – OS ESTUDOS DE CASO: IDENTIFICANDO A TEORIA IMPLÍCITA DE ORGANIZAÇÃO INOVADORA EM EMPRESAS COM

4.1 ETAPA I: O ESTUDO EXTENSIVO: IDENTIFICANDO OS PADRÕES DE INOVAÇÃO EM PRÁTICAS DE GESTÃO

4.2. ETAPA II – OS ESTUDOS DE CASO: IDENTIFICANDO A TEORIA IMPLÍCITA DE ORGANIZAÇÃO INOVADORA EM EMPRESAS COM

DIFERENTES PADRÕES DE INOVAÇÃO EM SUAS PRÁTICAS DE GESTÃO

Esta segunda etapa do estudo envolveu a definição dos procedimentos necessários para identificar a teoria implícita de organização em diferentes contextos de inovação em práticas de gestão organizacional. Para tanto, os procedimentos envolveram duas fases principais. A primeira fase consistiu de um estudo piloto que teve como objetivo testar os instrumentos de pesquisa planejados e realizar os possíveis ajustes nos procedimentos metodológicos e conceituais desta etapa da pesquisa.

Já a segunda fase desta etapa, consiste na redefinição dos procedimentos, com base nos ajustes identificados quando da aplicação do estudo piloto.

4.2.1. O estudo piloto

O estudo piloto envolveu estudos de casos, valendo-se de uma estratégia intensiva e qualitativa para a apreensão do seu objeto de estudo. O trabalho possuiu, também, um caráter exploratório, por buscar construir uma primeira abordagem sobre como se interligam a teoria implícita de organização e os contextos, mais ou menos inovadores, nos quais as

organizações estudadas estão inseridas. À natureza exploratória do estudo corresponde um conjunto de decisões metodológicas coerentes: uma abordagem mais intensiva do que extensiva que prioriza o estudo de poucos casos, tanto em termos de organizações, quanto dos seus atores.

Foram selecionadas oito empresas consideradas de grande porte, situadas na região da grande Salvador. O critério para tal escolha foi definido a partir dos escores médios de adoção de dois grandes conjuntos de práticas inovadoras – aquelas que enfatizam o desenvolvimento de pessoas, e as que priorizam a racionalização dos processos de trabalho, definidas na primeira fase do presente estudo.

Em seguida, selecionaram-se 2 empresas de cada cluster para a realização do estudo. O principal critério para a seleção, a partir de então, foi a facilidade de acesso a tais empresas. No entanto, no cluster pouco inovador, uma das empresas selecionadas, no último momento, alegando problemas internos, não oportunizou o acesso dos pesquisadores, ficando, então, o cluster 3, apenas com uma empresa.

Tabela 2: Número de entrevistados por padrão de inovação, empresa e por cargo

Padrão de Inovação Empresa Gestor Funcionário

Total Entrevistados Muito Inovador A 1 3 4 B 1 2 3 Pouco Inovador C 1 2 3 D 1 1 2

Inovador em Gestão de Pessoas E 1 2 3

Inovador em Racionalização dos Processos de Trabalho

F 1 2 3

G 1 3 4

TOTAL 7 15 22

Escolhidas as empresas, definiu-se, em seguida, o número de entrevistados conforme o quadro abaixo. O gestor era o executivo central da organização ou o executivo responsável pela área de produção. Os trabalhadores foram escolhidos entre os da equipe mais próxima do gestor entrevistado.

As informações foram coletadas a partir de entrevistas estruturadas com questões abertas e fechadas, explorando o objeto do presente estudo – a teoria implícita de organização bem sucedida. Para identificar a teoria implícita dos entrevistados sobre as características de uma organização bem-sucedida utilizaram-se dois procedimentos. Primeiro, solicitou-se que fossem evocadas livremente as idéias associadas a uma organização bem sucedida no mundo atual. Após a coleta das evocações livres, utilizou-se um conjunto de itens com estruturas em formato de escala do tipo Likert de seis pontos, sendo 1 total discordância e 6, representando total concordância com o enunciado. Tais itens cobriam as três dimensões ou eixos que definem a teoria implícita: 8 questões identificaram as características desejáveis quanto à relação da organização com o ambiente (4 questões indicando pró-atividade e 4 questões indicando reatividade); 26 questões que investigaram o tipo de estrutura organizacional (13 representando modelo mecânico e 13 questões do modelo orgânico) e 20 questões com características da relação entre indivíduo e organização (modelo agency, 10 questões e

community,10 questões).

As informações coletadas foram analisadas pelo programa SPSS, utilizando-se análises descritivas simples, a exemplo de medidas de tendência central e de dispersão. Assim, a partir das médias identificadas, foi possível mapear as tendências em relação às dimensões de análise. Para as informações oriundas da questão aberta da entrevista realizou- se a análise de conteúdo definindo, inicialmente, as unidades de análise que se relacionavam à concepção de uma organização bem-sucedida. Em seguida, agruparam-se tais unidades em

categorias mais amplas de análise. Esses dados foram organizados sob a forma de mapas cognitivos, utilizando-se o software Mind Manager versão X5.

Os resultados do estudo piloto encontram-se no Anexo 2. Salienta-se que tais resultados foram publicados em evento científico nacional, o que oportunizou também, momento para debates e reconhecimento das suas principais limitações.

Passa-se, a seguir, a explorar, de maneira sintética, as limitações identificadas a partir do estudo piloto e que motivaram a re-definição das linhas gerais da presente tese.

As limitações teórico-metodológicas identificadas a partir do estudo piloto

Pode-se dividir as limitações identificadas no estudo piloto em duas categorias: as de natureza teórica e as metodológicas.

Duas limitações teóricas principais foram identificadas no estudo piloto. Quando da realização do estudo piloto a compreensão do conceito e das implicações de se estudar teoria implícita ainda não eram totalmente conhecidas. O aprofundamento de tal compreensão levou a redefinir algumas dimensões que são importantes identificar e que não foram objeto de investigação no estudo piloto. Assim, a importância de se estabelecer um paralelo entre teoria científica e teoria implícita, a importância dos esquemas na constituição da teoria implícita além da investigação do grau de centralidade sobre as características de organização inovadora foram aspectos que se mostraram necessários de serem incorporados na investigação.

Além disso, percebeu-se a necessidade de se investigar um tipo mais específico de teoria implícita, mais coerente com o próprio critério utilizado para classificar as empresas em diferentes contextos de inovação. Portanto, ao invés do conceito de teoria implícita de

organização bem-sucedida, investigada no estudo piloto, optou-se por adotar o conceito de teoria implícita de organização inovadora.

As limitações metodológicas identificadas no teste piloto se referem, basicamente, ao instrumento de pesquisa utilizado e às características da amostra investigada. Em relação aos instrumentos, com a redefinição conceitual do constructo teoria implícita repensou-se, também, os meios para coletar as informações necessárias. Neste sentido, instrumentos que permitissem captar as informações sobre a teoria científica de inovação, sobre a formação dos esquemas e sobre o grau de centralidade de algumas características foram definidos.

Uma segunda constatação, que tem relação com a primeira, refere-se ao tamanho da amostra. Considerar apenas a percepção de gestores de uma área específica da organização mostrou-se ser um limitador para a análise de dados. Isto implicou em considerar a necessidade de um estudo mais abrangente, incluindo a participação de todo o corpo gerencial das organizações pesquisadas.

Portanto, a partir de tais evidências, houve a necessidade de repensar os procedimentos metodológicos os quais são a seguir explicitados.