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CAPÍTULO 3 – ESTUDO I

3.2. Apresentação dos Resultados do Estudo I

3.2.5. Análise do Papel Mediador das Emoções

Na anterior secção foram analisados os efeitos da presença e da tipologia rítmica da música ambiente, seguindo um modelo simples, assente numa influência direta sobre os estados de entusiasmo e prazer, as intenções de compra, as avaliações cognitivas e as recordações da arte. Porém, inúmeras evidências no campo do marketing e psicologia ambiental sugerem a importância dos estados afetivos induzidos pela música nas respostas positivas do consumidor (Mehrabian e Russell, 1974; Chen e Hsieh, 2011), o que sugere que as emoções também podem mediar (Singh, 2006) o efeito da música no consumidor de arte. Assim, nesta secção são empregues técnicas de mediação para analisar os possíveis efeitos das dimensões entusiasmo e prazer na relação entre a música e as respostas comportamentais (intenções de compra) e cognitivas (avaliação e recordação) dos consumidores de arte, e, dessa forma, testar a H5.

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3.2.4.1. Emoções como Mediadoras das Intenções de Compra

Os estados de entusiasmo e prazer foram testados como potenciais mediadores do efeito da música nas intenções de compra de arte, dando origem aos modelos ilustrados na Figura 7. Cada modelo traduz-se num sistema de três variáveis, assumindo-se a existência de dois padrões de relações: o efeito direto da variável independente (música) na variável dependente (intenções de compra) e o efeito indireto do mediador (entusiasmo ou prazer) na variável dependente.

Atendendo a que se concluiu anteriormente que o ritmo musical, nos moldes em que foi perspetivado neste estudo, não exerce influência sobre as intenções de compra de arte, numa primeira fase, optou-se por testar se a relação entre presença de música e intenções de compra é mediada pelas emoções, tendo por base a variável independente X1: presença de música (0 = não; 1 = sim), a variável dependente Y1:

intenção de compra (medida pelo score desta dimensão) e as variáveis mediadoras M1: entusiasmo e

M2: prazer (também medidas pelos scores de cada uma das dimensões). Complementarmente, foram

estimadas regressões lineares com base na variável independente X2: ritmo da música (0 = mexida; 1 =

calma), no intuito de se analisar, mais concretamente, a influência indireta dos atributos rítmicos da música, via emoções. Esta última análise de mediação surge detalhadamente descrita no anexo 4.4.

Figura 7 – Estudo I: Emoções como Mediadoras das Intenções de Compra (Modelo Teórico)

Fonte: Elaboração própria.

Apesar da sua utilidade prática, o teste de Sobel é geralmente usado como suplemento à abordagem de Baron e Kenny (1986). A literatura sugere que, em primeiro lugar, se procure explorar até que ponto o modelo em análise vai ao encontro dos critérios que suportam a existência de mediação, e só então se conduza o teste, para validar as conclusões preliminares (Hayes, 2009; Shrout e Bolger, 2002).

O ponto de partida da análise de mediação, segundo Baron e Kenny (1986), passa por determinar em que medida a variável independente (muitas vezes representativa de uma manipulação experimental) e a variável dependente estão relacionadas, estimando o coeficiente da respetiva regressão linear simples (X→Y). Esta condição assegura a existência de um efeito a ser mediado (Baron e Kenny, 1986; Shrout e Bolger, 2002; Zhao et al., 2010), sem o qual se tornará ilógica uma análise subsequente. Em análises anteriores reportou-se que a presença de música (variável independente) pode exercer influência sobre as intenções de compra de arte (variável dependente) e, como mostra Tabela 22, o efeito da música nas intenções é, de fato, significativo (p < 0,001). Em média, na presença de música, as intenções de compra serão cerca de 20% inferiores do que na sua ausência (B = -0,207).

Entusiasmo Intenções de compra Música ambiente Prazer Intenções de compra Música ambiente

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O segundo passo consiste em determinar em que medida a variável independente se relaciona com a variável mediadora, estimando o coeficiente da respetiva regressão (X→M) (Shrout e Bolger, 2002). No caso, tal significa que a música deve produzir efeitos sobre o entusiasmo e o prazer. Anteriormente reportou-se que a música exerce influência negativa sobre as perceções afetivas, sendo essa influência, segundo a Tabela 22 e a Tabela

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, significativamente diferente de zero (p < 0,001). Na presença de música, os níveis de entusiasmo e prazer serão, em média, cerca de 20% inferiores do que na ausência de música (B = -0,209 e -0,204). Por outro lado, quer o entusiasmo, quer o prazer produzem efeitos diretos significativos nas intenções de compra (B = 0,597 e B = 0,702; p < 0,001), o que sugere, desde logo, ser possível que atuem como mediadores.

O terceiro passo passa por comprovar que a variável mediadora se relaciona com a dependente quando esta é também explicada pela variável independente, o que envolve estimar o coeficiente da regressão linear múltipla em que ambas as variáveis – independente e mediadora – são explicativas da variável dependente (X, M→Y) (Shrout e Bolger, 2002).

Tabela 22 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Entusiasmo – Intenções

Variáveis B Sobel

Independente(s) Dependente Unstan. Stan. S.E. t p Z p

X1 – Y1 Música ambiente Intenções -0,207 -0,128 0,026 -7,905 0

3,473 0 X1 – M1 Música ambiente Entusiasmo -0,209 -0,135 0,025 136,967 0

M1 – Y1 Entusiasmo Intenções 0,597 0,570 0,014 42,386 0

X1 e M1 – Y1

Música ambiente

Intenções -0,084 -0,052 0,022 -3,852 0

Entusiasmo 0,589 0,562 0,014 41,554 0

B = Coeficientes Beta não Estandardizados (Unstan.) e Estandardizados (Stan.); SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student (aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste. Nota: A verificação dos pressupostos dos modelos de regressão linear empregues é feita no quadro IV-28, em anexo. Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

De acordo com Baron e Kenny (1986), existem evidências de mediação se o efeito parcial da variável independente sobre a dependente, quando esta é também explicada pelo mediador, for inferior ao seu efeito direto quando o mediador não é controlado, e se o efeito parcial do mediador for significativo. Neste caso, o efeito da música sobre as intenções de compra é menos significativo quando o efeito do entusiasmo é controlado (B stan. = -0,052) do que quando não o é (B stan.= -0,128), e o efeito parcial do entusiasmo é estatisticamente diferente de zero. A par disto, a magnitude do efeito da música sobre as intenções é inferior à do entusiasmo (B stan.= 0,562) (Tabela 22). Neste cenário, a possibilidade de o entusiasmo mediar a relação presença de música→ intenções é validada pelo teste de Sobel (Z = 3,473; p = 0), sugerindo que o efeito indireto da música sobre as intenções de compra via entusiasmo é significativamente diferente de zero. Tendo-se concluído anteriormente que o efeito direto da presença de música nas intenções era significativo, sendo o efeito indireto (via entusiasmo) na mesma direção deste, poderemos classificar o modelo de mediação em questão como sendo complementar (Zhao et al., 2010: 31).

79 Tabela 23 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Prazer – Intenções

Variáveis B Sobel

Independente(s) Dependente Unstan. Stan. S.E. t p Z p

X1 – M2 Música ambiente Prazer -0,204 -0,144 0,023 -8,874 0,000

2,922 0,003 M2 – Y1 Prazer Intenções 0,702 0,617 0,015 47,941 0,000 X1 e M2 – Y1 Música ambiente Intenções -0,065 -0,040 0,021 -3,133 0,002 Prazer 0,695 0,611 0,015 47,053 0,000

B = Coeficientes Beta não Estandardizados (Unstan.) e Estandardizados (Stan.); SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student (aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste. Nota: A verificação dos pressupostos dos modelos de regressão linear empregues é feita no quadro IV-28, em anexo. Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

Também para o prazer constatamos existirem evidências de mediação, segundo os critérios de Baron e Kenny (1986). O efeito da música sobre as intenções é menos significativo quando o efeito do prazer é controlado (B stan.= -0,040) do que quando não o é (B stan.= -0,128), sendo o efeito parcial do prazer estatisticamente diferente de zero. A par disto, a magnitude do efeito da música sobre as intenções é inferior à do prazer (B stan.= 0,611) (Tabela

23

). A assunção de que o prazer será mediador da relação presença de música→ intenções é corroborada pelo teste de Sobel (Z = 2,922; p = 0,003), podendo o modelo de mediação, também neste caso, ser classificado como complementar (Zhao et al., 2010: 31).

3.2.4.2. Emoções como Mediadoras da Avaliação

Nesta fase, o entusiasmo e prazer foram testados como mediadores do efeito da música nas avaliações da experiência da arte, dando lugar aos modelos na Figura 8. Como se concluiu que o ritmo musical não exerce influência na avaliação, optou-se, mais uma vez, por testar apenas em que medida a relação entre presença de música e avaliação do consumidor de arte é mediada pelas emoções. Para tal, foram estimadas regressões lineares com base na mesma variável independente X1: presença de música (M1:

entusiasmo, M2: prazer como mediadores) e na variável dependente Y2: avaliação da experiência.

(complementarmente, é exibido no anexo 4.4 o modelo de mediação para a variável independente X2).

Figura 8 – Estudo I: Emoções como Mediadoras da Avaliação (Modelo Teórico)

Fonte: Elaboração própria.

O ponto de partida consiste em determinar se as variáveis independente e dependente se relacionam. Anteriormente reportou-se que a presença de música não exerce influência na avaliação da experiência de contacto com a arte. Porém, como se observa na Tabela 24, o efeito da música nas avaliações é, na realidade, significativo (p < 0,001), o que sugere a existência de um efeito a ser mediado (o fato de os modelos de regressão terem sido empregues numa lógica trial-level data, ao contrário das análises

Entusiasmo Avaliação Música ambiente Prazer Avaliação Música ambiente

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anteriores, pode explicar os resultados contraintuitivos registados). Em média, na presença de música, as avaliações da experiência serão cerca de 23% inferiores do que na ausência de estímulos. O passo seguinte, segundo Baron e Kenny (1986), consiste em verificar se a variável independente se relaciona com a variável mediadora. Atendendo a que neste segundo modelo de mediação a presença de música mantém-se como variável independente e as emoções como mediadoras, recorremos às Tabelas 22 e 23 para reiterar a constatação, anteriormente avançada, de que o efeito da música sobre o entusiasmo e o prazer é, com efeito, significativo. Por outro lado, quer o entusiasmo, quer o prazer produzem efeitos diretos sobre a avaliação (B = 0,943 e B = 0,982; p < 0,001), sugerindo, pois, ser possível que atuem como mediadores. O terceiro passo passará por demonstrar que a influência da música nas avaliações é menos significativa quando o efeito das emoções é controlado, e que o efeito parcial das emoções nas avaliações é significativo.

Tabela 24 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Entusiasmo – Avaliação

Variáveis B Sobel

Independente(s) Dependente Unstan. Stan. S.E. t p Z p

X1 – Y2 Música ambiente Avaliação -0,231 -0,097 0,039 -5,941 0,000

8,218 0 X1 – M2 Música ambiente Entusiasmo -0,209 -0,135 0,025 136,967 0,000

M1 – Y2 Entusiasmo Avaliação 0,943 0,605 0,020 46,098 0,000

X1 e M1 – Y2

Música ambiente

Avaliação -0,043 -0,018 0,031 -1,353 0,176 Entusiasmo 0,939 0,603 0,021 45,521 0,000

B = Coeficientes Beta não Estandardizados (Unstan.) e Estandardizados (Stan.); SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste. Nota: A verificação dos pressupostos dos modelos de regressão linear empregues é feita no quadro IV-28, em anexo. Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

Quando o efeito do entusiasmo é controlado, o efeito da música na avaliação é insignificante (B stan.= -0,018; p > 0,05), sendo o efeito parcial do entusiasmo estatisticamente diferente de zero. A par disto, a magnitude do efeito da música sobre as avaliações é inferior à magnitude do efeito do entusiasmo (B stan.= 0,603) (Tabela 24). A hipótese do entusiasmo mediar a relação presença de música→ avaliação da experiência é validada pelo teste de Sobel (Z = 8,218; p = 0). Tendo-se antes concluído que o efeito direto da música era estatisticamente significativo, sendo o efeito indireto (via entusiasmo) na mesma direção, podemos classificar o modelo de mediação como sendo complementar (Zhao et al., 2010: 31).

Tabela 25 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Prazer – Avaliação

Variáveis B Sobel

Independente(s) Dependente Unstan. Stan. S.E. t p Z p

X1 – M2 Música ambiente Prazer -0,204 -0,144 0,023 -8,874 0,000

5,866 0 M2 – Y2 Prazer Avaliação 0,982 0,581 0,023 43,346 0,000 X1 e M2 – Y2 Música ambiente Avaliação -0,037 -0,016 0,032 -1,149 0,251 Prazer 0,978 0,579 0,023 42,750 0,000

B = Coeficientes Beta não Estandardizados (Unstan.) e Estandardizados (Stan.); SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student (aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste. Nota: A verificação dos pressupostos dos modelos de regressão linear empregues é feita no quadro IV-28, em anexo. Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

81 Constatamos, mais uma vez, a existência de evidências de mediação. Quando o prazer é controlado, o efeito da música na avaliação da experiência é insignificante (B = -0,016; p > 0,05), sendo o seu efeito parcial estatisticamente diferente de zero. A par disto, a magnitude do efeito da música na avaliação é inferior à do prazer (B stan.= 0,579) (Tabela 25).A assunção de que o prazer poderá mediar a relação presença de música→ avaliação é atestada pelo teste de Sobel (Z = 5,866; p = 0), podendo o modelo de mediação, também neste caso, classificar-se como complementar (Zhao et al., 2010: 31).

3.2.4.3. Emoções como Mediadoras da Recordação da Arte

Numa aproximação à abordagem de Cirrincione et al. (2014), o entusiasmo e o prazer foram, por fim, testados como potenciais mediadores do efeito da música nas recordações (Figura 9), tendo por base a variável independente X1: presença de música e a variável dependente Y3: recordações da arte (para

simplificar a análise apenas foi testado o efeito sobre a recordação das obras vistas), e M1: entusiasmo,

M2: prazer como mediadoras. Visto que a variável dependente se encontra originalmente definida em

categorias, foram usadas regressões binárias, para as quais foi transformada numa variável dicotómica “recordação das obras vistas?” (0 = sim; 1 = não). O modelo estimado complementarmente para a variável independente X2: ritmo da música surge, mais uma vez, descrito no anexo 4.4.

Figura 9 – Estudo I: Emoções como Mediadoras da Recordação (Modelo Teórico)

Fonte: Elaboração própria.

O ponto de partida passa por determinar em que medida as variáveis independente e dependente se relacionam, estimando-se os parâmetros da respetiva regressão, no caso, logística binária, traduzindo os efeitos da atmosfera musical na probabilidade de as obras de arte serem recordadas. Em análises anteriores, reportou-se que a presença de música pode exercer influência positiva nas recordações da arte, e, como se observa na Tabela 26, tal influência é estatisticamente significativa (p < 0,001). Neste caso, o modelo prevê que a probabilidade de as obras vistas serem recordadas é 1,42 vezes superior na presença de música. Contudo, verificamos que, quer o entusiasmo, quer o prazer não produzem efeitos diretos significativos na memória (B = -0,104 e B = -0,029; p > 0,05), o que sugere ser relativamente improvável que atuem como mediadores da relação a que se alude. O passo seguinte será confirmar que a variável independente se relaciona com a mediadora. Atendendo a que este modelo de mediação foi estimado a partir das mesmas variáveis, recorremos às Tabelas 22 e 23 para reiterar a significância do efeito da música nas emoções. O terceiro passo passará por mostrar que o seu efeito na recordação é menos significativo quando as emoções são controladas, e que o efeito parcial destas é substancial.

Entusiasmo Memória Música ambiente Prazer Memória Música ambiente

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Tabela 26 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Entusiasmo – Memória

Variáveis Sobel

Independente(s) Dependente B S.E. t Z+ p Z p

X1 – Y3 Música ambiente Memória 0,351 0,091 – 14,872 0,000

2,165 0,013 X1 – M1 Música ambiente Entusiasmo -0,209 0,025 136,967 – 0,000

M1 – Y3 Entusiasmo Memória -0,104 0,062 – 2,869 0,090

X1 e M1 – Y3

Música ambiente

Memória 0,380 0,092 – 17,067 0,000

Entusiasmo -0,139 0,062 – 4,985 0,026

B = Coeficientes Beta não Estandardizados; SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student (aos Coeficientes Beta); Z+ = Valor do teste de Wald (aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste.

Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

O efeito da música nas recordações é mais significativo quando o efeito do entusiasmo é controlado (B = 0,38) que quando não o é (B = 0,351), ainda que o efeito parcial do entusiasmo seja estatisticamente diferente de zero (Tabela 26). A aplicação do critério de Baron e Kenny (1986) não sugere, portanto, a possibilidade de o entusiasmo mediar a relação entre música e memória. O teste de Sobel (Z = 2,165; p = 0,013) indicia, pelo contrário, que o efeito indireto da música via entusiasmo é significativamente diferente de zero, ou seja, que o entusiasmo poderá ter um papel mediador. Verificar a existência de um efeito indireto estatisticamente diferente de zero é, segundo Zhao et al. (2010), requisito suficiente para se aceitar a hipótese de mediação. Os parâmetros das regressões que suportam a verificação das condições de Baron e Kenny (1986) relevam, mas não são condição imperativa para o estabelecimento da validade de um modelo de mediação. Assim, é aceite a hipótese de o entusiasmo ser mediador na relação presença de música→ memória. Tendo-se concluído que o efeito direto da presença de música na recordação era estatisticamente significativo, sendo o efeito indireto (via entusiasmo) na direção oposta, a mediação será do tipo competitiva (Zhao et al., 2010: 31).

Tabela 27 – Estudo I: Modelo de Mediação Presença de Música – Prazer – Memória

Variáveis Sobel

Independente(s) Dependente B S.E. t Z+ p Z p

X1 – M2 Música ambiente Prazer -0,204 0,023 -8,874 – 0,000

0,119 0,905 M2 – Y Prazer Memória 0,029 0,066 – 0,191 0,662 X1 e M2 – Y Música ambiente Memória 0,352 0,092 – 14,677 0,000 Prazer -0,008 0,067 – 0,014 0,907

B = Coeficientes Beta não Estandardizados; SE = Erro Padrão; t = Valor do teste t-Student (aos Coeficientes Beta); Z+ = Valor do teste de Wald (aos Coeficientes Beta); Z = Valor do teste de Sobel; p = Sig. do teste.

Fonte: Elaboração própria (a partir de outputs do SPSS).

Constatamos, por sua vez, a inexistência de evidências de mediação, segundo os critérios de Baron e Kenny (1986), em relação à dimensão prazer. O efeito da música nas recordações é mais significativo quando o efeito do prazer é controlado (B = -0,352) que quando não o é (B = 0,351), e o efeito parcial do prazer não é estatisticamente diferente de zero (Tabela 27). A assunção de que o prazer não deverá mediar a relação presença de música→ memória é corroborada pelo teste de Sobel (Z = 0,119 < 1,96; p = 0,905), confirmando um efeito indireto não estatisticamente diferente de zero.

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